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MÁRIO SILVA - Fotografia, Pintura & Escrita

*** *** A realidade é a "minha realidade" em imagens (fotografia, pintura) e escrita

08
Nov25

"A apanha da castanha" - Águas Frias - Chaves - Portugal


Mário Silva Mário Silva

"A apanha da castanha"

Águas Frias - Chaves - Portugal

08Nov DSC06327_ms

A fotografia de Mário Silva retrata uma cena rural no outono, especificamente em Águas Frias, Chaves.

O foco da imagem está em duas figuras humanas curvadas sobre um campo de relva verde-viva, dedicadas à colheita das castanhas.

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As figuras, vestidas com roupa escura que contrasta fortemente com o verde do relvado, estão em pleno trabalho: uma delas parece estar a recolher algo para um saco branco no chão, enquanto a outra utiliza um balde claro.

A postura curvada de ambas as figuras enfatizam o esforço e a dedicação exigidos por esta tarefa.

O plano de fundo é composto por um maciço de castanheiros com folhagem verde e tons de castanho-avermelhado (fetos e ramos secos), característicos do outono.

A luz do sol incide sobre a vegetação, criando um ambiente natural e rústico.

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A Apanha da Castanha: Mais do que Colheita, um Ritual Transmontano

A fotografia de Mário Silva, que imortaliza o esforço da apanha da castanha em Águas Frias, Chaves, capta um dos rituais mais antigos e significativos do ciclo agrícola em Trás-os-Montes.

A castanha não é apenas um fruto; é um símbolo de subsistência, de convívio e da identidade cultural de uma região onde o castanheiro é apelidado de "árvore do pão".

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O Outono e o Tesouro do Souto

O outono, com o seu tapete de folhas caídas, anuncia o tempo do Souto, a floresta tradicional de castanheiros.

A apanha da castanha é um processo que exige paciência e, como a fotografia bem ilustra, um trabalho manual árduo.

As castanhas, protegidas dentro dos ouriços espinhosos, são libertadas pela queda ou com a ajuda de varas.

As figuras curvadas sobre a terra representam a ligação profunda e física entre o homem transmontano e o seu recurso mais valioso.

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O Sentido da Comunidade e do Esforço

Tradicionalmente, a apanha da castanha é uma atividade comunitária (ou era).

Famílias e vizinhos juntam-se (ou juntavam-se) nos soutos, numa forma de entreajuda que transforma o trabalho num momento de convívio.

A colheita não é apenas um ato económico; é um ritual social que reforça (ou reforçava) os laços comunitários.

O produto final, a castanha, era, e em muitas zonas ainda é, uma reserva vital para o inverno, utilizada em inúmeras receitas doces e salgadas.

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Da Terra à Mesa: O Magusto

O clímax da época da castanha é a celebração do Magusto, tipicamente no Dia de São Martinho (11 de novembro).

É um momento festivo onde as castanhas, assadas no fogo, são partilhadas (ou eram), acompanhadas por vinho novo ou jeropiga.

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A fotografia de Mário Silva é um registo intemporal desta cultura.

As mãos que trabalham, a roupa prática, o balde e o saco, tudo aponta para a importância da castanha como pilar da vida rural, um tesouro que a terra oferece anualmente e que, com o esforço e o suor, garante a sobrevivência e a celebração em Trás-os-Montes.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
29
Out25

“Pela rua principal de Sobreira” – Águas Frias – Chaves – Portugal


Mário Silva Mário Silva

“Pela rua principal de Sobreira”

Águas Frias – Chaves – Portugal

29Out DSC07825_ms

Esta fotografia de Mário Silva capta um pequeno, mas profundamente característico, recanto da aldeia de Sobreira, em Águas Frias (Chaves), no Norte de Portugal.

A composição é dominada por uma antiga fachada rural, rústica e texturada, dividida em duas secções distintas.

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À esquerda, ergue-se uma parede de pedra irregular em tons quentes, banhada por uma luz solar que lhe confere um brilho dourado e acentua a robustez dos materiais de construção tradicionais.

À direita, a parede apresenta um reboco mais claro e desgastado, em contraste suave com a pedra.

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O ponto focal é a porta castanha-avermelhada, de aspeto metálico e simples, que se insere numa moldura de pedra.

Por cima desta porta, luxuriante e viva, cresce uma parreira (videira), com as suas folhas verdes a penderem de forma protetora sobre a entrada e a criarem uma coroa de vitalidade sobre o cenário de pedra antiga.

Esta vide sugere a tradição agrícola e a profunda ligação da vida rural à produção do vinho.

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A telha tradicional no topo da parede, os pequenos pormenores como o tubo de escoamento e a pequena janela, juntamente com a assinatura do autor, emolduram uma cena que exala a calma, a simplicidade e a durabilidade da vida no interior transmontano.

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A Parreira, a Pedra e a Porta – Os Elementos da Memória Rural Transmontana

A fotografia de Mário Silva, capturada na aldeia de Sobreira, em Águas Frias, não é apenas um retrato arquitetónico; é uma síntese visual dos valores e da cultura do Portugal rural e transmontano.

A imagem condensa três elementos centrais da identidade desta região: a pedra, a porta e a videira.

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A Pedra: A Fundação da Resiliência

A parede de pedra, fria e robusta, simboliza a resiliência e a antiguidade destas comunidades.

Construída com o material abundante da região – o granito –, estas fachadas testemunham séculos de vida, resistindo ao rigor do clima e à passagem do tempo.

Cada bloco irregular, iluminado pelo sol, conta a história de uma construção feita à mão, perfeitamente integrada no ambiente circundante.

É uma arquitetura de necessidade, mas também de profunda beleza.

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A Parreira: O Símbolo da Vida e do Sustento

Contrastando com a imobilidade da pedra, a parreira que se debruça sobre a porta traz vida, movimento e cor.

A videira é, historicamente, um pilar da economia e da cultura transmontana.

Crescer à entrada de casa não é apenas decorativo; é um símbolo de sustento, de sombra no verão e, sobretudo, da produção caseira do vinho.

Esta videira luxuriante representa a interdependência entre o homem e a terra, e o ciclo anual de trabalho, colheita e celebração.

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A Porta: O Limiar do Lar

O elemento central, a porta, é o portal entre o mundo público da rua e o santuário privado do lar.

A sua aparência simples e metálica sugere funcionalidade e proteção.

Numa rua principal de uma aldeia, a porta é o ponto de passagem onde se trocam as primeiras palavras do dia, onde o trabalho começa e onde o descanso se encontra.

É o coração visível da vida familiar, emoldurado pelo legado da pedra e pela promessa da videira.

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A fotografia, ao isolar e realçar estes três elementos, captura a essência de Sobreira e de muitas outras aldeias do interior: um lugar onde a tradição se mantém firme na pedra, a subsistência floresce no verde da videira, e o calor da vida reside logo após o humilde limiar da porta.

É um convite à reflexão sobre a autenticidade e a beleza duradoura do Portugal profundo.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
18
Out25

"O cavalo e o velho barracão"


Mário Silva Mário Silva

"O cavalo e o velho barracão"

18Out DSC05993_ms

A fotografia de Mário Silva, intitulada "O cavalo e o velho barracão", retrata uma cena campestre marcada pela rusticidade e pela luz dourada da tarde.

O ponto focal é um cavalo de pelagem castanha escura e crinas pretas, com uma pequena mancha branca na testa, que se encontra em pose calma no centro da imagem.

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À sua esquerda, domina a cena um velho barracão (ou abrigo) de madeira rústica e desgastada, com tábuas verticais de cor avermelhada e uma estrutura de apoio precária.

O telhado, coberto por um material escuro e lona preta, está inclinado.

O cavalo está de pé junto a um poste de madeira do barracão, ligado por um cabresto.

O chão é coberto por erva alta e seca, e o fundo é preenchido por uma vegetação luxuriante e iluminada, que contrasta com a sombra e a aspereza do barracão.

A cena transmite uma sensação de abandono e serenidade rural.

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O Cavalo e o Guardião Silencioso da Memória

A imagem de Mário Silva, que junta um cavalo vigoroso a um velho barracão em ruínas, é um poderoso símbolo da vida rural em Trás-os-Montes e da relação profunda entre o homem, o animal e o tempo.

Não é apenas uma foto, mas um testemunho da persistência da vida num mundo que avança rapidamente.

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O Barracão: A Memória da Terra

O velho barracão de madeira é o protagonista silencioso da cena.

As suas tábuas desgastadas e a estrutura torta contam uma história de utilidade e abandono.

A sua condição precária fala de um tempo em que era essencial para guardar alfaias agrícolas.

Hoje, ele resiste ao tempo, mas é a sua fragilidade que lhe confere beleza.

O barracão é a memória física da quinta, um marco que lembra as gerações passadas e o trabalho árduo da vida no campo.

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O Cavalo: A Força do Presente

Em contraste com a decadência da estrutura, o cavalo é a imagem da vitalidade e da nobreza.

Com a sua pelagem lustrosa e a postura ereta, ele representa o presente e a continuidade da vida rural.

A sua presença junto ao barracão não é acidental; é um laço que une o passado e o futuro.

O cavalo, como animal de trabalho e de companhia, tem sido o parceiro indispensável do homem rural, e a sua pose calma sugere uma confiança na permanência dos ciclos.

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A Harmonia entre o Rústico e o Vivo

A fotografia de Mário Silva capta um momento de harmonia rústica.

A luz dourada do final do dia incide sobre a cena, tornando a madeira gasta quase poética e iluminando o verde da floresta.

O barracão oferece abrigo e sombra, e o cavalo honra a sua história ao ali se deter.

É uma lembrança de que a beleza rural não está apenas no que é novo ou perfeito, mas na dignidade do que é antigo e na persistência do que vive.

A vida segue o seu curso, e mesmo nos vestígios do que foi, a beleza e a utilidade podem ser encontradas.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
16
Out25

"Mais um belo dia nasce..."


Mário Silva Mário Silva

"Mais um belo dia nasce..."

16Out DSC03104_ms

A fotografia de Mário Silva, intitulada "Mais um belo dia nasce...", é uma imagem que captura a beleza dramática do nascer do sol sobre uma paisagem rural.

Dominada por tonalidades quentes de laranja, dourado e sépia, a foto transmite uma sensação de esperança e renovação.

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O sol, um disco brilhante e intenso, está a emergir por trás das colinas distantes, banhando o horizonte com a sua luz.

Em primeiro plano, os elementos da natureza são apresentados em silhueta escura, com ramos de árvores suspensos no topo e arbustos a emoldurar o terço inferior.

O contraste entre a silhueta da vegetação e o brilho intenso do sol cria um poderoso efeito visual de profundidade e mistério.

É uma cena de transição, onde a escuridão da noite dá lugar à promessa do dia.

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A Promessa Dourada da Aurora: A Esperança que Renasce a Cada Manhã

A fotografia de Mário Silva não é apenas o registo de um fenómeno astronómico; é uma ode à esperança e ao poder da renovação diária.

O título, "Mais um belo dia nasce...", é um convite à contemplação, uma lembrança de que, não importa a escuridão da noite que passou, a luz regressa sempre, implacável e gloriosa.

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O Confronto de Cores e Sentimentos

Na imagem, a escuridão dos ramos e das árvores em silhueta representa os desafios, as incertezas e a quietude da noite.

É o peso do que fica para trás.

No entanto, o horizonte está a ser invadido pelo laranja-fogo e pelo dourado do sol.

Este contraste dramático é profundamente emotivo.

O sol não apenas ilumina, ele incendeia a paisagem, forçando a sombra a recuar e anunciando a chegada de uma nova oportunidade.

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A Lição da Persistência da Luz

Na vida, enfrentamos as nossas próprias "noites escuras", momentos em que o horizonte parece distante e incerto.

Mas o espetáculo da aurora, repetido com uma fidelidade inabalável pela natureza, é uma lição de persistência.

A luz, embora nasça lentamente e exija que a escuridão se dissipe, vence sempre.

A cada nascer do sol, somos confrontados com a beleza de um novo começo, uma tela em branco onde podemos reescrever as nossas histórias.

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Um Convite à Gratidão

Observar o nascer do sol, como nos convida esta fotografia, é um ato de gratidão.

É agradecer pela força que nos permite sobreviver à escuridão e pela beleza que nos é oferecida gratuitamente.

É respirar o ar fresco da manhã e sentir o calor do sol a despertar a terra.

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Assim, o que Mário Silva capturou não é apenas o sol a subir, mas a promessa de um novo ciclo; a garantia de que a esperança é uma energia tão poderosa quanto a luz que irradia do horizonte e que nos convida a erguer a cabeça e a receber o belo dia que acaba de nascer.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
10
Out25

“Pela rua do Carril” - Águas Frias - Chaves - Portugal


Mário Silva Mário Silva

“Pela rua do Carril”

Águas Frias - Chaves - Portugal

10Out P1180496_ms

A fotografia de Mário Silva retrata uma rua em Águas Frias, Chaves, com uma atmosfera tranquila e rural.

A imagem tem como ponto central uma rua estreita, que se estende para longe, ladeada por casas tradicionais.

Em primeiro plano, do lado esquerdo, uma casa de dois andares com paredes amarelas e persianas verdes escuras domina a cena.

Uma escadaria exterior conduz ao andar superior, um elemento típico da arquitetura local.

Do lado direito, um muro de pedra irregular e um poste com a placa "Rua do Carril" guiam o olhar.

A vegetação densa e o céu nublado dão um toque de serenidade à paisagem.

A assinatura do autor no canto inferior direito sela a obra.

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Estória: A Rua do Carril

Na aldeia de Águas Frias, a Rua do Carril não era apenas um caminho de cimento; era o coração da aldeia.

Uma rua estreita e sinuosa, ladeada por casas que se aninhavam na encosta, cada uma com a sua própria história.

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Na casa amarela e verde, vivia uma velha costureira, a Senhora Emília.

Todas as manhãs, a Senhora Emília abria as persianas verdes e sentava-se à janela para observar a vida a passar.

Via as crianças a correrem para a escola, os vizinhos a irem para os campos e o carteiro a entregar as cartas.

A sua vida era uma tapeçaria de pequenas histórias, e a Rua do Carril era a sua tela.

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Numa tarde de verão, um forasteiro parou no cimo da rua, com um mapa na mão.

Parecia perdido.

A Senhora Emília, sempre atenta, chamou-o da sua janela.

- Venha, venha, meu senhor. O que procura?

 O homem, confuso, explicou que procurava um rio, o qual, segundo o seu mapa, passava por ali.

A Senhora Emília riu-se e explicou-lhe que o rio secou há muito, muito tempo, e a Rua do Carril era o que restou do seu antigo leito.

O homem, fascinado, agradeceu e continuou o seu caminho, mas as palavras da Senhora Emília ficaram na sua mente.

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A Rua do Carril era o leito de um rio invisível, feito de memórias e de vidas.

O carril, que outrora transportara água, agora transportava as histórias das gentes que ali viviam.

A escadaria da casa da Senhora Emília era como uma cascata, por onde desciam os passos dos filhos e netos que a visitavam.

As paredes amarelas eram o calor do sol que outrora tinha secado o rio.

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A fotografia de Mário Silva capturou aquele momento, com a luz do sol a incidir suavemente sobre a casa amarela e a rua de cimento.

A Rua do Carril não era apenas um caminho, mas um rio de história, onde as memórias corriam, e as vidas se entrelaçavam, na tranquilidade de uma aldeia de Trás-os-Montes.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
09
Out25

“A mina de água nascente” - Águas Frias - Chaves - Portugal


Mário Silva Mário Silva

“A mina de água nascente”

Águas Frias - Chaves - Portugal

09Out P1180439_ms

A fotografia de Mário Silva retrata uma mina de água nascente num ambiente rural e sereno.

O enquadramento mostra a entrada de uma mina de pedra escura, quase como um túnel, de onde a água flui para um tanque circular de pedra, em primeiro plano.

O tanque, com as suas paredes musgosas, é alimentado por uma nascente.

A vegetação densa, com árvores de folhas amarelas de outono e a luz do sol a atravessar as copas, cria uma atmosfera mística e pacífica.

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A Lenda da Água Eterna

Havia um tempo, nos vales de Águas Frias, em que a água era um bem precioso, mas escasso.

As terras secavam, e as colheitas morriam.

A sede apertava as gentes e os animais, e o desespero começava a tomar conta das almas.

Contavam-se histórias sobre uma mina de água nascente, uma fonte lendária escondida nas entranhas da montanha, mas o seu paradeiro era um segredo há muito perdido.

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Um dia, um jovem pastor, chamado Dionísio, partiu em busca dessa mina.

Ele não era forte nem corajoso, mas a sua determinação era a força do seu coração.

Depois de dias de caminhada por caminhos difíceis, ele encontrou um velho, tão velho quanto as pedras que calçavam a serra.

O velho, com a sua voz rouca de anos, disse-lhe:

- A mina só se revela a quem tiver o coração puro e a intenção verdadeira.

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Dionísio, sem entender a fundo o significado daquelas palavras, continuou o seu caminho.

Atravessou penedos e chegou a uma clareira onde a luz do sol iluminava as árvores.

E então, ele viu-a: a entrada da mina, um arco de pedra escura, e a água a fluir para um tanque de pedra, como um bálsamo para a terra sedenta.

A mina era uma dádiva, mas o acesso era difícil.

As pedras que a cercavam pareciam vigias, e a entrada, um portal para um mundo desconhecido.

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Apesar da sua exaustão, Dionísio, em vez de beber, começou a abrir um pequeno canal com as suas próprias mãos para que a água pudesse seguir o seu caminho até à aldeia.

Passou a noite inteira a trabalhar, movendo as pedras mais pequenas, as suas mãos a sangrarem e o seu corpo a doer de cansaço.

Ao amanhecer, a água começou a fluir, gota a gota, em direção aos campos da sua terra.

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A fotografia de Mário Silva, com a sua luz mística, é um retrato do momento em que Dionísio, exausto, se sentou e viu a água a fluir.

Ele não se tornou um herói por ter derrotado um monstro ou por ter enfrentado um inimigo, mas por ter mostrado que a verdadeira força de um ser humano reside na sua capacidade de sacrifício e de partilha.

E assim, a mina de água nascente, que a lenda diz ser uma dádiva, foi, na realidade, a recompensa do seu trabalho e da sua abnegação.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
11
Set25

"Passeio a cavalo (passado) e passeio de mota (presente)" Tinhela, Valpaços, Portugal


Mário Silva Mário Silva

"Passeio a cavalo (passado) e passeio de mota (presente)"

Tinhela, Valpaços, Portugal

11Set  DSC03688_ms

A fotografia "Passeio a cavalo (passado) e passeio de mota (presente)" de Mário Silva capta um momento na estrada rural entre Tinhela e Alvarelhos, em Valpaços, Portugal.

A imagem mostra duas mulheres, lado a lado, montadas em cavalos brancos.

Uma delas usa um boné e a outra um capacete de equitação.

Ao lado delas, na mesma estrada, um motociclista está sentado na sua mota, de costas para a câmara, a observar as mulheres a cavalo.

A paisagem de fundo é composta por colinas cobertas de árvores e vegetação, enquanto o primeiro plano tem um caminho de terra com erva amarelada.

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Estória: O Encontro do Tempo

Tinhela e Alvarelhos eram duas aldeias que o tempo tinha esquecido.

As suas estradas, estreitas e sinuosas, eram as artérias de uma terra que vivia ao seu próprio ritmo.

A fotografia de Mário Silva, com a sua composição única, parecia capturar o encontro de duas épocas, o passado e o presente.

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As duas mulheres a cavalo eram Maria e Ana, as duas netas do velho Manuel.

Elas, que tinham crescido na cidade, vinham todos os verões à aldeia, e a sua paixão era cavalgar.

Para elas, cavalgar era mais do que um desporto; era um ato de amor, uma ligação à sua herança, uma celebração do seu passado.

Na fotografia, com os seus cavalos brancos e os seus sorrisos no rosto, elas eram a beleza e a serenidade do passado.

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O motociclista, que Mário Silva capturou de costas, era o Diogo, um jovem da aldeia que tinha regressado da cidade.

Ele, com a sua mota preta e o seu capacete, era a personificação do presente.

Ele amava a sua aldeia, mas não se sentia ligado às suas tradições.

Para ele, o futuro era a cidade, o progresso, a tecnologia.

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Naquele dia, os dois mundos, o passado e o presente, colidiram.

O som da mota de Diogo quebrou o silêncio da estrada, e o som dos cascos dos cavalos de Maria e Ana ecoou no ar.

Diogo, que nunca tinha visto as duas a cavalgar, parou a mota e olhou para elas, fascinado.

Ele viu a alegria nos seus rostos, a paz nos seus corações, e a serenidade daquele momento.

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Ele percebeu que o passado não era um fardo; era uma herança.

Que a tradição não era um peso; era uma força.

E que a sua mota, que ele pensava ser o seu futuro, era apenas uma forma de se mover no presente.

A verdadeira viagem, ele percebeu, era a viagem interior, a viagem do coração, a viagem do espírito.

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A fotografia de Mário Silva era um lembrete de que o passado e o presente não são inimigos, mas companheiros de viagem.

E que o futuro, tal como a estrada, está à nossa frente, mas as nossas raízes, a nossa história, a nossa essência, estão sempre connosco.

E Diogo, com um sorriso, ligou a sua mota e seguiu o seu caminho, mas o som dos cascos dos cavalos de Maria e Ana permaneceu no seu coração, uma melodia do passado que lhe recordava que a vida, afinal, é um eterno encontro entre o passado e o presente.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
10
Set25

"Não é uma Aldeia qualquer ... é Águas Frias"


Mário Silva Mário Silva

"Não é uma Aldeia qualquer ... é Águas Frias"

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A fotografia "Não é uma Aldeia qualquer... é Águas Frias" de Mário Silva capta uma vista panorâmica de uma aldeia aninhada numa paisagem rural.

Em primeiro plano, uma cerca rústica e vegetação verde enquadram o cenário.

A aldeia é composta por casas de diferentes cores, com telhados de cerâmica, espalhadas por uma colina.

A paisagem é dominada por uma vasta área arborizada e montanhosa no horizonte.

A fotografia é tirada num dia de poucas nuvens e a luz do sol realça as cores vivas das casas.

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A Lenda de Águas Frias

Há muito, muito tempo, quando as montanhas de Verín, na Espanha, eram ainda mais altas e o rio corria com mais força, existia uma aldeia que vivia sob uma maldição.

Era a "Aldeia das Águas Quentes", e a sua maldição era a falta de água.

Os rios estavam secos, as colheitas morriam e o povo sofria.

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Um dia, um viajante, um antigo peregrino, chegou à aldeia.

Ele, que tinha percorrido os caminhos de Santiago, tinha ouvido falar da maldição.

Ele disse ao povo:

- O vosso coração está cheio de ganância. O vosso amor é por ouro, não pela terra.

E disse-lhes que a única forma de quebrar a maldição era encontrar a fonte de "águas frias", uma fonte lendária que, segundo a lenda, se encontrava no coração da floresta.

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O povo riu-se do viajante.

Eles não acreditavam em lendas.

Mas o seu coração estava endurecido pela falta de água.

No entanto, uma jovem, de coração puro, que não tinha ganância, acreditou na lenda.

Ela, que tinha visto a sua família a sofrer, decidiu procurar a fonte.

A fotografia de Mário Silva, com as suas cores vibrantes e a sua beleza, capta o seu espírito.

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Ela entrou na floresta, aquela floresta densa e sombria que o fotógrafo capturou no horizonte.

Ela andou por dias, sem comer, sem beber, apenas com a esperança de encontrar a fonte.

Ela não tinha medo, pois o seu amor pela família e pelo seu povo era mais forte que o seu medo.

Ela não desistiu.

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E, num dia, quando a sua esperança estava quase a acabar, ela viu.

Não era uma fonte de água, mas uma fonte de luz.

Uma luz que brilhava por entre as árvores e que a chamava.

Ela seguiu a luz e chegou a uma clareira.

No centro da clareira, havia uma pequena fonte.

A água, límpida e fresca, parecia ter um brilho próprio.

Ela bebeu, e sentiu uma paz que nunca tinha sentido.

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A jovem voltou à aldeia e contou a sua história.

O povo, que tinha sofrido, finalmente acreditou.

Eles foram à fonte e beberam da água, e a sua ganância desapareceu, substituída pela bondade.

E, a partir desse dia, a maldição foi quebrada.

O rio voltou a correr, as colheitas voltaram a crescer, e a aldeia prosperou.

E a aldeia, que antes era conhecida como a "Aldeia das Águas Quentes", passou a ser conhecida como Águas Frias, uma homenagem à jovem corajosa e à sua fé.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
06
Ago25

Águas Frias: Filha de Rio Livre, Alma Transmontana


Mário Silva Mário Silva

Águas Frias: Filha de Rio Livre, Alma Transmontana

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Aninhada nas encostas verdejantes do concelho de Chaves, no coração de Trás-os-Montes, jaz a pitoresca aldeia de Águas Frias.

O seu nome, que evoca a frescura das suas nascentes e ribeiras, esconde uma história rica e uma ligação profunda a um passado remoto, sendo herdeira e "filha" do antigo concelho de Rio Livre, cuja memória se ergue no imponente Castelo de Monforte de Rio Livre.

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A história de Águas Frias e da sua região está intrinsecamente ligada à vida e à defesa da fronteira.

O Castelo de Monforte de Rio Livre, que coroa uma colina rochosa a poucos quilómetros de Águas Frias, é um testemunho silencioso de séculos de batalhas, conquistas e reconquistas.

Fundado, segundo a lenda, por D. Afonso Henriques, e mais tarde reforçado e dotado de foral por reis como D. Dinis, o castelo foi o centro nevrálgico de um vasto território, o concelho de Rio Livre, que durante séculos desempenhou um papel crucial na defesa do reino português contra as incursões castelhanas.

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Águas Frias, situada na órbita deste poderio medieval, beneficiou da sua proteção e da dinâmica socioeconómica que um centro administrativo e militar proporcionava.

As suas terras férteis, irrigadas pelas águas que lhe deram o nome, eram cultivadas com esmero, e os seus habitantes, maioritariamente ligados à agricultura e à pastorícia, contribuíam para a subsistência do concelho.

A vida na aldeia, embora dura, era pautada por um forte sentido de comunidade, moldado pelas tradições e pela paisagem transmontana.

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Com a reforma administrativa do século XIX, o concelho de Rio Livre foi extinto, e as suas freguesias, incluindo a de Águas Frias, foram integradas no concelho de Chaves.

No entanto, a memória daquela antiga jurisdição permaneceu gravada na identidade local.

O Castelo de Monforte de Rio Livre, embora hoje, quase em ruínas, continua a ser um guardião silencioso, um marco paisagístico e um símbolo da resiliência e da história daquela terra.

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Hoje, Águas Frias mantém o seu encanto rural, com as suas casas de granito, muitas delas recuperadas, e a sua paisagem de socalcos e campos verdejantes.

A aldeia vive o seu ritmo tranquilo, pontuado pelas estações do ano e pelas festividades religiosas e populares, como a famosa Festa de Verão, que atrai anualmente os seus filhos emigrados e visitantes, revitalizando as ruas e fortalecendo os laços comunitários.

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Águas Frias é, assim, mais do que uma simples aldeia transmontana.

É um fragmento vivo de um passado glorioso, uma "filha" que herdou a robustez e a autenticidade de Rio Livre.

Caminhar pelas suas ruas é sentir o eco da história, a força do granito e a pureza das águas, que continuam a moldar a vida e o carácter de um povo profundamente enraizado na sua terra.

É um convite à descoberta de um Portugal rural e genuíno, onde a memória e a tradição se fundem na paisagem.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
05
Ago25

"O Sol brilha ...e a Festa da Aldeia aproxima-se" … e uma breve estória


Mário Silva Mário Silva

"O Sol brilha ...e a Festa da Aldeia aproxima-se"

… e uma breve estória

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A fotografia de Mário Silva captura uma cena rural sob a intensa luz do sol.

Em primeiro plano, a imagem é dominada pelas silhuetas escuras de duas árvores frondosas, cujos troncos e ramos se destacam contra o brilho ofuscante do sol.

O sol, no centro da composição, irradia uma luz dourada e amarelada que preenche grande parte do céu, criando um efeito de “flamejar” e um “halo” luminoso à volta das árvores.

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A vegetação em primeiro plano, que parece ser erva seca e alguma folhagem rasteira, está também em contraluz, adquirindo tons quentes de dourado e castanho, banhada pela luz solar.

A atmosfera geral da fotografia é quente e um pouco etérea, sugerindo um final de tarde de verão.

A imagem transmite uma sensação de tranquilidade e a grandiosidade da natureza, realçando o poder e a beleza do sol.

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Estória: A Promessa Dourada do Verão

Em cada verão, havia um dia que a aldeia inteira aguardava com uma ansiedade doce: o dia da Festa de Verão.

Era a altura em que a rotina das sementeiras e das colheitas cedia lugar à alegria do reencontro, ao barulho das concertinas e ao cheiro a sardinhas assadas que perfumava as noites.

Na fotografia de Mário Silva, o sol, num brilho intenso por entre as folhas de uma árvore, não era apenas a luz do dia; era a promessa da festa que se aproximava, um farol dourado no fim do cansaço.

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Para o pequeno Tiago, de apenas sete anos, a festa era um mundo mágico.

Significava gelados, algodão doce, e a oportunidade de ver primos que só apareciam uma vez por ano.

Mas este ano, Tiago sentia algo mais.

Os seus avós, que sempre tinham sido o coração da festa – a avó Maria, com a sua mesa farta de iguarias, e o avô Joaquim, o contador de histórias junto à fogueira – pareciam mais cansados.

As suas vozes eram mais baixas, os seus passos mais lentos.

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Tiago tinha ouvido os adultos sussurrarem que talvez este ano a festa não fosse tão grande.

Faltava gente, faltava mão-de-obra, faltavam os velhos braços que sempre erguiam os arcos e enfeitavam as ruas.

O coração de Tiago encolheu-se.

Uma festa menor? Como seria isso possível?

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Todas as tardes, Tiago ia para o alto do monte, para o seu lugar secreto, onde duas árvores gigantes, irmãs em silêncio, se erguiam.

Dali, olhava para o sol, que se filtrava por entre as folhas, pintando o chão de ouro e sombra.

Era o mesmo sol que Mário Silva um dia capturaria na sua fotografia, com a sua luz quase ofuscante, a espalhar uma aura de esperança.

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- Ó sol - sussurrava Tiago - faz com que a nossa festa seja a mais bonita de sempre.

Pelos meus avós, que tanto já deram a esta terra.

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Os dias passavam e, na aldeia, a preparação da festa parecia arrastar-se.

Mas, como por magia, algo começou a mudar.

Um a um, os emigrantes que tinham partido anos antes, começaram a chegar mais cedo do que o habitual.

Trouxeram consigo filhos, netos, e uma nova energia.

As notícias dos receios da aldeia tinham-se espalhado, e a saudade, aliada à vontade de ajudar, trouxe-os de volta.

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As mulheres mais novas, que agora tinham as suas próprias vidas nas cidades, arregaçaram as mangas e começaram a cozinhar ao lado da avó Maria, aprendendo os segredos das receitas antigas.

Os homens mais novos, com as suas forças renovadas, ajudaram o avô Joaquim a montar os arcos e as luzes.

O baloiço da Escola, onde as crianças da aldeia riam, parecia ter um novo balanço.

O som das marteladas, das vozes em festa, das gargalhadas ecoava pelos vales.

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Quando o dia da Festa de Verão chegou, o sol brilhava no céu como um olho benevolente, exatamente como na fotografia de Mário Silva.

As árvores no alto do monte pareciam vibrar com a luz dourada.

A aldeia estava irreconhecível, cheia de cor, de música, de gente.

Era a festa mais vibrante que Tiago alguma vez vira.

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Ele correu para os seus avós, que, rodeados por filhos e netos, sorriam com os olhos marejados de alegria.

- Avó! - exclamou Tiago - A festa é linda!

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Maria apertou a mão do neto.

- Vês, meu filho? O sol brilha, sim. Mas é a luz das nossas gentes que faz a festa.

São as raízes que nos prendem a esta terra, a memória que nos traz de volta.

A festa não é só a celebração do verão; é a celebração do nosso povo, da nossa união.

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Naquela noite, sob um céu estrelado, o avô Joaquim contou as suas histórias, e o canto das concertinas uniu gerações.

Tiago percebeu que a verdadeira beleza da festa não estava no algodão doce, mas no fio invisível que ligava cada um à sua aldeia, à sua história, e à luz dourada de um sol que, ano após ano, prometia recomeços e celebrações para as gentes de Trás-os-Montes.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
13
Jul25

Igreja de São Gonçalo – Segirei – Chaves – Portugal


Mário Silva Mário Silva

Igreja de São Gonçalo

Segirei – Chaves – Portugal

DSC01256

A fotografia "Igreja de São Gonçalo" de Mário Silva, capturada em Segirei, Chaves, Portugal, apresenta uma visão pormenorizada e evocativa de uma pequena igreja rural.

A imagem foca-se na estrutura superior do edifício, destacando o campanário e parte do telhado, enquadrada por vegetação densa que adiciona um contraste natural ao cenário.

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O campanário, feito de pedra desgastada pelo tempo, exibe uma cruz no topo, um símbolo religioso central, e abriga um sino visível através do arco aberto.

A pedra mostra sinais de envelhecimento, com musgo e erosão, sugerindo uma construção antiga e bem integrada no ambiente natural.

O telhado de telhas vermelhas complementa a estética tradicional portuguesa, enquanto os ornamentos nas extremidades adicionam um toque decorativo.

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À frente da igreja, há uma mistura de arbustos verdes e plantas com folhas avermelhadas, possivelmente indicativas de uma estação de transição, como o outono.

Esta vegetação cobre parcialmente a base da estrutura, criando um efeito de fusão entre a construção e a natureza, o que reforça a sensação de isolamento rural.

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A luz natural, provavelmente captada durante o dia com céu claro, ilumina suavemente a cena, destacando os tons terrosos da pedra e o verde e vermelho da folhagem.

A paleta de cores é quente e harmoniosa, transmitindo uma sensação de tranquilidade.

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A fotografia é tirada de um ângulo baixo, enfatizando a verticalidade do campanário e dando uma sensação de imponência à estrutura, apesar do seu tamanho modesto.

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A composição é equilibrada, com a vegetação a servir como um quadro natural que guia o olhar para o campanário.

A escolha do ângulo baixo é eficaz para destacar a arquitetura e o simbolismo religioso.

A textura da pedra e a paleta de cores criam uma narrativa visual de história e serenidade, típica de aldeias portuguesas.

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A fotografia parece celebrar a simplicidade e a resiliência das construções tradicionais portuguesas, refletindo uma ligação profunda entre a comunidade local e seu património.

O contraste entre a natureza viva e a arquitetura estática sugere um ciclo de renovação e permanência.

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Em suma, a imagem de Mário Silva é uma captura sensível e bem executada, que combina elementos naturais e arquitetónicos de forma harmoniosa.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
10
Jul25

"O caminho rural asfaltado" - Águas Frias - Chaves - Portugal


Mário Silva Mário Silva

"O caminho rural asfaltado"

Águas Frias - Chaves - Portugal

10Jul DSC08477_ms

Era um daqueles inícios de manhã em Águas Frias, Chaves, onde o sol de julho começava a banhar a paisagem com uma luz morna e dourada.

O ar, ainda fresco da noite, transportava os aromas da terra molhada e das flores silvestres.

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O caminho, um modesto trilho de asfalto, serpenteava suavemente pela encosta, desaparecendo na distância entre o verde exuberante.

Não era uma estrada principal, mas um caminho rural asfaltado, um veia que ligava pequenos campos de cultivo e vinhas, um fio de progresso lançado sobre a antiga face da terra.

As suas curvas suaves convidavam a caminhadas tranquilas, a passeios de bicicleta sem pressas, longe da agitação do mundo.

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À esquerda do caminho, como uma sentinela colorida e altiva, erguia-se uma malva-rosa, um “Alcea rosea”.

As suas hastes robustas, carregadas de flores em tons vibrantes de rosa e fúcsia, destacavam-se contra o verde mais escuro da vegetação.

Algumas das flores já se abriam em plenitude, outras, mais acima, eram ainda botões prometendo mais beleza nos dias seguintes.

Tinha nascido, provavelmente, de uma semente que o vento trouxe, ou talvez plantada por alguma mão carinhosa, e agora prosperava, adicionando um toque de cor e alegria à paisagem.

Apoiava-se num pequeno muro de pedra coberto de cal e pintura branca, que delimitava o terreno, marcando a transição entre o que era cultivado e o que era selvagem.

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À direita, o caminho era ladeado por um muro baixo, uma cerca rústica de rede metálica, já com a sua patina de ferrugem, que parecia proteger um terreno mais aberto, coberto de ervas secas pelo calor de verão.

Mais além, árvores de grande porte, com as suas copas densas e escuras, ofereciam sombra generosa, e o canto dos pássaros ecoava entre os ramos.

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Ao fundo, a paisagem elevava-se em suaves colinas, cobertas por uma manta de vegetação mediterrânea, banhada pela luz que prometia um dia quente.

A imensidão do céu, de um azul límpido e quase sem nuvens, estendia-se sobre tudo, convidando à contemplação.

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Aquele caminho não era apenas um percurso físico; era um portal para a alma rural de Trás-os-Montes.

Era um lugar onde o tempo parecia abrandar, onde o ritmo da vida era ditado pelo sol e pelas estações.

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Para Mário Silva, que capturou este momento com a sua câmara, não era apenas um registo fotográfico.

Era a essência da tranquilidade, da beleza simples e autêntica de Águas Frias.

A malva-rosa, exuberante e solitária, era um símbolo da vida que floresce, mesmo nos lugares mais inesperados, um lembrete de que a beleza está em todo o lado, à espera de ser observada e apreciada.

E o caminho, convidativo e sereno, parecia sussurrar histórias de vidas passadas e promessas de novos começos, convidando quem o olhava a seguir em frente e a descobrir os tesouros escondidos naquelas terras transmontanas.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
06
Jul25

Capela de Nossa Senhora da Natividade (Tinhela – Valpaços – Portugal)


Mário Silva Mário Silva

Capela de Nossa Senhora da Natividade

Tinhela – Valpaços – Portugal

06Jul DSC01593_ms

A fotografia retrata uma pequena capela rural, com uma arquitetura simples, mas charmosa, enquadrada num ambiente natural de colinas.

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A capela ocupa o centro da imagem, enquadrada por uma parede de pedra e um portão de ferro forjado em primeiro plano.

O edifício está ligeiramente inclinado para a direita, dando um dinamismo subtil à composição.

O fundo é dominado por colinas verdes e arbustos, sugerindo a localização rural e a integração da capela na paisagem.

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A paleta de cores é dominada pelos tons terrosos e naturais.

O telhado de telha de barro exibe um vermelho-alaranjado quente e vibrante, que se destaca.

A pedra da capela e das paredes é em tons de cinzento claro e bege, com alguma pátina do tempo.

As portas duplas da capela são de um azul turquesa vibrante, que cria um contraste marcante e um ponto de interesse visual forte.

O verde da vegetação no fundo é suave, com tons de verde-azeitona e castanho.

O céu, embora não muito visível na parte superior, parece ser de um cinzento claro ou esbranquiçado, sugerindo um dia nublado ou de luz difusa.

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A luz parece ser suave e difusa, provavelmente de um dia nublado ou de um sol não muito forte.

Isso resulta numa iluminação uniforme, sem sombras duras, que realça as texturas da pedra e das telhas.

Os detalhes arquitetónicos são bem visíveis.

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A estrutura principal é uma capela retangular, construída em pedra rústica.

Possui um telhado de quatro águas coberto com telhas de barro, com um beiral proeminente suportado por colunas de pedra de estilo dórico.

Uma arcada com três arcos e duas colunas na frente define a entrada, onde se encontram duas grandes portas de madeira pintadas de azul vivo.

Na parte inferior de uma das portas, há uma pequena janela gradeada.

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Em primeiro plano, uma parede de pedra rústica, coberta por algumas plantas rasteiras, estende-se pela base da imagem.

Integrado nesta parede, um portão de ferro forjado, de cor cinzenta clara, com desenhos curvilíneos e ornamentados, convida à entrada para o recinto.

Grandes pedras irregulares estão dispostas ao redor da base da parede e do portão.

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Atrás da capela, a paisagem é composta por colinas suaves, cobertas por vegetação densa, incluindo árvores e arbustos.

Sugere um ambiente rural e natural, típico do interior de Portugal.

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A fotografia capta muito bem as diversas texturas: a rugosidade da pedra, a aspereza das telhas, a suavidade da madeira das portas e os detalhes do ferro forjado.

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A fotografia "Capela de Nossa Senhora da Natividade" de Mário Silva é uma imagem que transmite serenidade, autenticidade e uma forte ligação à identidade rural portuguesa.

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A escolha da perspetiva e do enquadramento é eficaz, centrando-se na capela mas incluindo elementos circundantes que lhe dão contexto.

O primeiro plano com a parede e o portão adiciona profundidade e um elemento de "entrada" para a cena.

A capela ligeiramente angulada evita uma frontalidade estática, tornando a imagem mais dinâmica.

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O contraste vibrante do azul das portas com os tons neutros da pedra e os quentes do telhado é um dos pontos mais fortes da imagem.

Este azul não é apenas uma cor, mas um elemento que "salta" e chama a atenção, conferindo um caráter distintivo à capela e, por extensão, à fotografia.

O telhado, com os seus tons terrosos, reforça a sensação de antiguidade e de elementos naturais.

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A iluminação difusa é ideal para capturar os detalhes arquitetónicos e as texturas sem criar sombras excessivamente duras que pudessem obscurecer a forma.

A atmosfera é de paz e intemporalidade, sugerindo um local de culto e de contemplação numa paisagem inalterada.

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A fotografia demonstra uma excelente nitidez e detalhe, permitindo observar as texturas individuais da pedra, a pátina das telhas e os pormenores do portão de ferro.

Isso reflete uma boa técnica fotográfica e um controlo da profundidade de campo.

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A capela, com a sua arquitetura rústica e o seu enquadramento rural, é um símbolo da religiosidade popular e da identidade cultural do interior de Portugal.

A fotografia de Mário Silva capta com sucesso este aspeto, apresentando não apenas um edifício, mas um pedaço da história e da vida de uma comunidade.

A sensação de abandono ou desuso não é evidente; pelo contrário, a capela parece bem cuidada, apesar da sua idade.

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A imagem pode evocar sentimentos de nostalgia, espiritualidade, calma e uma ligação às tradições.

Para quem conhece o interior de Portugal, a cena será imediatamente familiar e evocativa.

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Em conclusão, "Capela de Nossa Senhora da Natividade" é uma fotografia bem concebida e executada por Mário Silva.

Captura com sensibilidade a essência de um local de culto rural, utilizando a cor e a textura para criar uma imagem que é ao mesmo tempo documental e artisticamente apelativa, expressando a beleza simples e a autenticidade da paisagem e do património de Valpaços.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
04
Jul25

"Na rua principal" - Águas Frias - Chaves - Portugal


Mário Silva Mário Silva

"Na rua principal"

Águas Frias - Chaves - Portugal

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A fotografia de Mário Silva, intitulada "Na rua principal" - Águas Frias - Chaves - Portugal, oferece um vislumbre autêntico e pitoresco de uma rua típica de aldeia transmontana, caracterizada pela sua arquitetura tradicional e ambiente rural.

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A imagem captura uma rua estreita, ladeada por edifícios robustos de pedra e reboco, sob um céu parcialmente nublado, mas com boa luminosidade.

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Ao centro e ligeiramente à direita, domina a cena uma casa de dois pisos, que parece ser o ponto focal.

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As paredes do rés-do-chão são de pedra aparente, bem trabalhada e de tons acinzentados, conferindo solidez e enraizamento na tradição construtiva local.

O piso superior é rebocado, com uma cor clara, possivelmente bege ou cinza claro, mostrando a evolução ou adaptação das construções.

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Uma varanda saliente no piso superior, com uma guarda de ferro simples e possivelmente elementos em madeira ou metal, serve de estendal.

Duas peças de roupa branca, uma delas com um padrão rendilhado ou texturizado, pendem a secar, adicionando um toque de vida quotidiana e doméstico à cena.

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No rés-do-chão, uma grande porta de madeira dupla, de cor castanha avermelhada, domina a fachada.

Dada a sua dimensão e robustez, sugere ser a entrada para um armazém agrícola, celeiro, ou garagem, um elemento comum em casas rurais onde o rés-do-chão era frequentemente destinado a usos não habitacionais.

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O telhado é de telha cerâmica, de cor avermelhada/alaranjada, com a inclinação característica da arquitetura rural portuguesa, projetado para o escoamento eficaz da água da chuva.

À esquerda, uma parte de outro edifício é visível.

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No rés-do-chão, uma porta de garagem em madeira clara, de ripas horizontais, contrasta com a porta da casa central.

Acima da garagem, uma varanda com balaustrada de ferro forjado e pilares de pedra sugere uma área habitacional no piso superior, com vasos de plantas que adicionam um toque de verde.

Um pilar robusto de pedra, provavelmente granito, suporta a estrutura superior, reforçando a ideia de construção tradicional e sólida.

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À direita, vê-se apenas um fragmento de outra parede de pedra, indicando a continuidade das construções ao longo da rua.

Esta parede é de alvenaria de pedra, com juntas visíveis e musgo ou líquenes, denotando a idade da construção.

Um toque de cor vibrante é adicionado por arbustos ou flores com floração avermelhada/rosada que se espalham junto à parede e escadas, provavelmente trepadeiras.

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O chão da rua é de asfalto, com algumas manchas e irregularidades, sugerindo uma rua de aldeia com pouco tráfego, onde a vida se desenrola a um ritmo mais lento.

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A fotografia de Mário Silva em "Na rua principal" de Águas Frias é mais do que um simples registo; é uma narrativa visual da vida numa aldeia transmontana.

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A imagem é um excelente exemplo da arquitetura vernácula da região de Trás-os-Montes.

O uso predominante da pedra, a robustez das construções, os telhados de telha e as varandas são elementos típicos que refletem a adaptação às condições climáticas (invernos rigorosos) e a disponibilidade de materiais locais.

A mistura de pedra com paredes rebocadas mostra a evolução das construções ou a combinação de diferentes épocas e técnicas.

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A presença da roupa estendida na varanda é um detalhe poderoso que humaniza a cena.

Não é apenas uma imagem de edifícios, mas de vida que acontece ali.

Sugere a presença de habitantes e as suas rotinas diárias, evocando um ambiente doméstico e acolhedor.

As grandes portas de madeira no rés-do-chão remetem para uma economia agrária, onde as casas não eram apenas habitações, mas também espaços de trabalho e armazenamento.

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A rua estreita, os edifícios lado a lado, e a ausência de elementos modernos intrusivos (à exceção da rua asfaltada) reforçam a sensação de estar numa aldeia tradicional.

A vegetação que brota aqui e ali (plantas na varanda, flores junto à parede) contribui para a atmosfera orgânica e vivida do local.

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A iluminação natural, com a luz solar a criar áreas de contraste entre luz e sombra, realça as texturas da pedra e da madeira e confere profundidade à cena.

A composição, com as paredes dos edifícios a "enquadrar" a casa central, guia o olhar do observador para o coração da imagem, reforçando a sensação de uma rua "encaixada" entre as casas.

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A fotografia evoca um sentimento de nostalgia e autenticidade.

Representa um património construído que é parte da identidade cultural e histórica de Portugal rural, especialmente do interior.

As casas, embora modestas, transmitem uma sensação de resistência ao tempo e às mudanças.

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Em suma, "Na rua principal" é uma fotografia que vai além da simples descrição arquitetónica, capturando a essência da vida numa aldeia de Trás-os-Montes, com a sua arquitetura vernacular, as rotinas diárias e o seu caráter intemporal.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
01
Jul25

"Casas em Segirei" - (Chaves - Portugal)


Mário Silva Mário Silva

"Casas em Segirei"

(Chaves - Portugal)

01Jul DSC01335_Segirei_ms

A fotografia de Mário Silva, "Casas em Segirei" (Chaves - Portugal), retrata uma construção rural típica da região de Trás-os-Montes, particularmente das aldeias da raia, ou seja, aquelas localizadas na fronteira com Espanha.

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Este tipo de construção, visível na imagem, caracteriza-se pelo uso predominante de pedra, um material abundante na região.

As paredes são robustas, geralmente de xisto ou granito, dependendo da geologia local, e construídas com técnica de alvenaria de pedra seca ou com argamassa simples.

A tonalidade da pedra confere uma camuflagem natural ao ambiente, integrando as casas na paisagem.

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Os telhados são, na maioria dos casos, de telha cerâmica, de tipo luso-árabe, com inclinações adequadas para escoamento da água da chuva e resistência às intempéries, incluindo as nevadas de inverno.

No caso da fotografia, a telha é de um tom alaranjado, que contrasta com a cor da pedra.

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As janelas e portas eram tradicionalmente pequenas, para melhor isolamento térmico e segurança, embora não sejam muito visíveis nesta imagem.

A funcionalidade e a adaptação ao clima e aos recursos locais eram os princípios basilares destas construções.

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No que toca ao contexto das aldeias transmontanas da raia, estas construções refletem um modo de vida rural e agropastoril.

As casas eram frequentemente de dois pisos: o rés-do-chão servia para abrigar animais ou armazenar produtos agrícolas, enquanto o piso superior era a habitação.

Esta tipologia era prática e permitia aproveitar o calor gerado pelos animais no piso inferior para aquecer a casa no inverno.

A simplicidade e a durabilidade eram características essenciais, dada a escassez de recursos e a necessidade de autossuficiência.

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É comum ver nestas aldeias a presença de anexos, muros e currais, também construídos em pedra, que complementam o conjunto arquitetónico e funcional da propriedade.

A degradação parcial da casa na fotografia, com parte da parede em ruínas, é um reflexo do despovoamento e abandono que muitas destas aldeias têm vindo a sofrer nas últimas décadas.

No entanto, a solidez da sua construção original ainda se mantém visível.

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Em suma, a fotografia de Mário Silva é um excelente exemplo da arquitetura vernácula das aldeias da raia transmontana, caracterizada pela robustez da pedra, a simplicidade funcional e a profunda ligação ao território e aos seus recursos.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
28
Jun25

"O Homem, o Cavalo e o Arado"


Mário Silva Mário Silva

"O Homem, o Cavalo e o Arado"

28Jun DSC00165_ms

A fotografia de Mário Silva capta uma cena intemporal que evoca a dura, mas profunda, ligação entre o ser humano, o animal de trabalho e a terra.

Esta imagem é um poderoso memorando de tradições rurais que estão em rápido declínio em muitas partes do mundo, incluindo Portugal.

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A cena retratada – um homem a arar a terra com a ajuda de um animal (seja um cavalo, uma mula ou um boi) – é um símbolo de uma era em que a agricultura dependia fortemente da força animal e do trabalho manual.

Essa prática, que durante séculos foi o pilar da subsistência rural, está a ser progressivamente substituída por métodos mais mecanizados e industrializados.

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Algumas das tradições rurais que se encontram em vias de desaparecimento incluem:

- O uso de animais de tração (bois, cavalos, mulas) para arar, gradar, semear e transportar produtos agrícolas era uma prática comum.

Estes animais não eram apenas uma força de trabalho, mas parte integrante da família e da comunidade.

A sua substituição por tratores e máquinas agrícolas mais eficientes e rápidas tornou o arado puxado por animal uma raridade, muitas vezes limitado a terrenos de difícil acesso ou a pequenas propriedades que mantêm métodos tradicionais.

A perda desta prática significa também a perda do conhecimento e das técnicas associadas ao maneio e treino destes animais para o trabalho agrícola.

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- Muitas comunidades rurais viviam da agricultura de sequeiro e da produção para autoconsumo, com pequenos excedentes para venda em mercados locais.

As terras eram trabalhadas para produzir uma variedade de culturas essenciais à alimentação da família e do gado.

Com a modernização e a especialização da agricultura, muitas destas pequenas explorações foram abandonadas ou convertidas para culturas mais rentáveis, perdendo-se a diversidade de produções e a autonomia alimentar local.

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- Embora ainda existam em algumas regiões, as práticas de pastoreio tradicionais, incluindo a transumância (movimento sazonal do gado entre pastagens de verão e inverno), diminuíram drasticamente.

A vida do pastor, com a sua sabedoria sobre o território, o clima e o comportamento animal, está em risco de se perder à medida que os rebanhos diminuem e as explorações se tornam mais intensivas e fechadas.

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- Os agricultores e pastores de antigamente possuíam um conhecimento profundo e empírico do ambiente natural – os padrões climáticos, os ciclos da lua e a fertilidade da terra.

Este saber, transmitido de geração em geração, era fundamental para a tomada de decisões agrícolas.

Com a dependência de tecnologias e previsões meteorológicas modernas, grande parte deste conhecimento ancestral está a desaparecer.

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- As comunidades rurais eram frequentemente baseadas em redes de ajuda mútua, onde vizinhos e familiares se ajudavam mutuamente nas tarefas agrícolas mais pesadas (como as mondas, as colheitas ou as desfolhadas).

Estes momentos eram também importantes para a coesão social e a transmissão oral de histórias e canções.

A mecanização e a diminuição da população rural enfraqueceram estes laços comunitários.

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- A manufatura de ferramentas agrícolas, cestos, utensílios de madeira e outros objetos essenciais para a vida no campo era uma parte integrante da economia rural.

Os artesãos rurais, com os seus conhecimentos e técnicas transmitidos ao longo do tempo, são cada vez mais raros, e as ferramentas tradicionais são substituídas por equipamentos industriais.

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A fotografia de Mário Silva serve, assim, como um valioso registo de um passado recente, mas que se afasta rapidamente.

É um convite à reflexão sobre a importância de preservar, ainda que em registo, estas tradições que moldaram a paisagem, a cultura e a identidade das comunidades rurais durante séculos.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
27
Jun25

"Passando em São Vicente da Raia (Rua da Fonte)" - Chaves Portugal


Mário Silva Mário Silva

"Passando em São Vicente da Raia (Rua da Fonte)"

Chaves - Portugal

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São Vicente é uma aldeia pitoresca localizada na freguesia de São Vicente da Raia, no concelho de Chaves, distrito de Vila Real, em Portugal.

Conforme a descrição da fotografia de Mário Silva, a imagem captura um momento da "Rua da Fonte", um local que evoca a simplicidade e a beleza rural.

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São Vicente da Raia, como o próprio nome sugere, encontra-se numa zona de fronteira (raia) com Espanha, o que historicamente lhe conferiu uma importância estratégica e cultural particular.

A aldeia é um exemplo típico do povoamento rural do interior de Portugal, caracterizado por uma arquitetura tradicional e uma profunda ligação à terra.

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As habitações em São Vicente da Raia são maioritariamente construídas em pedra, utilizando materiais locais.

Estas casas, muitas delas antigas, exibem a robustez e a beleza da arquitetura vernácula transmontana, com telhados de telha tradicional que se integram harmoniosamente na paisagem.

Na fotografia, é possível observar uma dessas construções de pedra, com telhado de duas águas, que sugere a tipicidade da arquitetura local.

As ruas da aldeia são, em geral, estreitas e por vezes irregulares, adaptando-se à topografia do terreno.

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A "Rua da Fonte" ilustrada na imagem parece ser um caminho mais aberto, mas ainda assim com o caráter de uma via rural, ladeada por vegetação e elementos naturais.

A aldeia está imersa num ambiente rural, rodeada por campos agrícolas, matos e vegetação espontânea.

A predominância de tons verdes na paisagem, visíveis na fotografia, realça a conexão com a natureza e a vida no campo.

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A agricultura de subsistência e pequena escala sempre foi a base da economia local.

O cultivo de batata, centeio, milho e a criação de gado (bovino, ovino e caprino) são atividades tradicionais que moldaram o quotidiano e a paisagem da aldeia.

A presença de vegetação densa e o que parecem ser áreas cultivadas na fotografia corroboram esta ligação à terra.

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A região de Chaves é conhecida pelos seus produtos endógenos, como o presunto e os enchidos, e também pela produção de castanhas e cogumelos, o que certamente também faria parte da vida em São Vicente da Raia.

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A presença de uma "Rua da Fonte" sugere a importância da água na vida da aldeia, um elemento vital para a subsistência e para as comunidades rurais.

Fontes e ribeiros são muitas vezes pontos de encontro e locais com significado social.

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Aldeias como São Vicente da Raia mantêm vivas as tradições e costumes locais.

A vida comunitária é um pilar, com festas religiosas e romarias que reforçam os laços entre os habitantes.

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Como muitas aldeias do interior de Portugal, São Vicente da Raia pode enfrentar desafios relacionados com o despovoamento e o envelhecimento da população, uma realidade comum nas zonas rurais.

No entanto, o seu património e a beleza natural continuam a ser atrativos.

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Em suma, São Vicente da Raia é uma aldeia que personifica a ruralidade transmontana, com a sua arquitetura em pedra, paisagens verdes e uma história ligada à fronteira e à vida agrícola.

A fotografia de Mário Silva oferece uma janela para a tranquilidade e autenticidade deste remoto recanto de Chaves.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
23
Jun25

Os tomates do Godofredo


Mário Silva Mário Silva

Os tomates do Godofredo

23Jun DSC05301_ms

A fotografia "Os tomates do Godofredo" de Mário Silva captura uma cena rural vibrante, destacando um carrinho de mão laranja no meio de tomateiros verdejantes.

A composição centraliza o carrinho, simbolizando o trabalho manual, enquanto as plantas ao fundo sugerem abundância e ligação com a terra.

A luz natural realça os tons verdes e o contraste com o carrinho, criando uma estética acolhedora.

Criticamente, a imagem pode ser vista como uma celebração da agricultura de subsistência, refletindo simplicidade e autossuficiência, embora a ausência de figuras humanas deixe o esforço humano implícito, o que pode limitar a narrativa emocional.

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A agricultura de subsistência é uma prática essencial para milhões de famílias em todo o mundo, especialmente em regiões rurais.

Diferente da agricultura comercial, que visa o lucro e a exportação, a subsistência foca no autoconsumo, permitindo que as comunidades produzam alimentos para a sua própria subsistência.

Essa abordagem não apenas garante segurança alimentar, mas também fortalece a autonomia local, reduzindo a dependência de mercados externos e cadeias de suprimento globais.

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As Famílias produzem o que consomem, diminuindo a vulnerabilidade a crises económicas ou interrupções logísticas.

O uso de técnicas tradicionais e locais, como o cultivo orgânico, preserva o meio ambiente e promove a biodiversidade.

Mantém práticas ancestrais e o conhecimento transmitido entre gerações.

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Apesar das suas vantagens, a agricultura de subsistência enfrenta obstáculos significativos.

Mudanças climáticas, com eventos extremos como secas e inundações, ameaçam as colheitas.

Além disso, a falta de acesso a tecnologias modernas e suporte governamental limita a sua produtividade.

Em 23 de junho de 2025, num mundo que busca resiliência alimentar, essa prática ganha nova importância, servindo como modelo para sistemas agrícolas mais autossuficientes e adaptáveis.

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Em conclusão, a agricultura de subsistência é um pilar de resistência e identidade cultural.

Investir em políticas que apoiem esses agricultores, como acesso a sementes resistentes e técnicas de irrigação sustentável, é crucial para garantir sua continuidade e enfrentar os desafios do futuro.

A imagem "Os tomates do Godofredo" de Mário Silva encapsula essa essência, retratando a simplicidade e o esforço por trás dessa forma de vida.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
16
Jun25

"Serpenteando as Terras de Monforte"


Mário Silva Mário Silva

"Serpenteando as Terras de Monforte"

A fotografia "Serpenteando as Terras de Monforte" de Mário Silva apresenta uma paisagem rural serena em Águas Frias, Chaves, Portugal.

A imagem destaca um caminho de terra sinuoso que atravessa campos verdes e vinhedos, ascendendo suavemente até uma colina coberta de vegetação densa.

No topo da colina, uma estrutura histórica, o castelo de Monforte de Rio Livre, ergue-se contra um céu parcialmente nublado, adicionando um elemento de profundidade histórica.

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A composição é dominada por tons verdes e terrosos, refletindo a natureza exuberante e a agricultura local.

O caminho central guia o olhar do observador através da cena, criando um sentido de movimento e exploração.

As casas espalhadas na encosta sugerem uma comunidade rural tranquila, enquanto a estrutura no topo da colina serve como ponto focal, contrastando com a horizontalidade do horizonte.

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A fotografia utiliza eficazmente a técnica de linhas guiadas pelo caminho, que conduz o observador pela narrativa visual.

A profundidade de campo é bem explorada, com o primeiro plano de vegetação detalhado e o fundo ligeiramente desfocado, enfatizando a vastidão da paisagem.

A iluminação natural sugere uma hora do dia amena, possivelmente início da tarde, destacando as texturas da vegetação e da terra.

Contudo, a moldura preta adicionada pode ser vista como um elemento distrativo, confinando a cena e reduzindo a sensação de abertura.

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A obra evoca uma ligação com a tradição e a simplicidade rural das Terras de Monforte, capturando a harmonia entre o homem e a natureza.

A estrutura histórica simboliza o passado duradouro da região, enquanto o caminho sugere uma jornada contínua.

A assinatura de Mário Silva no canto inferior esquerdo reforça a autoria e a intenção artística, convidando a uma apreciação pessoal da beleza natural e cultural de Águas Frias.

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Em suma, a fotografia é uma celebração da paisagem portuguesa, equilibrando elementos naturais e humanos com uma composição visualmente envolvente.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
09
Jun25

"Para memória futura" - Águas Frias, Chaves, Portugal


Mário Silva Mário Silva

"Para memória futura"

Águas Frias, Chaves, Portugal

09Jun DSC01938_ms

A imagem capturada por Mário Silva, intitulada "Para memória futura" e ambientada em Águas Frias, Chaves, Portugal, revela uma cena rústica que convida à reflexão.

O espaço, com as suas paredes de pedra antiga, telhado de madeira desgastado e objetos simples como cebolas penduradas e lenha empilhada, transmite a essência de um tempo passado, onde a vida seguia um ritmo mais lento e ligado à natureza.

Atrás da grade de ferro, que parece proteger e ao mesmo tempo limitar o acesso a esse mundo, percebe-se a presença de uma porta fechada, simbolizando talvez o fim de uma era ou a guarda de memórias.

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Tudo tem o seu tempo.

Esta frase ressoa profundamente ao observar a fotografia.

As cebolas maduras, colhidas e penduradas, sugerem o momento certo da colheita, enquanto a estrutura envelhecida reflete o passar dos anos, cada rachadura contando uma história.

É um lembrete de que cada coisa tem o seu ciclo – o crescimento, a maturação, o declínio – e que a beleza reside em respeitar esse fluxo natural.

A luz que entra pelo telhado danificado ilumina suavemente o interior, como se o tempo, na sua inevitabilidade, trouxesse também um brilho de esperança ou nostalgia.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷

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