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MÁRIO SILVA - Fotografia, Pintura & Escrita

*** *** A realidade é a "minha realidade" em imagens (fotografia, pintura) e escrita

22
Jun25

“Alminhas” - Casas de Monforte – Águas Frias – Chaves – Portugal


Mário Silva Mário Silva

“Alminhas”

Casas de Monforte – Águas Frias – Chaves – Portugal

22Jun DSC07711_ms

As "Alminhas" são pequenos santuários ou nichos religiosos que se encontram espalhados por várias regiões de Portugal, como o exemplo capturado na fotografia de Mário Silva em Casas de Monforte, Águas Frias, Chaves.

Estas construções, muitas vezes embutidas em paredes de casas ou caminhos rurais, são testemunhos de uma tradição profundamente enraizada na cultura popular portuguesa, ligada à fé católica e à memória dos defuntos.

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As origens das "Alminhas" remontam à Idade Média, numa época em que a morte era uma presença constante na vida das comunidades, marcada por pragas, guerras e condições de vida difíceis.

Inspiradas na crença de que as almas dos falecidos, especialmente as que estavam no purgatório, podiam beneficiar de orações e atos de caridade, estas pequenas capelas começaram a ser erguidas como forma de oferecer conforto espiritual.

Os nichos eram frequentemente dedicados a almas penadas, sendo comum a inscrição de pedidos de esmolas ("esmolas pelas almas") para que os vivos ajudassem na salvação dessas almas através de missas ou orações.

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A construção das "Alminhas" ganhou especial relevância entre os séculos XVII e XIX, coincidindo com o Barroco e o aumento da devoção popular.

Eram geralmente financiadas por famílias locais ou comunidades, muitas vezes em memória de entes queridos ou como agradecimento por favores divinos.

A arquitetura simples, com um arco de pedra e uma cruz no topo, reflete a humildade das intenções, enquanto os altares interiores, decorados com imagens de santos, anjos ou cenas da Virgem Maria, como na fotografia, simbolizam a esperança de redenção.

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Com o passar do tempo, as "Alminhas" tornaram-se marcos culturais e religiosos, muitas vezes associadas a tradições locais, como a colocação de flores ou velas.

Apesar da modernização, estas construções continuam a ser preservadas como parte do património imaterial português, evocando um passado de fé, solidariedade e memória coletiva.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
18
Jun25

"A Aldeia deslizando pela encosta do Brunheiro" (Águas Frias - Chaves - Portugal)


Mário Silva Mário Silva

"A Aldeia deslizando pela encosta do Brunheiro"

(Águas Frias - Chaves - Portugal)

18Jun DSC03571_ms

À primeira vista, a fotografia de Mário Silva parece apenas um registo sereno de uma aldeia transmontana.

Mas basta um instante a mais de contemplação para perceber que estamos perante uma poesia visual, um abraço entre o tempo e a terra.

A imagem captura Águas Frias, uma aldeia que repousa docemente sobre as encostas do Brunheiro, como se estivesse adormecida ao colo da serra.

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A aldeia, com os seus telhados vermelhos e casas de pedra branca, parece deslizar suavemente pela encosta, numa harmonia silenciosa com a natureza que a envolve.

O verde profundo das árvores e campos cobre o vale como um manto protetor, e ao longe, o horizonte ondula com colinas que se perdem no céu de nuvens delicadamente esculpidas.

A luz do sol banha a cena com um calor que não é apenas físico — é afetivo.

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No primeiro plano, uma fraga musgosa parece testemunha antiga, guardiã de memórias ancestrais.

É como se dissesse: "Aqui, o tempo anda mais devagar."

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Esta fotografia não é só um retrato da geografia.

É um cântico à permanência, ao silêncio das rotinas simples e ao sussurro das histórias que ecoam nas lareiras das casas.

Mário Silva captura mais do que um lugar — ele prende no instante o sentimento de pertença, de raízes cravadas fundo na terra.

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A aldeia parece uma mãe antiga, curvada, mas firme, que acolhe gerações com braços de pedra e memória.

Cada telhado é uma promessa, cada caminho de terra é uma infância vivida descalça.

O olhar do fotógrafo não é neutro: é um olhar emocionado, de alguém que conhece, sente e reverencia aquele chão.

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Há uma melancolia doce nesta imagem.

Não tristeza, mas sim aquele tipo de saudade que só quem já partiu compreende.

Como se a aldeia chamasse baixinho por aqueles que um dia tiveram de sair, mas que continuam a levá-la no peito.

É um convite à contemplação, à reconexão com a terra, à escuta do silêncio.

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Em conclusão, "A Aldeia deslizando pela encosta do Brunheiro" é mais do que uma fotografia — é um testemunho de amor ao interior de Portugal, um elogio à persistência das pequenas comunidades e um espelho onde tantos reconhecem as suas próprias raízes.

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É como se o fotógrafo dissesse ao mundo:

“Olhem bem — ainda há lugares onde o coração bate devagar… e em paz.”

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
16
Jun25

"Serpenteando as Terras de Monforte"


Mário Silva Mário Silva

"Serpenteando as Terras de Monforte"

A fotografia "Serpenteando as Terras de Monforte" de Mário Silva apresenta uma paisagem rural serena em Águas Frias, Chaves, Portugal.

A imagem destaca um caminho de terra sinuoso que atravessa campos verdes e vinhedos, ascendendo suavemente até uma colina coberta de vegetação densa.

No topo da colina, uma estrutura histórica, o castelo de Monforte de Rio Livre, ergue-se contra um céu parcialmente nublado, adicionando um elemento de profundidade histórica.

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A composição é dominada por tons verdes e terrosos, refletindo a natureza exuberante e a agricultura local.

O caminho central guia o olhar do observador através da cena, criando um sentido de movimento e exploração.

As casas espalhadas na encosta sugerem uma comunidade rural tranquila, enquanto a estrutura no topo da colina serve como ponto focal, contrastando com a horizontalidade do horizonte.

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A fotografia utiliza eficazmente a técnica de linhas guiadas pelo caminho, que conduz o observador pela narrativa visual.

A profundidade de campo é bem explorada, com o primeiro plano de vegetação detalhado e o fundo ligeiramente desfocado, enfatizando a vastidão da paisagem.

A iluminação natural sugere uma hora do dia amena, possivelmente início da tarde, destacando as texturas da vegetação e da terra.

Contudo, a moldura preta adicionada pode ser vista como um elemento distrativo, confinando a cena e reduzindo a sensação de abertura.

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A obra evoca uma ligação com a tradição e a simplicidade rural das Terras de Monforte, capturando a harmonia entre o homem e a natureza.

A estrutura histórica simboliza o passado duradouro da região, enquanto o caminho sugere uma jornada contínua.

A assinatura de Mário Silva no canto inferior esquerdo reforça a autoria e a intenção artística, convidando a uma apreciação pessoal da beleza natural e cultural de Águas Frias.

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Em suma, a fotografia é uma celebração da paisagem portuguesa, equilibrando elementos naturais e humanos com uma composição visualmente envolvente.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
15
Jun25

Capela de S. Tiago -  (Aldeia de Castelo – freguesia de Eiras – Chaves – Portugal)


Mário Silva Mário Silva

Capela de S. Tiago

(Aldeia de Castelo – freguesia de Eiras – Chaves – Portugal)

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A fotografia de Mário Silva retrata a Capela de S. Tiago, localizada na aldeia de Castelo, freguesia de Eiras, em Chaves, Portugal.

A imagem mostra uma pequena capela de pedra com um telhado de telhas vermelhas, cercada por uma vegetação verdejante e árvores altas, evocando um ambiente sereno e tradicional.

A capela, com a sua arquitetura simples e rústica, parece estar integrada na paisagem natural, destacando-se como um ponto de devoção e história local.

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São Tiago, o Maior, foi um dos doze apóstolos de Jesus Cristo e é uma figura de grande relevância no cristianismo.

Filho de Zebedeu e irmão de São João Evangelista, Tiago era pescador na Galileia quando foi chamado por Jesus para se tornar um "pescador de homens".

Conhecido pelo seu temperamento forte, ele e o seu irmão foram chamados por Jesus de "filhos do trovão".

Tiago esteve presente em momentos cruciais da vida de Cristo, como a Transfiguração e a agonia no Jardim das Oliveiras.

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Após a morte e ressurreição de Jesus, Tiago dedicou-se à pregação do Evangelho.

Segundo a tradição, ele teria viajado até a Península Ibérica, onde evangelizou as populações da região que hoje corresponde à Espanha.

Essa missão é especialmente celebrada na tradição cristã, que o considera o padroeiro da Espanha.

De volta a Jerusalém, Tiago enfrentou perseguições e, por volta do ano 44 d.C., foi martirizado por ordem do rei Herodes Agripa I, tornando-se o primeiro apóstolo a sofrer o martírio, conforme narrado nos Atos dos Apóstolos.

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A lenda mais conhecida sobre São Tiago está ligada ao Caminho de Santiago.

Diz a tradição que, após a sua morte, o seu corpo foi milagrosamente transportado para Espanha, onde foi sepultado em Compostela.

No século IX, o suposto túmulo de São Tiago foi descoberto, dando origem ao santuário de Santiago de Compostela, que se tornou um dos principais destinos de peregrinação cristã na Idade Média e até hoje.

O Caminho de Santiago atrai milhões de peregrinos que buscam espiritualidade, reflexão e ligação com a história do santo.

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São Tiago é frequentemente representado como um peregrino, com um bordão, uma cabaça e uma concha, símbolos associados aos peregrinos do Caminho.

Além disso, é também retratado como Santiago Matamoros, uma figura guerreira que, segundo a tradição medieval espanhola, teria auxiliado os cristãos nas batalhas contra os muçulmanos durante a Reconquista.

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A Capela de S. Tiago em Castelo, Chaves, é um testemunho da devoção a este santo, refletindo a importância da sua mensagem de fé, coragem e missão evangelizadora que ressoa através dos séculos.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
10
Jun25

"Dia de Portugal, de Luís de Camões e das Comunidades Portuguesas"


Mário Silva Mário Silva

"Dia de Portugal,

de Luís de Camões

e das Comunidades Portuguesas"

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A pintura digital de Mário Silva, intitulada "Dia de Portugal, de Luís de Camões e das Comunidades Portuguesas", é uma obra rica em simbolismo e elementos culturais que celebram a identidade portuguesa.

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A pintura apresenta uma figura central, um homem com barba e uma pala, vestido com trajes renascentistas, incluindo um colarinho ruff típico do século XVI.

Este homem é uma representação estilizada de Luís de Camões, o renomado poeta português, conhecido por sua obra “Os Lusíadas” e por ter perdido um olho em combate.

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À esquerda, o escudo português, com as cinco quinas e os sete castelos, está destacado sobre uma esfera armilar, símbolo associado aos descobrimentos portugueses e ao reinado de D. Manuel I.

A bandeira nacional, com as cores verde e vermelha, também aparece integrada ao escudo, reforçando o patriotismo.

No fundo, à direita, é possível identificar silhuetas de monumentos icónicos, como a Torre Eiffel (Paris), o Big Ben (Londres) e outras estruturas que remetem a cidades com comunidades portuguesas significativas, simbolizando a diáspora portuguesa.

A pintura utiliza uma paleta de cores quentes, com tons de dourado e castanho, num estilo que remete às pinturas a óleo clássicas, com pinceladas expressivas e texturizadas.

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A figura de Camões é central, representando a cultura literária e histórica de Portugal.

Ele é um ícone do Renascimento português e da celebração da língua e das façanhas marítimas do país.

O escudo e a esfera armilar reforçam a herança dos descobrimentos, um período de glória na história portuguesa, enquanto a bandeira ume a a obra ao sentimento contemporâneo de nação.

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O título da obra referencia o feriado de 10 de junho, que celebra simultaneamente o “Dia de Portugal, a morte de Camões em 1580 e as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo”.

A inclusão de monumentos estrangeiros, como a Torre Eiffel e o Big Ben, simboliza a presença e a influência da diáspora portuguesa em diversas partes do globo.

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Mário Silva utiliza um estilo que evoca a pintura clássica, mas com uma abordagem digital que permite maior liberdade na composição e na fusão de elementos históricos e modernos.

A textura e os tons quentes criam uma atmosfera nostálgica, enquanto os detalhes, como a pala de Camões, adicionam um toque de realismo histórico.

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A obra parece transmitir um sentimento de orgulho nacional e conexão global.

Ao unir Camões, um símbolo do passado, com referências às comunidades portuguesas no exterior, a pintura reflete a continuidade da cultura portuguesa através do tempo e do espaço.

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Em conclusão, a pintura digital de Mário Silva é uma homenagem vibrante ao Dia de Portugal, a Luís de Camões e à diáspora portuguesa.

Com uma composição rica em símbolos nacionais e um estilo que mistura o clássico com o contemporâneo, a obra captura a essência da identidade portuguesa: uma nação com raízes históricas profundas, mas também com uma presença global marcante.

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Texto & Pintura digital: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
09
Jun25

"Para memória futura" - Águas Frias, Chaves, Portugal


Mário Silva Mário Silva

"Para memória futura"

Águas Frias, Chaves, Portugal

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A imagem capturada por Mário Silva, intitulada "Para memória futura" e ambientada em Águas Frias, Chaves, Portugal, revela uma cena rústica que convida à reflexão.

O espaço, com as suas paredes de pedra antiga, telhado de madeira desgastado e objetos simples como cebolas penduradas e lenha empilhada, transmite a essência de um tempo passado, onde a vida seguia um ritmo mais lento e ligado à natureza.

Atrás da grade de ferro, que parece proteger e ao mesmo tempo limitar o acesso a esse mundo, percebe-se a presença de uma porta fechada, simbolizando talvez o fim de uma era ou a guarda de memórias.

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Tudo tem o seu tempo.

Esta frase ressoa profundamente ao observar a fotografia.

As cebolas maduras, colhidas e penduradas, sugerem o momento certo da colheita, enquanto a estrutura envelhecida reflete o passar dos anos, cada rachadura contando uma história.

É um lembrete de que cada coisa tem o seu ciclo – o crescimento, a maturação, o declínio – e que a beleza reside em respeitar esse fluxo natural.

A luz que entra pelo telhado danificado ilumina suavemente o interior, como se o tempo, na sua inevitabilidade, trouxesse também um brilho de esperança ou nostalgia.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
08
Jun25

"A cerejeira vergada com o peso das cerejas e a Igreja vergada pelos seus dogmas"


Mário Silva Mário Silva

"A cerejeira vergada com o peso das cerejas

e a Igreja vergada pelos seus dogmas"

08Jun DSC01425_ms

A fotografia de Mário Silva, intitulada "A cerejeira vergada com o peso das cerejas e a Igreja vergada pelos seus dogmas", apresenta uma composição rica em simbolismo e contraste visual.

A imagem mostra uma cerejeira carregada de frutos vermelhos e os seus ramos curvados pelo peso, em primeiro plano.

Ao fundo, ergue-se uma igreja com uma torre de pedra, coroada por uma cruz, cercada por uma paisagem verdejante de árvores e colinas.

A luz suave do dia ilumina a cena, criando uma atmosfera serena, mas carregada de significado.

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A cerejeira, com os seus galhos pendentes e repletos de cerejas maduras, domina o lado direito da imagem.

As cores vibrantes das frutas contrastam com o verde das folhas e da vegetação ao redor, atraindo imediatamente o olhar do observador.

À esquerda, a igreja, com a sua arquitetura tradicional e telhados de telhas vermelhas, emerge entre as árvores.

A torre da igreja, com dois sinos visíveis e uma cruz no topo, é um elemento marcante que remete à presença da religião na paisagem rural.

O fundo, composto por colinas cobertas de vegetação densa, adiciona profundidade à fotografia, enquanto a luz suave sugere um momento de tranquilidade, possivelmente ao entardecer.

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O título da obra de Mário Silva é profundamente metafórico e convida a uma reflexão sobre os elementos visuais e os seus significados.

A cerejeira "vergada com o peso das cerejas" simboliza a abundância da natureza, mas também o fardo que essa abundância pode trazer.

Os galhos curvados sugerem um peso inevitável, uma consequência natural do ciclo de vida e da fertilidade.

Por outro lado, a igreja "vergada pelos seus dogmas" aponta para uma crítica à rigidez das instituições religiosas.

Assim como a cerejeira se curva sob o peso dos seus frutos, a igreja, segundo o autor, parece sobrecarregada por tradições e doutrinas que, em vez de libertar, podem oprimir.

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O contraste entre a cerejeira e a igreja também pode ser interpretado como uma dicotomia entre o natural e o humano, ou entre a liberdade da natureza e as restrições impostas pela sociedade.

"A cerejeira vergada com o peso das cerejas e a Igreja vergada pelos seus dogmas"

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A cerejeira, mesmo vergada, permanece viva e vibrante, enquanto a igreja, embora imponente, parece estática e distante, quase engolida pela vegetação ao seu redor.

A escolha de enquadrar a cerejeira em primeiro plano reforça a sua predominância visual e simbólica, sugerindo que a natureza, com a sua espontaneidade, pode ter uma força maior que as construções humanas.

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A fotografia de Mário Silva, intitulada "A cerejeira vergada com o peso das cerejas e a Igreja vergada pelos seus dogmas", é mais do que uma simples captura de uma paisagem rural.

É uma metáfora visual que nos convida a refletir sobre os pesos que carregamos — sejam eles naturais, como os frutos de uma árvore, ou impostos por construções sociais, como os dogmas religiosos.

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Na imagem, a cerejeira, carregada de frutos maduros, curva-se sob o peso de sua própria abundância.

Este é um fenómeno natural: a árvore, ao cumprir o seu ciclo, produz mais do que pode sustentar com facilidade.

No entanto, há beleza nessa sobrecarga.

As cerejas vermelhas, brilhando sob a luz do sol, simbolizam vida, fertilidade e a generosidade da natureza.

A curvatura dos galhos não é um sinal de fraqueza, mas de resiliência — a árvore adapta-se ao peso, continua a crescer e a oferecer os seus frutos.

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Essa imagem faz-nos pensar sobre os "pesos" que a natureza impõe.

A abundância, embora desejada, pode trazer desafios.

Assim como a cerejeira, muitas vezes encontramo-nos sobrecarregados pelas nossas próprias conquistas ou responsabilidades.

No entanto, a natureza ensina-nos que esses fardos são parte do ciclo da vida, e que a adaptação é possível.

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Em contraponto à cerejeira, a igreja na fotografia representa uma instituição humana, carregada de história e tradição.

No entanto, o título de Mário Silva sugere que essa instituição também está "vergada" — não por frutos, mas por dogmas.

Os dogmas religiosos, muitas vezes vistos como guias para a moral e a espiritualidade, podem tornarem-se fardos quando impostos de forma rígida e inflexível.

A torre da igreja, com a sua cruz no topo, é um símbolo de autoridade espiritual, mas também de uma estrutura que, ao longo dos séculos, nem sempre soube adaptar-se às mudanças do mundo.

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A crítica implícita na obra de Silva é poderosa: assim como a cerejeira se curva sob o peso natural de seus frutos, a igreja curva-se sob o peso artificial das suas próprias regras.

Mas, diferentemente da cerejeira, que encontra equilíbrio na sua flexibilidade, a igreja parece estática, incapaz de se libertar das suas amarras dogmáticas.

Essa rigidez pode levar à alienação, afastando aqueles que buscam uma espiritualidade mais fluida e ligada à essência da vida.

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A fotografia de Mário Silva apresenta-nos uma dicotomia entre o natural e o humano, entre a espontaneidade da natureza e as restrições impostas pelas instituições.

A cerejeira, com a sua vitalidade, parece desafiar a solidez da igreja, sugerindo que a verdadeira liberdade está na capacidade de se adaptar e fluir com os ciclos da vida.

A igreja, por outro lado, lembra-nos da necessidade de estruturas e tradições, mas também dos perigos de permitir que essas estruturas se tornem opressivas.

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Talvez a mensagem mais profunda da obra seja um convite ao equilíbrio.

Assim como a cerejeira encontra força na sua flexibilidade, as instituições humanas — sejam religiosas, sociais ou culturais — podem aprender a se adaptar, mantendo o que é essencial, mas deixando espaço para o crescimento e a transformação.

A natureza, com a sua sabedoria silenciosa, ensina-nos que o peso, quando bem administrado, pode ser uma fonte de beleza e renovação.

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Em conclusão, a obra de Mário Silva é uma chamada de atenção visual de que tanto a natureza quanto as criações humanas carregam os seus próprios fardos.

A cerejeira e a igreja, cada uma vergada à sua maneira, convidam-nos a refletir sobre como lidamos com os pesos que carregamos.

Podemos inspirar-nos na resiliência da natureza, que transforma os seus fardos em frutos, e buscar uma espiritualidade que, em vez de oprimir, nos eleve e nos conecte à essência da Vida.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
07
Jun25

“Sabugueiro (Sambucus nigra) dominando a antiga residência do saudoso pároco” (Águas Frias – Chaves – Portugal)


Mário Silva Mário Silva

“Sabugueiro (Sambucus nigra) dominando a

antiga residência do saudoso pároco”

(Águas Frias – Chaves – Portugal)

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A fotografia de Mário Silva intitulada “Sabugueiro (Sambucus nigra) dominando a antiga residência do saudoso pároco” captura uma cena pitoresca em Águas Frias, Chaves, Portugal.

A imagem destaca uma antiga residência de pedra com telhado de telhas vermelhas, parcialmente coberta por um sabugueiro (Sambucus nigra), cuja folhagem densa e flores brancas dominam a composição.

O fundo revela um vasto cenário de montanhas e vales, envolto numa atmosfera serena e ligeiramente nublada, sugerindo um ambiente rural e tranquilo.

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A foto equilibra bem os elementos naturais (sabugueiro e paisagem) com a estrutura arquitetónica, criando um contraste entre a vitalidade da vegetação e o estado deteriorado da residência.

O enquadramento centraliza a casa, enquanto o sabugueiro adiciona profundidade e dinamismo.

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A iluminação suave e difusa, provavelmente devido às nuvens, realça as texturas da pedra e das folhas, conferindo um tom nostálgico.

As cores naturais — verdes da vegetação, terrosos da casa e azuis suaves do horizonte — harmonizam-se, reforçando a sensação de integração com a natureza.

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O sabugueiro, crescendo sobre a residência abandonada, pode simbolizar a passagem do tempo e a reforço da natureza sobre o espaço humano, um comentário subtil sobre o declínio da presença humana na região.

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A profundidade de campo bem trabalhada mantém o foco na casa e na planta, enquanto o fundo desfocado adiciona contexto sem distrair.

O uso de um quadro preto ao redor da imagem dá um toque artístico, embora possa ser visto como um elemento convencional.

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A fotografia é uma reflexão melancólica e bela sobre memória e natureza, com uma execução técnica sólida que valoriza o património rural português.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
06
Jun25

“Barragem de Mairos (Chaves – Portugal)” - Captação de água da ribeira das Aveleiras para regadio


Mário Silva Mário Silva

“Barragem de Mairos (Chaves – Portugal)”

Captação de água da ribeira das Aveleiras para regadio

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A fotografia de Mário Silva, intitulada “Barragem de Mairos (Chaves – Portugal)” retrata uma estrutura hidráulica essencial para a região de Trás-os-Montes: a barragem de Mairos, que capta água da ribeira das Aveleiras para irrigação.

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A imagem mostra uma paisagem rural serena, com um lago formado pela barragem em primeiro plano, refletindo a luz suave de um dia claro.

No centro da composição, uma passarela com grades brancas que se estende sobre a água, ligando a margem a uma pequena torre de captação, que emerge do reservatório.

A torre, de formato cilíndrico e telhado cónico, é um elemento funcional que regula o fluxo de água.

Ao fundo, colinas verdejantes e douradas, cobertas por vegetação rasteira e árvores esparsas, compõem o cenário típico transmontano, com tons que sugerem o final da primavera ou início do verão.

Pequenos detalhes, como flores brancas em primeiro plano, adicionam um toque delicado à composição.

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A fotografia utiliza uma luz natural que realça os tons terrosos e verdes, criando uma atmosfera calma e equilibrada.

A escolha do enquadramento, com a passarela guiando o olhar até a torre e as colinas ao fundo, destaca a harmonia entre a intervenção humana e a natureza.

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A obra de Mário Silva não é apenas um registro documental, mas também uma celebração da relação entre o homem e o meio ambiente.

A barragem de Mairos, com a sua simplicidade arquitetónica, é apresentada como um elemento integrado na paisagem, sem dominá-la.

A passarela, com as suas linhas retas, contrasta com as formas orgânicas das colinas, simbolizando a intervenção humana que, nesse caso, é benéfica e sustentável.

A luz suave e a paleta de cores naturais reforçam a ideia de equilíbrio e tranquilidade, características muitas vezes associadas às zonas rurais de Portugal.

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A barragem de Mairos, como outras estruturas hidráulicas em Trás-os-Montes, desempenha um papel crucial no desenvolvimento agrícola da região.

Trás-os-Montes é conhecida pelo seu clima continental, com verões secos e quentes e invernos frios, o que torna a gestão da água um desafio para os agricultores.

A captação de água da ribeira das Aveleiras para irrigação permite o cultivo de culturas como cereais, hortaliças e vinhas, que são a base da economia local.

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Estas barragens garantem o fornecimento de água durante os períodos de seca, aumentando a produtividade agrícola e a segurança alimentar.

Além disso, elas ajudam a combater a desertificação e a erosão do solo, problemas comuns em áreas de relevo acidentado como Trás-os-Montes.

A construção de reservatórios e sistemas de regadio também incentiva a fixação das populações rurais, reduzindo o êxodo para áreas urbanas, e preserva práticas agrícolas tradicionais que são parte da identidade cultural da região.

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Em resumo, a fotografia de Mário Silva captura não apenas a beleza da barragem de Mairos, mas também a sua relevância como um símbolo de sustentabilidade e desenvolvimento para a agricultura transmontana, evidenciando como a engenharia pode coexistir harmoniosamente com a natureza para beneficiar as comunidades locais.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
05
Jun25

“O marco geodésico e as eólicas” - Paradela de Monforte (Chaves – Portugal)


Mário Silva Mário Silva

“O marco geodésico e as eólicas”

Paradela de Monforte (Chaves – Portugal)

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A fotografia de Mário Silva, intitulada “O marco geodésico e as eólicas” em Paradela de Monforte (Chaves – Portugal), captura uma paisagem rural serena com um marco geodésico em primeiro plano e torres eólicas ao fundo.

O marco, uma estrutura de cimento desgastada pelo tempo, destaca-se contra a vegetação verdejante e a rocha exposta, simbolizando a conexão histórica com a medição do terreno.

Ao longe, as eólicas erguem-se sobre colinas douradas, representando o avanço tecnológico rumo à energia renovável.

O céu claro e a luz natural ampliam a sensação de espaço e tranquilidade da região.

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Os marcos geodésicos são fundamentais para a cartografia e a topografia, servindo como pontos de referência precisos para medir altitudes e coordenadas.

Eles foram essenciais no mapeamento detalhado de Portugal, contribuindo para o planeamento urbano, agrícola e de infraestruturas.

Já as torres eólicas simbolizam o compromisso com a sustentabilidade, aproveitando os ventos da região para gerar energia limpa, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis.

Juntas, estas estruturas ilustram uma harmonia entre o legado histórico e o progresso ecológico, destacando a importância de preservar o passado enquanto se constrói um futuro sustentável.

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Em conclusão, a paisagem capturada por Mário Silva reflete a importância de valorizar tanto os marcos geodésicos quanto as torres eólicas.

Juntas, elas contam uma história de continuidade e inovação, essencial para o futuro de Portugal.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
03
Jun25

Acontecimentos marcantes em Portugal durante o mês de maio de 2025


Mário Silva Mário Silva

Acontecimentos marcantes em Portugal

durante o mês de maio de 2025

Sobrecarga Ecológica (5 de maio)

Portugal esgotou os recursos naturais disponíveis para o ano de 2025 no dia 5 de maio, entrando em "sobrecarga ecológica".

Segundo a Global Footprint Network, se toda a população mundial vivesse como os portugueses, seriam necessários 2,9 planetas para sustentar o consumo.

Este dia, conhecido como o Dia da Sobrecarga da Terra para Portugal, ocorreu 23 dias mais cedo do que em 2024 (28 de maio), refletindo um modelo de produção e consumo insustentável.

A alimentação (30% da pegada ecológica) e a mobilidade (18%) foram destacadas como as principais áreas de impacto.

A associação Zero apelou a medidas como economia circular, mobilidade sustentável e sistemas alimentares eficientes.

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Reunião Anual de Avaliação do Portugal 2030 (5 e 6 de maio)

Nos dias 5 e 6 de maio, a cidade de Elvas acolheu a Reunião Anual de Avaliação do Portugal 2030 com a Comissão Europeia.

Este evento avaliou o progresso do programa, que aplica 23 mil milhões de euros de fundos europeus para estimular a economia portuguesa entre 2021 e 2027.

Até 30 de abril de 2025, 1,668 milhões de euros já haviam sido executados, representando um terço do fundo programado.

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Previsões Económicas da Primavera de 2025 (19 de maio)

Em 19 de maio, a Comissão Europeia publicou as previsões económicas da primavera, indicando um crescimento moderado para Portugal em 2025, com o PIB projetado para crescer 1,8%, uma ligeira desaceleração em relação aos 1,9% de 2024.

O crescimento interno foi impulsionado pela procura interna, apesar de quebras na procura externa devido a tensões comerciais globais.

A inflação foi projetada para diminuir, e Portugal antecipava-se a adotar uma política orçamental expansionista, convertendo o excedente orçamental num défice em 2026.

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Eleições Legislativas Antecipadas (18 de maio)

No dia 18 de maio, realizaram-se eleições legislativas antecipadas em Portugal, convocadas pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa após a rejeição de uma moção de confiança ao XXIV Governo Constitucional em 11 de maio.

A Aliança Democrática (AD), liderada por Luís Montenegro, venceu com cerca de 32% dos votos, conquistando 89 lugares na Assembleia da República, mas sem maioria absoluta.

O Partido Socialista (PS) e o Chega empataram inicialmente com 58 lugares cada, marcando um momento histórico em que o PS caiu para a terceira força política, sinalizando o fim do bipartidarismo tradicional em Portugal.

Luís Montenegro foi nomeado Primeiro-Ministro, consolidando a vitória e refletindo um desejo de mudança face a questões como corrupção e falta de transparência.

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Sporting CP Vence a Primeira Liga (17 de maio)

No dia 17 de maio, o Sporting CP venceu a Primeira Liga 2024–25, derrotando o Vitória de Guimarães por 2-0 na final, marcando um feito desportivo significativo para o clube e seus adeptos.

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Estes eventos refletem uma combinação de desafios ambientais, progressos económicos, mudanças políticas significativas e conquistas desportivas em Portugal durante maio de 2025.

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Texto & Video: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
31
Mai25

“A Estrada Romana e Ponte sobre o rio Tinhela” em Tinhela – Valpaços - Portugal


Mário Silva Mário Silva

“A Estrada Romana e Ponte sobre o rio Tinhela”

Tinhela – Valpaços - Portugal

31Mai DSC00282_ms

A fotografia de Mário Silva, intitulada "A Estrada Romana e Ponte sobre o rio Tinhela", captura uma ponte romana de pedra localizada em Tinhela, Valpaços, Portugal.

A imagem destaca um arco perfeito, típico da arquitetura romana, construído com blocos de pedra cuidadosamente encaixados sem o uso de argamassa, uma técnica que demonstra a habilidade e precisão dos engenheiros da época.

O arco central da ponte, que atravessa o rio Tinhela, reflete-se nas águas calmas, criando um efeito simétrico e harmonioso.

A pedra, desgastada pelo tempo, exibe tons de cinza e bege, com algumas áreas cobertas por musgo e pequenas plantas que crescem entre as juntas, evidenciando a antiguidade da estrutura.

A vegetação ao redor, incluindo arbustos e folhas verdes, adiciona um toque de vida à cena, contrastando com a solidez da construção.

A luz do sol ilumina a ponte, destacando a textura da pedra e criando sombras que realçam a curvatura do arco.

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As estradas romanas e as suas pontes, como a Ponte sobre o rio Tinhela em Valpaços, Portugal, são testemunhos duradouros da engenharia romana.

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As estradas romanas foram fundamentais para a expansão e manutenção do Império Romano.

Construídas a partir do século IV a.C., elas ligavam cidades, províncias e fortalezas, permitindo o transporte eficiente de tropas, mercadorias e informações.

Estima-se que a rede viária romana tenha alcançado mais de 400.000 km no seu auge, com cerca de 20% desse total pavimentado com pedras.

Essas estradas eram projetadas para durar, muitas vezes utilizando camadas de materiais como cascalho, areia e grandes lajes de pedra para garantir estabilidade e drenagem.

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Para atravessar rios e vales, os romanos construíram pontes que se tornaram ícones da sua engenharia.

As pontes romanas, como a do rio Tinhela, eram frequentemente feitas de pedra e projetadas para suportar o tráfego intenso e as intempéries.

Essas estruturas não apenas facilitavam a mobilidade, mas também simbolizavam o poder e a organização do império, impressionando as populações locais e consolidando a autoridade romana.

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A característica mais marcante das pontes romanas é o uso do arco perfeito, uma técnica que distribui o peso de forma uniforme, permitindo construções mais leves e duráveis.

O arco é composto por blocos de pedra em forma de cunha, chamados aduelas, que se encaixam com precisão e são mantidos no lugar pela pressão mútua, eliminando a necessidade de argamassa em muitos casos.

A pedra central, conhecida como clave, é a última a ser colocada e garante a estabilidade do arco.

Essa técnica permitiu aos romanos construir pontes de grandes vãos, algumas das quais, como a Ponte sobre o rio Tinhela, permanecem em uso ou intactas até hoje.

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O arco perfeito oferecia várias vantagens.

Primeiro, a sua forma semicircular ou elíptica distribuía as forças de compressão de maneira eficiente, reduzindo o risco de colapso.

Segundo, ele permitia a construção de estruturas mais altas e largas, essenciais para atravessar rios largos ou profundos.

Por fim, a ausência de argamassa em muitas pontes tornava-as mais resistentes à erosão e ao desgaste, garantindo a sua longevidade.

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O legado das estradas e pontes romanas vai além de sua função prática.

Muitas dessas estruturas, como a Ponte sobre o rio Tinhela, continuam a inspirar arquitetos e engenheiros modernos.

Além disso, várias estradas romanas serviram de base para rotas medievais e modernas, demonstrando a sua durabilidade e planeamento visionário.

As pontes de arco perfeito influenciaram a arquitetura renascentista e barroca, e a sua estética atemporal ainda é admirada em monumentos ao redor do mundo.

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Em conclusão, as estradas romanas e as suas pontes de arco perfeito, como a retratada na fotografia de Mário Silva, são mais do que relíquias históricas; elas representam o auge da engenharia antiga e a visão de um império que priorizava a conectividade e a durabilidade.

A Ponte sobre o rio Tinhela é um exemplo vivo dessa tradição, ligando o passado ao presente e lembrando-nos da genialidade romana que moldou o mundo.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
30
Mai25

"A casa cor-de-rosa, com viaduto, na aldeia transmontana"


Mário Silva Mário Silva

"A casa cor-de-rosa, com viaduto, na aldeia transmontana"

30Mai DSC00084_ms

A fotografia de Mário Silva, intitulada "A casa cor-de-rosa, com viaduto, na aldeia transmontana", captura uma cena pitoresca da aldeia de Águas Frias, em Chaves, Portugal.

A imagem mostra uma casa de dois andares com uma fachada pintada num tom suave de cor-de-rosa, que se destaca contra o cenário rústico da aldeia.

A casa está elevada, com acesso por uma escadaria de pedra que desce até um pequeno pátio de chão irregular, onde se vê uma mistura de terra e pedras.

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A estrutura da casa apresenta um design funcional e tradicional, com um pequeno viaduto que liga o andar superior a outra construção adjacente, sugerindo uma adaptação ao relevo acidentado da região transmontana.

O viaduto, também pintado de cor-de-rosa, é suportado por uma parede de pedra bruta, que contrasta com a suavidade da cor da fachada.

No andar superior, há uma varanda coberta com colunas cilíndricas da mesma tonalidade, protegida por grades de ferro.

As janelas grandes, com caixilhos brancos e cortinas leves, permitem a entrada de luz natural, conferindo um ar acolhedor ao espaço.

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Ao fundo, é possível vislumbrar um cenário rural com campos verdes e algumas árvores, típicos da paisagem transmontana.

A luz do sol, suave e inclinada, sugere que a foto foi tirada ao final da manhã, criando sombras que realçam a textura das paredes de pedra e o contraste com a pintura cor-de-rosa.

A assinatura de Mário Silva, no canto inferior esquerdo, adiciona um toque pessoal à obra, que reflete a simplicidade e a beleza da vida nas aldeias portuguesas.

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A cor-de-rosa, presente de forma marcante na fotografia de Mário Silva, é uma tonalidade que carrega significados profundos e variados, tanto a nível cultural quanto psicológico.

Associada frequentemente à feminilidade, ao romantismo e à suavidade, essa cor tem o poder de evocar emoções e simbolismos que transcendem o óbvio, especialmente quando inserida num contexto rural e tradicional como o de Águas Frias.

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Na psicologia das cores, o cor-de-rosa é conhecido por transmitir sentimentos de calma, ternura e afeto.

É uma cor que suaviza o ambiente, muitas vezes associada à inocência e à juventude, como se remetesse às memórias de infância ou a momentos de cuidado e carinho.

Em Águas Frias, a escolha do cor-de-rosa para pintar a casa pode refletir um desejo de trazer leveza e serenidade a um ambiente que, pela sua natureza rural e montanhosa, é marcado pela rusticidade e pela dureza do trabalho no campo.

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Além disso, o cor-de-rosa é frequentemente ligado ao amor incondicional e à empatia. Diferentemente do vermelho, que carrega uma energia intensa e passional, o cor-de-rosa oferece uma versão mais delicada desse sentimento, sugerindo harmonia e conexão emocional.

Na fotografia, a casa cor-de-rosa parece ser um refúgio de tranquilidade, um ponto de equilíbrio no meio da aspereza das pedras e do terreno irregular.

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Culturalmente, o cor-de-rosa nem sempre foi associado à feminilidade.

Até meados do século XX, era comum que o cor-de-rosa fosse considerado uma cor masculina, por ser um tom derivado do vermelho, que simbolizava força e vigor.

Com o tempo, porém, a sociedade ocidental passou a vinculá-lo ao universo feminino, especialmente a partir da popularização de estereótipos de gênero.

Hoje, o cor-de-rosa é amplamente usado para representar a delicadeza e a suavidade associadas ao feminino, mas também ganhou novos significados, como a luta contra o cancro de mama, simbolizada pela fita cor-de-rosa.

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Em Portugal, especialmente em regiões rurais como Trás-os-Montes, o uso de cores vibrantes ou suaves nas fachadas das casas muitas vezes reflete uma ligação com a identidade local e um desejo de personalização.

O cor-de-rosa, nesse contexto, pode ser interpretado como uma escolha que busca destacar a casa no meio da paisagem predominantemente cinzenta das pedras e à vegetação verde, criando um ponto focal que atrai o olhar e transmite uma mensagem de acolhimento.

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Na obra de Mário Silva, o cor-de-rosa da casa não é apenas um detalhe estético, mas um elemento narrativo que dialoga com o ambiente ao seu redor.

A tonalidade contrasta com a rusticidade das pedras e do viaduto, criando um equilíbrio visual que reflete a dualidade da vida na aldeia: a simplicidade do dia a dia e o desejo de beleza e conforto.

A escolha desta cor pode ser vista como uma manifestação de esperança e leveza, valores que, mesmo no meio das dificuldades da vida rural, encontram espaço para se expressar.

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A casa cor-de-rosa, com o seu viaduto funcional, torna-se um símbolo de adaptação e resiliência, mas também de delicadeza e cuidado.

É como se a cor trouxesse um toque de suavidade a uma estrutura que, de outra forma, poderia parecer austera.

A luz suave que banha a cena reforça essa ideia, criando uma atmosfera de calma e nostalgia, típica das memórias que associamos às aldeias portuguesas.

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Em conclusão, a cor-de-rosa, na fotografia de Mário Silva, vai além de uma simples escolha estética.

Ela carrega significados que ressoam com os valores da aldeia transmontana: a busca por harmonia, a expressão de afeto e a valorização da beleza em meio à simplicidade.

Ao pintar a casa de cor-de-rosa, os moradores de Águas Frias não apenas personalizam o seu espaço, mas também criam um marco visual que fala de ternura, esperança e conexão emocional — sentimentos que, assim como a própria cor, têm o poder de suavizar até os cenários mais rústicos.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
28
Mai25

Cúpula da igreja da Madalena (Chaves - Portugal)


Mário Silva Mário Silva

Cúpula da igreja da Madalena

(Chaves - Portugal)

28Mai DSC00045_ms

A fotografia de Mário Silva captura a cúpula da Igreja da Madalena, localizada em Chaves, Portugal.

A imagem destaca a arquitetura tradicional portuguesa, com uma cúpula ornamentada coroada por uma cruz e um globo metálico no topo.

O telhado é coberto por telhas vermelhas, algumas com sinais de musgo e desgaste natural, refletindo a antiguidade da estrutura.

A cúpula apresenta janelas arqueadas e detalhes em pedra, incluindo pináculos decorativos ao longo das bordas.

Ao fundo, à direita, é visível uma escultura de um anjo sobre uma rocha, adicionando um elemento histórico e religioso à cena.

A luz do dia ilumina a estrutura contra um céu azul claro, enfatizando os tons terrosos e brancos da construção.

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Segundo a tradição católica, Maria Madalena foi uma seguidora devota de Jesus Cristo.

Ela é frequentemente identificada como a mulher de quem Jesus expulsou sete demónios (Lucas 8:2), marcando a sua transformação espiritual.

Maria esteve presente na crucificação, sepultamento e foi a primeira testemunha da ressurreição de Jesus, conforme os Evangelhos (João 20:1-18).

Apesar de algumas interpretações históricas a confundirem com a "pecadora" que ungiu os pés de Jesus (Lucas 7:36-50), a Igreja Católica não a considera uma prostituta, esclarecendo que essa associação é especulativa.

Ela é venerada como santa, com a sua festa celebrada em 22 de julho, simbolizando penitência, fé e testemunho da ressurreição.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
26
Mai25

"Lavrar no fértil vale de Chaves (Portugal)”


Mário Silva Mário Silva

"Lavrar no fértil vale de Chaves (Portugal)”

26Mai DSC06512_ms

A fotografia de Mário Silva captura um momento de trabalho agrícola no fértil vale de Chaves, em Portugal, mostrando um trator lavrando a terra no meio de uma paisagem rural.

A imagem reflete a essência da atividade agrícola, uma prática fundamental para a região de Trás-os-Montes e para o país

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A agricultura sempre foi um pilar essencial para a economia e a cultura de Portugal, especialmente em regiões como Trás-os-Montes, onde o vale de Chaves se destaca pela sua fertilidade.

A fotografia de Mário Silva, que retrata um trator lavrando a terra, simboliza o trabalho árduo dos agricultores e a ligação profunda entre o povo e a terra.

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Trás-os-Montes é uma região marcada por um relevo acidentado e um clima continental, com invernos rigorosos e verões quentes.

Apesar dos desafios, a agricultura é a espinha dorsal da economia local.

Culturas como a batata, o milho, a castanha e a vinha são predominantes, enquanto a criação de gado, especialmente ovino e bovino, também desempenha um papel crucial.

O vale de Chaves, conhecido pela sua fertilidade, é um exemplo de como a terra pode ser generosa quando bem trabalhada.

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Os produtos agrícolas de Trás-os-Montes não apenas sustentam as comunidades locais, mas também têm reconhecimento nacional e internacional.

O azeite transmontano, por exemplo, é valorizado pela sua qualidade, e a castanha é um símbolo da região.

Além disso, a agricultura familiar, predominante na região, preserva tradições e saberes passados de geração em geração, mantendo viva a identidade cultural do povo transmontano.

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A nível nacional, a agricultura portuguesa é vital para a segurança alimentar e para a economia.

Portugal é conhecido por produtos como o vinho, o azeite e os lacticínios, que têm uma forte presença nos mercados internacionais.

Regiões como Trás-os-Montes contribuem para essa reputação, fornecendo matérias-primas de alta qualidade.

Além disso, a agricultura desempenha um papel importante na fixação das populações rurais, combatendo o despovoamento do interior, um problema crescente no país.

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A atividade agrícola também é essencial para a sustentabilidade ambiental.

Práticas tradicionais, como as que vemos na fotografia de Mário Silva, muitas vezes promovem a conservação do solo e o uso responsável dos recursos naturais.

Em Trás-os-Montes, os agricultores frequentemente utilizam métodos que respeitam os ciclos da natureza, contribuindo para a preservação da biodiversidade.

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Apesar da sua importância, a agricultura em Trás-os-Montes enfrenta desafios, como o envelhecimento da população rural, a falta de mão de obra e os impactos das mudanças climáticas.

No entanto, há oportunidades para o futuro.

A modernização agrícola, o investimento em tecnologias sustentáveis e a valorização dos produtos locais podem revitalizar o setor.

Iniciativas como o turismo rural e a certificação de produtos com denominação de origem protegida também ajudam a promover a região e os seus produtos.

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Em conclusão, a agricultura, como retratada na fotografia de Mário Silva, é mais do que uma atividade económica em Trás-os-Montes e em Portugal – é um modo de vida, uma ligação à terra e às tradições.

Para as gentes de Trás-os-Montes, ela representa resiliência e identidade; para Portugal, é uma fonte de riqueza cultural e económica.

Valorizar e apoiar os agricultores é essencial para garantir que esta atividade continue a florescer, sustentando não apenas o vale de Chaves, mas todo o país.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
25
Mai25

“Capela de Nossa Senhora das Dores” (Nozelos – Valpaços – Portugal)


Mário Silva Mário Silva

“Capela de Nossa Senhora das Dores”

(Nozelos – Valpaços – Portugal)

25Mai DSC00201_ms

A fotografia de Mário Silva, intitulada “Capela de Nossa Senhora das Dores” (Nozelos – Valpaços – Portugal), retrata o interior de uma capela barroca, marcada por uma rica decoração e um ambiente de devoção.

O destaque da imagem é o retábulo dourado, que ocupa a parede frontal da capela.

Este retábulo, ricamente ornamentado, apresenta colunas torsas com detalhes em vermelho e dourado, enquadrando duas pinturas laterais de figuras religiosas, possivelmente santos ou mártires, com vestes tradicionais e expressões solenes.

No centro, há uma cruz de madeira sobre um pequeno altar, ladeada por elementos decorativos, incluindo uma caveira esculpida à direita, simbolizando a mortalidade e a penitência.

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A base do retábulo é adornada com padrões geométricos e florais em tons de dourado, vermelho e branco, típicos do estilo barroco português.

Abaixo do retábulo, encontra-se um túmulo ou arca de pedra, com uma abertura frontal que revela um interior vermelho desgastado, sugerindo a passagem do tempo e o uso contínuo do espaço para práticas religiosas.

As paredes laterais da capela mostram sinais de deterioração, com tinta descascada e vestígios de frescos, enquanto o teto exibe uma pintura parcial com figuras angelicais e ornamentos, parcialmente danificados.

A luz suave que ilumina a cena confere um tom de reverência e melancolia, reforçando o carácter sagrado e histórico do espaço.

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A veneração de Nossa Senhora das Dores, também conhecida como “Mater Dolorosa”, é uma das devoções mais antigas e profundamente enraizadas na tradição católica portuguesa.

Esta devoção centra-se nas sete dores de Maria, mãe de Jesus, que incluem momentos como a profecia de Simeão, a fuga para o Egito, a perda de Jesus no templo e, especialmente, a sua presença ao pé da cruz durante a crucificação.

Em Portugal, essa devoção ganhou força a partir da Idade Média, sendo promovida por ordens religiosas como os Servitas, que dedicaram a sua espiritualidade ao culto das dores de Maria.

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Em muitas regiões de Portugal, como em Nozelos, Valpaços, onde se localiza a Capela de Nossa Senhora das Dores retratada na fotografia de Mário Silva, a devoção manifesta-se através de capelas, procissões e festas litúrgicas.

A festa de Nossa Senhora das Dores, celebrada a 15 de setembro, é um momento alto de espiritualidade, marcada por missas solenes, cânticos tradicionais e procissões onde a imagem de Maria, frequentemente representada com o coração trespassado por sete espadas (simbolizando as sete dores), é levada pelas ruas.

Em algumas localidades, é comum a prática do “Ofício das Dores”, uma série de orações e meditações que refletem sobre o sofrimento de Maria.

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Esta devoção também reflete a espiritualidade do povo português, que historicamente encontrou na figura de Nossa Senhora das Dores um símbolo de compaixão e intercessão nos momentos de sofrimento, como durante as guerras, fomes ou calamidades.

A Capela de Nossa Senhora das Dores em Nozelos, com o seu retábulo barroco e ambiente austero, é um testemunho da fé popular e da importância desta devoção na vida comunitária, servindo como um espaço de recolhimento e ligação espiritual com o sagrado.

Através de locais como este, a veneração de Nossa Senhora das Dores continua a ser uma expressão viva da religiosidade portuguesa, unindo gerações na partilha de uma fé marcada pela empatia e pela esperança.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
24
Mai25

“O gatito na Aldeia (uma estória)”


Mário Silva Mário Silva

“O gatito na Aldeia (uma estória)”

24Mai DSC06406_ms

A fotografia "O gatito na Aldeia" de Mário Silva mostra um gatinho castanho com tons acinzentados, de olhos amarelos penetrantes, sentado num muro de pedra numa aldeia rural.

Inspirado por esta imagem, aqui está uma história sobre um gatinho numa aldeia rural de Portugal.

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Numa pequena aldeia rural de Portugal, encravada entre colinas verdejantes e castanheiros centenários, vivia um gatinho chamado Tareco.

Tareco era um felino de pelo castanho-acinzentado, com olhos amarelos que brilhavam como duas lanternas ao entardecer.

Todos os dias, ele sentava-se num muro de pedra à entrada da aldeia, observando o movimento dos poucos moradores que ali passavam.

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Tareco não pertencia a ninguém, mas todos na aldeia o conheciam.

As poucas crianças corriam para lhe fazer festinhas, os muitos velhotes partilhavam pedacinhos de pão com ele, e até as galinhas do quintal da Dona Maria já se tinham habituado à sua presença silenciosa.

Ele era o guardião não oficial da aldeia, sempre alerta, com as orelhas empinadas e o olhar atento.

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Certa manhã, a aldeia acordou em alvoroço.

Um grupo de pardais tinha feito ninho no telhado da igreja, e estavam a comer as sementes que o Senhor António guardava para as suas pombas.

"Isto não pode ser!", exclamou o velho António, abanando a cabeça.

Mas os pardais eram rápidos e espertos, e ninguém na aldeia conseguia afugentá-los.

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Foi então que Tareco entrou em ação.

Com um salto elegante, subiu ao telhado da igreja, equilibrando-se nas telhas antigas.

Os pardais, ao verem o gatinho de olhos brilhantes, bateram asas em pânico e fugiram para o bosque.

A aldeia inteira aplaudiu o pequeno herói, e o Senhor António, agradecido, deu a Tareco um prato de leite fresco como recompensa.

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A partir desse dia, Tareco tornou-se ainda mais querido na aldeia.

Todas as tardes, quando o sol se punha e as sombras os castanheiros se alongavam, ele regressava ao seu posto no muro de pedra, vigiando a paz da sua pequena aldeia rural.

E assim, o gatito continuou a ser uma parte essencial daquela comunidade, trazendo sorrisos e segurança a todos que ali viviam.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
22
Mai25

"O ninho de cegonha"


Mário Silva Mário Silva

"O ninho de cegonha"

22Mai DSC00010_ms

A fotografia de Mário Silva, intitulada "O ninho de cegonha", mostra uma cegonha-branca empoleirada num ninho de galhos, construído sobre uma alta chaminé da extinta Telheira de Chaves (Portugal).

A imagem captura a imponência da ave, com o seu bico vermelho e penas brancas contrastando com as asas negras, num cenário natural e sereno.

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O mito de que as cegonhas trazem bebés no bico, vindos de Paris, tem raízes em tradições europeias, especialmente na cultura germânica e do norte da Europa.

A lenda ganhou popularidade no século XIX, em parte devido ao conto "As Cegonhas", de Hans Christian Andersen, que associava essas aves à chegada de novas crianças.

A escolha de Paris como origem dos bebés no mito pode estar ligada ao simbolismo da cidade como um lugar romântico e mágico, ideal para a narrativa fantasiosa.

As cegonhas, que migram longas distâncias e frequentemente constroem ninhos perto de habitações humanas, tornaram-se um símbolo de fertilidade e renovação, reforçando essa história encantadora que, por gerações, foi usada para explicar às crianças a chegada de um novo irmão ou irmã.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
20
Mai25

"Observando o vale"


Mário Silva Mário Silva

"Observando o vale"

20Mai DSC00991_ms

A fotografia de Mário Silva, intitulada "Observando o vale", captura uma vista serena e melancólica da encosta de uma colina na Serra do Brunheiro, em Chaves, Portugal.

A imagem mostra um vale amplo e suavemente ondulado, com o rio Arcossó visível ao longe, represo pela barragem das Nogueirinhas, que reflete a luz suave do céu.

A paisagem é dominada por tons quentes e dourados, sugerindo que a foto foi tirada durante o entardecer, com uma luz suave que cria uma atmosfera etérea e enevoada.

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No primeiro plano, há árvores despidas, com galhos finos e delicados, algumas cobertas de musgo, o que indica um ambiente natural e possivelmente a transição entre estações, como o final do inverno ou início da primavera.

A vegetação rasteira é verde, contrastando com os tons mais secos e amarelados do vale ao fundo.

As camadas de colinas e montanhas ao longe desaparecem gradualmente na névoa, criando uma sensação de profundidade e vastidão.

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A assinatura "Mário Silva" está visível no canto inferior esquerdo da imagem, escrita em uma caligrafia fluida e branca, que se destaca contra o fundo verde da vegetação.

A moldura da fotografia tem um efeito de vinheta, escurecendo as bordas e direcionando o olhar para o centro da composição, reforçando a sensação de contemplação descrita pelo título.

É uma imagem que transmite tranquilidade e uma conexão profunda com a natureza.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
18
Mai25

“Maio, mês mariano - Nossa Senhora aos pés do altar mor da igreja de Águas Frias (Chaves – Portugal)”


Mário Silva Mário Silva

“Maio, mês mariano

Nossa Senhora aos pés do altar mor da igreja

Águas Frias (Chaves – Portugal)”

18Mai DSC06912_ms

A fotografia de Mário Silva, intitulada "Maio, mês mariano - Nossa Senhora aos pés do altar mor da igreja de Águas Frias (Chaves – Portugal)", retrata o interior de uma igreja com um altar ricamente ornamentado.

O altar mor, em estilo barroco, é decorado com detalhes dourados e brancos, destacando-se pela sua imponência e beleza.

No centro do altar, há uma estátua de Nossa Senhora posicionada aos pés, envolta em flores coloridas, simbolizando a devoção mariana típica do mês de maio.

Velas, arranjos florais e outros elementos litúrgicos, como candelabros e imagens de santos, complementam a cena, criando um ambiente de reverência e espiritualidade.

A arquitetura da igreja, com paredes de pedra e teto de madeira, adiciona um toque rústico ao cenário, enquanto as cortinas vermelhas nas janelas e os azulejos decorativos nas laterais reforçam a estética tradicional portuguesa.

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A devoção mariana é uma das expressões mais profundas e enraizadas da espiritualidade do povo português, moldando a sua identidade cultural e religiosa ao longo dos séculos.

Desde a formação da nacionalidade, a Virgem Maria ocupa um lugar central na fé, nas tradições e no imaginário coletivo de Portugal, sendo venerada como mãe, protetora e intercessora.

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A devoção a Maria em Portugal remonta aos primórdios do cristianismo na Península Ibérica, mas ganha particular relevo com a Reconquista e a fundação do reino.

No século XII, D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, consagra o reino a Nossa Senhora, estabelecendo uma ligação indelével entre a monarquia e a Virgem.

Este ato reflete a crença de que Maria era a protetora da nação, guiando o povo português nas batalhas contra os mouros e nas adversidades.

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A Virgem Maria foi frequentemente invocada em momentos cruciais da história portuguesa, como nas conquistas marítimas dos Descobrimentos.

Os navegadores portugueses, enfrentando os perigos do mar, recorriam à proteção de Nossa Senhora, dedicando-lhe capelas e ermidas nos territórios descobertos.

A imagem de Maria como "Estrela do Mar" (Stella Maris) tornou-se um símbolo de orientação e esperança para os marinheiros.

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A devoção mariana em Portugal manifesta-se de forma vibrante em peregrinações, festas populares, romarias e na construção de santuários.

O culto a Nossa Senhora de Fátima é, sem dúvida, o mais emblemático.

Desde as aparições de 1917 na Cova da Iria, Fátima tornou-se um dos maiores centros de peregrinação mariana do mundo, atraindo milhões de fiéis que buscam consolação, cura e renovação espiritual.

A mensagem de Fátima, centrada na oração, penitência e conversão, ressoa profundamente com a espiritualidade portuguesa.

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Outros santuários marianos, como Nossa Senhora da Nazaré, Nossa Senhora do Sameiro e Nossa Senhora da Conceição (padroeira de Portugal), também são testemunhos da forte devoção do povo.

Cada região tem as suas invocações particulares, muitas vezes ligadas a lendas e milagres locais, como Nossa Senhora da Agonia em Viana do Castelo ou Nossa Senhora dos Remédios em Lamego.

Estas manifestações regionais reforçam o caráter comunitário e festivo da fé mariana, com procissões, cânticos e rituais que unem as populações.

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A influência de Maria transcende o âmbito religioso, impregnando-se na literatura, na arte e nas tradições populares.

Na poesia, poetas como Camões e Fernando Pessoa evocaram a Virgem como símbolo de pureza e proteção.

Na arte sacra, as imagens de Maria, esculpidas em madeira ou pedra, são objetos de veneração e testemunhos da habilidade artesanal portuguesa.

A música, com hinos e cânticos marianos, também reflete essa devoção, sendo o "Avé Maria Puríssima" uma expressão recorrente nas celebrações.

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As festas marianas, frequentemente associadas aos ciclos agrícolas e às estações do ano, são momentos de celebração comunitária.

Nelas, a religiosidade mistura-se com a alegria profana, com danças, comes e bebes, e arraiais que reforçam os laços sociais.

A Virgem é vista não apenas como uma figura celestial, mas como uma mãe próxima, que compreende e acompanha as alegrias e dores do seu povo.

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Hoje, a devoção mariana continua a ser uma força viva em Portugal, embora adaptada aos tempos modernos.

A espiritualidade mariana é reinterpretada pelas novas gerações, que encontram em Maria um modelo de compaixão, resiliência e esperança.

Fátima, em particular, mantém-se como um ponto de convergência para portugueses e estrangeiros, sendo um espaço de diálogo inter-religioso e de reflexão sobre os desafios do mundo atual.

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A devoção a Maria também se expressa na solidariedade social, com muitas instituições de caridade e obras sociais inspiradas pelo exemplo da Virgem.

A sua imagem como mãe acolhedora ressoa em iniciativas que promovem a justiça, a paz e o cuidado pelos mais vulneráveis.

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Em conclusão, a devoção mariana das gentes portuguesas é mais do que uma prática religiosa; é um pilar da identidade nacional, uma fonte de consolo e um elo que une o passado ao presente.

Seja nas grandiosas peregrinações a Fátima, nas pequenas capelas rurais ou nos cânticos entoados em família, a Virgem Maria permanece como a "Mãe de Portugal", uma presença constante que guia, protege e inspira o seu povo.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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