"Altar lateral da igreja Matriz de Santa Marta" (Vila Frade - Chaves - Portugal)
Mário Silva Mário Silva
"Altar lateral da igreja Matriz de Santa Marta"
(Vila Frade - Chaves - Portugal)
A imagem apresenta um altar lateral ornamentado, caracterizado por uma exuberante talha dourada que cobre a estrutura, exibindo um trabalho artesanal intricado.
A moldura do altar é composta por arabescos, volutas e elementos florais esculpidos, típicos da arquitetura barroca portuguesa, que conferem um brilho opulento ao conjunto.
No centro, destaca-se a figura de Jesus Cristo crucificado, uma escultura realista que domina a composição.
O seu corpo, esculpido com expressiva dor e resignação, está suspenso na cruz, com os braços abertos e a cabeça inclinada.
Acima da cruz, uma placa com a inscrição "INRI" (Iesus Nazarenus, Rex Iudaeorum - Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus) reforça o contexto bíblico da crucificação.
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À esquerda da cruz, encontra-se a estátua de Nossa Senhora das Dores, vestida com um manto azul-escuro e véu, segurando um lenço ou as mãos em gesto de lamento.
A sua expressão serena, mas carregada de tristeza, reflete a tradicional iconografia mariana associada ao sofrimento materno diante da morte do filho.
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Ao redor das figuras principais, pequenas estátuas de anjos e santos adornam as colunas laterais, adicionando uma camada de espiritualidade e hierarquia celestial.
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No topo do altar, um painel pintado retrata uma cena religiosa, possivelmente a deposição de Cristo da cruz ou uma representação da Virgem e dos santos, envolta por uma aura de luz que sugere santidade.
A luz natural que entra pela janela à direita ilumina suavemente o altar, criando um contraste entre as áreas douradas e as sombras, enquanto os azulejos decorativos na parede inferior, com padrões geométricos e florais, complementam a estética tradicional portuguesa.
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Este altar é um testemunho da rica tradição religiosa e artística de Portugal, especialmente na região de Trás-os-Montes, conhecida pelas suas igrejas barrocas.
A talha dourada simboliza a glória divina e a riqueza espiritual, um recurso comum nas igrejas portuguesas para honrar a fé e atrair os fiéis.
A presença de Jesus crucificado e de Nossa Senhora das Dores evoca o núcleo da narrativa cristã: o sacrifício de Cristo e o sofrimento de Maria, que se tornaram ícones de redenção e compaixão.
Juntos, representam a Paixão de Cristo, um tema central na liturgia católica, especialmente durante a Quaresma e a Semana Santa.
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A luz que penetra pela janela pode ser interpretada como um símbolo de esperança ou da presença divina, iluminando o altar como um farol de fé num meio carregado de penumbra.
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Os azulejos, típicos da cultura portuguesa, ligam a obra ao património local, refletindo a identidade cultural de Vila Frade e Chaves.
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A assinatura de Mário Silva no canto inferior direito sugere uma valorização pessoal do fotógrafo por esta peça de devoção e arte, capturando não apenas a beleza visual, mas também a profundidade espiritual do local.
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Em conclusão, a fotografia de Mário Silva transcende a mera representação visual, oferecendo uma janela para a história, a fé e a arte de uma comunidade.
O altar lateral da igreja Matriz de Santa Marta é mais do que um objeto decorativo; é um espaço de contemplação, onde a dor, a glória e a esperança se entrelaçam, preservadas pela lente sensível do fotógrafo.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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