5 de outubro de 1910 - Implantação da República
Mário Silva Mário Silva
Implantação da República
5 de outubro de 1910

A ilustração é uma representação simbólica e histórica da Implantação da República em Portugal, a 5 de outubro de 1910.
A imagem tem uma estética antiga, em tons sépia, reminiscente das gravuras da época.
No centro, uma figura alegórica e imponente, uma mulher de seios nus que simboliza a República, emerge do Paço de Belém, o local da proclamação.
Ela segura a bandeira, representando o poder e a autoridade.
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Ao seu redor, cenas de diferentes momentos do movimento republicano são retratadas:
À esquerda, vemos o fervor revolucionário, com populares e elementos da armada a protestarem.
À direita, soldados marcham e o confronto é evidente, com figuras caídas no chão, simbolizando o conflito e as baixas.
Na parte inferior, uma assembleia de figuras masculinas, com a presença de intelectuais e líderes políticos, representa a nova elite que liderou a revolução.
A presença de um grupo à frente sugere a união e o poder do povo.
Ao fundo, a paisagem de Lisboa, com o rio Tejo e as suas embarcações, e o ambiente urbano, mostram o cenário da revolta.
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A gravura, no seu conjunto, celebra a transição do regime monárquico para o republicano, destacando os seus protagonistas, os símbolos e os eventos marcantes.
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A Revolução de 5 de outubro de 1910: O Nascimento da Primeira República Portuguesa
A Implantação da República em Portugal, a 5 de outubro de 1910, não foi um acontecimento isolado.
Foi o culminar de um longo período de descontentamento social, político e económico que corroía o regime monárquico.
A revolução, liderada por figuras como Afonso Costa, Teófilo Braga e Machado dos Santos, marcou o fim de uma monarquia com quase oito séculos e o nascimento de um novo ideal para a nação.
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Causas e Contexto
O final do século XIX e o início do século XX foram tempos turbulentos para Portugal.
A monarquia constitucional enfrentava uma série de crises que a descredibilizavam aos olhos da população.
O Ultimato Britânico de 1890, que forçou Portugal a desistir dos seus planos de criar um império colonial "do mapa cor-de-rosa", foi um duro golpe na soberania nacional e no orgulho popular.
A crise económica, o aumento da dívida pública e a corrupção na política acentuaram o fosso entre o poder e o povo.
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O Partido Republicano Português soube capitalizar este descontentamento.
Com uma forte base de apoio nas classes médias urbanas, em intelectuais, jornalistas e militares, o partido prometia modernidade, progresso e a moralização da vida pública.
A sua propaganda, através de jornais e manifestações, popularizou os ideais republicanos e preparou o terreno para a revolta.
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A Revolução
O ponto de não retorno foi a noite de 3 para 4 de outubro de 1910.
O Regimento de Artilharia 1, em Lisboa, amotinou-se sob a liderança do Comandante Machado dos Santos.
A revolta, que começou como um motim militar, rapidamente se espalhou, com civis e elementos da marinha a juntarem-se aos revoltosos.
Os combates com as forças leais à monarquia foram intensos, com os republicanos a bombardearem o Paço das Necessidades, residência do Rei D. Manuel II.
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A figura de Machado dos Santos e a tomada da Rotunda (atual Marquês de Pombal) tornaram-se o epicentro simbólico da revolução.
Apesar do Rei ter conseguido fugir para o exílio em Gibraltar, a monarquia já estava irremediavelmente ferida.
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Proclamação e Consequências
Na manhã de 5 de outubro, com a monarquia já sem apoio, o político José Relvas proclamou a Primeira República Portuguesa do balcão da Câmara Municipal de Lisboa.
Seguiu-se a formação de um Governo Provisório, presidido por Teófilo Braga, que rapidamente tomou medidas para consolidar o novo regime.
A Igreja foi separada do Estado, a nova bandeira e o hino nacional foram criados e reformas sociais foram prometidas.
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A Primeira República (1910-1926) foi um período de grandes desafios e instabilidade.
Embora tenha sido um regime com ideais de liberdade, progresso e igualdade, a sua curta duração foi marcada por crises políticas, greves e a participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial.
No entanto, o 5 de outubro de 1910 permanece na memória como o momento em que a nação, em busca de um futuro mais justo, virou uma página na sua história.
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Texto: ©MárioSilva
Ilustração: Cândido da Silva (?)
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