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Águas Frias, 3 de Agosto de 2008
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O segundo dia das festas em honra de S. Pedro em Águas Frias terminou de forma animada mas tal como disse anteriormente “A noite ia longa .... mas como os festejos eram em honra de S.Pedro ter-se-ia que manter a tradição - "Roubar" os vasos das varandas, das escadas, dos pátios, onde quer que os houvesse.
Houve quem os tivesse "guardado", mas nada que não pudesse ser contornado. Pela madrugada, lá se desviaram alguns (?), ... muitos e cuidadosamente colocados no adro da igreja.
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Mais uma vez se reviveu uma antiga tradição, mesmo com o S.Pedro em Agosto.
Como diz o velho ditado popular (adaptado): "O S. Pedro é quando o Homem quiser".
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Claro que na manhã seguinte, na hora da missa solene, ....” todos os que vinham chegando ao adro, depararam-se com este, primorosamente enfeitado, com os vasos que durante a calada da noite foram sendo “retirados” dos seus originais lugares e agora davam um colorido especial, desde as escadas da entrada da igreja ...
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... ou estrategicamente espalhados pelo adro ...
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... e até a cruz do centro do adro teve direito a vasos no seu alto (tiveram trabalho quem os lá colocou).
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Conforme as pessoas chegavam iam reconhecendo os seus vasos e questionavam-se como fora possível trazerem-nos, se estavam tão bem guardados.
Mais uma vez se concretizou uma tradição que já se perde no tempo ….
Mas ainda antes da celebração dominical, já Águas Frias sentia o calor das festividades, pois logo de manhãzinha um grupo de animados músicos, uma “charanga galega” ...
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... vinda de Carballino, já depois de Ourense e que com a sua própria alegria e com as suas músicas animadas, contagiaram e fizeram festa dentro da Festa.
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O meu agradecimento pessoal, já muito atrasado à Comissão de Festas por esta escolha, pois não poderia ser mais animado).
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Seguiu-se a missa solene na Igreja Matriz, muito participada, estando a igreja repleta e alguns até tiveram que assistir no exterior, pela instalação sonora.
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Seguia-se outro momento marcante das Festas de S.Pedro - a procissão.
Esta era composta por quatro andores esmeradamente enfeitados com lindas flores, não sendo nenhum igual a outro.
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Estavam perfeitos. Nesse momento que os vi, vieram-me à memória as imagens da primeira procissão que assisti em Águas Frias, há longos anos e, de repente visualizei o quão diferentes eram os andores, as imagens eram as mesmas mas os andores eram armados numa alta estrutura de madeira e engalanados com fitas coloridas. O tempo passa e as coisas mudam.
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Deixando este devaneio voltemos à procissão, que saindo do adro da Igreja seguiu solenemente por algumas ruas da Aldeia. A procissão iniciava-se com a cruz ladeada por dois altos lampiões ...
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... seguidos pelos estandartes de S.Pedro e do Sagrado Coração de Jesus.
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Logo atrás segui o andor de Nossa Senhora de Fátima e do Deus Menino carregado aos ombros pelos homens da Aldeia.
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Após estes, foi um grupo de mulheres que carregaram o andor de Santa Bárbara.
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No fim, porque era o padroeiro, ia o andor de S.Pedro, ...
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... seguido pelo pároco e o sacerdote que o coadjuvou na celebração da missa solene , ladeados pelas acólitas.
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Ainda atrás, não ia a habitual banda de música mas a charanga galega, que embora executasse o mesmo trecho musical, este era apropriado e com um compasso musical que dava solenidade ao acto e marcava a cadência do andamento da procissão até chegar novamente ao adro da igreja. A procissão eram seguida de todo um mar de gente que solenemente participava neste acto religioso.
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Eis que se chegou ao ponto de partida a Igreja Matriz de Águas Frias onde a procissão deu como é de tradição, uma volta , pelo adro, em redor da Igreja, sempre acompanhada pelas Gentes desta Aldeia.
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O acto terminado, rapidamente as mulheres se foram dirigindo a casa pois a hora do almoço não tardava.
É que não era um almoço vulgar, já que era dia de festa. Claro que os preparativos já tinham sido adiantados, mas …..
Os homens ainda foram ficando, em animada cavaqueira ou indo aos cafés da aldeia tomar um “aperitivo” – era preciso preparar o estômago para o que se seguia….
A ementa não era igual em todas as casas, mas a variação fazia-se entre um cabritinho, um cordeirito ou um leitãozinho assados no forno, acompanhadas com uma batatinha assada (da Terra, daquela saborosa), um arrozito assado também no forno e claro, para ajudar a digestão, aquele tinto tirado directamente da pipa. Alguma gulodice para aumentar o colesterol e depois de algum tempo de conversa à mesa, uma caminhadita até ao Café do Pires ou do Quim Russo para um cafezito retemperador e reencontrar os amigos.
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O estômago bem aconchegado, a boa disposição era rainha,… todos os ingredientes estavam prontos para uma tarde de alegria, confraternização, convívio e deixar extravasar as memórias, o bem-estar, o fulgor contido e esquecer todas as contrariedades da vida numa aldeia de interior ou o facto de parte do ano estar longe desta Terra.
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Este foi, para mim, um recordar de momentos agradáveis de um passado recente, em pleno Verão, contrastando com este Inverno inclemente de muito frio, chuva e neve, mas como dizia uma canção popular (penso que de Vitor Espadinha) “recordar é viver”.
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Bom!... Como a descrição já vai longa, vou deixar a parte de tarde deste 3.º dia de Festa em honra do padroeiro de Águas Frias para o próximo “post”.
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