Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

MÁRIO SILVA - Fotografia, Pintura & Escrita

*** *** A realidade é a "minha realidade" em imagens (fotografia, pintura) e escrita

25
Mai25

“Capela de Nossa Senhora das Dores” (Nozelos – Valpaços – Portugal)


Mário Silva Mário Silva

“Capela de Nossa Senhora das Dores”

(Nozelos – Valpaços – Portugal)

25Mai DSC00201_ms

A fotografia de Mário Silva, intitulada “Capela de Nossa Senhora das Dores” (Nozelos – Valpaços – Portugal), retrata o interior de uma capela barroca, marcada por uma rica decoração e um ambiente de devoção.

O destaque da imagem é o retábulo dourado, que ocupa a parede frontal da capela.

Este retábulo, ricamente ornamentado, apresenta colunas torsas com detalhes em vermelho e dourado, enquadrando duas pinturas laterais de figuras religiosas, possivelmente santos ou mártires, com vestes tradicionais e expressões solenes.

No centro, há uma cruz de madeira sobre um pequeno altar, ladeada por elementos decorativos, incluindo uma caveira esculpida à direita, simbolizando a mortalidade e a penitência.

.

A base do retábulo é adornada com padrões geométricos e florais em tons de dourado, vermelho e branco, típicos do estilo barroco português.

Abaixo do retábulo, encontra-se um túmulo ou arca de pedra, com uma abertura frontal que revela um interior vermelho desgastado, sugerindo a passagem do tempo e o uso contínuo do espaço para práticas religiosas.

As paredes laterais da capela mostram sinais de deterioração, com tinta descascada e vestígios de frescos, enquanto o teto exibe uma pintura parcial com figuras angelicais e ornamentos, parcialmente danificados.

A luz suave que ilumina a cena confere um tom de reverência e melancolia, reforçando o carácter sagrado e histórico do espaço.

.

A veneração de Nossa Senhora das Dores, também conhecida como “Mater Dolorosa”, é uma das devoções mais antigas e profundamente enraizadas na tradição católica portuguesa.

Esta devoção centra-se nas sete dores de Maria, mãe de Jesus, que incluem momentos como a profecia de Simeão, a fuga para o Egito, a perda de Jesus no templo e, especialmente, a sua presença ao pé da cruz durante a crucificação.

Em Portugal, essa devoção ganhou força a partir da Idade Média, sendo promovida por ordens religiosas como os Servitas, que dedicaram a sua espiritualidade ao culto das dores de Maria.

.

Em muitas regiões de Portugal, como em Nozelos, Valpaços, onde se localiza a Capela de Nossa Senhora das Dores retratada na fotografia de Mário Silva, a devoção manifesta-se através de capelas, procissões e festas litúrgicas.

A festa de Nossa Senhora das Dores, celebrada a 15 de setembro, é um momento alto de espiritualidade, marcada por missas solenes, cânticos tradicionais e procissões onde a imagem de Maria, frequentemente representada com o coração trespassado por sete espadas (simbolizando as sete dores), é levada pelas ruas.

Em algumas localidades, é comum a prática do “Ofício das Dores”, uma série de orações e meditações que refletem sobre o sofrimento de Maria.

.

Esta devoção também reflete a espiritualidade do povo português, que historicamente encontrou na figura de Nossa Senhora das Dores um símbolo de compaixão e intercessão nos momentos de sofrimento, como durante as guerras, fomes ou calamidades.

A Capela de Nossa Senhora das Dores em Nozelos, com o seu retábulo barroco e ambiente austero, é um testemunho da fé popular e da importância desta devoção na vida comunitária, servindo como um espaço de recolhimento e ligação espiritual com o sagrado.

Através de locais como este, a veneração de Nossa Senhora das Dores continua a ser uma expressão viva da religiosidade portuguesa, unindo gerações na partilha de uma fé marcada pela empatia e pela esperança.

.

Texto & Fotografia: ©MárioSilva

.

.

Mário Silva 📷
16
Abr25

"Flores: duas cores - uma só beleza" – Quarta-feira Santa (Procissão do Encontro)


Mário Silva Mário Silva

"Flores: duas cores - uma só beleza"

Quarta-feira Santa (Procissão do Encontro)

16Abr DSC05150a_ms

A fotografia de Mário Silva, intitulada "Flores: duas cores - uma só beleza", apresenta duas árvores floridas em tons contrastantes: uma com flores vermelhas vibrantes e outra com flores amarelas brilhantes, ambas em frente a uma casa branca com uma varanda.

As cores distintas das flores, embora diferentes, criam uma harmonia visual que reflete a ideia de unidade na diversidade, como sugerido pelo título da obra.

.

Relacionando a fotografia com a Quarta-feira Santa e a Procissão do Encontro, podemos traçar um paralelo simbólico.

Na Procissão do Encontro, há uma separação inicial entre os homens, que carregam a imagem de Nosso Senhor dos Passos, e as mulheres, que levam a imagem de Nossa Senhora das Dores.

Esses dois grupos, distintos na sua composição e trajeto, convergem num momento de profundo significado: o encontro entre a Mãe e o Filho, que simboliza a dor compartilhada e a união no sofrimento.

Da mesma forma, na fotografia, as duas árvores com flores de cores diferentes (vermelho e amarelo) estão lado a lado, unidas na sua beleza conjunta, apesar das suas diferenças.

.

O vermelho das flores pode ser associado ao sangue e ao sacrifício de Jesus, representado na imagem de Nosso Senhor dos Passos, enquanto o amarelo, uma cor frequentemente ligada à luz e à esperança, pode simbolizar a presença de Nossa Senhora das Dores, que, mesmo na sua tristeza, é um farol de fé e amor.

A harmonia entre as duas cores reflete a mensagem da Quarta-feira Santa: a união entre a Mãe e o Filho no caminho da cruz, que, apesar da dor, aponta para a redenção e a conversão, como destacado no Sermão das Sete Palavras.

.

Assim, a fotografia de Mário Silva, com a sua mensagem de beleza unificada no meio à diversidade, ecoa o espírito da Procissão do Encontro, onde a separação inicial dá lugar a uma união espiritual que convida os fiéis à reflexão, à penitência e à esperança na salvação.

.

Texto & Fotografia: ©MárioSilva

.

.

 

 

Mário Silva 📷
30
Mar25

"Altar lateral da igreja Matriz de Santa Marta" (Vila Frade - Chaves - Portugal)


Mário Silva Mário Silva

"Altar lateral da igreja Matriz de Santa Marta"

(Vila Frade - Chaves - Portugal)

29Mar DSC07641_ms

A imagem apresenta um altar lateral ornamentado, caracterizado por uma exuberante talha dourada que cobre a estrutura, exibindo um trabalho artesanal intricado.

A moldura do altar é composta por arabescos, volutas e elementos florais esculpidos, típicos da arquitetura barroca portuguesa, que conferem um brilho opulento ao conjunto.

No centro, destaca-se a figura de Jesus Cristo crucificado, uma escultura realista que domina a composição.

O seu corpo, esculpido com expressiva dor e resignação, está suspenso na cruz, com os braços abertos e a cabeça inclinada.

Acima da cruz, uma placa com a inscrição "INRI" (Iesus Nazarenus, Rex Iudaeorum - Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus) reforça o contexto bíblico da crucificação.

.

À esquerda da cruz, encontra-se a estátua de Nossa Senhora das Dores, vestida com um manto azul-escuro e véu, segurando um lenço ou as mãos em gesto de lamento.

A sua expressão serena, mas carregada de tristeza, reflete a tradicional iconografia mariana associada ao sofrimento materno diante da morte do filho.

.

Ao redor das figuras principais, pequenas estátuas de anjos e santos adornam as colunas laterais, adicionando uma camada de espiritualidade e hierarquia celestial.

.

No topo do altar, um painel pintado retrata uma cena religiosa, possivelmente a deposição de Cristo da cruz ou uma representação da Virgem e dos santos, envolta por uma aura de luz que sugere santidade.

A luz natural que entra pela janela à direita ilumina suavemente o altar, criando um contraste entre as áreas douradas e as sombras, enquanto os azulejos decorativos na parede inferior, com padrões geométricos e florais, complementam a estética tradicional portuguesa.

.

Este altar é um testemunho da rica tradição religiosa e artística de Portugal, especialmente na região de Trás-os-Montes, conhecida pelas suas igrejas barrocas.

A talha dourada simboliza a glória divina e a riqueza espiritual, um recurso comum nas igrejas portuguesas para honrar a fé e atrair os fiéis.

A presença de Jesus crucificado e de Nossa Senhora das Dores evoca o núcleo da narrativa cristã: o sacrifício de Cristo e o sofrimento de Maria, que se tornaram ícones de redenção e compaixão.

Juntos, representam a Paixão de Cristo, um tema central na liturgia católica, especialmente durante a Quaresma e a Semana Santa.

.

A luz que penetra pela janela pode ser interpretada como um símbolo de esperança ou da presença divina, iluminando o altar como um farol de fé num meio carregado de penumbra.

.

Os azulejos, típicos da cultura portuguesa, ligam a obra ao património local, refletindo a identidade cultural de Vila Frade e Chaves.

.

 A assinatura de Mário Silva no canto inferior direito sugere uma valorização pessoal do fotógrafo por esta peça de devoção e arte, capturando não apenas a beleza visual, mas também a profundidade espiritual do local.

.

Em conclusão, a fotografia de Mário Silva transcende a mera representação visual, oferecendo uma janela para a história, a fé e a arte de uma comunidade.

O altar lateral da igreja Matriz de Santa Marta é mais do que um objeto decorativo; é um espaço de contemplação, onde a dor, a glória e a esperança se entrelaçam, preservadas pela lente sensível do fotógrafo.

 

.

Texto & Fotografia: ©MárioSilva

.

.

Mário Silva 📷

Junho 2025

Mais sobre mim

foto do autor

LUMBUDUS

blog-logo

Hora em PORTUGAL

Calendário

Julho 2025

D S T Q Q S S
12345
6789101112
13141516171819
20212223242526
2728293031

O Tempo em Águas Frias

Pesquisar

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.