Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

MÁRIO SILVA - Fotografia, Pintura & Escrita

*** *** A realidade é a "minha realidade" em imagens (fotografia, pintura) e escrita

09
Nov25

Igreja de São Martinho – Ervedosa – Vinhais – Bragança – Portugal


Mário Silva Mário Silva

Igreja de São Martinho

Ervedosa – Vinhais – Bragança – Portugal

09Nov DSC04079_ms

A fotografia de Mário Silva retrata a Igreja de São Martinho, na aldeia de Ervedosa, no concelho de Vinhais, distrito de Bragança.

A igreja é uma construção em granito rústico, com uma tonalidade dourada, banhada pela luz intensa do final da tarde, que projeta sombras nítidas.

.

A fachada principal é marcada por uma torre sineira de dupla abertura, que se eleva acima do telhado de telha vermelha, e está coroada por uma cruz de pedra.

Na parte superior da fachada, no topo da empena, é visível um relógio de parede embutido na pedra.

A entrada principal, com uma porta de madeira escura, é ladeada por cantaria bem trabalhada.

A construção combina o granito à vista com paredes laterais caiadas de branco.

Um espelho de trânsito convexo em primeiro plano, no centro-direito, reflete a fachada de forma distorcida, introduzindo um elemento moderno no contexto histórico.

.

São Martinho: Do Soldado Romano ao Patrono da Generosidade e do Vinho Novo

A Igreja de São Martinho em Ervedosa (Vinhais) é um testemunho da profunda e antiga devoção portuguesa a este santo, cujo culto está intrinsecamente ligado à época do outono e à celebração do vinho novo.

A história de São Martinho de Tours, que se tornou um dos santos mais populares da Europa, explica a origem do famoso "Verão de São Martinho" e do ritual do Magusto.

.

A Origem do Culto: O Manto e a Caridade

O culto a São Martinho (316–397 d.C.) tem origem numa lenda que se tornou um símbolo de generosidade e misericórdia cristã.

Segundo a história, Martinho era um jovem soldado romano na Gália.

Num dia de inverno rigoroso, encontrou um mendigo quase nu à porta da cidade de Amiens.

Sem ter nada para oferecer, Martinho cortou a sua capa militar (o manto) a meio com a espada e deu metade ao mendigo.

.

Naquela noite, Martinho sonhou com Jesus, vestido com a metade do manto que havia dado.

Ao acordar, Martinho compreendeu que o ato de caridade era a sua verdadeira vocação, e a partir desse momento, dedicou a sua vida à fé.

Acabou por ser batizado e, mais tarde, nomeado Bispo de Tours, na França.

.

O Milagre do Verão de São Martinho

O dia da sua celebração, 11 de novembro, marca um período de melhoria climática no outono europeu, conhecido em Portugal como o Verão de São Martinho.

A lenda diz que o milagre da capa (o corte e a entrega do manto) foi recompensado por Deus com três dias de sol e calor inesperados para aquecer o pobre mendigo.

Este período é esperado anualmente em Portugal e celebrado com alegria.

.

O Magusto: Vinho Novo e Castanhas

A data de 11 de novembro coincide com o final das colheitas e o início da prova do vinho novo.

Assim, o culto a São Martinho ligou-se naturalmente ao ritual do Magusto, em que as famílias e comunidades se reúnem para assar castanhas na fogueira (em Trás-os-Montes, como em muitas outras regiões) e beber o vinho acabado de fazer ou a água-pé.

.

A Igreja de São Martinho em Ervedosa, com a sua arquitetura de granito, representa este pilar da tradição: um local de fé que resiste ao tempo e que, todos os anos, se torna o centro espiritual de uma festa que celebra a bondade, a memória do santo e a renovação dos frutos da terra.

.

Texto & Fotografia: ©MárioSilva

.

.

Mário Silva 📷
19
Out25

Igreja de Tortomil - Bouçoães – Valpaços – Portugal


Mário Silva Mário Silva

Igreja de Tortomil

Bouçoães – Valpaços – Portugal

19Out DSC03715_ms

A fotografia de Mário Silva retrata a Igreja de Tortomil, na freguesia de Bouçoães, Valpaços.

A imagem, capturada num ângulo que realça a verticalidade e a solidez da construção, mostra a igreja sob a luz forte do final da tarde, que cria um contraste acentuado entre a sombra e a iluminação.

.

A igreja é um exemplar de arquitetura religiosa em granito rústico, com as pedras de cor castanho-claro a formar a sua estrutura principal.

A fachada é simples, marcada por uma porta verde no centro.

Acima do telhado de barro, ergue-se uma sineira de dupla abertura, com um sino visível e coroada por uma cruz de pedra.

À direita da porta, uma pequena capela-altar (nichos para santos) está embutida na parede, contendo figuras religiosas, e encimada por uma cruz.

A luz incide diretamente na fachada, realçando a textura da pedra, enquanto o céu azul-claro serve de fundo.

.

A Igreja de Tortomil: Um Pilar de Pedra e Fé no Coração de Trás-os-Montes

A Igreja de Tortomil, no concelho de Valpaços, é um exemplar modesto, mas profundamente enraizado, da arquitetura e da espiritualidade transmontana.

Longe da grandiosidade dos templos urbanos, esta igreja de aldeia simboliza a fé inabalável e a resiliência das comunidades rurais.

Ela é o coração de Tortomil, um ponto de encontro e um farol de esperança ao longo dos séculos.

.

A Expressão da Arquitetura Rústica

A igreja é construída quase inteiramente em granito, a pedra farta e duradoura da região.

Esta escolha de material não é um acaso; ela reflete a solidez e a tenacidade das gentes de Trás-os-Montes.

A fachada é despojada, com a beleza a residir na simplicidade da sua forma e na honestidade do material.

A sineira de dupla abertura, que se eleva acima do telhado, é o elemento mais decorativo e funcional, pois o som dos seus sinos marca o ritmo da vida na aldeia, da missa dominical aos anúncios de festividades ou luto.

.

Devoção e Identidade Comunitária

Como em muitas aldeias transmontanas, a igreja é o centro da identidade comunitária.

Ela é o palco de todas as celebrações importantes – os batismos, que acolhem as novas vidas, os casamentos, que unem as famílias, e os funerais, que encerram os ciclos.

A sua importância é reforçada pela presença de pequenos detalhes devocionais, como a capela-altar exterior (nicho), visível na fotografia, onde os fiéis podem deixar as suas ofertas e acender velas aos seus santos protetores em qualquer hora do dia.

.

A Luz e a Permanência

A imagem capturada por Mário Silva, com a luz dourada do sol a incidir sobre o granito, não é apenas um registo arquitetónico; é uma representação da permanência.

A luz, que cria sombras profundas, simboliza a dualidade da vida rural: o trabalho árduo e as dificuldades (as sombras) em contraste com a fé e a esperança (a luz).

.

A Igreja de Tortomil não é um monumento para ser admirado pela sua riqueza, mas um local para ser respeitado pela sua história e pelo papel vital que desempenha.

Ela é a casa da fé, um pilar de pedra que resiste ao tempo e que, tal como as gentes de Valpaços, permanece firme na sua essência.

.

Texto & Fotografia: ©MárioSilva

.

.

Mário Silva 📷
15
Out25

“Águas Frias - as casas, a igreja de perfil e a colina negra dos incêndios”


Mário Silva Mário Silva

“Águas Frias - as casas, a igreja de perfil

e a colina negra dos incêndios”

15Out DSC09479_ms

Esta fotografia de Mário Silva apresenta uma vista panorâmica de uma aldeia, Águas Frias, aninhada numa paisagem de colinas.

Em primeiro plano, destacam-se os telhados de terracota das casas e o volume de uma igreja, vista de perfil, com a sua torre sineira alta e estreita.

.

O fundo da imagem é dominado por uma colina extensa, onde se nota o contraste brutal entre a vegetação verdejante e as áreas queimadas.

Estas manchas escuras, que a descrição chama de "colina negra dos incêndios", são uma cicatriz visível na paisagem.

A composição, que utiliza a torre da igreja como ponto focal vertical em contraste com a horizontalidade das colinas, é um retrato da vida rural na presença da ameaça da natureza.

.

A Cicatriz da Paisagem: Fé, Comunidade e a Memória do Fogo

A fotografia de Mário Silva, "Águas Frias - as casas, a igreja de perfil e a colina negra dos incêndios", é um poderoso testemunho visual da realidade de muitas aldeias do interior de Portugal.

Mais do que um mero registo topográfico, a imagem fala sobre resiliência, fé e o impacto duradouro das catástrofes naturais.

.

A Igreja: O Coração da Comunidade

No centro da composição, a igreja ergue-se acima dos telhados, simbolizando o coração e o espírito da comunidade.

Historicamente, a igreja é o ponto de encontro, o refúgio e o centro da identidade destas aldeias.

A sua presença imponente, com a torre a apontar para o céu, sugere uma fonte de força e esperança que permanece inabalável, mesmo quando a paisagem circundante é marcada pela destruição.

As casas, agrupadas à sua volta, representam a vida e o calor da família e da vizinhança.

.

A Colina Negra: A Marca do Fogo

O elemento mais dramático da fotografia é o contraste entre a vida e o rasto da devastação.

A colina negra no horizonte é a memória palpável do fogo.

Não é apenas uma área queimada; é uma chamada de atenção de que o ecossistema e o modo de vida da comunidade estiveram em risco.

Em regiões como Trás-os-Montes, os incêndios florestais têm um impacto profundo que se estende para além da perda de vegetação, afetando a qualidade do solo, a fauna local e a economia rural.

O negro da colina torna-se, assim, um símbolo de vulnerabilidade e de luto ecológico.

.

Um Retrato da Resiliência

O mérito desta fotografia reside na forma como justapõe estes dois mundos: a tranquilidade e a permanência da aldeia, com a efemeridade e a violência da natureza selvagem.

A vida, representada pelos telhados laranjas e a vegetação ainda verde, insiste em continuar perante a adversidade.

A imagem de Mário Silva é, em última análise, uma homenagem à resiliência das populações que, ano após ano, refazem as suas vidas e mantêm a sua fé no lugar que chamam de lar, por mais duras que sejam as "águas frias" do destino.

.

Texto & Fotografia: ©MárioSilva

.

.

Mário Silva 📷
07
Set25

"Teto pintado sobre madeira" - Igreja de São Lourenço – Rebordelo – Vinhais - Portugal


Mário Silva Mário Silva

"Teto pintado sobre madeira"

Igreja de São Lourenço – Rebordelo – Vinhais - Portugal

07Set DSC03281_ms

Esta fotografia de Mário Silva foca-se no teto pintado da Igreja de São Lourenço.

A imagem, captada a partir de um ângulo baixo, revela uma rica e detalhada pintura sobre madeira, com cores vibrantes e figuras complexas.

O teto, arqueado, possui um fresco com representações de anjos e de outras figuras celestiais.

.

A Riqueza Oculta da Igreja de São Lourenço em Rebordelo

A Igreja de São Lourenço, em Rebordelo, é um templo do século XVI que, com o seu exterior simples e sóbrio, contrasta com a riqueza do seu interior.

A igreja, que é um exemplo da arquitetura religiosa rural, é uma obra-prima que esconde a beleza da sua arte e da sua história.

.

O interior da igreja é revestido por painéis de azulejos do século XVIII, que representam cenas religiosas do Velho Testamento.

Um dos painéis, datado do século XVI, é provavelmente da decoração original.

Nas paredes laterais, há dois painéis do século XVII com cenas da vida de São Lourenço, o orago da igreja.

.

O altar-mor, uma obra de arte barroca, é uma das peças mais notáveis da igreja.

O altar é uma estrutura imponente e ornamentada, revestida em talha dourada.

Cada espiral e cada folha de acanto são um testemunho da maestria dos artesãos que, séculos atrás, criaram esta peça de devoção.

A tela do altar-mor, com a imagem da Última Ceia, é uma das peças mais importantes da igreja.

.

O teto da igreja, pintado sobre madeira, é uma obra de arte por si só.

O fresco, com as suas figuras celestiais e os seus anjos, é um retrato da fé e da arte dos séculos passados.

A luz que incide sobre o teto realça a riqueza dos detalhes e a beleza das cores.

.

A Igreja de São Lourenço é um tesouro escondido no coração de Trás-os-Montes.

A sua beleza, a sua história e a sua fé são um tributo ao legado dos nossos antepassados.

O seu interior, rico em detalhes e em significado, é um convite a olhar para o passado com respeito e admiração.

O interior continua sua a sua rica originalidade, sem intervenções de pseudo-embelezamento.

Parabéns aos frequentadores deste templo religioso, por preservarem esta riqueza artística e religiosa.

.

Texto & Fotografia: ©MárioSilva

.

.

Mário Silva 📷
24
Ago25

Igreja de São Lourenço – Rebordelo – Vinhais – Portugal


Mário Silva Mário Silva

Igreja de São Lourenço

Rebordelo – Vinhais – Portugal

24Ago DSC03270_ms

Esta fotografia de Mário Silva capta um ângulo de baixo para cima da Igreja de São Lourenço, em Rebordelo, Vinhais.

O edifício, com paredes caiadas de branco e uma fachada em pedra amarelada, domina a imagem sob um céu azul e limpo.

A arquitetura da igreja é simples, mas elegante, com uma porta principal de madeira verde e janelas retangulares, ladeadas por colunas de pedra esculpida.

Acima da porta, um brasão em pedra é ladeado por duas figuras em talha.

A torre sineira, com dois sinos, ergue-se acima do telhado, terminando numa cruz de ferro.

A fotografia realça a luz dourada do sol que incide sobre o edifício, e a simplicidade e a beleza da arquitetura rural.

.

A Vida e o Legado de São Lourenço - Um Símbolo de Fé e Caridade

A fotografia de Mário Silva da Igreja de São Lourenço, em Rebordelo, Vinhais, é um lembrete da forte devoção popular a este santo, particularmente em Portugal.

A igreja, com a sua arquitetura simples e digna, reflete o espírito de São Lourenço: a fé inabalável, a humildade e a caridade.

A sua vida e a sua morte, no século III, tornaram-no um dos mártires mais venerados da Igreja Católica.

.

A Vida de um Diácono em Roma

São Lourenço, nascido em Espanha, foi um dos sete diáconos de Roma, encarregado de administrar os bens da Igreja e de distribuir esmolas aos pobres.

A sua vida foi dedicada ao serviço dos necessitados, e a sua fé era inabalável.

Ele viveu numa época de grande perseguição aos cristãos, sob o imperador Valeriano.

.

Quando o Papa Sisto II foi martirizado, Lourenço, como o seu principal diácono, assumiu a responsabilidade de guardar os tesouros da Igreja.

O imperador, ao saber disso, exigiu que Lourenço lhe entregasse os tesouros.

Lourenço, em vez de se acobardar, pediu três dias para os reunir.

Durante esse tempo, ele distribuiu tudo o que a Igreja possuía entre os pobres, os órfãos e os viúvos, e depois, no terceiro dia, apresentou-se perante o imperador com eles.

 - Estes - disse ele - são os verdadeiros tesouros da Igreja.

.

O Martírio e o Legado

O imperador, furioso, condenou Lourenço à morte.

Ele foi torturado e, segundo a tradição, foi colocado numa grelha ardente.

A lenda conta que, mesmo no meio do sofrimento, ele manteve a sua serenidade e o seu sentido de humor, dizendo aos seus carrascos:

- Podem virar-me, este lado já está cozinhado.

.

A morte de São Lourenço, mais do que um ato de crueldade, foi um triunfo da fé e da caridade.

O seu martírio inspirou muitos a converterem-se ao cristianismo e a sua história tornou-se um símbolo da força da fé em face da adversidade.

A sua vida foi um exemplo de como a riqueza de uma comunidade não reside em ouro ou prata, mas na compaixão e na ajuda aos mais necessitados.

.

São Lourenço é o padroeiro dos diáconos, dos cozinheiros, dos bombeiros e dos bibliotecários.

A sua festa é celebrada a 10 de agosto.

A sua história continua a ser um farol de esperança, uma lembrança de que o amor ao próximo é a forma mais pura de fé e que a verdadeira riqueza reside na partilha e na solidariedade.

.

A Igreja de São Lourenço em Rebordelo, como tantas outras igrejas em Portugal, é um tributo a este homem, um lembrete de que a sua vida e a sua morte têm o poder de inspirar e de nos ensinar sobre a importância da fé e da caridade.

.

Texto & Fotografia: ©Máriosilva

.

.

Mário Silva 📷
17
Ago25

"Altar-mor da igreja de São Lourenço" - Rebordelo (Vinhais – Portugal)


Mário Silva Mário Silva

"Altar-mor da igreja de São Lourenço"

Rebordelo (Vinhais – Portugal)

17Ago DSC03277_ms

Esta fotografia de Mário Silva, intitulada "Altar-mor da igreja de São Lourenço", capta uma vista interior de um altar barroco ricamente decorado.

A imagem é dominada pelo altar-mor, uma estrutura imponente e ornamentada, revestida em talha dourada.

Ao centro, um nicho com a imagem de um santo, ladeado por colunas espiraladas, também em talha dourada, que se elevam até um dossel de grande detalhe.

Em ambos os lados do altar-mor, nichos laterais abrigam estátuas de santos.

O teto, arqueado, possui um fresco com representações de anjos e figuras celestiais.

O chão em primeiro plano é de pedra, com uma mesa de altar simples e branca.

A luz que incide sobre o altar realça o brilho do dourado e a complexidade dos detalhes da talha.

.

A Preservação do Passado - A Luta Contra os "Restauros" que Desvirtuam a Origem

A fotografia de Mário Silva do altar-mor da igreja de São Lourenço, em Rebordelo, Vinhais, é um testemunho da riqueza e da beleza do património artístico e religioso de Portugal.

A complexidade da talha dourada e a história que ela carrega em cada pormenor reforçam a importância crucial da sua preservação.

No entanto, a preservação autêntica enfrenta um desafio crescente: os "restauros" que, em vez de conservarem, desvirtuam a verdadeira origem das obras.

.

A Diferença Entre Preservação e "Restauro" Desvirtuado

A preservação do património histórico, seja ele um altar, uma estátua ou um edifício, é a arte de conservar a sua integridade e autenticidade.

O objetivo é manter a obra o mais próximo possível do seu estado original, reparando danos e protegendo-a da degradação, mas sem alterar a sua essência.

Isto implica um estudo aprofundado dos materiais, das técnicas e do contexto histórico.

.

Em contraste, o "restauro" desvirtuado é uma intervenção que ignora a história da obra.

Muitas vezes, com a intenção de a "melhorar" ou "modernizar", são usados materiais e técnicas que não correspondem à época, ou são acrescentados elementos que nunca fizeram parte do original.

Um exemplo clássico é o uso de tintas sintéticas em vez das pigmentações tradicionais, ou a remoção de camadas de pintura que, embora danificadas, contam a história da obra.

.

O Exemplo do Altar de São Lourenço

O altar-mor retratado por Mário Silva é uma obra-prima de talha dourada.

Cada espiral, cada folha de acanto, é um testemunho da mestria dos artesãos que, séculos atrás, criaram esta peça de devoção.

Um restauro inadequado poderia, por exemplo, levar à aplicação de um verniz que alterasse o brilho e a tonalidade do ouro, ou à substituição de peças originais por réplicas grosseiras, apagando assim a história e o valor da obra.

.

O risco dos "restauros" que desvirtuam a origem não é apenas estético, mas também histórico e cultural.

A autenticidade de uma obra é um componente fundamental do seu valor.

Uma peça histórica perde o seu poder de nos ligar ao passado se a sua forma original for alterada.

O resultado é um objeto que parece novo, mas que perdeu a sua alma, a sua verdade e a sua capacidade de contar a sua própria história.

.

O Caminho Certo: A Preservação Cautelosa

O caminho certo é o da preservação cautelosa e da intervenção mínima.

A fotografia de Mário Silva é um convite a olhar para o passado com respeito e admiração.

A beleza do altar de São Lourenço reside não só na sua forma, mas na sua idade, nos sinais do tempo que carrega.

.

Preservar o património não é mantê-lo num estado de perfeição artificial, mas sim garantir que a sua autenticidade e a sua história sejam respeitadas e transmitidas às futuras gerações.

É a arte de manter viva a memória, sem apagar as marcas do tempo que nos contam quem fomos e quem somos.

.

Texto & Fotografia: ©MárioSilva

.

.

Mário Silva 📷
03
Ago25

"Igreja da Isla de La Toja"


Mário Silva Mário Silva

"Igreja da Isla de La Toja"

03Ago DSC04593_ms

Esta fotografia de Mário Silva, intitulada "Igreja da Isla de La Toja", capta uma vista exterior de uma pequena e singular igreja, distinguindo-se pela sua cobertura quase total de conchas de vieira.

A igreja apresenta uma arquitetura charmosa, com uma torre sineira proeminente no centro da fachada principal, que se eleva em vários níveis.

A estrutura é predominantemente de cor clara, com os detalhes das conchas visíveis por toda a superfície das paredes e da torre.

.

A fachada frontal possui uma porta central e duas janelas laterais, todas com molduras simples e um aspeto clássico.

O telhado da igreja, visível na parte direita da imagem, também está coberto por conchas, criando uma textura escamosa e única.

.

A igreja está inserida num ambiente ajardinado, com relva verde bem cuidada e palmeiras altas, que adicionam um toque tropical e mediterrânico à paisagem.

No fundo, vislumbra-se um corpo de água, sugerindo a localização insular da igreja, e a linha do horizonte sob um céu claro e luminoso.

A iluminação é forte e natural, realçando a brancura das conchas e o verde da vegetação.

A imagem transmite uma sensação de tranquilidade, singularidade e uma forte ligação ao ambiente marinho.

 

A Igreja das Conchas de La Toja

Um Santuário Marítimo na Galiza

A Ilha de La Toja (O Grove, Pontevedra, Espanha), um dos destinos mais emblemáticos das Rias Baixas galegas, é famosa pelas suas águas termais, pela paisagem luxuriante e por uma joia arquitetónica verdadeiramente singular: a Capela de San Caralampio e da Virgem do Carmo, mais conhecida como a "Igreja das Conchas".

Capturada com mestria pela objetiva de Mário Silva na sua fotografia, esta igreja é um testemunho da devoção popular e da criatividade humana em harmonia com a natureza circundante.

.

Uma Devoção Enraizada no Mar

Embora a sua estrutura original seja do século XIX, o que torna esta igreja verdadeiramente única e digna de nota é a sua cobertura externa: está completamente revestida por conchas de vieiras (Pecten maximus), o símbolo universal dos peregrinos do Caminho de Santiago.

Mais do que um mero adorno, esta característica confere-lhe um aspeto orgânico e uma profunda ligação ao mar que a rodeia.

.

A capela é dedicada a duas figuras de grande importância para a comunidade local.

San Caralampio é um santo venerado pela sua proteção contra doenças da pele, o que faz todo o sentido numa ilha que se tornou um reconhecido balneário termal.

A sua intercessão era procurada por aqueles que vinham às águas curativas de La Toja.

A segunda padroeira é a Virgem do Carmo (Virgen del Carmen), a padroeira dos marinheiros e pescadores, cuja presença é omnipresente nas comunidades costeiras da Galiza.

Esta dupla dedicação reflete a alma de La Toja: a saúde e o mar.

 

As Vieiras: Mais que Decoração

As vieiras que cobrem as paredes, a torre sineira e até o telhado da igreja não são apenas um capricho estético.

Tradicionalmente, as vieiras eram e são um símbolo do Caminho de Santiago.

Os peregrinos, ao chegar a Santiago de Compostela, levavam uma vieira como prova da sua jornada.

A sua disposição em camadas, como escamas, cria uma textura visual fascinante, que muda com a luz do sol e as condições atmosféricas, conferindo à igreja um brilho perolado e uma mimetização com o ambiente marinho.

.

A prática de cobrir a igreja com conchas começou por volta de 1900, impulsionada pelos próprios habitantes da ilha e visitantes, que viam nas conchas um elemento decorativo barato e abundante, ao mesmo tempo que simbolizava a ligação da ilha ao mar e à peregrinação.

Com o tempo, esta particularidade tornou-se a sua maior atração, transformando a capela num ícone reconhecível da Galiza e um ponto de paragem obrigatório para qualquer visitante.

.

Um Marco de Fé e Beleza Natural

A Igreja das Conchas de La Toja é mais do que um edifício religioso; é um marco cultural e natural que encapsula a devoção, a história e a singularidade da Ilha de La Toja.

A sua imagem, como a que Mário Silva nos oferece, convida à contemplação da beleza criada pela fusão da fé humana com os tesouros que o mar oferece, tornando-a um santuário verdadeiramente marítimo e um tesouro da arquitetura popular galega.

.

Texto & Fotografia: ©MárioSilva

.

.

Mário Silva 📷
20
Jul25

Igreja de Nossa Senhora da Assunção – Tinhela (Valpaços – Portugal)


Mário Silva Mário Silva

Igreja de Nossa Senhora da Assunção

Tinhela (Valpaços – Portugal)

20Jul DSC01488 (2)_ms

A fotografia de Mário Silva, intitulada "Igreja de Nossa Senhora da Assunção" em Tinhela, Valpaços, Portugal, apresenta a fachada principal de uma igreja de características rurais, construída em blocos de granito de cor clara.

A igreja é um exemplo da arquitetura religiosa tradicional portuguesa.

.

A fachada principal é dominada por um portal de entrada de madeira, pintado num tom alaranjado-avermelhado vibrante, que contrasta com a pedra clara.

Acima do portal, encontra-se uma pequena rosácea ou óculo circular, que serve como uma fonte de luz para o interior.

A fachada é coroada por uma sineira de dupla arcada, típica da região, onde se podem observar dois sinos pendurados.

No topo da sineira, uma cruz latina remata a estrutura, simbolizando a fé cristã.

Pequenos pináculos decorativos adornam as extremidades superiores da fachada.

.

Em frente à igreja, um largo pavimentado com lajes de pedra estende-se, e ao centro, um tapete de flores coloridas (vermelhas, brancas, amarelas e verdes) forma um caminho que se dirige à entrada da igreja, sugerindo a celebração da festividade religiosa, como o Corpus Christi.

Ao fundo, para além da igreja, vislumbram-se construções rústicas com telhados de telha, integrando a igreja no ambiente da aldeia.

O céu é azul com nuvens brancas, e um pássaro solitário pode ser visto a voar à direita da sineira, adicionando um elemento dinâmico à cena.

A imagem transmite uma sensação de tradição, fé e celebração comunitária.

.

A Igreja de Nossa Senhora da Assunção, em Tinhela, Valpaços, é um exemplar notável de arquitetura religiosa que, apesar da sua aparente simplicidade, incorpora elementos do período maneirista, embora com uma base de planimetria tradicional portuguesa.

.

A igreja segue a organização espacial comum na arquitetura religiosa portuguesa, caracterizada por uma nave única e uma capela-mor mais estreita, mas da mesma altura da nave.

Esta configuração linear e hierárquica é uma herança das tipologias medievais e românicas, que persistiram e foram adaptadas ao longo dos séculos.

A simplicidade na planimetria reflete a funcionalidade e, muitas vezes, a economia de recursos, comum em contextos rurais.

.

A nave única proporciona um espaço congregacional unificado, favorecendo a audição e a participação dos fiéis.

A capela-mor, mais estreita e com a mesma altura, cria uma transição suave e uma sensação de continuidade entre o espaço dos fiéis e o espaço sagrado do altar-mor.

Esta disposição, embora tradicional, permite no Maneirismo uma exploração da perspetiva e da profundidade, mesmo que de forma contida.

.

A menção de tetos de madeira no interior é um elemento comum na arquitetura religiosa popular e maneirista portuguesa.

A madeira, material abundante na região, oferece não só uma solução construtiva prática e económica, mas também contribui para uma acústica mais suave e para um ambiente interior mais acolhedor e menos austero do que as abóbadas de pedra.

Os tetos de madeira poderiam ser em forma de caixotões, ou mais simples, em forma de quilha de barco, ou abobadados, por vezes pintados ou decorados, adicionando um toque artístico ao interior.

.

A iluminação interior é um aspeto crucial na arquitetura religiosa.

Na Igreja de Tinhela, a luz provém do vão axial (o óculo circular acima do portal principal, visível na fotografia) e de vãos laterais.

Esta estratégia de iluminação é típica, permitindo que a luz natural realce o altar-mor e crie um ambiente de recolhimento.

No Maneirismo, a luz era frequentemente manipulada para criar efeitos dramáticos e enfatizar certos pontos focais, mesmo em igrejas modestas.

.

A presença de uma sacristia adossada à fachada lateral direita é uma adição funcional padrão em muitas igrejas.

A sacristia serve como espaço de preparação para as cerimónias e para guardar os paramentos e utensílios litúrgicos.

A sua localização lateral é prática e comum, integrando-se discretamente na volumetria geral do edifício.

.

Embora a imagem da fachada principal apresente uma simplicidade rural, os elementos maneiristas podem ser subtis.

O Maneirismo, como transição entre o Renascimento e o Barroco, tendia a uma maior sobriedade e a uma busca por uma beleza "culta" e por vezes mais tensa.

Na Igreja de Tinhela, os elementos como o óculo redondo, a composição da sineira e a forma como a pedra é trabalhada (sem excesso de ornamentação, mas com precisão) podem refletir uma influência maneirista na proporção e na geometria.

A robustez da pedra e a aparente ausência de ornamentos barrocos exuberantes reforçam esta característica.

A solidez e a volumetria cúbica do corpo da igreja, com o contraste da sineira mais leve, também podem ser interpretadas sob uma ótica maneirista de busca de equilíbrios e contrastes formais.

.

Em suma, a Igreja de Nossa Senhora da Assunção em Tinhela é um belo exemplo de como a arquitetura maneirista se manifestou em contextos rurais portugueses, adaptando as suas premissas de sobriedade formal e busca de proporção a uma planimetria tradicional e aos materiais locais, resultando num edifício de grande dignidade e beleza intemporal.

.

Texto & Fotografia: ©MárioSilva

.

.

Mário Silva 📷
13
Jul25

Igreja de São Gonçalo – Segirei – Chaves – Portugal


Mário Silva Mário Silva

Igreja de São Gonçalo

Segirei – Chaves – Portugal

DSC01256

A fotografia "Igreja de São Gonçalo" de Mário Silva, capturada em Segirei, Chaves, Portugal, apresenta uma visão pormenorizada e evocativa de uma pequena igreja rural.

A imagem foca-se na estrutura superior do edifício, destacando o campanário e parte do telhado, enquadrada por vegetação densa que adiciona um contraste natural ao cenário.

.

O campanário, feito de pedra desgastada pelo tempo, exibe uma cruz no topo, um símbolo religioso central, e abriga um sino visível através do arco aberto.

A pedra mostra sinais de envelhecimento, com musgo e erosão, sugerindo uma construção antiga e bem integrada no ambiente natural.

O telhado de telhas vermelhas complementa a estética tradicional portuguesa, enquanto os ornamentos nas extremidades adicionam um toque decorativo.

.

À frente da igreja, há uma mistura de arbustos verdes e plantas com folhas avermelhadas, possivelmente indicativas de uma estação de transição, como o outono.

Esta vegetação cobre parcialmente a base da estrutura, criando um efeito de fusão entre a construção e a natureza, o que reforça a sensação de isolamento rural.

.

A luz natural, provavelmente captada durante o dia com céu claro, ilumina suavemente a cena, destacando os tons terrosos da pedra e o verde e vermelho da folhagem.

A paleta de cores é quente e harmoniosa, transmitindo uma sensação de tranquilidade.

.

A fotografia é tirada de um ângulo baixo, enfatizando a verticalidade do campanário e dando uma sensação de imponência à estrutura, apesar do seu tamanho modesto.

.

A composição é equilibrada, com a vegetação a servir como um quadro natural que guia o olhar para o campanário.

A escolha do ângulo baixo é eficaz para destacar a arquitetura e o simbolismo religioso.

A textura da pedra e a paleta de cores criam uma narrativa visual de história e serenidade, típica de aldeias portuguesas.

.

A fotografia parece celebrar a simplicidade e a resiliência das construções tradicionais portuguesas, refletindo uma ligação profunda entre a comunidade local e seu património.

O contraste entre a natureza viva e a arquitetura estática sugere um ciclo de renovação e permanência.

.

Em suma, a imagem de Mário Silva é uma captura sensível e bem executada, que combina elementos naturais e arquitetónicos de forma harmoniosa.

.

Texto & Fotografia: ©MárioSilva

.

.

Mário Silva 📷
29
Jun25

"S. Pedro" - Mário Silva (IA)


Mário Silva Mário Silva

"S. Pedro"

Mário Silva (IA)

29Jun DMTD57Mt13cHRMTQm3hI--0--rmqg6_ms

A pintura digital de Mário Silva retrata São Pedro, uma figura central do cristianismo, com traços expressivos e texturas ricas.

A obra mostra um homem idoso de barba e cabelos brancos, envolto numa túnica amarela e azul, segurando duas chaves grandes, símbolos tradicionais da sua autoridade como guardião das portas do céu, conforme a tradição cristã.

O estilo da pintura, com pinceladas largas e uma paleta de tons terrosos, evoca uma sensação de solidez e espiritualidade, capturando a essência de São Pedro como um líder firme e devoto.

.

São Pedro, originalmente chamado Simão, era um pescador da Galileia quando foi chamado por Jesus para ser um de seus primeiros discípulos.

Conhecido pela sua impulsividade e fervor, Pedro tornou-se uma rocha (daí o nome "Pedro", que significa "pedra" em grego) sobre a qual Jesus disse que construiria a sua Igreja (Mateus 16:18).

Ele é frequentemente retratado com chaves, como nesta pintura, simbolizando a autoridade que lhe foi dada para "ligar e desligar" no Reino dos Céus.

.

Ao longo da sua vida, São Pedro desempenhou um papel crucial na disseminação do cristianismo.

Ele foi testemunha de muitos milagres de Jesus, como a Transfiguração e a pesca milagrosa, e também enfrentou momentos de fraqueza, como quando negou Jesus três vezes antes da crucificação.

Após a ressurreição, Pedro foi restaurado por Jesus e assumiu a liderança dos apóstolos, pregando em Pentecostes e convertendo milhares.

A sua ação missionária levou-o a Roma, onde, segundo a tradição, foi martirizado por crucificação de cabeça para baixo, sentindo-se indigno de morrer como o seu Mestre.

.

A pintura de Mário Silva captura essa dualidade de São Pedro: a sua força e humildade, a sua autoridade e humanidade.

As chaves nas suas mãos são mais do que um símbolo; elas representam a sua missão de abrir as portas da fé para a humanidade, uma responsabilidade que ele carregou com coragem até o fim.

.

Texto & Pintura: ©MárioSilva

.

.

Mário Silva 📷
25
Jun25

“Carranca” (igreja matriz de Chaves, em Portugal)


Mário Silva Mário Silva

“Carranca”

(igreja matriz de Chaves, em Portugal)

25Jun DSC00649_ms

A fotografia de Mário Silva intitulada "Carranca" captura um detalhe arquitetónico da igreja matriz de Chaves, em Portugal.

A imagem mostra uma escultura em pedra, desgastada pelo tempo, com musgo a crescer na parte superior, integrada numa parede de granito.

A carranca, com traços faciais rudimentares e mãos junto ao rosto, parece expressar uma emoção de sofrimento ou contemplação, sendo um elemento típico da decoração medieval em igrejas e outros edifícios comunitários.

.

As carrancas, figuras grotescas ou expressivas esculpidas em pedra, são um elemento distintivo da arquitetura medieval, especialmente em igrejas e monumentos comunitários da Europa. Estas esculturas, frequentemente representando rostos humanos ou animais com expressões exageradas, têm raízes profundas na cultura e na religiosidade da época.

.

As carrancas remontam à Idade Média, entre os séculos XI e XV, um período marcado pela construção de catedrais e igrejas românicas e góticas.

Influenciadas por tradições pagãs pré-cristãs, como os espíritos da natureza e os guardiões míticos, foram adaptadas pela Igreja como parte da iconografia cristã.

A sua presença espalhou-se por regiões como Portugal, Espanha, França e Inglaterra, sendo comum em locais como a igreja matriz de Chaves.

.

Acreditava-se que as carrancas afastavam espíritos malignos e protegiam os edifícios sagrados.

As suas expressões assustadoras visavam intimidar forças negativas.

Muitas vezes, representavam pecadores ou almas em tormento, servindo como um lembrete visual da moralidade e da necessidade de penitência.

Além da função simbólica, as carrancas refletiam a criatividade dos artesãos e a identidade cultural das comunidades, variando em estilo conforme a região.

Em alguns casos, funcionavam como gárgulas, canalizando água da chuva para longe das paredes, combinando utilidade com simbolismo.

.

Em Portugal, as carrancas são particularmente notáveis em igrejas românicas, como a de Chaves.

A sua integração na arquitetura reflete a fusão entre influências celtas, romanas e cristãs, adaptadas ao contexto local.

O desgaste visível nas esculturas, como o musgo e a erosão, testemunha séculos de exposição aos elementos, reforçando o seu valor histórico.

.

As carrancas são mais do que ornamentos; são testemunhos de crenças, artesanato e história.

Na igreja matriz de Chaves, a "Carranca" de Mário Silva encapsula este legado, convidando-nos a refletir sobre o passado e o significado espiritual das comunidades medievais.

.

Texto & Fotografia: ©MárioSilva

.

.

Mário Silva 📷
08
Jun25

"A cerejeira vergada com o peso das cerejas e a Igreja vergada pelos seus dogmas"


Mário Silva Mário Silva

"A cerejeira vergada com o peso das cerejas

e a Igreja vergada pelos seus dogmas"

08Jun DSC01425_ms

A fotografia de Mário Silva, intitulada "A cerejeira vergada com o peso das cerejas e a Igreja vergada pelos seus dogmas", apresenta uma composição rica em simbolismo e contraste visual.

A imagem mostra uma cerejeira carregada de frutos vermelhos e os seus ramos curvados pelo peso, em primeiro plano.

Ao fundo, ergue-se uma igreja com uma torre de pedra, coroada por uma cruz, cercada por uma paisagem verdejante de árvores e colinas.

A luz suave do dia ilumina a cena, criando uma atmosfera serena, mas carregada de significado.

.

A cerejeira, com os seus galhos pendentes e repletos de cerejas maduras, domina o lado direito da imagem.

As cores vibrantes das frutas contrastam com o verde das folhas e da vegetação ao redor, atraindo imediatamente o olhar do observador.

À esquerda, a igreja, com a sua arquitetura tradicional e telhados de telhas vermelhas, emerge entre as árvores.

A torre da igreja, com dois sinos visíveis e uma cruz no topo, é um elemento marcante que remete à presença da religião na paisagem rural.

O fundo, composto por colinas cobertas de vegetação densa, adiciona profundidade à fotografia, enquanto a luz suave sugere um momento de tranquilidade, possivelmente ao entardecer.

.

O título da obra de Mário Silva é profundamente metafórico e convida a uma reflexão sobre os elementos visuais e os seus significados.

A cerejeira "vergada com o peso das cerejas" simboliza a abundância da natureza, mas também o fardo que essa abundância pode trazer.

Os galhos curvados sugerem um peso inevitável, uma consequência natural do ciclo de vida e da fertilidade.

Por outro lado, a igreja "vergada pelos seus dogmas" aponta para uma crítica à rigidez das instituições religiosas.

Assim como a cerejeira se curva sob o peso dos seus frutos, a igreja, segundo o autor, parece sobrecarregada por tradições e doutrinas que, em vez de libertar, podem oprimir.

.

O contraste entre a cerejeira e a igreja também pode ser interpretado como uma dicotomia entre o natural e o humano, ou entre a liberdade da natureza e as restrições impostas pela sociedade.

"A cerejeira vergada com o peso das cerejas e a Igreja vergada pelos seus dogmas"

.

A cerejeira, mesmo vergada, permanece viva e vibrante, enquanto a igreja, embora imponente, parece estática e distante, quase engolida pela vegetação ao seu redor.

A escolha de enquadrar a cerejeira em primeiro plano reforça a sua predominância visual e simbólica, sugerindo que a natureza, com a sua espontaneidade, pode ter uma força maior que as construções humanas.

.

A fotografia de Mário Silva, intitulada "A cerejeira vergada com o peso das cerejas e a Igreja vergada pelos seus dogmas", é mais do que uma simples captura de uma paisagem rural.

É uma metáfora visual que nos convida a refletir sobre os pesos que carregamos — sejam eles naturais, como os frutos de uma árvore, ou impostos por construções sociais, como os dogmas religiosos.

.

Na imagem, a cerejeira, carregada de frutos maduros, curva-se sob o peso de sua própria abundância.

Este é um fenómeno natural: a árvore, ao cumprir o seu ciclo, produz mais do que pode sustentar com facilidade.

No entanto, há beleza nessa sobrecarga.

As cerejas vermelhas, brilhando sob a luz do sol, simbolizam vida, fertilidade e a generosidade da natureza.

A curvatura dos galhos não é um sinal de fraqueza, mas de resiliência — a árvore adapta-se ao peso, continua a crescer e a oferecer os seus frutos.

.

Essa imagem faz-nos pensar sobre os "pesos" que a natureza impõe.

A abundância, embora desejada, pode trazer desafios.

Assim como a cerejeira, muitas vezes encontramo-nos sobrecarregados pelas nossas próprias conquistas ou responsabilidades.

No entanto, a natureza ensina-nos que esses fardos são parte do ciclo da vida, e que a adaptação é possível.

.

Em contraponto à cerejeira, a igreja na fotografia representa uma instituição humana, carregada de história e tradição.

No entanto, o título de Mário Silva sugere que essa instituição também está "vergada" — não por frutos, mas por dogmas.

Os dogmas religiosos, muitas vezes vistos como guias para a moral e a espiritualidade, podem tornarem-se fardos quando impostos de forma rígida e inflexível.

A torre da igreja, com a sua cruz no topo, é um símbolo de autoridade espiritual, mas também de uma estrutura que, ao longo dos séculos, nem sempre soube adaptar-se às mudanças do mundo.

.

A crítica implícita na obra de Silva é poderosa: assim como a cerejeira se curva sob o peso natural de seus frutos, a igreja curva-se sob o peso artificial das suas próprias regras.

Mas, diferentemente da cerejeira, que encontra equilíbrio na sua flexibilidade, a igreja parece estática, incapaz de se libertar das suas amarras dogmáticas.

Essa rigidez pode levar à alienação, afastando aqueles que buscam uma espiritualidade mais fluida e ligada à essência da vida.

.

A fotografia de Mário Silva apresenta-nos uma dicotomia entre o natural e o humano, entre a espontaneidade da natureza e as restrições impostas pelas instituições.

A cerejeira, com a sua vitalidade, parece desafiar a solidez da igreja, sugerindo que a verdadeira liberdade está na capacidade de se adaptar e fluir com os ciclos da vida.

A igreja, por outro lado, lembra-nos da necessidade de estruturas e tradições, mas também dos perigos de permitir que essas estruturas se tornem opressivas.

.

Talvez a mensagem mais profunda da obra seja um convite ao equilíbrio.

Assim como a cerejeira encontra força na sua flexibilidade, as instituições humanas — sejam religiosas, sociais ou culturais — podem aprender a se adaptar, mantendo o que é essencial, mas deixando espaço para o crescimento e a transformação.

A natureza, com a sua sabedoria silenciosa, ensina-nos que o peso, quando bem administrado, pode ser uma fonte de beleza e renovação.

.

Em conclusão, a obra de Mário Silva é uma chamada de atenção visual de que tanto a natureza quanto as criações humanas carregam os seus próprios fardos.

A cerejeira e a igreja, cada uma vergada à sua maneira, convidam-nos a refletir sobre como lidamos com os pesos que carregamos.

Podemos inspirar-nos na resiliência da natureza, que transforma os seus fardos em frutos, e buscar uma espiritualidade que, em vez de oprimir, nos eleve e nos conecte à essência da Vida.

.

Texto & Fotografia: ©MárioSilva

.

.

Mário Silva 📷
28
Mai25

Cúpula da igreja da Madalena (Chaves - Portugal)


Mário Silva Mário Silva

Cúpula da igreja da Madalena

(Chaves - Portugal)

28Mai DSC00045_ms

A fotografia de Mário Silva captura a cúpula da Igreja da Madalena, localizada em Chaves, Portugal.

A imagem destaca a arquitetura tradicional portuguesa, com uma cúpula ornamentada coroada por uma cruz e um globo metálico no topo.

O telhado é coberto por telhas vermelhas, algumas com sinais de musgo e desgaste natural, refletindo a antiguidade da estrutura.

A cúpula apresenta janelas arqueadas e detalhes em pedra, incluindo pináculos decorativos ao longo das bordas.

Ao fundo, à direita, é visível uma escultura de um anjo sobre uma rocha, adicionando um elemento histórico e religioso à cena.

A luz do dia ilumina a estrutura contra um céu azul claro, enfatizando os tons terrosos e brancos da construção.

.

Segundo a tradição católica, Maria Madalena foi uma seguidora devota de Jesus Cristo.

Ela é frequentemente identificada como a mulher de quem Jesus expulsou sete demónios (Lucas 8:2), marcando a sua transformação espiritual.

Maria esteve presente na crucificação, sepultamento e foi a primeira testemunha da ressurreição de Jesus, conforme os Evangelhos (João 20:1-18).

Apesar de algumas interpretações históricas a confundirem com a "pecadora" que ungiu os pés de Jesus (Lucas 7:36-50), a Igreja Católica não a considera uma prostituta, esclarecendo que essa associação é especulativa.

Ela é venerada como santa, com a sua festa celebrada em 22 de julho, simbolizando penitência, fé e testemunho da ressurreição.

.

Texto & Fotografia: ©MárioSilva

.

.

Mário Silva 📷
24
Mai25

“O gatito na Aldeia (uma estória)”


Mário Silva Mário Silva

“O gatito na Aldeia (uma estória)”

24Mai DSC06406_ms

A fotografia "O gatito na Aldeia" de Mário Silva mostra um gatinho castanho com tons acinzentados, de olhos amarelos penetrantes, sentado num muro de pedra numa aldeia rural.

Inspirado por esta imagem, aqui está uma história sobre um gatinho numa aldeia rural de Portugal.

.

Numa pequena aldeia rural de Portugal, encravada entre colinas verdejantes e castanheiros centenários, vivia um gatinho chamado Tareco.

Tareco era um felino de pelo castanho-acinzentado, com olhos amarelos que brilhavam como duas lanternas ao entardecer.

Todos os dias, ele sentava-se num muro de pedra à entrada da aldeia, observando o movimento dos poucos moradores que ali passavam.

.

Tareco não pertencia a ninguém, mas todos na aldeia o conheciam.

As poucas crianças corriam para lhe fazer festinhas, os muitos velhotes partilhavam pedacinhos de pão com ele, e até as galinhas do quintal da Dona Maria já se tinham habituado à sua presença silenciosa.

Ele era o guardião não oficial da aldeia, sempre alerta, com as orelhas empinadas e o olhar atento.

.

Certa manhã, a aldeia acordou em alvoroço.

Um grupo de pardais tinha feito ninho no telhado da igreja, e estavam a comer as sementes que o Senhor António guardava para as suas pombas.

"Isto não pode ser!", exclamou o velho António, abanando a cabeça.

Mas os pardais eram rápidos e espertos, e ninguém na aldeia conseguia afugentá-los.

.

Foi então que Tareco entrou em ação.

Com um salto elegante, subiu ao telhado da igreja, equilibrando-se nas telhas antigas.

Os pardais, ao verem o gatinho de olhos brilhantes, bateram asas em pânico e fugiram para o bosque.

A aldeia inteira aplaudiu o pequeno herói, e o Senhor António, agradecido, deu a Tareco um prato de leite fresco como recompensa.

.

A partir desse dia, Tareco tornou-se ainda mais querido na aldeia.

Todas as tardes, quando o sol se punha e as sombras os castanheiros se alongavam, ele regressava ao seu posto no muro de pedra, vigiando a paz da sua pequena aldeia rural.

E assim, o gatito continuou a ser uma parte essencial daquela comunidade, trazendo sorrisos e segurança a todos que ali viviam.

.

Texto & Fotografia: ©MárioSilva

.

.

Mário Silva 📷
18
Mai25

“Maio, mês mariano - Nossa Senhora aos pés do altar mor da igreja de Águas Frias (Chaves – Portugal)”


Mário Silva Mário Silva

“Maio, mês mariano

Nossa Senhora aos pés do altar mor da igreja

Águas Frias (Chaves – Portugal)”

18Mai DSC06912_ms

A fotografia de Mário Silva, intitulada "Maio, mês mariano - Nossa Senhora aos pés do altar mor da igreja de Águas Frias (Chaves – Portugal)", retrata o interior de uma igreja com um altar ricamente ornamentado.

O altar mor, em estilo barroco, é decorado com detalhes dourados e brancos, destacando-se pela sua imponência e beleza.

No centro do altar, há uma estátua de Nossa Senhora posicionada aos pés, envolta em flores coloridas, simbolizando a devoção mariana típica do mês de maio.

Velas, arranjos florais e outros elementos litúrgicos, como candelabros e imagens de santos, complementam a cena, criando um ambiente de reverência e espiritualidade.

A arquitetura da igreja, com paredes de pedra e teto de madeira, adiciona um toque rústico ao cenário, enquanto as cortinas vermelhas nas janelas e os azulejos decorativos nas laterais reforçam a estética tradicional portuguesa.

.

A devoção mariana é uma das expressões mais profundas e enraizadas da espiritualidade do povo português, moldando a sua identidade cultural e religiosa ao longo dos séculos.

Desde a formação da nacionalidade, a Virgem Maria ocupa um lugar central na fé, nas tradições e no imaginário coletivo de Portugal, sendo venerada como mãe, protetora e intercessora.

.

A devoção a Maria em Portugal remonta aos primórdios do cristianismo na Península Ibérica, mas ganha particular relevo com a Reconquista e a fundação do reino.

No século XII, D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, consagra o reino a Nossa Senhora, estabelecendo uma ligação indelével entre a monarquia e a Virgem.

Este ato reflete a crença de que Maria era a protetora da nação, guiando o povo português nas batalhas contra os mouros e nas adversidades.

.

A Virgem Maria foi frequentemente invocada em momentos cruciais da história portuguesa, como nas conquistas marítimas dos Descobrimentos.

Os navegadores portugueses, enfrentando os perigos do mar, recorriam à proteção de Nossa Senhora, dedicando-lhe capelas e ermidas nos territórios descobertos.

A imagem de Maria como "Estrela do Mar" (Stella Maris) tornou-se um símbolo de orientação e esperança para os marinheiros.

.

A devoção mariana em Portugal manifesta-se de forma vibrante em peregrinações, festas populares, romarias e na construção de santuários.

O culto a Nossa Senhora de Fátima é, sem dúvida, o mais emblemático.

Desde as aparições de 1917 na Cova da Iria, Fátima tornou-se um dos maiores centros de peregrinação mariana do mundo, atraindo milhões de fiéis que buscam consolação, cura e renovação espiritual.

A mensagem de Fátima, centrada na oração, penitência e conversão, ressoa profundamente com a espiritualidade portuguesa.

.

Outros santuários marianos, como Nossa Senhora da Nazaré, Nossa Senhora do Sameiro e Nossa Senhora da Conceição (padroeira de Portugal), também são testemunhos da forte devoção do povo.

Cada região tem as suas invocações particulares, muitas vezes ligadas a lendas e milagres locais, como Nossa Senhora da Agonia em Viana do Castelo ou Nossa Senhora dos Remédios em Lamego.

Estas manifestações regionais reforçam o caráter comunitário e festivo da fé mariana, com procissões, cânticos e rituais que unem as populações.

.

A influência de Maria transcende o âmbito religioso, impregnando-se na literatura, na arte e nas tradições populares.

Na poesia, poetas como Camões e Fernando Pessoa evocaram a Virgem como símbolo de pureza e proteção.

Na arte sacra, as imagens de Maria, esculpidas em madeira ou pedra, são objetos de veneração e testemunhos da habilidade artesanal portuguesa.

A música, com hinos e cânticos marianos, também reflete essa devoção, sendo o "Avé Maria Puríssima" uma expressão recorrente nas celebrações.

.

As festas marianas, frequentemente associadas aos ciclos agrícolas e às estações do ano, são momentos de celebração comunitária.

Nelas, a religiosidade mistura-se com a alegria profana, com danças, comes e bebes, e arraiais que reforçam os laços sociais.

A Virgem é vista não apenas como uma figura celestial, mas como uma mãe próxima, que compreende e acompanha as alegrias e dores do seu povo.

.

Hoje, a devoção mariana continua a ser uma força viva em Portugal, embora adaptada aos tempos modernos.

A espiritualidade mariana é reinterpretada pelas novas gerações, que encontram em Maria um modelo de compaixão, resiliência e esperança.

Fátima, em particular, mantém-se como um ponto de convergência para portugueses e estrangeiros, sendo um espaço de diálogo inter-religioso e de reflexão sobre os desafios do mundo atual.

.

A devoção a Maria também se expressa na solidariedade social, com muitas instituições de caridade e obras sociais inspiradas pelo exemplo da Virgem.

A sua imagem como mãe acolhedora ressoa em iniciativas que promovem a justiça, a paz e o cuidado pelos mais vulneráveis.

.

Em conclusão, a devoção mariana das gentes portuguesas é mais do que uma prática religiosa; é um pilar da identidade nacional, uma fonte de consolo e um elo que une o passado ao presente.

Seja nas grandiosas peregrinações a Fátima, nas pequenas capelas rurais ou nos cânticos entoados em família, a Virgem Maria permanece como a "Mãe de Portugal", uma presença constante que guia, protege e inspira o seu povo.

.

Texto & Fotografia: ©MárioSilva

.

.

Mário Silva 📷
13
Mai25

"Imagem de Nª Sª de Fátima, na igreja de Águas Frias"


Mário Silva Mário Silva

"Imagem de Nª Sª de Fátima, na igreja de Águas Frias"

13Mai DSC04835_ms

A fotografia de Mário Silva, intitulada "Imagem de Nª Sª de Fátima, na igreja de Águas Frias", retrata uma estátua de Nossa Senhora de Fátima, um símbolo profundamente enraizado na espiritualidade portuguesa.

A imagem mostra a Virgem Maria com o seu tradicional véu branco, adornado com detalhes dourados, segurando um rosário e com as mãos unidas em oração.

A estátua está posicionada sobre um pedestal ornamentado, com a inscrição "Ave Maria" visível, e é coroada por uma auréola de estrelas, simbolizando a sua santidade.

A simplicidade do cenário, com um fundo claro e detalhes subtis, realça a serenidade e a devoção que a figura inspira.

.

A devoção mariana entre as gentes transmontanas é uma expressão viva da fé católica que atravessa gerações.

Em Trás-os-Montes, a ligação com Nossa Senhora, especialmente na sua invocação de Fátima, é marcada por uma espiritualidade intensa e por tradições que unem comunidades.

As romarias, as procissões e as festas em honra da Virgem são momentos de grande significado, onde as famílias se reúnem para rezar o terço, cantar hinos e partilhar histórias de milagres e graças alcançadas.

A imagem de Nossa Senhora de Fátima, como a capturada por Mário Silva, não é apenas um objeto de culto, mas um ponto de ligação espiritual que reflete a identidade cultural e religiosa do povo transmontano, que encontra na Mãe de Deus um refúgio de esperança e proteção.

.

Texto & Fotografia: ©MárioSilva

.

.

Mário Silva 📷
11
Mai25

“Alminhas” – Casas de Monforte – Águas Frias – Chaves – Portugal


Mário Silva Mário Silva

“Alminhas”

Casas de Monforte – Águas Frias – Chaves – Portugal

04Mai DSC07714_ms

A fotografia de Mário Silva, intitulada “Alminhas” – Casas de Monforte – Águas Frias – Chaves - Portugal, mostra um pequeno nicho religioso encravado numa parede de pedra.

Dentro do nicho, há uma pintura que retrata uma cena tradicional: um anjo, possivelmente São Miguel Arcanjo, que está no topo, com asas e uma lança, sobre um fundo celestial.

Abaixo, figuras humanas, algumas em vestes azuis, parecem estar em sofrimento, envoltas em chamas que simbolizam o Purgatório.

À frente da pintura, há um vaso dourado com flores brancas (provavelmente lírios, associados à pureza) e uma lamparina vermelha com uma cruz, contendo uma vela acesa.

A palavra "Esmolas" está escrita na base do nicho, sugerindo um pedido de ofertas para as almas.

.

Os nichos conhecidos como "alminhas" são pequenas construções religiosas comuns em Portugal, especialmente em áreas rurais como Trás-os-Montes.

Surgiram principalmente entre os séculos XVII e XIX, durante o período da Contrarreforma, quando a Igreja Católica reforçava a doutrina do Purgatório.

Esses nichos eram erguidos em encruzilhadas, caminhos ou muros, com o objetivo de lembrar os fiéis de orar pelas almas do Purgatório.

Muitas vezes, continham imagens ou pinturas de almas penadas no meio de chamas, com anjos ou santos intercessores, e a palavra "esmolas" indicava a solicitação de donativos para missas ou orações que ajudassem a aliviar o sofrimento dessas almas.

.

Na tradição católica, as "almas penadas" são as almas dos mortos que estão no Purgatório, um estado intermediário entre o Céu e o Inferno.

Segundo a doutrina, essas almas pertencem a pessoas que morreram em estado de graça, mas ainda precisam ser purificadas de pecados veniais ou expiar as consequências de pecados já perdoados.

No Purgatório, elas sofrem temporariamente, frequentemente representado por chamas, até estarem prontas para entrar no Céu.

A Igreja ensina que as orações, missas e esmolas dos vivos podem ajudar a acelerar essa purificação, daí a importância dos nichos como as "alminhas", que incentivam os fiéis a interceder por essas almas.

.

Texto & Fotografia: ©MárioSilva

.

.

Mário Silva 📷
30
Mar25

"Altar lateral da igreja Matriz de Santa Marta" (Vila Frade - Chaves - Portugal)


Mário Silva Mário Silva

"Altar lateral da igreja Matriz de Santa Marta"

(Vila Frade - Chaves - Portugal)

29Mar DSC07641_ms

A imagem apresenta um altar lateral ornamentado, caracterizado por uma exuberante talha dourada que cobre a estrutura, exibindo um trabalho artesanal intricado.

A moldura do altar é composta por arabescos, volutas e elementos florais esculpidos, típicos da arquitetura barroca portuguesa, que conferem um brilho opulento ao conjunto.

No centro, destaca-se a figura de Jesus Cristo crucificado, uma escultura realista que domina a composição.

O seu corpo, esculpido com expressiva dor e resignação, está suspenso na cruz, com os braços abertos e a cabeça inclinada.

Acima da cruz, uma placa com a inscrição "INRI" (Iesus Nazarenus, Rex Iudaeorum - Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus) reforça o contexto bíblico da crucificação.

.

À esquerda da cruz, encontra-se a estátua de Nossa Senhora das Dores, vestida com um manto azul-escuro e véu, segurando um lenço ou as mãos em gesto de lamento.

A sua expressão serena, mas carregada de tristeza, reflete a tradicional iconografia mariana associada ao sofrimento materno diante da morte do filho.

.

Ao redor das figuras principais, pequenas estátuas de anjos e santos adornam as colunas laterais, adicionando uma camada de espiritualidade e hierarquia celestial.

.

No topo do altar, um painel pintado retrata uma cena religiosa, possivelmente a deposição de Cristo da cruz ou uma representação da Virgem e dos santos, envolta por uma aura de luz que sugere santidade.

A luz natural que entra pela janela à direita ilumina suavemente o altar, criando um contraste entre as áreas douradas e as sombras, enquanto os azulejos decorativos na parede inferior, com padrões geométricos e florais, complementam a estética tradicional portuguesa.

.

Este altar é um testemunho da rica tradição religiosa e artística de Portugal, especialmente na região de Trás-os-Montes, conhecida pelas suas igrejas barrocas.

A talha dourada simboliza a glória divina e a riqueza espiritual, um recurso comum nas igrejas portuguesas para honrar a fé e atrair os fiéis.

A presença de Jesus crucificado e de Nossa Senhora das Dores evoca o núcleo da narrativa cristã: o sacrifício de Cristo e o sofrimento de Maria, que se tornaram ícones de redenção e compaixão.

Juntos, representam a Paixão de Cristo, um tema central na liturgia católica, especialmente durante a Quaresma e a Semana Santa.

.

A luz que penetra pela janela pode ser interpretada como um símbolo de esperança ou da presença divina, iluminando o altar como um farol de fé num meio carregado de penumbra.

.

Os azulejos, típicos da cultura portuguesa, ligam a obra ao património local, refletindo a identidade cultural de Vila Frade e Chaves.

.

 A assinatura de Mário Silva no canto inferior direito sugere uma valorização pessoal do fotógrafo por esta peça de devoção e arte, capturando não apenas a beleza visual, mas também a profundidade espiritual do local.

.

Em conclusão, a fotografia de Mário Silva transcende a mera representação visual, oferecendo uma janela para a história, a fé e a arte de uma comunidade.

O altar lateral da igreja Matriz de Santa Marta é mais do que um objeto decorativo; é um espaço de contemplação, onde a dor, a glória e a esperança se entrelaçam, preservadas pela lente sensível do fotógrafo.

 

.

Texto & Fotografia: ©MárioSilva

.

.

Mário Silva 📷
23
Mar25

O Adeus Dourado de Avelelas (Águas Frias – Chaves – Portugal)


Mário Silva Mário Silva

O Adeus Dourado de Avelelas

(Águas Frias – Chaves – Portugal)

23Mar DSC07903_ms

O sol, pintor divino, tinge o céu de Avelelas com pinceladas de ouro e púrpura.

Na quietude da tarde, a Igreja de Nossa Senhora da Natividade ergue-se como um farol de fé, testemunha silenciosa da passagem do tempo.

.

O campanário, outrora eco de preces e chamados, agora serve de portal para a luz poente.

Os raios solares, como mensageiros celestiais, deslizam pelas pedras gastas, beijando-as com um brilho suave.

A luz dança, brinca com as sombras, e por um instante, o tempo parece suspender-se.

.

A povoação de Avelelas, aninhada no vale, observa o espetáculo com reverência.

As casas de pedra, com as suas telhas de barro, refletem o dourado do sol, como se também elas quisessem participar da despedida.

O ar, outrora vibrante com o burburinho do dia, agora acalma-se, embalado pela melodia silenciosa do crepúsculo.

.

A fotografia de Mário Silva captura este momento mágico, eternizando a despedida do sol e a serenidade de Avelelas.

A imagem transcende o visível, convidando-nos a contemplar a beleza da simplicidade, a magia da luz e a eternidade da fé.

.

No silêncio da noite que se aproxima, Avelelas guarda a memória do sol poente, a promessa de um novo amanhecer, e a certeza de que a luz divina sempre encontrará um caminho, seja através do campanário de uma igreja, seja no coração dos que ali habitam.

.

Texto & Fotografia: ©MárioSilva

.

.

Mário Silva 📷
16
Mar25

A Capela de São Miguel - Sobreira (Águas Frias – Chaves – Portugal)


Mário Silva Mário Silva

A Capela de São Miguel

Sobreira (Águas Frias – Chaves – Portugal)

16Mar DSC07821_ms

A capela de São Miguel, em Sobreira, Águas Frias, Chaves, ergue-se como um testemunho da fé e da história, capturada com maestria pelo olhar de Mário Silva.

A imagem transporta-nos para um lugar de serenidade, onde o tempo parece ter abrandado o seu ritmo.

.

A capela, com a sua arquitetura simples e austera, construída em granito, irradia uma beleza intemporal.

As pedras, desgastadas pelo tempo, contam histórias de gerações que ali encontraram refúgio e conforto espiritual.

O telhado de telha vermelha, com a sua tonalidade quente, contrasta com o cinzento da pedra, criando um jogo de cores que encanta o olhar.

.

A torre sineira, com o seu campanário coroado por cruzes de pedra, ergue-se como um farol de esperança, guiando os fiéis e anunciando os momentos de oração.

A porta de madeira, com a sua simplicidade, convida à entrada, a um espaço de paz e introspeção.

.

A vegetação exuberante, que abraça a capela, confere-lhe um ar de frescura e vitalidade.

As árvores, com as suas folhas verdes, contrastam com o céu azul, criando uma atmosfera de tranquilidade e harmonia.

O muro de pedra, que delimita o espaço da capela, protege-a do mundo exterior, criando um refúgio de paz e serenidade.

.

Nesta imagem, Mário Silva captura a essência da capela de São Miguel, um lugar de fé e história, onde a beleza da arquitetura se funde com a serenidade da natureza.

A luz suave, que banha a cena, realça a beleza dos detalhes, convidando à contemplação e à reflexão.

.

Texto & Fotografia: ©MárioSilva

.

.

Mário Silva 📷

Setembro 2025

Mais sobre mim

foto do autor

LUMBUDUS

blog-logo

Hora em PORTUGAL

Calendário

Novembro 2025

D S T Q Q S S
1
2345678
9101112131415
16171819202122
23242526272829
30

O Tempo em Águas Frias

Pesquisar

Sigam-me

subscrever feeds

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.