“A mina de água nascente” - Águas Frias - Chaves - Portugal
Mário Silva Mário Silva
“A mina de água nascente”
Águas Frias - Chaves - Portugal

A fotografia de Mário Silva retrata uma mina de água nascente num ambiente rural e sereno.
O enquadramento mostra a entrada de uma mina de pedra escura, quase como um túnel, de onde a água flui para um tanque circular de pedra, em primeiro plano.
O tanque, com as suas paredes musgosas, é alimentado por uma nascente.
A vegetação densa, com árvores de folhas amarelas de outono e a luz do sol a atravessar as copas, cria uma atmosfera mística e pacífica.
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A Lenda da Água Eterna
Havia um tempo, nos vales de Águas Frias, em que a água era um bem precioso, mas escasso.
As terras secavam, e as colheitas morriam.
A sede apertava as gentes e os animais, e o desespero começava a tomar conta das almas.
Contavam-se histórias sobre uma mina de água nascente, uma fonte lendária escondida nas entranhas da montanha, mas o seu paradeiro era um segredo há muito perdido.
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Um dia, um jovem pastor, chamado Dionísio, partiu em busca dessa mina.
Ele não era forte nem corajoso, mas a sua determinação era a força do seu coração.
Depois de dias de caminhada por caminhos difíceis, ele encontrou um velho, tão velho quanto as pedras que calçavam a serra.
O velho, com a sua voz rouca de anos, disse-lhe:
- A mina só se revela a quem tiver o coração puro e a intenção verdadeira.
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Dionísio, sem entender a fundo o significado daquelas palavras, continuou o seu caminho.
Atravessou penedos e chegou a uma clareira onde a luz do sol iluminava as árvores.
E então, ele viu-a: a entrada da mina, um arco de pedra escura, e a água a fluir para um tanque de pedra, como um bálsamo para a terra sedenta.
A mina era uma dádiva, mas o acesso era difícil.
As pedras que a cercavam pareciam vigias, e a entrada, um portal para um mundo desconhecido.
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Apesar da sua exaustão, Dionísio, em vez de beber, começou a abrir um pequeno canal com as suas próprias mãos para que a água pudesse seguir o seu caminho até à aldeia.
Passou a noite inteira a trabalhar, movendo as pedras mais pequenas, as suas mãos a sangrarem e o seu corpo a doer de cansaço.
Ao amanhecer, a água começou a fluir, gota a gota, em direção aos campos da sua terra.
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A fotografia de Mário Silva, com a sua luz mística, é um retrato do momento em que Dionísio, exausto, se sentou e viu a água a fluir.
Ele não se tornou um herói por ter derrotado um monstro ou por ter enfrentado um inimigo, mas por ter mostrado que a verdadeira força de um ser humano reside na sua capacidade de sacrifício e de partilha.
E assim, a mina de água nascente, que a lenda diz ser uma dádiva, foi, na realidade, a recompensa do seu trabalho e da sua abnegação.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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