“Papa-moscas-cinzento (Muscicapa striata) no alto ramo seco”
Mário Silva Mário Silva
“Papa-moscas-cinzento (Muscicapa striata) no alto ramo seco”

A fotografia de Mário Silva captura um momento de serenidade na natureza.
No centro da imagem, um Papa-moscas-cinzento, com suas penas de tons neutros, está empoleirado num galho seco e retorcido.
A iluminação dourada e suave incide diretamente sobre a pequena ave e o galho, criando um contraste com o fundo escuro e desfocado, que sugere um entardecer.
A composição, com a luz focando no pássaro e no seu suporte, isola o sujeito e transmite uma sensação de quietude e solidão.
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O Guardião do Entardecer
No alto de um galho de carvalho, tão velho e retorcido quanto o próprio tempo, vivia um pequeno pássaro de olhos redondos e penas cinzentas.
Ele não tinha um nome grandioso, apenas o de Papa-moscas-cinzento, mas todos na floresta o conheciam como o Guardião do Entardecer.
Era seu dever, a cada dia, saudar a última luz do sol com a sua presença silenciosa.
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O mundo ao seu redor era uma tapeçaria de sombras, um manto de veludo que o crepúsculo tecia.
As folhas já não balançavam, os ruídos da floresta aquietavam-se, e a escuridão preparava-se para cobrir tudo.
Mas ali, no alto do seu trono de madeira, o Papa-moscas era um ponto de luz.
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Ele não cantava canções elaboradas como o rouxinol, nem voava em acrobacias como a andorinha.
A sua magia estava na quietude.
Enquanto a luz do dia se esvaía em tons de pêssego e dourado, ele permanecia imóvel, a silhueta solitária de um ser que testemunhava a transição do dia para a noite.
A sua alma, se ele tivesse uma, era feita de nostalgia e serenidade.
Ele observava as últimas moscas voarem, o vento final acariciar as árvores, e o brilho do sol beijar a terra pela última vez antes de partir.
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As outras criaturas da floresta viam-no, mas raramente se aproximavam.
Sabiam que a sua missão era sagrada, e que a paz que ele irradiava era um presente para todos eles.
A sua existência era uma recordação de que, mesmo nos momentos de transição e escuridão, sempre há um ponto de luz e esperança.
E assim, quando a última estrela surgia no céu, o Guardião do Entardecer fechava os olhos, sentindo o calor da luz dourada na alma, pronto para esperar a aurora do dia seguinte.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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