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MÁRIO SILVA - Fotografia, Pintura & Escrita

*** *** A realidade é a "minha realidade" em imagens (fotografia, pintura) e escrita

16
Mar25

A Capela de São Miguel - Sobreira (Águas Frias – Chaves – Portugal)


Mário Silva Mário Silva

A Capela de São Miguel

Sobreira (Águas Frias – Chaves – Portugal)

16Mar DSC07821_ms

A capela de São Miguel, em Sobreira, Águas Frias, Chaves, ergue-se como um testemunho da fé e da história, capturada com maestria pelo olhar de Mário Silva.

A imagem transporta-nos para um lugar de serenidade, onde o tempo parece ter abrandado o seu ritmo.

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A capela, com a sua arquitetura simples e austera, construída em granito, irradia uma beleza intemporal.

As pedras, desgastadas pelo tempo, contam histórias de gerações que ali encontraram refúgio e conforto espiritual.

O telhado de telha vermelha, com a sua tonalidade quente, contrasta com o cinzento da pedra, criando um jogo de cores que encanta o olhar.

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A torre sineira, com o seu campanário coroado por cruzes de pedra, ergue-se como um farol de esperança, guiando os fiéis e anunciando os momentos de oração.

A porta de madeira, com a sua simplicidade, convida à entrada, a um espaço de paz e introspeção.

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A vegetação exuberante, que abraça a capela, confere-lhe um ar de frescura e vitalidade.

As árvores, com as suas folhas verdes, contrastam com o céu azul, criando uma atmosfera de tranquilidade e harmonia.

O muro de pedra, que delimita o espaço da capela, protege-a do mundo exterior, criando um refúgio de paz e serenidade.

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Nesta imagem, Mário Silva captura a essência da capela de São Miguel, um lugar de fé e história, onde a beleza da arquitetura se funde com a serenidade da natureza.

A luz suave, que banha a cena, realça a beleza dos detalhes, convidando à contemplação e à reflexão.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
28
Dez24

O conto: "A Rampa Escorregadia de Cimo de Vila"


Mário Silva Mário Silva

A Rampa Escorregadia de Cimo de Vila

28Dez Águas Frias 7

A neve havia embranquecido toda a aldeia de Cimo de Vila, trazendo um silêncio profundo, interrompido apenas pelo tilintar ocasional dos flocos de gelo que se desprendiam dos beirais.

A rampa que ligava o topo ao centro da aldeia parecia um tapete de cristal.

Ninguém ousava atravessá-la à noite... exceto, claro, Sarafim "Trôpego", conhecido não só pelo equilíbrio duvidoso, mas também pela paixão pelos copitos de aguardente.

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Naquela noite, Sarafim tinha visitado a tasca do Quim da Esquina.

Entre conversas sobre os lobos que rondavam as serras e as histórias exageradas sobre as colheitas, Sarafim havia aquecido o espírito com generosas doses do néctar forte da aldeia.

Sentia-se invencível e, sobretudo, com uma coragem de leão para enfrentar a rampa traiçoeira.

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Com o casaco mal abotoado e um gorro torto, Sarafim começou a descer o caminho.

A lua cheia iluminava a neve com um brilho quase mágico.

- Isto tá um espelho! - disse, enquanto soltava um riso misturado com um soluço.

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Ao primeiro passo, um leve deslize.

Sarafim riu, ajustou a postura e continuou.

No segundo passo, o chão pareceu querer abraçá-lo, mas ele manteve o equilíbrio com uma dança desajeitada.

No terceiro, não teve a mesma sorte: o pé esquerdo escorregou, o direito foi atrás, e Sarafim transformou-se num trenó humano.

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- Ai valha-me Nossa Senhora das Botas de Fricção! - gritou enquanto deslizava.

A rampa parecia não ter fim.

Tentou travar com as mãos, mas o gelo estava tão polido que parecia um sabão.

Passou em frente à casa da Dona Gertrudes, que espreitava pela janela.

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- Ó Sarafim, isso é um trenó ou estás a testar o gelo?! - gritou ela, gargalhando.

Sarafim, sem conseguir responder, soltou um "Uuuhhh, lá vou euuu!" enquanto girava em círculos.

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Mais abaixo, o cachorro do senhor Anacleto, um pequeno, mas audacioso cão chamado Piloto, viu Sarafim aproximando-se a toda velocidade.

Piloto, na sua inocência canina, decidiu brincar e correu atrás do "intruso deslizante".

Agora, Sarafim era seguido por um cão entusiasmado que latia como se estivesse numa perseguição policial.

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Quando chegou ao fim da rampa, o inevitável aconteceu.

Sarafim embateu num monte de lenha empilhada.

A madeira voou, o cachorro latiu, e o som ecoou pela aldeia.

Mas, surpreendentemente, Sarafim levantou-se, sacudiu a neve das roupas e declarou com orgulho:

- E é assim, meus amigos, que se faz a descida mais rápida de Cimo de Vila! Alguém me traz um copito para celebrar?"

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A aldeia inteira acordou com as risadas e, nos dias seguintes, a história do "trenó humano" de Sarafim espalhou-se como um incêndio.

Dizem que, até hoje, ele insiste que foi tudo planeado.

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E assim, a rampa de Cimo de Vila ganhou um novo nome: "A Pista do Sarafim Trôpego".

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Conto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
01
Dez24

"A Restauração da Independência de Portugal em 1640"


Mário Silva Mário Silva

"A Restauração da Independência de Portugal em 1640"

01Dez cUN4CUjDWYGikULfbAJO--1--xyotd_ms

A pintura digital de Mário Silva, intitulada "A Restauração da Independência de Portugal em 1640", retrata um dos momentos mais importantes da história portuguesa: a revolta de 1º de dezembro de 1640, que marcou o fim do domínio filipino e o início do reinado de D. João IV, restaurando a soberania nacional após 60 anos de união ibérica sob os reis da Espanha.

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O rei é representado de pé, com postura firme e coroado, destacando-se pela capa dourada que remete à realeza e ao esplendor de Portugal.

Ele segura o cetro, símbolo de autoridade e legitimidade.

À esquerda, os conspiradores que lideraram a revolta observam a cerimónia, demonstrando a união e determinação dos nobres portugueses na luta pela independência.

O ambiente luxuoso, com tronos, candelabros dourados e tapeçarias, reforça a ideia de uma restauração legítima e gloriosa, um momento de triunfo e renovação nacional.

A iluminação suave, quase divina, incidindo sobre D. João IV e os principais personagens, destaca o papel central do monarca e o caráter heroico do evento.

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O episódio de 1640 foi um marco de resistência contra o domínio estrangeiro e de recuperação da identidade portuguesa. A escolha de D. João IV como rei, representada na pintura, consolidou o desejo de autonomia do povo.

A presença dos conjurados na obra ressalta a colaboração entre diferentes setores da sociedade para atingir o objetivo comum de restaurar a soberania.

A forma como D. João IV é retratado reflete a sua legitimidade como rei e o compromisso com a nação recém-restaurada.

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Durante a União Ibérica (1580-1640), Portugal esteve sob domínio da dinastia espanhola dos Habsburgos, uma situação que gerou insatisfação devido à perda de autonomia e prejuízos económicos.

A revolta do 1º de dezembro de 1640, liderada por 40 conjurados, resultou no golpe que depôs a administração espanhola e coroou D. João IV da Casa de Bragança como rei.

Este evento deu início à Guerra da Restauração, que consolidaria a independência de Portugal após várias batalhas contra a Espanha.

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A Restauração da Independência foi crucial para a manutenção da identidade cultural e política de Portugal como nação soberana.

O episódio simboliza a resistência do país diante de adversidades externas e reforça o orgulho nacionalista que persiste até hoje.

O momento capturado na pintura de Mário Silva eterniza esse espírito de resiliência e união que moldou a história portuguesa.

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Texto & Pintura (AI): ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
16
Nov24

"Os girassóis e o Castelo de Monforte de Rio Livre, desfocado, ao fundo"


Mário Silva Mário Silva

"Os girassóis e o Castelo de Monforte de Rio Livre, desfocado, ao fundo"

04Nov DSC07758_ms

A fotografia intitulada "Os girassóis e o Castelo de Monforte de Rio Livre, desfocado, ao fundo" de Mário Silva captura a interação entre a natureza e a história de uma maneira visualmente cativante e simbolicamente rica.

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No primeiro plano, vemos um conjunto de girassóis destacados, com as suas pétalas amarelas vibrantes iluminadas pela luz do sol, o que cria um efeito de transparência nas pétalas.

O centro escuro das flores contrasta fortemente com o fundo mais claro, destacando a vivacidade das flores.

Um dos girassóis está em plena floração, enquanto outro, à esquerda, já parece estar no final do seu ciclo, com as pétalas caindo.

Essa justaposição sugere o ciclo natural de crescimento e declínio.

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Ao fundo, em segundo plano, está o Castelo de Monforte de Rio Livre, situado no topo de uma colina e desfocado.

Embora a forma do castelo seja percetível, a sua falta de nitidez direciona o olhar para o primeiro plano, permitindo que os girassóis sejam o ponto de foco da imagem.

O castelo parece envolto numa luz suave, sugerindo distância e quase um tom de mistério ou nostalgia.

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A técnica usada aqui é de uma profundidade de campo rasa, onde o primeiro plano (os girassóis) está em foco nítido, enquanto o castelo no fundo está desfocado.

Essa escolha direciona a atenção do observador inicialmente para as flores e, somente depois, para o castelo.

O desfoque do castelo cria uma sensação de espaço e profundidade, enquanto também insinua uma separação temporal ou simbólica entre os dois elementos.

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A luz desempenha um papel crucial na fotografia, iluminando as pétalas dos girassóis de forma a criar uma sensação de brilho e calor.

O amarelo vibrante das flores é realçado contra o fundo mais desmaiado, que apresenta cores suaves e tons terrosos da colina e do castelo.

Essa combinação de cores cria um contraste visual agradável que ressalta a vitalidade dos girassóis.

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O alinhamento dos girassóis à esquerda do quadro cria uma composição equilibrada.

A presença do castelo no centro ao fundo, desfocado, adiciona profundidade e contexto histórico, sem competir visualmente com as flores, que são as protagonistas da imagem.

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Os girassóis representam a vida, o crescimento e o ciclo da natureza, com a sua beleza efémera sendo destacada no foco.

O castelo, por outro lado, é um símbolo de permanência e resistência, uma lembrança duradoura da história que permanece em segundo plano.

O contraste entre esses dois elementos sugere uma reflexão sobre o tempo: a natureza floresce, vive e morre, enquanto as construções humanas, mesmo que desfocadas e distantes, continuam a marcar o cenário, testemunhas silenciosas do passado.

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A imagem também pode ser vista como uma metáfora do ciclo da vida.

O girassol em plena floração e o girassol que já está murchando representam diferentes fases da vida, em contraste com o castelo que, apesar de estar presente há séculos, é mostrado de forma menos detalhada, sugerindo que a vida e o crescimento imediato da natureza podem ofuscar a longevidade histórica.

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O desfoque do castelo, envolto por uma luz suave, cria uma atmosfera quase romântica e nostálgica.

Ele não é o foco da imagem, mas a sua presença sugere uma história rica que está sempre à espreita, ao fundo, enquanto a vida contemporânea (representada pelos girassóis) toma o centro das atenções.

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A obra de Mário Silva parece explorar o contraste entre a vitalidade presente e o passado remoto.

A técnica de desfocar o castelo ao fundo é um artifício visual que permite ao observador perceber a história sem necessariamente se fixar nela.

É como se a imagem dissesse que, embora o passado esteja sempre lá, a vida e a beleza estão no presente.

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A escolha dos girassóis também é significativa, pois essa flor tem uma forte conotação com o sol e o otimismo, sempre girando em direção à luz.

Isso pode ser interpretado como um convite a focar no que está florescendo agora, enquanto a história permanece em segundo plano, como um pano de fundo estável, mas não central.

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Em conclusão, a fotografia de Mário Silva é uma composição visualmente impactante que equilibra habilmente a beleza efémera da natureza com a longevidade da história.

A combinação de girassóis vibrantes com o castelo de Monforte desfocado ao fundo cria um contraste simbólico entre o passado e o presente, a vida e a permanência, convidando o observador a refletir sobre o fluxo do tempo e a interação entre o homem e a natureza.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
10
Out24

Rua Cimo de Vila da antiga "villa" de "Aquae frigidae" (hoje, "Águas Frias" - Chaves - Portugal)


Mário Silva Mário Silva

 

Rua Cimo de Vila da antiga "villa" de "Aquae frigidae"

(hoje, "Águas Frias" - Chaves - Portugal)

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A fotografia de Mário Silva captura a essência da rua Cimo de Vila, na antiga "villa" de "Aquae frigidae", hoje conhecida como Águas Frias, em Chaves, Portugal.

A imagem retrata um cenário típico das aldeias portuguesas mais antigas, com elementos que evocam a história e a tradição local.

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As paredes de pedra granítica, típicas da região, dominam a imagem, conferindo à rua um aspeto rústico e autêntico.

A textura irregular das pedras e a presença de musgo revelam o passar do tempo e a resistência dos materiais utilizados na construção.

As portas de madeira, uma verde e outra de madeira crua, contrastam com a tonalidade das pedras e adicionam um toque de cor à composição.

O chão de pedra irregular, composto por calçada portuguesa, confere à rua um caráter histórico e contribui para a sensação de autenticidade. As marcas do tempo e o desgaste das pedras revelam o intenso uso ao longo dos séculos.

A presença de plantas espontâneas que crescem entre as pedras e nas proximidades das paredes confere à imagem um toque de vida e naturalidade.

As flores, adicionam um toque de cor e beleza à composição.

A perspetiva da fotografia, que se concentra na rua estreita e nas paredes de pedra, cria uma sensação de profundidade e convida o observador a imaginar a vida que se desenvolveu neste local ao longo dos séculos.

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A fotografia de Mário Silva transmite uma sensação de tranquilidade e serenidade, convidando o observador a uma viagem no tempo.

A rua Cimo de Vila, com a sua arquitetura tradicional e atmosfera bucólica, é um testemunho da história milenar de “Aquae Frigidae” e da importância das águas para o desenvolvimento da região.

A imagem captura a essência de um Portugal rural e autêntico, onde a tradição e a natureza se fundem de forma harmoniosa.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
05
Out24

5 de outubro de 1910 - Implantação da República em Portugal


Mário Silva Mário Silva

5 de outubro de 1910

Implantação da República em Portugal

05Out

A Implantação da República Portuguesa, ocorrida a 5 de outubro de 1910, foi um marco fundamental na história do país, simbolizando o fim de séculos de monarquia e o início de uma nova era republicana.

O evento foi resultado de uma revolução organizada pelo Partido Republicano Português, que tinha como objetivo derrubar o regime monárquico, visto como incapaz de resolver os problemas sociais e económicos que assolavam Portugal no início do século XX.

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No final do século XIX e início do XX, Portugal enfrentava uma série de crises.

A monarquia constitucional, que governava o país desde 1820, estava cada vez mais desacreditada.

Problemas económicos, como o endividamento externo, a perda de prestígio internacional com o ultimato britânico de 1890 (relacionado às possessões coloniais), e a incapacidade de lidar com as demandas populares de reformas, desgastaram o governo.

Além disso, a corrupção e o aumento das tensões entre a monarquia e os republicanos agravaram o cenário.

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Neste contexto, o Partido Republicano Português (PRP) emergiu como uma força política relevante, especialmente nas grandes cidades.

Inspirado pelas ideias do positivismo e do republicanismo francês, o PRP defendia a instauração de uma república como a única forma de resolver os problemas do país.

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O movimento republicano ganhou força nas primeiras décadas do século XX, e a instabilidade política, agravada pelos atentados e revoltas populares, culminou na Revolução de 1910.

A insurreição começou em 3 de outubro de 1910, com levantamentos populares em Lisboa.

Os republicanos contaram com o apoio de setores descontentes do exército e da marinha, além de muitos trabalhadores urbanos.

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A monarquia, já enfraquecida, não conseguiu resistir ao avanço republicano.

Na madrugada de 5 de outubro, as tropas fiéis à república venceram os últimos focos de resistência, e a monarquia foi oficialmente derrubada.

O rei D. Manuel II, último monarca de Portugal, exilou-se em Inglaterra, marcando o fim da dinastia de Bragança.

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A República foi proclamada na manhã de 5 de outubro de 1910, em frente ao edifício da Câmara Municipal de Lisboa.

O novo regime trouxe consigo a adoção de novos símbolos nacionais, como a bandeira e o hino.

O governo provisório, liderado por Teófilo Braga, foi estabelecido para preparar a transição para um regime republicano plenamente democrático.

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A Implantação da República em Portugal representou uma rutura significativa com o passado monárquico.

Entre as primeiras reformas republicanas estavam a separação entre Igreja e Estado, a reforma educacional com foco no ensino laico, e a tentativa de modernizar as instituições políticas e sociais.

No entanto, a Primeira República (1910-1926) enfrentou diversos desafios, como a instabilidade política, várias tentativas de golpe de estado e problemas económicos que persistiam desde o período monárquico.

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A pintura anexa parece retratar uma cena desse importante evento histórico, com uma multidão em frente a um edifício imponente, possivelmente a Câmara Municipal de Lisboa, onde a República foi proclamada.

A presença de bandeiras e figuras a cavalo reflete a atmosfera de revolução e mudança que marcou o início do regime republicano em Portugal.

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Em conclusão, a Implantação da República Portuguesa em 1910 foi um evento de grande relevância histórica, que não apenas derrubou a monarquia, mas também inaugurou um novo ciclo político, social e cultural em Portugal.

Apesar dos desafios enfrentados pelo novo regime, a república trouxe consigo o espírito de modernização e democracia que continuaria a influenciar o país ao longo do século XX.

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Texto & Pintura (AI): ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
28
Set24

A Cancela Vermelha


Mário Silva Mário Silva

A Cancela Vermelha

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No coração das Terras de Monforte, onde as vinhas se estendem como um mar verde-esmeralda, havia uma pequena propriedade vinícola de nome Quinta do Sol.

Era um lugar encantador, com os seus vinhos premiados e a sua vista deslumbrante sobre as colinas e serra do Larouco.

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No entanto, havia um pequeno problema que incomodava o proprietário, o Sr. Oliveira.

A entrada da Quinta do Sol era protegida por uma velha cancela de ferro, que estava enferrujada e com aparência de abandono.

O Sr. Oliveira decidiu que era hora de substituí-la por uma nova cancela, e assim o fez.

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A nova cancela era de ferro, mas era brilhante e vermelha, como um rubi.

Ela estava tão bonita que o Sr. Oliveira ficou orgulhoso de si mesmo.

No entanto, logo percebeu que havia um problema.

A cancela era tão bonita que atraía a atenção de todos que passavam pelo caminho.

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Um dia, enquanto o Sr. Oliveira estava a trabalhar na vinha, viu um grupo de “turistas” parando para admirar a cancela.

Eles tiravam fotos e faziam comentários entusiasmados.

O Sr. Oliveira ficou tão irritado que decidiu trancar a cancela.

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No dia seguinte, quando o Sr. Oliveira foi abrir a cancela, descobriu que estava trancada e não tinha trazido a chave.

Ele tentou de tudo, mas não conseguiu abri-la.

Ele ficou desesperado, pois precisava de entrar na vinha para cuidar das plantas.

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Finalmente, o Sr. Oliveira decidiu chamar um serralheiro.

O serralheiro chegou e, com um pouco de esforço, conseguiu abrir a cancela.

O Sr. Oliveira ficou aliviado, mas também estava irritado.

Ele decidiu que precisava de uma nova cancela, mas desta vez seria uma cancela que não chamasse a atenção.

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No dia seguinte, o Sr. Oliveira foi à cidade de Chaves e comprou uma nova cancela.

Era uma cancela de ferro, mas era castanha e sem graça.

Quando a instalou, ficou aliviado por não ter mais que se preocupar com “turistas” parando para admirar a cancela.

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No entanto, logo percebeu que havia um novo problema.

A cancela castanha era tão sem graça que ninguém a notava.

Ele sentia falta da beleza da cancela vermelha.

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Finalmente, o Sr. Oliveira decidiu que precisava de uma cancela que fosse bonita, mas que não chamasse a atenção.

Ele foi à cidade e comprou uma nova cancela.

Era uma cancela de ferro, mas era de um tom de vermelho suave e discreto.

Quando a instalou, ficou satisfeito.

A cancela era bonita, mas não era tão chamativa quanto a anterior.

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Desde então, o Sr. Oliveira tem sido feliz com a sua nova cancela.

Ela é bonita, mas não chama a atenção.

E o Sr. Oliveira pode finalmente trabalhar em paz na sua vinha.

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Moral da história: É importante encontrar um equilíbrio entre beleza e discrição.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
27
Set24

A Lenda do Medronheiro (Arbutus unedo): A Árvore do Diabo


Mário Silva Mário Silva

A Lenda do Medronheiro (Arbutus unedo)

A Árvore do Diabo

Uma história que se perde no tempo

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O medronheiro, árvore tão característica da nossa flora, envolve-se em lendas e mistérios que se transmitem de geração em geração.

Uma das mais conhecidas e intrigantes associa esta árvore ao próprio Diabo.

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Diz a lenda que o Diabo, invejoso da beleza e da abundância dos frutos do medronheiro, lançou sobre ele uma maldição.

Os medronhos, tão saborosos e apreciados, começariam a amadurecer no outono, mas atingiriam o ápice do seu sabor e do seu teor alcoólico justamente na noite de Natal.

E nessa mesma noite, misteriosamente, desapareceriam.

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Diz-se que o Diabo, fiel à sua promessa, volta para colher os frutos que lhe pertencem, para celebrar a sua vitória sobre a criação divina.

Outros acreditam que os animais da floresta, atraídos pelo aroma intenso e pelo sabor inebriante dos medronhos maduros, os devoram todos em uma única noite.

Há ainda quem defenda que a natureza, na sua sabedoria infinita, esconde os frutos para protegê-los e garantir a sobrevivência da espécie.

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Na realidade, a explicação para o desaparecimento dos medronhos é bem mais prosaica.

Os frutos maduros, com alto teor alcoólico, fermentam rapidamente, caindo ao chão e sendo rapidamente consumidos por animais ou se decompondo.

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Apesar de ser uma lenda, a história do medronheiro e do Diabo continua a fascinar e a ser contada por todo o país.

A aguardente de medronho, bebida tradicional obtida a partir da fermentação dos frutos, é muitas vezes associada a esta lenda, reforçando a aura de mistério que envolve esta árvore.

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Para além da lenda, o medronheiro possui um profundo significado cultural e simbólico.

A sua resistência e a sua capacidade de se adaptar a solos pobres representam a força e a perseverança do povo português.

Os seus frutos, símbolo da abundância e da festa, são um lembrete da importância de celebrar a vida e os ciclos da natureza.

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Em conclusão, a lenda do medronheiro é mais do que uma simples história.

É uma expressão da nossa cultura, da nossa relação com a natureza e da nossa busca por explicações para os mistérios que nos rodeiam.

Seja qual for a verdade por detrás desta lenda, o medronheiro continuará a ser uma árvore especial, carregada de história e de significado.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
16
Jul24

A menina e o portal mágico


Mário Silva Mário Silva

A menina e o portal mágico

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Num vilarejo tranquilo, aninhado entre montanhas verdejantes e um rio cristalino, vivia uma jovem chamada Clara.

Com os seus olhos cor de mel e cabelos castanhos ondulados, Clara era conhecida pela sua gentileza e profundo amor pela natureza.

Desde pequena, ela explorava as florestas e campos à volta de sua casa, maravilhando-se com a beleza das flores silvestres, o canto dos pássaros e a força das árvores imponentes.

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Um dia, enquanto caminhava por um trilho familiar, Clara deparou-se com uma visão surpreendente: um portal de pedra, esculpido com símbolos estranhos e coberto por uma cortina de trepadeiras.

A curiosidade dominou-a e, sem hesitar, aproximou-se e tocou a pedra.

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No instante em que os seus dedos tocaram a superfície fria, uma luz cintilante emanou do portal, envolvendo Clara num abraço caloroso.

Quando a luz se dissipou, ela viu-se num lugar mágico, diferente de tudo que já havia visto.

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A floresta ao seu redor era um caleidoscópio de cores vibrantes.

As árvores, com folhas que brilhavam em tons de ouro, prata e esmeralda, entrelaçavam-se formando arcos naturais.

Flores de todos os tamanhos e formas desabrochavam num tapete macio sob seus pés, exalando perfumes inebriantes.

No ar, pairava uma melodia suave, composta por cantos de pássaros e o murmúrio do vento nas folhas.

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Clara aventurou-se por este mundo encantado, guiada por uma sensação de paz e alegria.

Ela encontrou criaturas fantásticas que jamais imaginou existir: fadas com asas luminosas, elfos travessos que habitavam em troncos ocos, e até mesmo unicórnios majestosos pastando em campos floridos.

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Ao longo da sua jornada, Clara aprendeu segredos sobre a natureza que jamais havia suspeitado.

Ela descobriu que as plantas e animais não eram apenas seres vivos, mas sim partes de um todo interligado, pulsando com energia vital.

Ela também aprendeu sobre a importância do equilíbrio e da harmonia na preservação do meio ambiente.

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Com o passar do tempo, Clara começou a sentir saudades da sua casa e da sua família.

Ela sabia que precisava voltar ao seu mundo, mas também carregava consigo a lembrança viva da magia que havia experimentado.

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Ao se aproximar do portal, Clara se despediu-se dos amigos que havia feito na sua jornada.

Ela prometeu que nunca esqueceria as lições que havia aprendido e que usaria o seu conhecimento para proteger a natureza no seu próprio mundo.

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Quando ela atravessou o portal e voltou para casa, Clara sentiu-se transformada.

Ela carregava consigo um novo olhar para o mundo, reconhecendo a beleza e a importância da natureza em cada detalhe.

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A partir daquele dia, Clara dedicou-se a compartilhar a sua experiência com todos que a cercavam.

Ela contava histórias sobre o mundo mágico que havia encontrado, inspirava as pessoas a cuidarem do meio ambiente e ensinava-as a apreciar a beleza da natureza na sua própria comunidade.

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Com o tempo, a história de Clara espalhou-se por todo o vilarejo, e logo pessoas de todas as idades começaram a aventurar-se na floresta em busca do portal mágico.

Alguns encontraram o portal e puderam vivenciar a magia por si mesmos, enquanto outros simplesmente inspiraram-se na história da Clara e comprometeram-se a cuidar melhor do meio ambiente.

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A história da Clara ensina-nos que a natureza é um lugar de beleza, magia e sabedoria.

Através da sua jornada, ela convida-nos a conectarmo-nos com a natureza de forma mais profunda, a reconhecermos a importância da preservação ambiental e a utilizarmos o nosso conhecimento para proteger o planeta que nos acolhe.

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Se anda à procura deste portal, esteja de mente aberta e tente encontrá-lo nos bosques, florestas ou num recanto dum campo, na aldeia transmontana de Águas Frias – Chaves – mo encantado Portugal.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
04
Mai24

A Ponte Pênsil D. Maria II (Porto - Portugal): Uma História de Inovação, Importância e Tragédia


Mário Silva Mário Silva

 

A Ponte Pênsil D. Maria II (Porto - Portugal):

Uma História de Inovação, Importância e Tragédia

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A ponte pênsil D. Maria II, também conhecida como Ponte do Douro, foi uma ponte suspensa que ligava as cidades do Porto e Vila Nova de Gaia, em Portugal.

Construída entre 1841 e 1843, foi a primeira ponte pênsil do país e uma das primeiras da Europa.

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A construção da ponte pênsil D. Maria II foi impulsionada pela necessidade de uma ligação mais eficiente entre as duas cidades.

Até então, a travessia do Rio Douro era feita por barco, o que era lento e perigoso, especialmente em mau tempo.

A ponte foi projetada pelo engenheiro francês Jean-Baptiste Fontinelle e financiada por uma empresa privada.

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A ponte pênsil D. Maria II teve um impacto significativo no desenvolvimento das cidades do Porto e Vila Nova de Gaia.

Facilitou o comércio e o transporte entre as duas margens do rio, impulsionando o crescimento económico da região.

A ponte também se tornou um marco importante na paisagem urbana do Porto, sendo um símbolo da inovação e do progresso da cidade.

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Em 5 de fevereiro de 1855, a ponte pênsil D. Maria II ruiu durante uma forte tempestade.

O colapso da ponte causou a morte de cerca de 200 pessoas e feriu muitas outras.

A tragédia causou grande comoção em Portugal e no resto da Europa.

A causa exata do colapso da ponte pênsil D. Maria II nunca foi totalmente esclarecida.

No entanto, acredita-se que a forte tempestade, combinada com falhas na construção da ponte, contribuiu para o desastre.

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A ponte pênsil D. Maria II foi reconstruída em 1859, mas foi desativada em 1906 e demolida em 1934.

Apesar de sua curta vida útil, a ponte teve um impacto significativo na história do Porto e de Vila Nova de Gaia.

A ponte foi um marco importante na engenharia civil portuguesa e um símbolo da inovação e do progresso da cidade.

 

NOTA: É importante notar que a ponte pênsil D. Maria II não deve ser confundida com a ponte ferroviária D. Maria Pia, que também liga as cidades do Porto e Vila Nova de Gaia.

A ponte D. Maria Pia foi construída em 1877 e ainda está em uso hoje.

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A ponte pênsil D. Maria II tinha 170 metros de comprimento e 6 metros de largura.

A ponte era sustentada por 8 cabos de ferro, cada um com 155 metros de comprimento.

A ponte tinha duas torres de pedra de 18 metros de altura.

A ponte era gratuita para pedestres e animais, mas cobrava pedágio para veículos.

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A ponte pênsil D. Maria II foi uma obra de engenharia notável que teve um impacto significativo no desenvolvimento das cidades do Porto e Vila Nova de Gaia.

A ponte foi um marco importante na paisagem urbana do Porto e um símbolo da inovação e do progresso da cidade.

O colapso da ponte em 1855 foi uma tragédia terrível que causou a morte de muitas pessoas.

No entanto, a ponte pênsil D. Maria II continua a ser lembrada como uma conquista importante na história da engenharia civil portuguesa.

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Texto & Colorização da Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
14
Fev24

A velha janela - Águas Frias (Chaves) - Portugal


Mário Silva Mário Silva

A velha janela

Águas Frias (Chaves) - Portugal

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No centro da aldeia, numa rua tranquila, havia uma velha casa. A casa era antiga, de paredes brancas e janelas de madeira. Uma das janelas, em especial, chamava a atenção de todos que passavam por ali.

Era uma janela velha, de madeira escura e vidros partidos. A madeira estava rachada e desgastada, e os vidros estavam quebrados, deixando buracos por onde o vento e a chuva podiam entrar.

A janela estava sempre entreaberta, como se convidasse as pessoas a entrar. E, de fato, muitas pessoas paravam para olhar para dentro.

Dentro da casa, havia uma velha senhora. Ela era uma mulher pequena e frágil, com cabelos brancos e olhos azuis. Ela passava os dias sentada numa cadeira, olhando pela janela.

A velha senhora era solitária. Ela não tinha filhos nem netos, e seu marido havia morrido há muitos anos. Ela passava os dias sozinha, relembrando o passado.

Um dia, uma menina chamada Maria passou pela rua e viu a velha senhora. Maria era uma menina curiosa, e ela decidiu parar para conversar com a velha senhora.

Maria entrou na casa e sentou-se ao lado da velha senhora. Elas conversaram durante horas, e Maria ficou sabendo da vida da velha senhora.

A velha senhora contou a Maria sobre sua infância, seus sonhos e seus amores. Ela contou também sobre a aldeia, que havia mudado muito desde que ela era jovem.

Maria e a velha senhora tornaram-se amigas. Elas encontravam-se todos os dias, e conversavam durante horas.

A velha senhora estava feliz por ter encontrado uma amiga. Ela sentia-se menos sozinha, e tinha alguém para conversar sobre as suas memórias.

Maria também estava feliz por ter encontrado uma amiga. Ela gostava de ouvir as histórias da velha senhora, e aprendeu muito sobre a aldeia e sobre a vida.

A velha janela continuou a ficar entreaberta, como se convidasse as pessoas a entrar. E, graças a Maria, a velha senhora não estava mais sozinha.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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22
Jul23

A Misteriosa História da Porta Vermelha numa Casa de Aldeia Transmontana (1.ª parte)


Mário Silva Mário Silva

A Misteriosa História da Porta Vermelha numa Casa de Aldeia Transmontana (1.ª parte):

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Desvendando um segredo que vos deixará vermelhos de “suspense”!

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A pequena aldeia transmontana esconde muitos segredos e mistérios. No entanto, há um que se destaca entre todos os outros: a porta vermelha de uma casa abandonada. Os habitantes da aldeia evitam falar sobre ela, mas as histórias e os rumores sobre o que se esconde por detrás da porta são muitos.

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Introdução ao Mistério da Porta Vermelha

A porta vermelha é uma das coisas mais enigmáticas da aldeia. A casa onde se encontra está abandonada há muitos anos, mas ninguém nunca se aventurou a entrar lá. A porta, por sua vez, permanece trancada e ninguém sabe o que se encontra do outro lado. Os habitantes da aldeia acreditam que há um segredo escondido lá dentro, mas ninguém sabe ao certo o que é.

As histórias sobre a porta vermelha são muitas. Alguns dizem que há um tesouro escondido lá dentro, enquanto outros acreditam que a casa é assombrada por espíritos malignos. Há até quem diga que a casa pertenceu a um velho sábio que guardava um livro de feitiçaria com poderes mágicos. Mas, até agora, ninguém nunca teve coragem de entrar na casa para descobrir a verdade.

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A História da Casa da Aldeia Transmontana

A casa onde se encontra a porta vermelha é uma das mais antigas da aldeia. Segundo os registros históricos, foi construída há mais de 200 anos por um rico proprietário de terras. Durante muitos anos, a casa foi habitada por várias gerações da mesma família, até que foi abandonada há cerca de 50 anos.

Desde então, a casa tem permanecido vazia e quase em ruínas. As janelas estão partidas, as paredes estão descascadas e a porta vermelha parece cada vez mais enigmática. Mas, apesar do seu estado de abandono, a casa ainda é um marco importante na história da aldeia.

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A Descoberta da Porta Vermelha

A porta vermelha foi descoberta há muitos anos, por um grupo de crianças que brincavam na zona. Curiosos, tentaram abrir a porta, mas não conseguiram. Desde então, a porta tem sido um mistério para todos os habitantes da aldeia.

Ninguém sabe ao certo como é que a porta foi trancada ou quem a trancou. A porta parece estar presa por uma fechadura antiga que ninguém conseguiu abrir. Alguns habitantes da aldeia acreditam que a porta está trancada por magia negra, enquanto outros acham que é apenas uma fechadura velha e enferrujada.

(Continua …)

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
18
Jun23

O encontro entre o vaidoso e colorido abelharuco "Merops apiaster" e o taciturno estorninho-preto “Sturnus unicolor” (1ª parte)...


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O encontro entre o vaidoso e colorido abelharuco "Merops apiaster" e o taciturno estorninho-preto “Sturnus unicolor” ...

1.ª parte

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Introdução

A natureza é uma coisa linda - nunca se sabe que encontros podemos testemunhar. Por isso, estamos absolutamente entusiasmados por partilhar convosco um momento incrivelmente raro entre duas aves na natureza - o vaidoso e colorido Abelharuco “Merops apiaster” e o taciturno Estorninho-preto “Sturnus unicolor”.

Neste artigo, vamos explorar a forma como estas duas aves interagiram quando se encontraram num campo aberto. O encontro foi um espetáculo único - enquanto o Abelharuco era extravagante e exalava autoconfiança, o Estorninho-preto era mais reservado e observava cautelosamente à distância.

Também discutiremos os comportamentos de cada ave e os fatores que podem ter levado a este intrigante impasse. Aprenderá como as suas ações foram moldadas pelas suas motivações instintivas para encontrar alimento, bem como algumas das características únicas que tornam ambas as espécies tão interessantes.

Então, junte-se a nós na nossa viagem através deste extraordinário encontro entre duas das aves mais fascinantes da natureza!

(... continua)

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Texto e fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
01
Dez20

Restauração da Independência


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Restauração da Independência

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Em 1580, o reino de Portugal passou a estar unido ao reino de Espanha por união dinástica. Filipe I (Filipe II de Espanha) jurou, nas Cortes de Tomar (1581), respeitar as leis e os costumes de Portugal, entre os quais a manutenção da língua portuguesa como única língua oficial. Inicialmente, esta união era desejada pela nobreza e pela burguesia que assim tinham ao seu alcance o alargamento do protagonismo político e comercial, uma vez que a Espanha era na altura um dos reinos mais poderosos e influentes da Europa.

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Este otimismo foi defraudado no reinado de Filipe III (Filipe IV de Espanha). Este monarca, mais arrogante em relação aos direitos dos portugueses, optou por não respeitar o juramento das Cortes de Tomar e unificou institucionalmente as duas coroas.

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Simultaneamente, verificou-se um certo descontentamento por parte de alguns nobres que por razões de distância se viram afastados da Corte, situada em Madrid. Por seu turno, a burguesia viu-se afastada dos negócios ultramarinos da Espanha e assistiu à progressiva perda das possessões portuguesas no ultramar: holandeses e ingleses atacavam as colónias portuguesas, sem que Madrid tomasse alguma iniciativa para as defender.

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A este clima de insatisfação veio juntar-se o descontentamento do povo, que, nas "Alterações de Évora e do Algarve", em 1637, se manifestou contra a fome e a subida do preço do trigo.

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Porém, o povo não participou no golpe palaciano que, a 1 de dezembro de 1640, restituiu o governo à Casa de Bragança. A Restauração ficava a dever-se a um grupo de nobres e de letrados, e nem mesmo o oitavo duque de Bragança teria participado.

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Influenciado por Richelieu, que lhe havia prometido apoio militar caso ele se revoltasse contra a Espanha, o oitavo duque de Bragança acabou por acudir aos desejos dos organizadores do golpe de 1 de dezembro e foi coroado a 15 de dezembro de 1640.

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D. João IV, no sentido de consolidar a Restauração, desenvolveu a diplomacia e organizou o exército, enviando diplomatas às principais cortes europeias com o objetivo de conseguir o reconhecimento da independência e de obter apoios financeiros e militares.

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Surgiu uma vasta bibliografia político-jurídica no sentido de justificar a Restauração: Manifesto do Reyno de Portugal de António Pais Viegas (1641), A Arte de Reynar (Bruxelas, 1642), A Justa Aclamação de Velasco de Gouveia (Lisboa, 1642), Usurpação, Retenção e Restauração de Portugal de João Pinto Ribeiro (Lisboa, 1642), Lusitania liberata ab injusto Castelhanorum dominio restituta de António de Sousa de Macedo (Londres, 1642).

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Foi necessário justificar que D. João IV não era um rebelde, mas sim o legítimo herdeiro do trono, que havia sido usurpado por Filipe II de Espanha. D. João IV assume-se como o herdeiro de Catarina de Bragança, candidata ao trono e afastada por Filipe II em 1580.

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Das Cortes de 1641, saiu também uma nova doutrina que defendia que o poder provinha de Deus através do povo, que, por sua vez, o transferia para o rei. Em caso de usurpação ou tirania, o povo tinha o poder de destituir o rei, precisamente o que aconteceu com Filipe IV.

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Os primeiros embaixadores a serem enviados foram Francisco de Melo e António Coelho de Carvalho. Em janeiro de 1641 partiram para a França de Luís XIII, reino que estava em guerra com a Espanha e que havia estimulado a independência portuguesa como forma de enfraquecer o seu inimigo. Outros se seguiram para outras cortes: Antão Vaz de Almada (Inglaterra), Tristão de Mendonça Furtado (Holanda), D. Miguel de Portugal (Roma), Francisco de Sousa Coutinho (Dinamarca e Suécia) e Jorge de Melo (Catalunha).

 

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Numa primeira fase, os confrontos militares não tiveram grande significado. A Espanha estava envolvida na Guerra dos 30 Anos e na revolta da Catalunha, pelo que não pôde dar uma resposta eficaz à revolta portuguesa. Os exércitos utilizados na guerra contra Portugal eram de qualidade inferior, o que permitiu a Portugal organizar e aperfeiçoar o seu exército com a chegada de novos efetivos e a utilização de oficiais e técnicos estrangeiros de qualidade.

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A primeira investida séria espanhola deu-se, já no reinado de D. Afonso VI, em 1663, e teve como consequência as conquistas de Évora e de Alcácer do Sal. Contudo, nesse mesmo ano, os espanhóis foram derrotados na Batalha do Ameixial. Em 1664, os portugueses voltam a vencer na Batalha de Castelo Rodrigo e, em 1665, na Batalha de Montes Claros.

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A guerra durou quase três décadas e terminou, já com D. Pedro II, através da assinatura de um tratado de paz, em 1668, no qual a Espanha reconheceu a independência de Portugal.

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In: https://www.infopedia.pt/$restauracao?uri=lingua-portuguesa/restaura%C3%A7%C3%A3o

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Ver também:

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