"Deus, Pátria e Família": O Lema do Estado Novo, em Portugal
Mário Silva Mário Silva
"Deus, Pátria e Família":
O Lema do Estado Novo, em Portugal
O lema "Deus, Pátria e Família" foi central para a ideologia e propaganda do regime ditatorial do Estado Novo em Portugal, liderado por António de Oliveira Salazar e Marcelo Caetano entre 1933 e 1974.
Analisando cada elemento do lema:
Deus:
A religião católica era o pilar fundamental do Estado Novo.
O regime promovia a fé como elemento de união nacional e de controle social, utilizando-a para legitimar a sua autoridade e reprimir dissidências.
A Igreja Católica, por sua vez, beneficiava do apoio do Estado para manter o seu poder e influência na sociedade.
Pátria:
O nacionalismo era outro aspeto crucial do Estado Novo.
O regime exaltava a história, a cultura e as tradições portuguesas, buscando criar um senso de identidade nacional forte e coeso.
A propaganda oficial glorificava o passado imperial português e promovia a imagem de uma nação unida e forte sob a liderança de Salazar.
Família:
A família era vista como a base da sociedade no Estado Novo.
O regime defendia um modelo tradicional de família patriarcal, com o pai como chefe e a mulher submissa.
A educação das crianças era vista como um dever primordial das famílias, e o Estado buscava inculcar valores como o respeito à autoridade, o patriotismo e a religião.
Utilização do lema:
Nas escolas:
O lema "Deus, Pátria e Família" era constantemente presente nas escolas, estampado em cartazes, livros didáticos e discursos.
As crianças eram doutrinadas desde cedo nos valores do regime, aprendendo a venerar Deus, amar a pátria e respeitar a autoridade familiar.
Em eventos públicos:
O lema também era utilizado em eventos públicos, como comícios, desfiles e celebrações religiosas.
A repetição constante do lema visava reforçar a mensagem do regime e criar um clima de unidade nacional.
Na propaganda:
A propaganda oficial do Estado Novo utilizava extensivamente o lema "Deus, Pátria e Família".
Cartazes, filmes, rádio e outros meios de comunicação difundiam a mensagem do regime, associando-a a valores positivos e tradicionais.
Críticas ao lema:
O lema "Deus, Pátria e Família" foi alvo de diversas críticas ao longo do tempo.
Visão limitada:
Muitos críticos argumentam que o lema apresenta uma visão limitada e excludente da sociedade portuguesa.
Ao enfatizar apenas os valores religiosos, patrióticos e familiares, o Estado Novo ignorava a diversidade da população e as lutas por direitos sociais e políticos.
Manipulação:
O lema também é criticado por ser uma ferramenta de manipulação utilizada pelo regime para controlar a população.
Ao associar os seus valores a conceitos considerados sagrados e intocáveis, o Estado Novo dificultava o questionamento e a oposição ao regime.
Legitimação da repressão:
O lema "Deus, Pátria e Família" serviu para legitimar a repressão política e social do Estado Novo.
A defesa da "ordem" e da "tradição" era usada para justificar a perseguição de opositores políticos, a censura da liberdade de expressão e a violação dos direitos humanos.
Conclusão:
O lema "Deus, Pátria e Família" foi um elemento central da ideologia e propaganda do Estado Novo em Portugal.
Apesar de ter sido utilizado para promover a unidade nacional e valores tradicionais, o lema também foi uma ferramenta de manipulação e controle social.
É importante analisar criticamente esse lema e o seu contexto histórico para entender melhor as complexas relações entre poder, religião, nação e família na sociedade portuguesa.
Apesar de já se terem passado meio século desde a queda do regime ditatorial de enlevou este conceito, ainda há quem queira voltar para ele, como sendo o fundamento da sua ideologia.
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Texto & Pintura: ©MárioSilva
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