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MÁRIO SILVA - Fotografia, Pintura & Escrita

*** *** A realidade é a "minha realidade" em imagens (fotografia, pintura) e escrita

25
Out25

“A Fraga e o Castelo de Monforte de Rio Livre”


Mário Silva Mário Silva

“A Fraga e o Castelo de Monforte de Rio Livre”

Águas Frias - Chaves - Portugal

25Out DSC06281_ms

A fotografia de Mário Silva, capturada em Águas Frias, Chaves, é uma composição que estabelece um forte diálogo entre o elemento natural e o construído.

Em primeiro plano, domina uma gigantesca fraga (rocha) de granito de tonalidade quente, amarelada pelo sol, ocupando o terço inferior e direito da imagem.

A sua superfície lisa e arredondada contrasta com a vegetação rasteira e arbustos em primeiro plano, alguns secos e escuros.

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O olhar é conduzido por esta rocha, subindo a paisagem, onde se encontra uma colina densamente arborizada com vegetação baixa e matagal.

No topo desta elevação, recortando-se contra um céu azul-claro e límpido, ergue-se o Castelo de Monforte de Rio Livre.

Apenas visível é a sua Torre de Menagem quadrada e robusta, um símbolo de resistência e vigilância, que domina o horizonte.

A luz do sol, possivelmente no meio-dia, ilumina a pedra do castelo e a fraga, criando um ambiente de sossego histórico e isolamento.

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A Vigília Silenciosa: História, Fraga e Horizonte em Monforte

O Castelo e a Fraga: Uma História de Oposição e Aliança

A imagem capturada por Mário Silva em Águas Frias não é apenas uma fotografia; é uma síntese visual da história de Trás-os-Montes.

A cena coloca em perspetiva dois protagonistas intemporais: a Fraga, símbolo da permanência geológica e da natureza indomável da região, e o Castelo de Monforte de Rio Livre, a marca do poder humano, da defesa e da civilização.

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Em Monforte, o castelo não foi erguido contra a natureza, mas em aliança com ela.

A posição do castelo no cume da colina, aproveitando o relevo para a sua defesa, reflete a sabedoria estratégica medieval.

É uma sentinela de pedra que, ao longo de séculos, vigiou as fronteiras, testemunhando batalhas e a consolidação do reino.

A sua Torre de Menagem, que se ergue altiva no horizonte, é o coração desta vigília, um símbolo de soberania que resistiu a ventos, invasões e ao esquecimento.

 

O Poder do Silêncio e da Perspetiva

O que torna esta imagem particularmente envolvente é o papel da Fraga em primeiro plano.

A sua massa monumental atua como um observador silencioso, quase um "guardião geológico" que impede uma visão desimpedida do castelo.

Esta fraga representa a ancestralidade e a força telúrica da terra que precede qualquer muralha humana.

Ela lembra-nos que, por mais imponente que seja o castelo, ele é apenas um ponto na imensidão do tempo e da geologia.

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Este elemento em primeiro plano cria uma profundidade notável.

Ao enquadrar o castelo através da fraga e da vegetação, o fotógrafo convida-nos a parar e a perscrutar, a sentir a distância — não só física, mas temporal — que nos separa da época em que o castelo era o centro vibrante da vida local.

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O Legado da Fronteira

O Castelo de Monforte de Rio Livre está intrinsecamente ligado à identidade de fronteira de Chaves e de toda a região transmontana.

Foi um baluarte crucial na defesa contra castelhanos, desempenhando um papel vital na Guerra da Restauração no século XVII.

A paisagem que o rodeia — a mata densa, os céus amplos e as colinas rochosas — é a mesma que viu os soldados portugueses guardarem os limites do reino.

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Hoje, o castelo é mais do que uma ruína; é um monumento à perseverança.

A sua silhueta no alto da colina, observada a partir da fraga de Águas Frias, convida à reflexão sobre a resiliência.

A natureza, representada pela rocha e pela vegetação, abraçou a estrutura, não para a consumir, mas para a integrar na paisagem.

A fortaleza de pedra e a fraga de granito permanecem lado a lado, como guardiões silenciosos, ensinando que a verdadeira força reside na capacidade de resistir ao tempo, seja pela pedra talhada ou pela pedra nascida da terra.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
21
Ago25

"A gaivota descansando da manhã agitada”


Mário Silva Mário Silva

"A gaivota descansando da manhã agitada”

21Ago DSC04556_ms2

Esta fotografia de Mário Silva, foca-se numa gaivota solitária, branca e imaculada, que repousa sobre uma rocha submersa na água.

A ave, com as suas penas fofas e pernas finas e avermelhadas, está de pé sobre uma pata, com a outra recolhida, e tem a cabeça ligeiramente inclinada, como se estivesse a meditar ou a observar a maré.

A água à sua volta é calma e de cor cinzento-prateada, com reflexos suaves.

A presença de algas e outras rochas em segundo plano confere profundidade à imagem.

A fotografia, com a sua composição simples e serena, transmite uma sensação de paz e isolamento, contrastando com a agitação que o título sugere.

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O nome da gaivota era Alma.

Não que os humanos soubessem, mas as outras gaivotas do bando chamavam-lhe assim, porque a sua cor branca era tão pura que parecia a alma da espuma do mar.

A fotografia de Mário Silva capturou-a naquele momento de repouso, o único momento de paz num dia que tinha sido uma batalha.

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A manhã tinha começado com um vento forte que chicoteava as ondas e tornava a caça difícil.

Alma tinha lutado contra a tempestade, voando baixo sobre a água, com as suas asas a cortar o ar salgado.

Tinha mergulhado e subido, tinha visto o sol nascer e o mar revolto.

Tinha caçado o seu peixe, tinha defendido o seu território e tinha voltado, exausta, para a sua rocha.

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A sua rocha era o seu trono, o seu santuário.

Era um pequeno pedaço de terra no meio da água, com musgo e conchas incrustadas, que ela tinha reivindicado como seu.

Ninguém a incomodava ali.

Era o seu refúgio da agitação do mundo, o seu ponto de observação do céu e do mar.

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Alma pousou na rocha, recolheu uma das pernas e fechou os olhos.

O vento continuava a soprar, mas a sua alma estava calma.

Conseguiu ouvir os sons familiares do mar: as ondas a quebrar, o grito distante de outras gaivotas, o sussurro da espuma que se dissolvia na areia.

O sal do mar secava nas suas penas e o sol da manhã acariciava-lhe o corpo.

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Ela pensou nos desafios da manhã, na luta pela comida, na dança perigosa com as ondas.

Pensou na sua coragem e na sua perseverança.

A vida de uma gaivota não era fácil, mas era a sua vida.

Era uma vida de liberdade, de voo, de vento e de mar.

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Quando finalmente abriu os olhos, o mar parecia diferente.

Não era mais a paisagem hostil da manhã, mas um espelho prateado que refletia a luz do céu.

A sua rocha, que antes era apenas um ponto de descanso, parecia agora uma ilha de paz.

Alma sentiu um profundo sentimento de gratidão.

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Mário Silva, na sua fotografia, capturou o momento exato em que a gaivota Alma encontrou a sua paz.

Ele não capturou a gaivota, mas a sua alma: a dignidade do seu repouso, a coragem que se esconde na sua pose, a beleza que se encontra na sua solidão.

O resto da manhã seria de calma, mas a gaivota já estava pronta para a próxima batalha, com a alma lavada pelo sal e o coração cheio da paz do seu trono.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
27
Abr21

REGRESSO ÀS FRAGAS - Águas Frias (Chaves) - Portugal


Mário Silva Mário Silva

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Um abrigo, enquadrado e encastrado na fraga, numa simbiose entre a Natureza e a ação do Homem.

Antigamente, sem conhecimentos paisagísticos ou ecológicos, tinham um cuidado em que tudo estivesse em harmonia.

Hoje cada um constrói com base no gosto pela diferença e quanto mais agressivo melhor (?), para que se identifiquem e realcem perante os outros.

Assim se degeneraram muitas aldeias, muitos lugares, muitas paisagens …

O egocentrismo tem vencido a harmonia e o coletivo …

Isso não tem de ser definitivo … tudo se pode reverter para que as aldeias se diferenciem das vilas e cidades …

Trás-Os-Montes tem uma singularidade única, mas para isso é preciso preservar a sua essência, porque senão poderá tornar-se em mais uma região como outra qualquer …

É preciso que a vontade de regressar às suas origens, tenha um significado cada vez mais real …

Mário Silva

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REGRESSO ÀS FRAGAS

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“Regresso às fragas de onde me roubaram.

Ah! Minha serra, minha dura infância!

Como os rijos carvalhos me acenaram.

Mal eu surgi, cansado, na distância.

 .

Cantava cada fonte á sua porta:

O poeta voltou!
Atrás ia ficando a terra morta

Dos versos que o desterro esfarelou.

 .

Depois o céu abriu-se num sorriso,

E eu deitei-me no colo dos penedos

A contar aventuras e segredos

Aos deuses do meu velho paraíso.”

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Miguel Torga

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Ver também:

https://www.facebook.com/mariofernando.silva.9803/

http://aguasfrias.blogs.sapo.pt

https://www.youtube.com/channel/UCH8jIgb8fOf9NRcqsTc3sBA...

https://twitter.com/MrioFernandoGo2

https://www.instagram.com/mario_silva_1957/

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Mário Silva 📷

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