Cartaxo-comum (Saxicola rubicola)
Mário Silva Mário Silva
Cartaxo-comum
(Saxicola rubicola)
A fotografia de Mário Silva, "Cartaxo-comum (Saxicola rubicola)", retrata com clareza esta pequena ave passeriforme.
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O Cartaxo-comum é uma ave pequena e compacta, com cerca de 12-14 cm de comprimento.
O dimorfismo sexual é evidente, especialmente na plumagem nupcial:
Macho: Caracteriza-se pela cabeça e garganta pretas, gola branca distintiva no pescoço, e uma mancha branca nas asas (coberturas alares).
O peito e flancos são de um tom alaranjado-avermelhado vibrante que se estende até ao abdómen, tornando-se mais pálido.
O dorso é castanho-escuro com estrias mais claras.
Fêmea: Apresenta cores mais baças.
A cabeça e a garganta são castanhas-escuras ou acinzentadas, com estrias mais claras.
A gola branca é menos proeminente ou ausente.
O peito é mais pálido, um laranja-acastanhado desbotado, e as manchas brancas nas asas são menores ou ausentes.
Juvenil: Assemelha-se à fêmea, mas com um padrão mais mosqueado e manchado na plumagem.
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Na fotografia, é possível identificar um macho de Cartaxo-comum devido à sua cabeça escura contrastante com a gola branca (embora menos nítida devido à posição e luminosidade) e o peito alaranjado.
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O Cartaxo-comum é uma espécie comum e generalizada, habitando uma vasta gama de habitats abertos ou semi-abertos.
Prefere áreas com vegetação rasteira e arbustos dispersos, como charnecas, dunas costeiras, pastagens, campos agrícolas, bordas de floresta e terrenos baldios.
Em Portugal, é frequentemente avistado em culturas de sequeiro e montados.
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É uma ave territorial, especialmente durante a época de reprodução.
O seu comportamento mais característico é empoleirar-se em pontos elevados (fios, arbustos, postes) a partir dos quais vigia o seu território e procura alimento.
Ao avistar uma presa, desce rapidamente ao solo para a capturar, regressando frequentemente ao mesmo poleiro.
A sua dieta consiste principalmente em insetos (gafanhotos, grilos, besouros, formigas, borboletas e as suas larvas) e aranhas, complementada ocasionalmente com bagas no outono e inverno.
O seu canto é um assobio metálico e repetitivo, e o seu chamamento é um "tschack-tschack" característico, que deu origem ao seu nome comum em algumas línguas.
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A época de reprodução do Cartaxo-comum ocorre entre abril e julho, podendo realizar duas ou três posturas por ano.
O ninho é construído pela fêmea, geralmente no solo, bem escondido entre a vegetação densa, ou em pequenas depressões protegidas por ervas ou tufos.
É uma taça bem construída de musgo, ervas e raízes, forrada com pêlos e penas.
A fêmea põe 4 a 6 ovos azuis-esverdeados pálidos, com pequenas manchas avermelhadas.
A incubação dura cerca de 13-14 dias e é realizada principalmente pela fêmea.
Ambos os pais alimentam os juvenis, que abandonam o ninho ao fim de 12-15 dias, mas continuam a ser alimentados pelos pais por mais algum tempo.
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O Cartaxo-comum é uma espécie classificada como Pouco Preocupante (Least Concern) a nível global e europeu pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
A sua população é considerada estável ou em ligeiro declínio em algumas regiões, mas sem ameaças significativas à sua sobrevivência a longo prazo.
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Em Portugal, é uma espécie comum e residente, presente em quase todo o território continental, embora a sua abundância possa variar localmente.
Beneficia da heterogeneidade das paisagens agrícolas tradicionais e da presença de habitats abertos.
No entanto, a intensificação agrícola, a perda de sebes e a alteração dos habitats podem representar desafios a nível local.
A sua adaptabilidade a diferentes tipos de ambientes, desde que com vegetação adequada para poleiros e alimentação, contribui para a sua ampla distribuição e abundância.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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