"A cerejeira vergada com o peso das cerejas
e a Igreja vergada pelos seus dogmas"
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A fotografia de Mário Silva, intitulada "A cerejeira vergada com o peso das cerejas e a Igreja vergada pelos seus dogmas", apresenta uma composição rica em simbolismo e contraste visual.
A imagem mostra uma cerejeira carregada de frutos vermelhos e os seus ramos curvados pelo peso, em primeiro plano.
Ao fundo, ergue-se uma igreja com uma torre de pedra, coroada por uma cruz, cercada por uma paisagem verdejante de árvores e colinas.
A luz suave do dia ilumina a cena, criando uma atmosfera serena, mas carregada de significado.
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A cerejeira, com os seus galhos pendentes e repletos de cerejas maduras, domina o lado direito da imagem.
As cores vibrantes das frutas contrastam com o verde das folhas e da vegetação ao redor, atraindo imediatamente o olhar do observador.
À esquerda, a igreja, com a sua arquitetura tradicional e telhados de telhas vermelhas, emerge entre as árvores.
A torre da igreja, com dois sinos visíveis e uma cruz no topo, é um elemento marcante que remete à presença da religião na paisagem rural.
O fundo, composto por colinas cobertas de vegetação densa, adiciona profundidade à fotografia, enquanto a luz suave sugere um momento de tranquilidade, possivelmente ao entardecer.
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O título da obra de Mário Silva é profundamente metafórico e convida a uma reflexão sobre os elementos visuais e os seus significados.
A cerejeira "vergada com o peso das cerejas" simboliza a abundância da natureza, mas também o fardo que essa abundância pode trazer.
Os galhos curvados sugerem um peso inevitável, uma consequência natural do ciclo de vida e da fertilidade.
Por outro lado, a igreja "vergada pelos seus dogmas" aponta para uma crítica à rigidez das instituições religiosas.
Assim como a cerejeira se curva sob o peso dos seus frutos, a igreja, segundo o autor, parece sobrecarregada por tradições e doutrinas que, em vez de libertar, podem oprimir.
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O contraste entre a cerejeira e a igreja também pode ser interpretado como uma dicotomia entre o natural e o humano, ou entre a liberdade da natureza e as restrições impostas pela sociedade.
"A cerejeira vergada com o peso das cerejas e a Igreja vergada pelos seus dogmas"
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A cerejeira, mesmo vergada, permanece viva e vibrante, enquanto a igreja, embora imponente, parece estática e distante, quase engolida pela vegetação ao seu redor.
A escolha de enquadrar a cerejeira em primeiro plano reforça a sua predominância visual e simbólica, sugerindo que a natureza, com a sua espontaneidade, pode ter uma força maior que as construções humanas.
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A fotografia de Mário Silva, intitulada "A cerejeira vergada com o peso das cerejas e a Igreja vergada pelos seus dogmas", é mais do que uma simples captura de uma paisagem rural.
É uma metáfora visual que nos convida a refletir sobre os pesos que carregamos — sejam eles naturais, como os frutos de uma árvore, ou impostos por construções sociais, como os dogmas religiosos.
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Na imagem, a cerejeira, carregada de frutos maduros, curva-se sob o peso de sua própria abundância.
Este é um fenómeno natural: a árvore, ao cumprir o seu ciclo, produz mais do que pode sustentar com facilidade.
No entanto, há beleza nessa sobrecarga.
As cerejas vermelhas, brilhando sob a luz do sol, simbolizam vida, fertilidade e a generosidade da natureza.
A curvatura dos galhos não é um sinal de fraqueza, mas de resiliência — a árvore adapta-se ao peso, continua a crescer e a oferecer os seus frutos.
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Essa imagem faz-nos pensar sobre os "pesos" que a natureza impõe.
A abundância, embora desejada, pode trazer desafios.
Assim como a cerejeira, muitas vezes encontramo-nos sobrecarregados pelas nossas próprias conquistas ou responsabilidades.
No entanto, a natureza ensina-nos que esses fardos são parte do ciclo da vida, e que a adaptação é possível.
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Em contraponto à cerejeira, a igreja na fotografia representa uma instituição humana, carregada de história e tradição.
No entanto, o título de Mário Silva sugere que essa instituição também está "vergada" — não por frutos, mas por dogmas.
Os dogmas religiosos, muitas vezes vistos como guias para a moral e a espiritualidade, podem tornarem-se fardos quando impostos de forma rígida e inflexível.
A torre da igreja, com a sua cruz no topo, é um símbolo de autoridade espiritual, mas também de uma estrutura que, ao longo dos séculos, nem sempre soube adaptar-se às mudanças do mundo.
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A crítica implícita na obra de Silva é poderosa: assim como a cerejeira se curva sob o peso natural de seus frutos, a igreja curva-se sob o peso artificial das suas próprias regras.
Mas, diferentemente da cerejeira, que encontra equilíbrio na sua flexibilidade, a igreja parece estática, incapaz de se libertar das suas amarras dogmáticas.
Essa rigidez pode levar à alienação, afastando aqueles que buscam uma espiritualidade mais fluida e ligada à essência da vida.
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A fotografia de Mário Silva apresenta-nos uma dicotomia entre o natural e o humano, entre a espontaneidade da natureza e as restrições impostas pelas instituições.
A cerejeira, com a sua vitalidade, parece desafiar a solidez da igreja, sugerindo que a verdadeira liberdade está na capacidade de se adaptar e fluir com os ciclos da vida.
A igreja, por outro lado, lembra-nos da necessidade de estruturas e tradições, mas também dos perigos de permitir que essas estruturas se tornem opressivas.
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Talvez a mensagem mais profunda da obra seja um convite ao equilíbrio.
Assim como a cerejeira encontra força na sua flexibilidade, as instituições humanas — sejam religiosas, sociais ou culturais — podem aprender a se adaptar, mantendo o que é essencial, mas deixando espaço para o crescimento e a transformação.
A natureza, com a sua sabedoria silenciosa, ensina-nos que o peso, quando bem administrado, pode ser uma fonte de beleza e renovação.
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Em conclusão, a obra de Mário Silva é uma chamada de atenção visual de que tanto a natureza quanto as criações humanas carregam os seus próprios fardos.
A cerejeira e a igreja, cada uma vergada à sua maneira, convidam-nos a refletir sobre como lidamos com os pesos que carregamos.
Podemos inspirar-nos na resiliência da natureza, que transforma os seus fardos em frutos, e buscar uma espiritualidade que, em vez de oprimir, nos eleve e nos conecte à essência da Vida.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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