“O pastor e o seu cajado”
Mário Silva Mário Silva
“O pastor e o seu cajado”
Nas terras agrestes de Trás-os-Montes, o pastor cresceu com o cajado na mão, um símbolo de liderança e proteção desde os seus dias de infância.
O cajado, uma extensão do seu próprio ser, guiou-o através dos campos e montanhas, testemunhando a passagem do tempo e as mudanças das estações.
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Quando criança, o pastor sonhava com as aventuras que o esperavam, observando os rebanhos sob o olhar atento dos mais velhos.
O cajado era então um brinquedo, um bastão mágico com o qual imaginava ser o herói das suas histórias.
Com o passar dos anos, tornou-se um instrumento de trabalho, um companheiro fiel nas longas jornadas pelo pasto, ajudando a guiar e proteger o rebanho.
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Na juventude, o cajado representava a responsabilidade, o início de uma vida dedicada à terra e aos animais.
Era o bastão de um líder, não só dos rebanhos, mas das tradições e valores passados de geração em geração.
O pastor, agora homem feito, viajava pelas colinas, enfrentando os desafios do clima e da natureza com determinação e coragem.
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Com a chegada da velhice, o cajado tornou-se um símbolo de sabedoria e experiência.
Cada marca no seu madeiro era uma história, um testemunho silencioso dos muitos dias e noites passados nas terras de Trás-os-Montes.
O pastor, com cabelos grisalhos e mãos calejadas, olhava para o horizonte, refletindo sobre a vida que viveu, as dificuldades enfrentadas e os momentos de alegria compartilhados com a natureza.
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Agora, nos seus últimos anos, o cajado é um apoio, tanto físico quanto espiritual.
Ele ajuda-o a caminhar, mas também a lembrar.
Lembra do tempo em que corria livre pelas colinas, do cheiro da terra molhada após a chuva, do som das ovelhas balindo ao longe.
Cada passo com o cajado é um passo na memória, uma viagem ao passado que moldou o homem que ele se tornou.
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O pastor olha para o cajado e vê mais do que uma ferramenta; vê um companheiro de vida, um testemunho das suas lutas e conquistas.
E assim, nas terras agrestes de Trás-os-Montes, o pastor e seu cajado continuam a jornada, juntos, até o fim dos seus dias, guardiões silenciosos de um legado que transcende o tempo.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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