"Antigo Relógio de Sol" - Monte de Arcas - Tinhela - Valpaços
Mário Silva Mário Silva
"Antigo Relógio de Sol"
Monte de Arcas - Tinhela - Valpaços

A fotografia de Mário Silva, intitulada "Antigo Relógio de Sol", é um registo próximo de um instrumento de medição do tempo talhado em pedra.
A imagem foca-se num quadrante de pedra de formato irregular, com um penedo ou suporte maciço na base.
A superfície do relógio está desgastada e marcada pela ação do tempo, com uma tonalidade bege-amarelada, e são visíveis incisões que representam as horas, embora a leitura completa seja difícil devido ao desgaste e ao ângulo.
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Um gnómon (o ponteiro que projeta a sombra), feito de um pedaço de metal enferrujado, está inserido na pedra.
A luz forte, que sugere um ambiente interior ou uma sombra projetada, incide no quadrante.
No fundo desfocado, vê-se um padrão que se assemelha a uma janela, criando um forte contraste entre o objeto antigo e o fundo contemporâneo e difuso.
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Os Guardiães de Pedra do Tempo: A Fascinante História dos Relógios de Sol
A fotografia de Mário Silva, que imortaliza um antigo relógio de sol gasto pelo tempo, não nos mostra apenas uma peça de pedra; revela-nos um dos mais antigos e ingénuos métodos de medição do tempo, uma testemunha silenciosa da história humana e da nossa incessante busca por compreender o universo.
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A Mecânica Celeste no Solo
O relógio de sol, ou gnómon, é um instrumento baseado num princípio simples e brilhante: a Terra gira, e a sombra de um objeto fixo move-se de forma previsível.
O elemento essencial é o gnómon (o ponteiro), que na imagem é o pequeno ferro enferrujado.
É a sombra projetada por este ponteiro sobre o quadrante de pedra que indica a hora solar.
A precisão do relógio depende da sua correta orientação e do ângulo do gnómon, que deve ser paralelo ao eixo de rotação da Terra e ajustado à latitude do local.
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História e Simbologia em Portugal
Os relógios de sol têm uma longa tradição em Portugal, sendo utilizados desde a época romana.
Atingiram o seu auge de popularidade nos séculos XVI e XVII.
Em muitas aldeias, igrejas, quintas e casas senhoriais de Trás-os-Montes, como sugere a origem da fotografia, estes relógios eram essenciais para organizar a vida diária e religiosa.
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Registo da Vida Comunitária: Muitos relógios de sol eram colocados em locais públicos, como fachadas de igrejas, para que a comunidade pudesse acompanhar o tempo, marcando os momentos de oração, trabalho e descanso.
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A Arte da Gnomónica: O seu fabrico era uma arte complexa (gnomónica), que combinava conhecimentos de astronomia, matemática e alvenaria.
Cada peça era única, desenhada para um local específico.
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Mais do que um Medidor: Um Filosofia
Com a invenção do relógio mecânico, o relógio de sol perdeu a sua utilidade prática, mas ganhou um novo valor: o filosófico.
A sua sombra, que se move lentamente, é um símbolo da passagem inevitável do tempo.
Muitas vezes, os relógios de sol tinham gravadas frases latinas ou portuguesas que convidavam à reflexão (carpe diem, "aproveita o dia", ou "Só marco as horas alegres").
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A peça que Mário Silva fotografa, com as suas marcas desgastadas, é um eco desses tempos.
É um objeto que nos liga diretamente ao sol e que nos lembra que a forma mais pura de medir o tempo é através da observação da natureza.
A sua persistência, apesar da erosão, é um testemunho da genialidade humana e da beleza simples da vida.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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