"Outono e os castanheiros transmontanos"
Mário Silva Mário Silva
"Outono e os castanheiros transmontanos"

A fotografia de Mário Silva retrata uma paisagem florestal dominada pela transformação sazonal.
O cenário é um souto de castanheiros sob a luz do outono, que realça a riqueza de cores da estação.
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As árvores, com os seus troncos robustos e escuros, têm a folhagem em plena mudança, apresentando uma paleta que varia do verde escuro (em algumas árvores mais à direita) ao amarelo e vermelho vivo (especialmente nas árvores mais à esquerda, banhadas pela luz do sol).
O sol, vindo de cima ou da lateral superior esquerda, cria um efeito de raios de luz que atravessam as copas, iluminando o ambiente.
O chão está completamente forrado por uma espessa camada de folhas caídas em tons de castanho e ocre, e as sombras projetadas pelos troncos alongam-se pelo terreno.
A cena evoca uma sensação de tranquilidade e de colheita.
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Os Castanheiros: Colunas Vivas da Identidade Transmontana no Outono
A imagem capturada por Mário Silva dos castanheiros transmontanos no esplendor do outono não é apenas uma fotografia de uma floresta; é um retrato da alma da região de Trás-os-Montes.
O castanheiro (Castanea sativa) é uma das árvores mais emblemáticas e economicamente vitais do interior de Portugal, e a sua presença marca a paisagem, a cultura e a economia local.
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A Coroa Dourada do Outono
O castanheiro é um dos protagonistas visuais do outono.
Na região transmontana, o clima e o solo favorecem o seu desenvolvimento, e é nesta estação que as suas folhas, antes de caírem para forrar o solo (como se vê na fotografia), se transformam num magnífico espetáculo de tons amarelos e vermelhos, que parecem competir com o sol.
A queda das folhas é o anúncio de que a verdadeira riqueza, o fruto, está pronta para ser colhida.
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Mais que um Fruto, um Tesouro
A castanha é o "pão" de Trás-os-Montes, e o outono é o tempo de festa da colheita.
Antigamente, a castanha era um alimento fundamental na dieta das populações rurais, funcionando como um substituto do cereal em tempos de escassez.
Hoje, mantém a sua importância económica e gastronómica, sendo celebrada em feiras e festas como o magusto, onde é assada e acompanhada por jeropiga ou vinho novo.
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O processo de apanha — a abertura dos ouriços espinhosos no solo, o som das castanhas a cair e a corrida para as recolher — é um ritual social que une famílias e vizinhos.
A qualidade das castanhas de Trás-os-Montes, especialmente as variedades da Terra Quente (como a Longal e a Judia), é reconhecida e valorizada.
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A Cultura do Souto
O bosque de castanheiros é tradicionalmente chamado de souto.
Estes soutos não são florestas selvagens, mas sim espaços cultivados e cuidadosamente mantidos ao longo de séculos.
Os troncos robustos e centenários, como os da fotografia, testemunham a longevidade destas árvores, que são passadas de geração em geração.
A sua gestão é uma forma de património cultural, que demonstra o profundo respeito e a ligação das gentes transmontanas à sua terra e aos seus recursos.
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O outono, com a sua luz mágica e o tapete de folhas, celebra o momento em que a natureza partilha o seu fruto, reafirmando o castanheiro como um símbolo da resiliência, da tradição e da abundância transmontana.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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