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MÁRIO SILVA - Fotografia, Pintura & Escrita

*** *** A realidade é a "minha realidade" em imagens (fotografia, pintura) e escrita

09
Nov25

Igreja de São Martinho – Ervedosa – Vinhais – Bragança – Portugal


Mário Silva Mário Silva

Igreja de São Martinho

Ervedosa – Vinhais – Bragança – Portugal

09Nov DSC04079_ms

A fotografia de Mário Silva retrata a Igreja de São Martinho, na aldeia de Ervedosa, no concelho de Vinhais, distrito de Bragança.

A igreja é uma construção em granito rústico, com uma tonalidade dourada, banhada pela luz intensa do final da tarde, que projeta sombras nítidas.

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A fachada principal é marcada por uma torre sineira de dupla abertura, que se eleva acima do telhado de telha vermelha, e está coroada por uma cruz de pedra.

Na parte superior da fachada, no topo da empena, é visível um relógio de parede embutido na pedra.

A entrada principal, com uma porta de madeira escura, é ladeada por cantaria bem trabalhada.

A construção combina o granito à vista com paredes laterais caiadas de branco.

Um espelho de trânsito convexo em primeiro plano, no centro-direito, reflete a fachada de forma distorcida, introduzindo um elemento moderno no contexto histórico.

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São Martinho: Do Soldado Romano ao Patrono da Generosidade e do Vinho Novo

A Igreja de São Martinho em Ervedosa (Vinhais) é um testemunho da profunda e antiga devoção portuguesa a este santo, cujo culto está intrinsecamente ligado à época do outono e à celebração do vinho novo.

A história de São Martinho de Tours, que se tornou um dos santos mais populares da Europa, explica a origem do famoso "Verão de São Martinho" e do ritual do Magusto.

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A Origem do Culto: O Manto e a Caridade

O culto a São Martinho (316–397 d.C.) tem origem numa lenda que se tornou um símbolo de generosidade e misericórdia cristã.

Segundo a história, Martinho era um jovem soldado romano na Gália.

Num dia de inverno rigoroso, encontrou um mendigo quase nu à porta da cidade de Amiens.

Sem ter nada para oferecer, Martinho cortou a sua capa militar (o manto) a meio com a espada e deu metade ao mendigo.

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Naquela noite, Martinho sonhou com Jesus, vestido com a metade do manto que havia dado.

Ao acordar, Martinho compreendeu que o ato de caridade era a sua verdadeira vocação, e a partir desse momento, dedicou a sua vida à fé.

Acabou por ser batizado e, mais tarde, nomeado Bispo de Tours, na França.

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O Milagre do Verão de São Martinho

O dia da sua celebração, 11 de novembro, marca um período de melhoria climática no outono europeu, conhecido em Portugal como o Verão de São Martinho.

A lenda diz que o milagre da capa (o corte e a entrega do manto) foi recompensado por Deus com três dias de sol e calor inesperados para aquecer o pobre mendigo.

Este período é esperado anualmente em Portugal e celebrado com alegria.

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O Magusto: Vinho Novo e Castanhas

A data de 11 de novembro coincide com o final das colheitas e o início da prova do vinho novo.

Assim, o culto a São Martinho ligou-se naturalmente ao ritual do Magusto, em que as famílias e comunidades se reúnem para assar castanhas na fogueira (em Trás-os-Montes, como em muitas outras regiões) e beber o vinho acabado de fazer ou a água-pé.

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A Igreja de São Martinho em Ervedosa, com a sua arquitetura de granito, representa este pilar da tradição: um local de fé que resiste ao tempo e que, todos os anos, se torna o centro espiritual de uma festa que celebra a bondade, a memória do santo e a renovação dos frutos da terra.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
23
Out25

“Pedra Fálica” - Águas Frias – Chaves - Portugal


Mário Silva Mário Silva

“Pedra Fálica”

Águas Frias – Chaves - Portugal

23Out DSC09440_ms

A fotografia, intitulada “Pedra Fálica” e capturada em Águas Frias, Chaves, Portugal, é um plano próximo e dramático de uma grande rocha vertical incrustada num muro de pedra rústico.

A pedra central, de formato alongado e ligeiramente afilado no topo, tem uma textura rugosa e é predominantemente coberta por uma camada de musgo escuro e seco nas laterais, enquanto a sua superfície central é iluminada por uma luz quente, intensa e baixa, possivelmente do sol do final da tarde.

Esta iluminação acentua o volume e a forma da rocha, conferindo-lhe uma presença imponente e escultural.

A rocha está enquadrada por um muro de pedras mais pequenas, de cores e formatos variados, que servem de moldura e de contraste, destacando a antiguidade e a importância do monólito.

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Lenda Ancestral da Pedra da Fecundidade

Nas terras de Águas Frias, onde os Invernos são duros e os rios cantam lendas antigas, ergue-se, desde tempos que se perdem na memória dos povos, a "Pedra da Fecundidade", um monólito venerado que o povo viria a conhecer como a Pedra Fálica.

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A Lenda: O Gigante Petrificado e a Deusa Mãe

A lenda mais antiga conta que esta pedra não era, na verdade, uma rocha, mas sim a forma petrificada do Deus-Gigante Turi, o último da sua espécie, que habitava os picos de Barroso.

 Turi, que amava a Deusa-Mãe Telena, Senhora da Água e da Terra, foi amaldiçoado por um ciumento espírito do Submundo.

A maldição transformou-o em pedra, para que nunca mais pudesse abraçar a sua amada.

No entanto, Telena, em lágrimas, usou o seu poder para lhe conceder uma última dádiva: a de que a sua essência, o seu poder criador, permanecesse aprisionado na pedra, para que pudesse continuar a abençoar a vida na Terra.

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A Pedra Fálica era, portanto, vista como o último vestígio do poder do Gigante Turi, um pilar que unia o céu à terra, e que canalizava a energia vital da Deusa Telena.

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Os Rituais da Fertilidade e da Fortuna

Desde a época pré-romana, gentes de todo o Norte de Portugal e da Galiza peregrinavam a Águas Frias para prestar homenagem à Pedra e participar nos seus rituais, que eram sempre realizados sob a luz da Lua Cheia.

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O Ritual da Fecundidade: O mais famoso era o ritual das Mulheres Sem Fruto.

Ao cair da noite, as mulheres que desejavam engravidar subiam ao local da pedra.

Primeiro, banhavam-se nas águas frias da nascente próxima, purificando-se.

Depois, dirigiam-se à Pedra.

O ritual central era o de "abraçar a pedra": a mulher devia esfregar-se ou abraçar o monólito com os braços, vertendo leite ou azeite nos musgos escuros da rocha, pedindo a Turi que lhe desse o "fogo da vida".

Acreditava-se que a rugosidade e a forma da pedra lhe transmitiam o "vigor do gigante".

Se a mulher sentisse um formigueiro ou um calor, a bênção estava concedida.

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O Ritual da Fortuna nos Campos: Os homens, por sua vez, tocavam na pedra antes da sementeira.

O ritual exigia que roçassem nela uma espiga de milho ou um punhado de centeio, pedindo a Turi que a sua força garantisse colheitas fartas e abundância para o ano.

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Os "Milagres" e a Promessa

Os "milagres" atribuídos à Pedra Fálica eram lendários.

As histórias viajavam de boca em boca:

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O Dom da Vida: Centenas de casais de Trás-os-Montes e do Minho atestavam terem concebido um filho após a peregrinação.

A criança nascida após a bênção era frequentemente chamada de "Túrio" ou "Telena", em honra dos deuses ancestrais.

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O Campo Renovado: Conta-se que, durante uma grande seca, os lavradores de Águas Frias, após um ritual desesperado, viram o tempo mudar, salvando as suas searas.

O "poder da Pedra" era mais forte do que a maior das estiagens.

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Mesmo com a chegada de novas religiões, a lenda da Pedra da Fecundidade nunca se apagou.

No íntimo do povo nortenho, o monólito de Águas Frias permaneceu como um símbolo da força da vida, um local onde a natureza e a ancestralidade se encontram para sussurrar a promessa de que a vida sempre encontra um caminho para florescer.

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Se não acredita, venha visitar a Pedra Fálica.

NOTA: Mas desde já aconselho que não menospreze o seu efeito, pois em caso de zombaria, Turi pode ficar irritado e a sua “ação” pode ser de tal maneira violenta, que pode tornar-se brutal e permanente (todos os segundos, minutos, horas, dias e anos).

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
09
Out25

“A mina de água nascente” - Águas Frias - Chaves - Portugal


Mário Silva Mário Silva

“A mina de água nascente”

Águas Frias - Chaves - Portugal

09Out P1180439_ms

A fotografia de Mário Silva retrata uma mina de água nascente num ambiente rural e sereno.

O enquadramento mostra a entrada de uma mina de pedra escura, quase como um túnel, de onde a água flui para um tanque circular de pedra, em primeiro plano.

O tanque, com as suas paredes musgosas, é alimentado por uma nascente.

A vegetação densa, com árvores de folhas amarelas de outono e a luz do sol a atravessar as copas, cria uma atmosfera mística e pacífica.

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A Lenda da Água Eterna

Havia um tempo, nos vales de Águas Frias, em que a água era um bem precioso, mas escasso.

As terras secavam, e as colheitas morriam.

A sede apertava as gentes e os animais, e o desespero começava a tomar conta das almas.

Contavam-se histórias sobre uma mina de água nascente, uma fonte lendária escondida nas entranhas da montanha, mas o seu paradeiro era um segredo há muito perdido.

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Um dia, um jovem pastor, chamado Dionísio, partiu em busca dessa mina.

Ele não era forte nem corajoso, mas a sua determinação era a força do seu coração.

Depois de dias de caminhada por caminhos difíceis, ele encontrou um velho, tão velho quanto as pedras que calçavam a serra.

O velho, com a sua voz rouca de anos, disse-lhe:

- A mina só se revela a quem tiver o coração puro e a intenção verdadeira.

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Dionísio, sem entender a fundo o significado daquelas palavras, continuou o seu caminho.

Atravessou penedos e chegou a uma clareira onde a luz do sol iluminava as árvores.

E então, ele viu-a: a entrada da mina, um arco de pedra escura, e a água a fluir para um tanque de pedra, como um bálsamo para a terra sedenta.

A mina era uma dádiva, mas o acesso era difícil.

As pedras que a cercavam pareciam vigias, e a entrada, um portal para um mundo desconhecido.

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Apesar da sua exaustão, Dionísio, em vez de beber, começou a abrir um pequeno canal com as suas próprias mãos para que a água pudesse seguir o seu caminho até à aldeia.

Passou a noite inteira a trabalhar, movendo as pedras mais pequenas, as suas mãos a sangrarem e o seu corpo a doer de cansaço.

Ao amanhecer, a água começou a fluir, gota a gota, em direção aos campos da sua terra.

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A fotografia de Mário Silva, com a sua luz mística, é um retrato do momento em que Dionísio, exausto, se sentou e viu a água a fluir.

Ele não se tornou um herói por ter derrotado um monstro ou por ter enfrentado um inimigo, mas por ter mostrado que a verdadeira força de um ser humano reside na sua capacidade de sacrifício e de partilha.

E assim, a mina de água nascente, que a lenda diz ser uma dádiva, foi, na realidade, a recompensa do seu trabalho e da sua abnegação.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
10
Set25

"Não é uma Aldeia qualquer ... é Águas Frias"


Mário Silva Mário Silva

"Não é uma Aldeia qualquer ... é Águas Frias"

10Set DSC03906_ms

A fotografia "Não é uma Aldeia qualquer... é Águas Frias" de Mário Silva capta uma vista panorâmica de uma aldeia aninhada numa paisagem rural.

Em primeiro plano, uma cerca rústica e vegetação verde enquadram o cenário.

A aldeia é composta por casas de diferentes cores, com telhados de cerâmica, espalhadas por uma colina.

A paisagem é dominada por uma vasta área arborizada e montanhosa no horizonte.

A fotografia é tirada num dia de poucas nuvens e a luz do sol realça as cores vivas das casas.

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A Lenda de Águas Frias

Há muito, muito tempo, quando as montanhas de Verín, na Espanha, eram ainda mais altas e o rio corria com mais força, existia uma aldeia que vivia sob uma maldição.

Era a "Aldeia das Águas Quentes", e a sua maldição era a falta de água.

Os rios estavam secos, as colheitas morriam e o povo sofria.

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Um dia, um viajante, um antigo peregrino, chegou à aldeia.

Ele, que tinha percorrido os caminhos de Santiago, tinha ouvido falar da maldição.

Ele disse ao povo:

- O vosso coração está cheio de ganância. O vosso amor é por ouro, não pela terra.

E disse-lhes que a única forma de quebrar a maldição era encontrar a fonte de "águas frias", uma fonte lendária que, segundo a lenda, se encontrava no coração da floresta.

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O povo riu-se do viajante.

Eles não acreditavam em lendas.

Mas o seu coração estava endurecido pela falta de água.

No entanto, uma jovem, de coração puro, que não tinha ganância, acreditou na lenda.

Ela, que tinha visto a sua família a sofrer, decidiu procurar a fonte.

A fotografia de Mário Silva, com as suas cores vibrantes e a sua beleza, capta o seu espírito.

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Ela entrou na floresta, aquela floresta densa e sombria que o fotógrafo capturou no horizonte.

Ela andou por dias, sem comer, sem beber, apenas com a esperança de encontrar a fonte.

Ela não tinha medo, pois o seu amor pela família e pelo seu povo era mais forte que o seu medo.

Ela não desistiu.

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E, num dia, quando a sua esperança estava quase a acabar, ela viu.

Não era uma fonte de água, mas uma fonte de luz.

Uma luz que brilhava por entre as árvores e que a chamava.

Ela seguiu a luz e chegou a uma clareira.

No centro da clareira, havia uma pequena fonte.

A água, límpida e fresca, parecia ter um brilho próprio.

Ela bebeu, e sentiu uma paz que nunca tinha sentido.

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A jovem voltou à aldeia e contou a sua história.

O povo, que tinha sofrido, finalmente acreditou.

Eles foram à fonte e beberam da água, e a sua ganância desapareceu, substituída pela bondade.

E, a partir desse dia, a maldição foi quebrada.

O rio voltou a correr, as colheitas voltaram a crescer, e a aldeia prosperou.

E a aldeia, que antes era conhecida como a "Aldeia das Águas Quentes", passou a ser conhecida como Águas Frias, uma homenagem à jovem corajosa e à sua fé.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
31
Jul25

"A protetora das Rias Baixas" (Sanxenxo - Espanha)


Mário Silva Mário Silva

"A protetora das Rias Baixas"

(Sanxenxo - Espanha)

31Jul DSC09071_ms

Esta fotografia de Mário Silva, intitulada "A protetora das Rias Baixas" (Sanxenxo - Espanha), retrata uma escultura intrigante e etérea, imersa nas águas de uma Ria Baixa.

A figura, de bronze, apresenta uma forma alongada e esguia, com uma postura curvada, como se estivesse a inclinar-se ou a espreitar algo na água.

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A sua cabeça tem uma forma invulgar, com projeções que se assemelham a antenas ou chifres alongados, conferindo-lhe um ar místico ou de criatura marinha.

Uma das mãos da figura segura uma concha grande e detalhada, enquanto a outra parece tocar ou apontar para a superfície da água.

Os pés da escultura repousam sobre uma formação rochosa, que serve de base e está parcialmente submersa.

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A paisagem envolvente é dominada pelo mar, com as águas calmas e um pouco escuras, onde boias amarelas flutuam, possivelmente marcando uma área de navegação ou banhos.

Ao fundo, uma linha costeira com edifícios urbanos, incluindo casas e prédios de apartamentos, estende-se, revelando a proximidade da cidade.

O céu é nublado, com tons de cinzento claro, criando uma atmosfera suave e um pouco melancólica.

A imagem transmite uma sensação de mistério, ligando o elemento humano à natureza marinha e à paisagem urbana.

 

A Lenda: A Guardiã dos Sussurros do Mar

Nas Rias Baixas da Galiza, onde a terra beija o Atlântico e as marés trazem consigo histórias de navegantes e lendas milenares, emerge das águas de Sanxenxo uma figura de bronze, esguia e enigmática.

Mário Silva capturou a sua essência na fotografia "A Protetora das Rias Baixas", mas a sua verdadeira história, a lenda que os pescadores mais antigos sussurram ao anoitecer, é muito mais profunda.

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Conta-se que, há incontáveis séculos, quando as Rias eram habitadas por criaturas mágicas e os homens viviam em harmonia com o mar, uma sereia de nome Xoana, diferente das suas irmãs, nasceu com uma paixão inigualável pela terra.

Enquanto as outras sereias se deliciavam nas profundezas, Xoana sentia-se atraída pelos murmúrios da costa, pelas canções dos homens e pelo cheiro dos pinhais.

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O seu amor pelo mundo humano levou-a a desobedecer às leis do Mar Profundo.

Passava os dias a observar os pescadores, a ouvir as suas preces por boas capturas, a sentir as suas alegrias e tristezas.

As suas antenas, antes finas e translúcidas, tornaram-se mais robustas, capazes de captar os mais ténues sussurros do vento e das ondas, e a sua cauda de peixe começou a transformar-se em pernas quando se aproximava da costa.

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Um dia, uma grande tempestade, a mais violenta de que havia memória, abateu-se sobre as Rias.

Os barcos dos pescadores eram atirados contra as rochas, e as ondas gigantes ameaçavam destruir as aldeias costeiras.

Xoana, angustiada, implorou ao Deus do Mar, Neptuno, para que poupasse os humanos que tanto amava.

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Neptuno, furioso pela desobediência de Xoana, negou-lhe o pedido.

- Tu escolheste o mundo dos homens, agora suporta as suas tormentas!

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Desesperada, Xoana fez um sacrifício supremo.

Pegou na concha mais bela que alguma vez encontrara, uma concha mágica que continha todos os sons e segredos do oceano, e ergueu-a em direção ao céu.

- Eu dou-vos a minha voz, o meu canto e a minha forma de sereia - suplicou aos céus e ao mar, - se em troca poupardes estas gentes e as suas terras!

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No momento em que as suas palavras se perderam no vento, um raio atingiu Xoana, transformando-a na mesma estátua de bronze que hoje vemos.

A sua forma ficou congelada entre o mar e a terra, as suas antenas esticadas para o céu, a concha mágica firmemente apertada na mão, um gesto eterno de súplica e proteção.

A tempestade acalmou, o mar serenou, e as Rias foram salvas.

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Desde então, Xoana, a "Protetora das Rias Baixas", vigia a costa.

Os pescadores dizem que, nas noites de nevoeiro, quando o mar está em fúria, se ouvirmos com atenção, podemos escutar um fraco sussurro vindo da concha que ela segura.

É a sua voz de sereia, transformada em oração silenciosa, a guiar os barcos e a proteger a costa das intempéries.

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Acredita-se que, se alguém com um coração puro se aproximar da estátua e sussurrar um desejo à concha, Xoana, na sua forma de bronze, levará esse desejo às profundezas do oceano, e ele será atendido se for para o bem de todos.

E assim, a estátua em Sanxenxo não é apenas uma obra de arte; é o testemunho vivo de um amor abnegado e da magia que ainda reside nas águas e nas lendas das Rias Baixas.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
30
Jul25

"O Lampião do Cruzeiro do Senhor dos Milagres" (Águas Frias - Chaves - Portugal) e uma estorinha fantástica


Mário Silva Mário Silva

"O Lampião do Cruzeiro do Senhor dos Milagres"

(Águas Frias - Chaves - Portugal)

... e uma estorinha fantástica

30Jul DSC08262_ms

Esta fotografia de Mário Silva, intitulada "O Lampião do Cruzeiro do Senhor dos Milagres" (Águas Frias - Chaves - Portugal), é uma composição minimalista e atmosférica que foca um lampião suspenso.

A imagem é dominada por um plano de fundo em tons de cinzento claro e escuro, que representa o pavimento, subindo em direção a um horizonte onde se vislumbram tons mais claros, quase etéreos, de luz dourada.

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No lado esquerdo, uma coluna do cruzeiro de pedra robusta, com uma textura granular e cor acastanhada clara, enquadra a cena, sugerindo que o lampião está pendurado numa estrutura maior, o cruzeiro do Senhor dos Milagres.

Pendurado por uma corrente fina, no lado direito do pilar de pedra, encontra-se um lampião antigo.

Este é feito de metal escuro, com as suas faces de vidro amareladas, indicando que uma luz amarela bruxuleia no seu interior.

O design do lampião é clássico, com uma estrutura metálica que envolve os painéis de vidro.

 A parte superior tem uma argola de suspensão e um pequeno chapéu.

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A luz dourada no horizonte parece ser a fonte de iluminação, criando um halo de mistério e talvez o pôr do sol.

A composição é simples, mas evocativa, transmitindo uma sensação de quietude, observação e a passagem do tempo, com um toque de misticismo conferido pela luz e pelo próprio lampião.

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A Estória Fantástica: O Lampião dos Desejos Perdidos

Em Águas Frias, para além dos caminhos de pedra e dos muros antigos, há um lugar especial: o Cruzeiro do Senhor dos Milagres.

É um cruzeiro antigo, feito de granito gasto pelo tempo, e sobre ele pendia um lampião de ferro e vidro, o mesmo que Mário Silva capturou na sua fotografia, quase suspenso entre dois mundos.

Não era um lampião comum.

Este lampião, dizia a lenda, guardava os desejos perdidos.

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Havia muito, muito tempo, quando as estrelas caíam para a terra como orvalho e as fadas dançavam nas névoas da manhã, um jovem artesão de nome Gabriel foi incumbido de forjar o lampião para o recém-erguido Cruzeiro.

Gabriel era um sonhador, com o coração cheio de desejos que pareciam impossíveis: queria que a sua amada, Lisa, que partira para terras distantes, regressasse; queria que a sua aldeia, tão pobre, florescesse; queria que as pessoas nunca perdessem a esperança.

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Enquanto forjava o lampião, Gabriel infundiu cada batida do martelo com um desses desejos.

Quando o lampião foi pendurado, na primeira noite, uma luz amarela e bruxuleante acendeu-se sozinha no seu interior, mesmo sem chama visível.

Não era o fogo comum, mas a essência dos desejos de Gabriel.

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A partir desse dia, sempre que alguém em Águas Frias perdia um desejo – um sonho que parecia inalcançável, uma esperança que desvanecia – essa luz do lampião aumentava de intensidade.

Era como se o lampião recolhesse a energia desses desejos esquecidos, armazenando-os na sua pequena alma de vidro e metal.

Os anciãos da aldeia diziam que o lampião era um repositório de sonhos, um farol para almas perdidas.

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Mas a lenda tinha um pequeno "senão".

O lampião só libertaria um desejo perdido se uma alma pura, num momento de desespero genuíno, pedisse algo não para si, mas para outro.

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Séculos passaram.

A luz do lampião flutuava, ora mais intensa, ora mais ténue, à medida que os desejos se perdiam e se acumulavam.

As pessoas viam o lampião como um símbolo, mas poucos se lembravam da sua verdadeira magia.

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Até que, numa noite fria e escura, a pequena Inês, uma criança com o coração mais puro de Águas Frias, sentou-se junto ao cruzeiro.

A sua avó, a última da sua família, estava muito doente, e Inês desejava com toda a sua força que ela ficasse bem.

Mas não pediu por si.

Pediu pela alegria da avó, pelas suas histórias e pelo seu sorriso.

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- Ó lampião - sussurrou Inês, com as lágrimas a escorrer-lhe pelo rosto - Eu não peço que a minha avó fique bem para mim.

Peço que ela se cure para que possa ver as flores da primavera, contar mais histórias às outras crianças e sentir o sol na sua pele. Que a sua alegria volte.

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Mal acabou de falar, a luz do lampião, que Mário Silva mais tarde capturaria com os seus raios dourados no fundo, intensificou-se subitamente.

Uma onda de calor e uma melodia suave, quase impercetível, emanaram do lampião.

As águas frias do ribeiro, que davam nome à aldeia, pareceram cintilar com um novo brilho.

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Na manhã seguinte, a avó de Inês acordou, sentindo-se melhor do que nunca em anos.

O seu sorriso, que se perdera por tanto tempo, regressou.

E ninguém em Águas Frias percebeu o que tinha acontecido, a não ser Inês e, talvez, o velho cruzeiro.

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Desde então, o Lampião do Cruzeiro do Senhor dos Milagres, capturado na fotografia como um ponto de luz no vasto desconhecido, continua a recolher desejos perdidos.

Mas agora, os habitantes de Águas Frias, inspirados pela história de Inês, olham para ele com um novo entendimento.

Sabem que, em algum lugar, na sua luz amarelada e bruxuleante, reside a magia da esperança e o poder dos desejos que são oferecidos sem egoísmo, prontos a serem libertados por uma alma que saiba pedir, não para si, mas para o amor do outro.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
15
Jul25

"A Fraga Bolideira" (Chaves - Portugal)


Mário Silva Mário Silva

"A Fraga Bolideira" e suas lendas

(Chaves - Portugal)

15Jul DSC07002_ms

Esta fotografia de Mário Silva, intitulada "A Fraga Bolideira", apresenta um impressionante conjunto de grandes formações rochosas num ambiente natural.

No centro da imagem, destacam-se duas enormes rochas arredondadas, que parecem estar uma sobre a outra ou muito próximas, dando a ideia de um equilíbrio precário, o que justifica o nome "Bolideira".

Ambas as rochas mostram sinais de musgo ou líquenes, indicando a sua antiguidade e exposição aos elementos.

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As rochas estão assentes num terreno irregular coberto por erva seca e alguma vegetação rasteira, sugerindo um clima de transição.

Ao fundo, vê-se alguma folhagem de árvores, incluindo um carvalho com folhas recortadas no lado direito superior, e outras árvores mais distantes que adicionam profundidade à paisagem.

O céu é azul com algumas nuvens brancas esparsas, contribuindo para uma atmosfera de dia claro e ensolarado.

A fotografia capta a majestade e a quietude destas formações geológicas, convidando à contemplação da natureza e da sua história.

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A Fraga Bolideira, localizada perto de Chaves, em Portugal, é um local envolto em mistério e lendas que se perderam um pouco no tempo, mas que ainda ecoam na memória popular.

Embora não exista uma lenda única e amplamente divulgada como as de outras pedras famosas em Portugal, a característica mais marcante da Fraga Bolideira – a sua aparente instabilidade e o facto de "baloiçar" (ou poder ter baloiçado em tempos) – deu origem a algumas crenças e histórias.

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Uma das versões mais comuns da lenda está ligada à força e ao desafio.

Conta-se que a Fraga Bolideira só poderia ser movida por pessoas de grande pureza de espírito, ou por aqueles que possuíssem uma força sobrenatural ou mágica.

Havia quem acreditasse que apenas os justos, os inocentes ou as pessoas de coração puro conseguiriam fazer a rocha baloiçar, enquanto os pecadores ou aqueles com más intenções jamais conseguiriam fazê-lo.

Este teste de "pureza" ou "virtude" atribuía à pedra uma qualidade quase mística, funcionando como um oráculo silencioso.

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Outra vertente da lenda, talvez mais ligada ao folclore local, sugere que a Fraga Bolideira foi colocada ali por gigantes ou por seres mitológicos num tempo primordial.

Estes seres teriam moldado a paisagem, e a forma como a rocha superior se equilibra sobre a inferior seria uma prova da sua colossal força e da sua capacidade de desafiar as leis da física.

Em algumas variações, estes gigantes seriam responsáveis por outras formações rochosas peculiares na região.

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Havia também quem associasse a Fraga Bolideira a tesouros escondidos ou passagens secretas.

A ideia de uma pedra que "baloiça" ou que pode ser movida levava à crença de que debaixo dela poderia estar escondido um valioso tesouro, talvez de mouros ou de antigas civilizações, ou até mesmo a entrada para um reino subterrâneo.

No entanto, o tesouro só seria revelado àqueles que conseguissem mover a pedra, o que, como na primeira lenda, adicionava um elemento de desafio e de virtude.

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Embora estas lendas não sejam tão famosas como as de outras pedras sagradas ou encantadas em Portugal, elas refletem a forma como as comunidades locais tentavam dar sentido e atribuir significado a fenómenos naturais impressionantes.

A Fraga Bolideira, com a sua imponência e o seu nome sugestivo, continua a ser um testemunho da capacidade humana de criar histórias e mistérios em torno da natureza.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
02
Mar25

"As Alminhas" (Águas Frias - Chaves - Portugal)


Mário Silva Mário Silva

"As Alminhas"

(Águas Frias - Chaves - Portugal)

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A fotografia mostra uma estrutura conhecida como "Alminhas" localizada em Águas Frias, Chaves, Portugal.

As "Alminhas" são pequenas capelas ou nichos geralmente encontrados em encruzilhada de estradas ou caminhos rurais, e são dedicadas às almas do purgatório.

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As "Alminhas" têm origem na tradição católica, especialmente na Península Ibérica, onde eram erguidas como forma de devoção e lembrança das almas dos falecidos que se acreditava estarem no purgatório, precisando de orações para alcançar o céu.

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A crença central é que as almas do purgatório podem ser ajudadas a alcançar a salvação através das orações dos vivos.

As pessoas acreditavam que ao rezar, acender velas ou deixar oferendas nestas capelas, estavam a ajudar essas almas a reduzir o seu tempo no purgatório.

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Existem várias lendas associadas às "Alminhas".

As "Almas Penadas" são uma parte fascinante do folclore português, especialmente relacionado às "Alminhas".

Almas Penadas refere-se a almas dos falecidos que, segundo a crença popular, ainda estão no purgatório, um estado intermediário onde as almas expiam os seus pecados antes de alcançar o céu.

Essas almas são vistas como penadas porque estão num estado de sofrimento ou busca por redenção.

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Segundo a lenda, essas almas podem aparecer aos vivos, muitas vezes à noite, em locais como encruzilhadas, cemitérios, ou perto das "Alminhas".

Elas podem manifestar-se como sombras, luzes fracas, ou até mesmo como figuras humanas translúcidas.

Uma característica comum dessas aparições é que elas pedem orações.

Acredita-se que as orações dos vivos podem ajudar a aliviar o sofrimento destas almas e acelerar o seu caminho para o céu.

Por exemplo, uma alma penada poderia aparecer para alguém e pedir que rezassem por ela para diminuir o seu tempo no purgatório.

Às vezes, as almas penadas são vistas como protetoras ou como portadoras de avisos.

Elas podem alertar sobre perigos iminentes ou proteger aqueles que as ajudam com as suas orações.

Em algumas estórias, elas aparecem para guiar pessoas perdidas ou para evitar que cometam erros graves.

Para honrar e ajudar estas almas, as pessoas deixam oferendas nas "Alminhas", como flores, velas, e até alimentos.

No Dia de Finados (2 de novembro), é comum ver mais atividade em torno das "Alminhas", com muitas pessoas a visitar, para rezar e lembrar os mortos.

A lenda das Almas Penadas reflete a visão cultural sobre a morte, o além-vida, e a importância da comunidade em ajudar os falecidos.

Esta crença fortalece a prática de lembrar e rezar pelos mortos, mantendo uma ligação entre os vivos e os que partiram.

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Ao longo dos séculos, as "Alminhas" têm servido como pontos de encontro espiritual e comunitário, onde as pessoas se reuniam para rezar.

Elas também simbolizam a lembrança contínua dos mortos e a interligação entre o mundo dos vivos e dos mortos na tradição católica.

Além disso, essas estruturas muitas vezes refletem a arquitetura local e a expressão artística da comunidade, tornando-as também um património cultural.

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Na imagem, a data "8-10-1983" pode indicar uma data significativa, possivelmente a data de construção ou uma data de um evento memorial específico.

A presença de flores e a manutenção da estrutura mostram que ainda é um local de devoção e respeito.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
04
Jan25

A águia dourada em Águas Frias (Chaves – Portugal) - “O extraordinário acontece …”


Mário Silva Mário Silva

A águia dourada em Águas Frias (Chaves – Portugal)

“O extraordinário acontece …”

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Era uma vez, numa manhã de inverno, quando o sol mal se atrevia a romper as densas nuvens cinzentas, a aldeia de Águas Frias parecia mergulhada num silêncio peculiar.

As chaminés soltavam fumaça preguiçosa, e cobria os campos como um manto de cristais.

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Dona Anatércia, a anciã mais sábia da aldeia, estava sentada na sua cadeira de baloiço, envolta num xale quentinho, enquanto observava a rua principal pela janela da sua casa.

Era um dia como qualquer outro, até que um grito distante cortou a tranquilidade da manhã.

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Os aldeões saíram das suas casas, curiosos e alarmados.

O som vinha da bela igreja (ainda barroca) no centro da aldeia.

O padre Emmanuel, um homem jovem e sempre sorridente, estava parado à porta, acenando freneticamente para que todos se aproximassem.

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- Venham, venham todos! - clamava ele, a voz cheia de uma confusão de emoção e comoção.

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Os aldeões apressaram-se até à igreja, com os passos ecoando pela rua empedrada.

Dentro, encontrei algo realmente espantoso: no altar, onde normalmente estava a imagem de São Pedro, havia agora uma imponente águia dourada, com olhos que brilhavam sob a luz das velas.

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- É um sinal! - exclamou o senhor Joaquim, o pedreiro da aldeia, sempre propenso a acreditar em histórias fantásticas. - Um presságio!

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Debate e murmúrios encheram o ar.

Uns acreditavam que a águia era um milagre, outros suspeitavam de um truque.

Mas ninguém conseguia explicar como uma criatura majestosa apareceu ali, nem como conseguia estar permanente tão tranquila, observando calmamente todos os presentes.

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Dona Anatércia, que até então permaneceu em silêncio, mudou-se para o altar.

- Deixem-me ver - pediu ela, com uma voz suave, mas firme.

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Com passos cuidadosos, Dona Anatércia chegou-se à frente da águia.

Olhou-a nos olhos, e por um momento, parecia que ambos, mulher e ave, estavam a comunicar sem palavras.

Então, a águia abriu as asas, revelando um brilho ainda mais intenso, e num movimento gracioso, levantou voo pelo corredor da igreja, saindo pela porta principal.

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Lá fora, os aldeões viram a águia voar em direção ao bosque dos Barros, que se estendia além da aldeia, até desaparecer no horizonte.

O silêncio voltou a cair sobre Águas Frias, mas desta vez, carregado de uma nova energia, de um segredo partilhado por todos.

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Naquela noite, à lareira, Dona Anatércia contou aos mais jovens que a águia dourada era uma guardiã das lendas antigas, uma mensagem que aparecia apenas em tempos de grande mudança.

- Talvez seja um aviso - disse ela, enigmática. - Ou talvez seja apenas para nos lembrar que o mundo está cheio de maravilhas que ainda não compreendemos.

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E assim, a história da águia dourada de Águas Frias tornou-se parte do folclore da aldeia, um conto para aquecer as noites frias de inverno, lembrando a todos que mesmo na mais tranquila das aldeias, há sempre espaço para o belo e o extraordinário.

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Conto & Fotografia: ©MárioSilva

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23
Nov24

"A Bruxa de Pedra" – conto fantástico do lendário de Águas Frias – Chaves – Portugal (2ª parte)


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"A Bruxa de Pedra"

conto fantástico do lendário

de Águas Frias – Chaves – Portugal

2ª parte

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À medida que Marinela crescia, a sua fascinação pela lenda da "Bruxa de Pedra" apenas se intensificava.

Ela passava horas observando a fraga imponente, estudando cada detalhe do seu rosto pétreo, imaginando as histórias que aquelas feições esculpidas poderiam contar.

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Na sua mente jovem e fértil, Marinela criava cenários fantásticos, onde a bruxa petrificada era uma guardiã poderosa, protegendo a aldeia de forças malignas que ameaçavam a sua tranquilidade.

Outras vezes, ela a imaginava como uma feiticeira ambiciosa, punida por desafiar os próprios deuses da natureza.

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Impulsionada pela sua curiosidade insaciável, Marinela decidiu embarcar numa jornada de descoberta, determinada a desvendar os mistérios que envolviam a "Bruxa de Pedra".

Ela explorou cada recanto da aldeia, entrevistando os anciãos e coletando fragmentos de histórias e lendas que haviam sido transmitidas por gerações.

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A suas investigações levaram-na a antigas ruínas escondidas nas profundezas das montanhas, onde encontrou inscrições enigmáticas e símbolos místicos gravados nas pedras.

Marinela estudou esses vestígios com afinco, buscando pistas que pudessem revelar a verdadeira origem da lenda.

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Nas suas explorações, Marinela encontrou um antigo grimório, um livro de feitiços e encantamentos que havia sido preservado por séculos.

As suas páginas amareladas continham segredos místicos e rituais arcanos, alguns dos quais pareciam estar relacionados à lenda da "Bruxa de Pedra".

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Com o coração palpitante de emoção, Marinela decodificou os textos antigos, desvendando pistas sobre uma antiga feiticeira que havia vivido naquelas terras há séculos.

Segundo o grimório, essa poderosa bruxa havia sido a guardiã de um conhecimento ancestral, protegendo os segredos da natureza de mãos ambiciosas.

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No entanto, um dia, ela foi desafiada por um feiticeiro malévolo, que buscava dominar esses conhecimentos para os seus próprios propósitos sombrios.

Uma batalha épica se desenrolou, sacudindo as próprias montanhas com a força dos feitiços lançados.

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No clímax desse confronto, a bruxa invocou um encantamento supremo, transformando-se em pedra para selar o feiticeiro maligno e proteger os segredos da terra para sempre.

O seu corpo petrificado ergueu-se como a "Bruxa de Pedra", uma sentinela eterna vigiando a aldeia e preservando o equilíbrio entre a magia e a natureza.

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Marinela ficou extasiada com essa revelação e a sua mente ardia com as implicações dessa descoberta.

Ela compreendeu que a lenda da "Bruxa de Pedra" não era apenas um conto fantástico, mas uma história real, enraizada na própria história da aldeia e nos mistérios ancestrais que haviam sido guardados por gerações.

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Com essa nova compreensão, Marinela tornou-se a guardiã da lenda da "Bruxa de Pedra".

Ela compartilhava as suas descobertas com os moradores da aldeia, reavivando o respeito e a admiração por essa figura mítica que havia protegido as suas terras por tanto tempo.

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Marinela organizou festivais e celebrações em homenagem à "Bruxa de Pedra", onde as histórias eram contadas e encenadas, mantendo viva a chama da tradição.

Ela encorajou os jovens a explorar a riqueza cultural da aldeia, incentivando-os a valorizar as suas raízes e a preservar os mistérios que haviam sido transmitidos por gerações.

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Com o passar dos anos, Marinela tornou-se uma anciã respeitada, uma contadora de histórias cujas narrativas eram aguardadas com ansiedade pelos moradores da aldeia.

As suas palavras evocavam imagens vívidas da "Bruxa de Pedra", transportando os ouvintes para um mundo de magia e mistério.

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E assim, a lenda da "Bruxa de Pedra" continuou a ecoar pelas ruas estreitas de Trás-os-Montes, uma história fantástica que se entrelaçava com a própria essência da aldeia.

Graças aos esforços de Marinela e de tantos outros guardiões da tradição, essa lenda permaneceu viva, inspirando gerações futuras a explorar os mistérios do passado e a valorizar a rica herança cultural que as cercava.

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Perlimpimpim, a estória chegou ao fim …

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva (com a colaboração e testemunho de Marinela)

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22
Nov24

"A Bruxa de Pedra" – conto fantástico do lendário de Águas Frias – Chaves – Portugal (1ª parte)


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"A Bruxa de Pedra"

conto fantástico do lendário de Águas Frias –

Chaves – Portugal

1ª parte

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Nas profundezas da região montanhosa de Trás-os-Montes, em Portugal, uma pequena aldeia repousava pacificamente, cercada por vales verdejantes e cumes rochosos que desafiavam o céu.

Ali, o ritmo da vida seguia um compasso antigo, ditado pelas estações e pelos ciclos da natureza. As ruas de pedra testemunhavam o passar dos séculos, enquanto os habitantes cultivavam a terra com mãos calejadas, preservando tradições que haviam sido transmitidas de geração em geração.

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No meio dessa tapeçaria rural, erguia-se uma formação rochosa singular, uma fraga imponente que parecia vigiar a aldeia com um olhar pétreo.

A sua silhueta era esculpida pelas forças da natureza, modelada ao longo de eras por ventos implacáveis e chuvas incessantes.

E, como se por uma brincadeira caprichosa do destino, o seu perfil lembrava um rosto humano, com traços severos e uma expressão austera.

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Os habitantes locais chamavam-na de "A Bruxa de Pedra", e a sua presença dominava tanto a paisagem quanto as histórias que se contavam ao redor das lareiras nas noites frias.

Ao cair da noite, quando as famílias se reuniam em torno do calor acolhedor das lareiras, as vozes dos mais velhos se erguiam, repletas de mistérios e segredos ancestrais.

Era nessas ocasiões que a lenda da "Bruxa de Pedra" ganhava vida, transmitida de boca em boca, como um tesouro precioso a ser guardado e compartilhado.

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Alguns contavam que, em tempos imemoriais, uma poderosa feiticeira havia caminhado por aquelas terras, dominando os elementos com os seus feitiços e invocações.

A sua magia era tão intensa que despertava tanto temor quanto admiração nos corações dos aldeões.

Diziam que, num ato de arrogância, ela ousou desafiar as forças da natureza, tentando roubar os segredos mais profundos da terra.

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Como punição pela sua ousadia, a feiticeira foi transformada em pedra pelo próprio poder que buscava dominar.

O seu corpo petrificado ergueu-se como uma sentinela silenciosa, condenada a vigiar eternamente a aldeia que um dia ameaçou subjugar com a sua magia sombria.

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Outros, no entanto, sussurravam que a própria bruxa havia escolhido aquela forma rochosa, renunciando à sua humanidade em troca de uma existência imortal.

Segundo essas histórias, ela havia metamorfoseado-se em pedra para vigiar perpetuamente a aldeia, protegendo-a de ameaças ocultas e preservando os mistérios da terra que tanto amava.

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Enquanto as histórias sobre a "Bruxa de Pedra" ecoavam pelas ruas estreitas da aldeia, uma jovem chamada Marinela bebia avidamente cada palavra, permitindo que a sua imaginação fosse alimentada por essas narrativas fantásticas.

Com apenas doze anos, ela já se havia tornado uma depositária dessas lendas, guardando-as como tesouros preciosos no seu coração.

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Marinela era uma criança curiosa, com olhos brilhantes que pareciam refletir a própria magia da terra.

Ela cresceu ouvindo as histórias contadas pela sua avó, uma mulher sábia que conhecia todos os segredos da aldeia e os ensinamentos antigos que haviam sido passados de geração em geração.

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À noite, quando a lua cheia banhava a aldeia com sua luz prateada, Marinela sentava-se aos pés da sua avó, hipnotizada pelas narrativas que fluíam dos seus lábios.

Ela ouvia atentamente as descrições da feiticeira poderosa que desafiou as forças da natureza, ou da bruxa que escolheu uma forma rochosa para vigiar eternamente a aldeia.

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Cada detalhe, cada nuance dessas lendas, era cuidadosamente absorvido por Marinela, que as guardava na sua mente como pequenas joias preciosas.

Ela sonhava em explorar os mistérios que envolviam a "Bruxa de Pedra", imaginando-se como uma intrépida aventureira desvendando os segredos daquela formação rochosa enigmática.

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Segundo alguns anciãos, em tempos remotos, uma feiticeira de poder inigualável havia percorrido aquelas terras, dominando os elementos com sua magia antiga.

O seu conhecimento era tão vasto que ela ousou desafiar as próprias forças da natureza, buscando roubar os segredos mais profundos da terra.

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Essa ousadia, no entanto, não passou despercebida pelas entidades que governavam o equilíbrio do mundo natural.

Como punição pela sua arrogância, a feiticeira foi transformada em pedra, seu corpo petrificado erguendo-se como um monumento à sua ambição desmedida.

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Outras vozes, no entanto, contavam uma história diferente.

Elas sussurravam que a própria bruxa havia escolhido aquela forma rochosa, renunciando à sua humanidade em troca de uma existência imortal.

Segundo essas narrativas, ela havia metamorfoseado-se em pedra para vigiar perpetuamente a aldeia, protegendo-a de ameaças ocultas e preservando os mistérios da terra que tanto amava.

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Algumas variações dessas lendas sugeriam que a bruxa havia sido uma guardiã benigna, enquanto outras a retratavam como uma força sombria e ameaçadora.

Independentemente da versão, todas essas histórias convergiam para a imponente fraga que dominava a paisagem, a sua silhueta esculpida pelo tempo e pelas forças da natureza.

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Marinela bebia avidamente cada uma dessas narrativas, permitindo que a sua imaginação fosse alimentada por essas lendas fantásticas.

Ela sonhava em desvendar os mistérios que envolviam a "Bruxa de Pedra", explorando cada nuance e cada detalhe que pudesse revelar a verdade por trás daquela formação rochosa enigmática.

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Se você é fascinado por histórias de magia, mistério e lendas antigas, não perca a oportunidade de explorar a rica cultura e as tradições encantadoras de Trás-os-Montes, Portugal.

Planeie a sua viagem hoje mesmo e mergulhe nesse mundo de contos fantásticos, onde a natureza e a imaginação se fundem numa tapeçaria deslumbrante.

Descubra os segredos da "Bruxa de Pedra" e deixe-se encantar por esta região mágica, onde o passado e o presente se entrelaçam numa dança eterna de mistério e encantamento.

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(A estória continua … amanhã, se, entretanto, não houver algum encantamento que o impeça)

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva (com a colaboração e testemunho de Marinela)

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27
Set24

A Lenda do Medronheiro (Arbutus unedo): A Árvore do Diabo


Mário Silva Mário Silva

A Lenda do Medronheiro (Arbutus unedo)

A Árvore do Diabo

Uma história que se perde no tempo

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O medronheiro, árvore tão característica da nossa flora, envolve-se em lendas e mistérios que se transmitem de geração em geração.

Uma das mais conhecidas e intrigantes associa esta árvore ao próprio Diabo.

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Diz a lenda que o Diabo, invejoso da beleza e da abundância dos frutos do medronheiro, lançou sobre ele uma maldição.

Os medronhos, tão saborosos e apreciados, começariam a amadurecer no outono, mas atingiriam o ápice do seu sabor e do seu teor alcoólico justamente na noite de Natal.

E nessa mesma noite, misteriosamente, desapareceriam.

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Diz-se que o Diabo, fiel à sua promessa, volta para colher os frutos que lhe pertencem, para celebrar a sua vitória sobre a criação divina.

Outros acreditam que os animais da floresta, atraídos pelo aroma intenso e pelo sabor inebriante dos medronhos maduros, os devoram todos em uma única noite.

Há ainda quem defenda que a natureza, na sua sabedoria infinita, esconde os frutos para protegê-los e garantir a sobrevivência da espécie.

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Na realidade, a explicação para o desaparecimento dos medronhos é bem mais prosaica.

Os frutos maduros, com alto teor alcoólico, fermentam rapidamente, caindo ao chão e sendo rapidamente consumidos por animais ou se decompondo.

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Apesar de ser uma lenda, a história do medronheiro e do Diabo continua a fascinar e a ser contada por todo o país.

A aguardente de medronho, bebida tradicional obtida a partir da fermentação dos frutos, é muitas vezes associada a esta lenda, reforçando a aura de mistério que envolve esta árvore.

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Para além da lenda, o medronheiro possui um profundo significado cultural e simbólico.

A sua resistência e a sua capacidade de se adaptar a solos pobres representam a força e a perseverança do povo português.

Os seus frutos, símbolo da abundância e da festa, são um lembrete da importância de celebrar a vida e os ciclos da natureza.

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Em conclusão, a lenda do medronheiro é mais do que uma simples história.

É uma expressão da nossa cultura, da nossa relação com a natureza e da nossa busca por explicações para os mistérios que nos rodeiam.

Seja qual for a verdade por detrás desta lenda, o medronheiro continuará a ser uma árvore especial, carregada de história e de significado.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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19
Jun24

A lenda medieval da Ponte do "Arquinho" - Chaves – Portugal


Mário Silva Mário Silva

A lenda medieval da Ponte do "Arquinho"

Chaves – Portugal

Era uma vez, em tempos antigos e esquecidos, na encantadora, outrora, vila de Chaves, em Portugal, existia uma pequena ponte de pedra conhecida como a Ponte do Arquinho.

Esta ponte, construída há séculos, ligava as duas margens de um riacho cristalino que serpenteava pela floresta densa.

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A lenda conta que a Ponte do Arquinho foi erguida por um habilidoso pedreiro chamado Domingos da Raia, que era conhecido na região pelas suas obras magníficas e duradouras.

No entanto, esta ponte não era uma construção comum.

Domingos da Raia havia feito um pacto secreto com uma fada da floresta chamada Liana, que tinha poderes sobre a natureza e os elementos.

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Liana prometeu a Domingos da Raia que a ponte seria indestrutível e que resistiria ao tempo e às intempéries, mas em troca, ele deveria jurar proteger a floresta e seus seres mágicos.

Domingos da Raia aceitou o pacto e, com a ajuda da magia de Liana, ergueu a Ponte do Arquinho com uma precisão e beleza incomparáveis.

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Durante muitos anos, a ponte serviu aos habitantes da vila, que atravessavam o riacho em segurança.

Diziam que, nas noites de lua cheia, era possível ver a figura etérea de Liana caminhando sobre a ponte, vigiando a sua criação e garantindo que o seu acordo fosse mantido.

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Certa vez, um grupo de forasteiros cobiçosos tentou destruir a ponte para obter as pedras preciosas que acreditavam estar escondidas na sua estrutura.

No entanto, ao tocarem na ponte com intenções maliciosas, foram repelidos por uma força invisível.

Liana, fiel ao seu pacto, usou a sua magia para proteger a ponte e afugentar os intrusos.

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Com o passar dos séculos, a vila de Chaves prosperou, mas a Ponte do Arquinho permaneceu um símbolo de união entre o homem e a natureza.

Os moradores locais contavam a lenda para seus filhos, ensinando-os a respeitar e proteger a floresta e as suas criaturas mágicas.

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Hoje, a Ponte do Arquinho ainda está de pé, um testemunho silencioso da aliança entre Domingos da Raia e Liana.

Aqueles que atravessam a ponte sentem uma sensação de paz e harmonia, e os mais atentos ainda podem ouvir, no murmúrio do riacho, o sussurro da fada Liana, guardiã eterna da Ponte do Arquinho.

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Lenda & Fotografia: ©MárioSilva

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15
Abr24

A antiga lenda da galinha preta da aldeia transmontana de Águas Frias (Chaves) - Portugal


Mário Silva Mário Silva

A antiga lenda da galinha preta da aldeia transmontana de Águas Frias (Chaves) - Portugal

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A aldeia de Águas Frias, no concelho de Chaves, em Trás-os-Montes, Portugal, é uma pequena aldeia com uma população envelhecida e em declínio.

A aldeia é conhecida pela sua beleza natural, mas também por uma antiga lenda que fala de uma galinha preta que assombra a região.

A lenda diz que a galinha preta é o fantasma de uma mulher que foi amaldiçoada por um bruxo.

A mulher era uma jovem bonita e vaidosa que vivia na aldeia.

Um dia, ela encontrou um bruxo na floresta do Barros e ele ofereceu-lhe a juventude eterna em troca de sua alma.

A mulher aceitou a oferta, mas logo se arrependeu.

Ela tornou-se uma galinha preta e foi condenada a vagar pela terra para sempre.

A galinha preta é vista como um símbolo da solidão e do isolamento dos habitantes da aldeia.

A lenda reflete o medo do desconhecido e do sobrenatural, que é comum em muitas comunidades rurais.

A fotografia mostra uma galinha preta em pé num campo com erva.

A galinha está cercada por árvores e flores, mas ela parece solitária e isolada.

A imagem captura a beleza natural da região, mas também a sensação de solidão e isolamento que é sentida pelos habitantes da aldeia.

A solidão é um problema crescente em muitas áreas rurais de Portugal.

A população de Águas Frias está envelhecendo e muitos jovens deixaram a aldeia para procurar melhores oportunidades nas cidades e estrangeiro.

Isso deixou muitos idosos isolados e solitários.

A lenda da galinha preta pode ser vista como uma metáfora para a solidão dos habitantes da aldeia.

A galinha preta é uma criatura solitária que é condenada a vagar pela terra para sempre.

Da mesma forma, os habitantes da aldeia são muitas vezes solitários e isolados do resto do mundo.

A lenda da galinha preta da aldeia de Águas Frias é uma história triste e comovente que fala da solidão e do isolamento dos seus habitantes.

A lenda é uma chamada de atenção para os desafios que enfrentam as comunidades rurais em Portugal.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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10
Abr24

A Lenda do Fantasma do Castelo de Monforte de Rio Livre – Águas Frias (Chaves) - Portugal


Mário Silva Mário Silva

A Lenda do Fantasma do Castelo de Monforte de Rio Livre

Águas Frias (Chaves) - Portugal

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O Castelo de Monforte de Rio Livre, situado na freguesia de Águas Frias, em Chaves, Portugal, é uma imponente fortificação medieval que guarda muitos segredos e histórias.

Uma das mais intrigantes é a lenda do fantasma que assombra os seus muros há séculos.

Diz a lenda que o fantasma é o espírito de D. Maria de Noronha, uma jovem condessa que viveu no castelo no século XIV.

Era conhecida pelar sua beleza e gentileza, mas também pelo seu temperamento forte e rebelde.

Um dia, D. Maria apaixonou-se por um cavaleiro de origem humilde, contrariando a vontade de seu pai, o Alcaide de Monforte.

O alcaide, furioso com a desobediência da filha, trancou-a na torre do castelo.

Desesperada e sem esperança, D. Maria suicidou-se, atirando-se da torre.

Diz-se que seu fantasma ainda vagueia pelo interior do castelo, vestindo um longo vestido branco e carregando uma vela.

O fantasma de D. Maria é frequentemente visto por visitantes e moradores da região.

Alguns relatam ter visto a figura branca caminhando pelo interior da torre de menagem, enquanto outros ouvem os seus lamentos e sussurros.

Diz-se que o fantasma de D. Maria busca redenção pelos seus pecados.

Ela aparece para aqueles que estão em perigo, alertando-os sobre eventos futuros e ajudando-os a encontrar o caminho certo.

A lenda do fantasma do Castelo de Monforte de Rio Livre é uma das mais populares da região. Ela contribui para a aura de mistério e encanto que rodeia o castelo, atraindo visitantes de todo o mundo.

A foto mostra uma pilha de pedras num campo com erva.

As pedras podem ser os restos de uma antiga torre ou muralha do castelo. A erva verdejante representa a vida que continua, mesmo após a morte.

A lenda do fantasma do Castelo de Monforte de Rio Livre é uma história rica em simbolismo e significado.

Ela lembra-nos que o passado nunca está completamente morto e que as nossas ações podem ter consequências duradouras.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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17
Jan24

A lenda da Pedra Bolideira - Chaves - Portugal


Mário Silva Mário Silva

A lenda da Pedra Bolideira

Chaves - Portugal

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A lenda da Pedra Bolideira

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A lenda da Pedra Bolideira é uma das lendas mais populares do distrito de Chaves, em Portugal. Conta a história de uma enorme fraga que, apesar do seu tamanho e peso, pode ser movimentada com um simples empurrão.

Segundo a lenda, a Pedra Bolideira foi descoberta por um pastor que apascentava os seus animais na zona. O pastor reparou que um dos seus carneiros, ao coçar os chifres na pedra, a fazia mexer.

A descoberta do fenómeno atraiu a atenção de muitos curiosos, que começaram a visitar a pedra para ver por si próprios como ela funcionava.

A explicação científica para o fenómeno é que a pedra está apoiada sobre uma base de areia e cascalho. Este solo é fofo e móvel, o que permite que a pedra se balance com um pequeno impulso.

No entanto, a lenda continua a ser popular, e muitos acreditam que a pedra tem propriedades mágicas.

A Pedra Bolideira está localizada na freguesia de Bobadela, a cerca de 18 quilómetros da cidade de Chaves. É um ponto de interesse turístico popular, e é possível visitar a pedra e experimentar o seu fenómeno.

A lenda da Pedra Bolideira é um exemplo da riqueza cultural e folclórica de Portugal.

É uma história que fascina e intriga as pessoas há séculos, e que continua a ser contada e recontada até hoje.

Parece impossível, mas que ela mexe (bole), lá isso mexe (bole).

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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07
Jun23

Monforte de Rio Livre assombrado e da aia cativa (2.ª parte)


Mário Silva Mário Silva

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Lenda do castelo de

Monforte de Rio Livre assombrado

e da aia cativa

(2.ª parte)

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(… continuação)

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O misterioso desaparecimento da donzela

A lenda de Monforte de Rio Livre está impregnada de mistério. Um dos seus mistérios mais duradouros é o da donzela mantida em cativeiro no antigo castelo - e o seu estranho desaparecimento.

Durante séculos, os habitantes locais têm-se interrogado sobre o que lhe terá acontecido. Alguns afirmam que ela foi raptada por um grupo de vilões da aldeia local, enquanto outros acreditam que ela simplesmente desapareceu no ar. Seja qual for o caso, o seu desaparecimento continua a ser um mistério por resolver até aos dias de hoje.

Os pormenores que envolvem a sua prisão variam ligeiramente, dependendo de quem conta a história. Alguns dizem que foi fechada numa torre e escondida, enquanto outros afirmam que um poderoso feiticeiro a enfeitiçou, impedindo qualquer pessoa de a ver ou falar diretamente com ela.

Ao longo dos anos, foram lançadas inúmeras expedições com o objetivo de descobrir o que aconteceu à donzela e desvendar os segredos de Monforte de Rio Livre. No entanto, todas as tentativas foram infrutíferas e nunca ninguém encontrou indícios claros do que lhe terá acontecido.

Até hoje, o destino da donzela permanece desconhecido e envolto em mistério - uma homenagem final a uma antiga lenda de romance e aventura que cativará os leitores durante séculos.

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O castelo ainda hoje é assombrado? Lendas e avistamentos

A lenda do castelo assombrado de Monforte de Rio Livre e da donzela cativa mantém-se viva até hoje. Muitas testemunhas afirmam ter visto ocorrências estranhas e sinistras no castelo e nas suas imediações, alimentando a especulação de que o castelo é, de facto, ainda assombrado por um espírito inquieto.

Alguns dos fenómenos mais relatados incluem visões e sons de uma mulher desconhecida a chorar, aparições fantasmagóricas a pairar no pátio do castelo, luzes tremeluzentes no interior das muralhas do castelo à noite e uivos estranhos vindos do interior. Segundo o folclore local, todos estes fenómenos são provas de uma presença fantasmagórica inquieta em busca da sua amada perdida.

Outros relatos incluem pontos frios em certos locais do castelo, sensação de estar a ser observado, rajadas de vento inexplicáveis dentro das instalações - todos os sinais que apontam para alguma forma de atividade paranormal dentro das muralhas do Castelo de Monforte de Rio Livre. Embora ainda não existam provas concretas que confirmem estas alegações, uma coisa é certa - se alguma vez se encontrar perto deste local, mantenha os olhos bem abertos para qualquer coisa fora do normal!

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Conclusão

A história do Castelo Assombrado de Monforte de Rio Livre e da Donzela Cativa é um conto cheio de mistério, suspense e romance que tem sido transmitido através de gerações em Portugal. É uma história fascinante que combina o sobrenatural com o amor cortês de outrora. O conto lembra-nos que o amor é mais forte do que qualquer outra força no universo e que a boa vontade e a coragem prevalecerão sempre. Quer se acredite ou não na lenda, a história do Castelo Assombrado de Monforte de Rio Livre e da Donzela Cativa vai certamente cativar e inspirar.

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Texto e Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
11
Abr20

Águas Frias (Chaves) - ... o Folar da Páscoa ...


Mário Silva Mário Silva

 

Lenda do Folar da Páscoa

A lenda do folar da Páscoa é tão antiga que se desconhece a sua data de origem.

Reza a lenda que, numa aldeia portuguesa, vivia uma jovem chamada Mariana que tinha como único desejo na vida o de casar cedo. Tanto rezou a Santa Catarina que a sua vontade se realizou e logo lhe surgiram dois pretendentes: um fidalgo rico e um lavrador pobre, ambos jovens e belos. A jovem voltou a pedir ajuda a Santa Catarina para fazer a escolha certa. 

Enquanto estava concentrada na sua oração, bateu à porta Amaro, o lavrador pobre, a pedir-lhe uma resposta e marcando-lhe como data limite o Domingo de Ramos. Passado pouco tempo, naquele mesmo dia, apareceu o fidalgo a pedir-lhe também uma decisão. Mariana não sabia o que fazer.

Chegado o Domingo de Ramos, uma vizinha foi muito aflita avisar Mariana que o fidalgo e o lavrador se tinham encontrado a caminho da sua casa e que, naquele momento, travavam uma luta de morte. Mariana correu até ao lugar onde os dois se defrontavam e foi então que, depois de pedir ajuda a Santa Catarina, Mariana soltou o nome de Amaro, o lavrador pobre.

Na véspera do Domingo de Páscoa, Mariana andava atormentada, porque lhe tinham dito que o fidalgo apareceria no dia do casamento para matar Amaro. Mariana rezou a Santa Catarina e a imagem da Santa, ao que parece, sorriu-lhe.
No dia seguinte, Mariana foi pôr flores no altar da Santa e, quando chegou a casa, verificou que, em cima da mesa, estava um grande bolo com ovos inteiros, rodeado de flores, as mesmas que Mariana tinha posto no altar. Correu para casa de Amaro, mas encontrou-o no caminho e este contou-lhe que também tinha recebido um bolo semelhante.

Pensando ter sido ideia do fidalgo, dirigiram-se a sua casa para lhe agradecer, mas este também tinha recebido o mesmo tipo de bolo. Mariana ficou convencida de que tudo tinha sido obra de Santa Catarina.

Inicialmente chamado de folore, o bolo veio, com o tempo, a ficar conhecido como folar e tornou-se numa tradição que celebra a amizade e a reconciliação. Durante as festividades cristãs da Páscoa, os afilhados costumam levar, no Domingo de Ramos, um ramo de violetas à madrinha de batismo e esta, no Domingo de Páscoa, oferece-lhe em retribuição um folar.

in: https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$lenda-do-folar-da-pascoa

 

 

 

Até breve!!!!!

 

 

            

 

 

 

 

Mário Silva 📷
29
Jun19

Águas Frias (Chaves) - …A lenda (imaginária) da aparição da imagem de S. Pedro (lenda de 29 de junho de 2019) …


Mário Silva Mário Silva

 

… A lenda (imaginária) da aparição da imagem de

S. Pedro

(lenda de 29 de junho de 2019)

 

Águas Frias (Chaves) - ... A lenda (imaginária) da aparição da imagem de S. Pedro (lenda de 29 de junho de 2019) … …A lenda (imaginária) da aparição da imagem de S. Pedro (lenda de 29 de junho de 2019) …

 

Estavamos em meados do séc. XVIII (não se podendo, com exatidão, saber o ano), quando num dia invernoso, chovendo, ventando e trovoando, como, até então não se tinha observado por estas Terras de Monforte. O Castelo de Monforte de Rio Livre, as ruínas do seu povoado e até a sua igreja, já abandonadas e em ruínas, pois as suas Gentes já tinham descido a encosta da serra do Brunheiro e instalaram-se na sua base, pois era um sítio mais abrigado, menos agreste às intempéries e terrenos mais férteis e produtivos. Como ia dizendo, o tempo tempestuoso invadiu com uma fúria as muralhas, castelo e tudo à sua volta, destruindo o pouco o que ainda restava … Passados uns tempos, a Povoação subiu, a pé e a cavalo, para ver a devastação do local onde tiveram a sua origem. Desolados, foram até às ruínas da igreja, onde ainda tinham ficado as imagens, pois ainda não tinham construído um outro lugar religioso, digno das ditas imagens...

Foi então que a sua desolação ainda ficou mais forte … nos restos das ruínas, faltava a imagem, talhada em madeira do seu Santo predileto, … a imagem de S. Pedro. Possivelmente, dizia-se, de orelha a orelha, que o S. Pedro, pescador de peixes e Homens, teria aproveitado as enxurradas e navegado pelo Rio Livre ou outro qualquer ribeiro e zangado pelo seu abandono, teria “navegado” para outras paragens. O Povo entristeceu e lagrimas iam caindo (mesmo os fortes homens, não deixaram escapar uma gota lacrimal, pelo canto do olho)…

Os anos foram passando e o episódio (como vai sendo hábito nos humanos), foi caindo no esquecimento….

….

Andava o Sr. Bernaldo Soares, pelos montes e vales, pois tinha a fama de ter o maior rebanho de cabras e ovelhas, de toda a Terra de Monforte, quando numa tarde de muito calor (estava-se no início do Verão), vendo que ele e os seus animais estavam a ficar afogueados, encaminhou-se para umas terras que viu carregada de árvores, dando a sombra desejada e sabia que por lá passava um ribeiro, que saciaria a sede dos seus estimados animais. Se assim pensou, assim o fez.

Deixou o seu extenso rebanho, comendo as tenras ervas da margem e bebericando a água que corria, ainda com alguma abundância (naquele tempo, nos ribeiros ainda corria água !!!).

 Sempre vigiando as suas cabras, cabritos, ovelhas e cordeiros, escolheu uma pequena fraga na beira do ribeiro, pois sentia a frescura da sobra das árvores e da água a correr. Ficou de olhar meio abstrato, deixando passar o Tempo …

Mas …. “O que é aquilo, no meio das ervas, junto à água?” – perguntou ele, a ele mesmo.

Não é fraga, … não é peixe … não é animal … !!!!!

De um só lanço, levantou-se e até empurrando uma cabrita que por ali pastava, dirigiu-se para o local da sua estranha visão.

Os seus arregalaram-se, queria fala, mas não conseguia, queria pegar-lhe, mas o seu corpo ficou imóvel … Mas … mas, é uma escultura em madeira pintada  … é uma imagem de um santo …

É o S. Pedro …

De repente, lembrou-se das histórias que os seus avós e pais lhe contavam ao serão …

Passado o momento de inação, passou para um momento de emoção e … mesmo deixando o seu rebanho sem guarda, correu até à Aldeia de Águas Frias, para contar o acontecido.

Lá chegando, mal conseguindo falar, levantou a imagem para um grupo de homens e mulheres que se juntavam no largo, junto à taberna.

Logo, a voz de um ancião, gritou: “É o Nosso S. Pedro, perdido …”

As vozes foram aumentando de volume: “S. Pedro, … S. Pedro, … S. Pedro”.

De entre todos um exclama, com devoção: “Vocês ainda não entenderam? Hoje é dia 29 de Junho. É Dia de S. Pedro. Ele voltou para Nós. !!!!

O Ancião, prometeu, ali mesmo que, como mais velho ficaria à sua guarda a imagem e que após as colheitas, todo o Povo daria uma parte do que cultivaram, para edificar uma igreja …

Uma grande igreja, em honra de S. Pedro, que seria o padroeiro de Águas Frias.

A igreja com o esforço de Todos os Aquafrigidenses (trabalharam mais terras para angariaram mais verbas para a edificação de uma grande e bela Igreja.

A Igreja, ainda hoje existe, e a imagem em madeira de S. Pedro, ainda hoje está no lugar do orago de Águas Frias, continuando a olhar para o seu Povo, que de novo o acolheu e deu um lugar de relevo como merecia.

“O Bom Filho à sua Casa torna.”

 

(lenda que poderá vir a ser …!!!, daqui a quinhentos anos, embora tenha sido escrita pela primeira vez, por mim, no dia de S. Pedro de 2019) – autoria de Mário Silva

 

Águas Frias (Chaves) - ... s. Pedro - orago da Aldeia (Igreja matriz)

“Sobre esta Pedra edificarei a Igreja”

Bom dia de S. Pedro

 

 

Até breve !!!

 

 

 

 

 

 

 

Mário Silva 📷

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