Um dia gelado numa aldeia remota de Trás-os-Montes
Mário Silva Mário Silva
Um dia gelado numa aldeia remota de
Trás-os-Montes
Numa aldeia escondida no interior transmontano, o dia amanheceu frio, ventoso e coberto de neve.
As casas de pedra, com os seus telhados brancos, pareciam pequenas ilhas num mar de neve.
O vento uivava pelas ruas estreitas, levantando pequenos redemoinhos de neve que dançavam ao seu sabor.
Numa dessas casas, a lareira estava acesa, quebrando o silêncio da casa vazia.
A lenha de carvalho crepitava, lançando faíscas que iluminavam o rosto de uma velhinha sentada junto ao fogo.
Tinha um xaile pelos ombros, protegendo-a do frio que se fazia sentir.
Os seus olhos, marcados pelo tempo, refletiam as chamas que dançavam na lareira.
A velhinha, Dona Maria, era a única habitante daquela casa.
Vivia sozinha desde que o seu marido, um antigo pastor da região, tinha partido.
Agora, passava os seus dias entre as paredes de pedra da sua casa, aquecida pelo fogo da lareira e pelas memórias de tempos mais felizes.
Nesse dia de frio, vento e neve, Dona Maria sentou-se junto à lareira, como fazia todos os dias. O xaile pelos ombros dava-lhe algum conforto, mas era o calor do fogo que realmente a aquecia.
Olhava para as chamas, perdida nos seus pensamentos, enquanto a lenha de carvalho crepitava, quebrando o silêncio da casa.
Fora, a neve continuava a cair, cobrindo a aldeia com um manto branco.
O vento uivava, como se quisesse entrar na casa e juntar-se a Dona Maria junto à lareira.
Mas a velhinha não se deixava perturbar.
Estava em paz, aquecida pelo fogo e pelas suas memórias, num dia de frio, vento e neve, numa aldeia do interior transmontano.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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