“Assim como o vento delicadamente retira as folhas secas das árvores para que novas possam ocupar o lugar, o tempo leva as lembranças que não fazem mais sentido na nossa vida para que possamos vivenciar novas experiências.”
As folhas pousam, se o vento é brando tapeteando os caminhos. O sol é intruso, se espreita pela manhã... e o chão não queima à meia tarde. O dia e a noite começam cedo e a chuva cai, arrefecendo sem gelar. Vão-se os pássaros ficam os ninhos franqueados ao silêncio.
No outono... se de brio se quer estação o ar arrefece e ao pó não se deve o cinzento dos dias. No outono quando o vento chega varre o chão, penteia a floresta e obriga o inverno a esperar permitindo aos rios descer ainda sem sobressaltos.
Durante centenas de anos, os fetos foram interpretados como plantas enigmáticas e circularam histórias sobre uma espécie lendária que produzia sementes e cuja posse tornava invisível quem as possuísse.
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Esta tradição é referida na obra Henrique IV (1597) escrita por William Shakespeare (1564-1616) quando uma das personagens diz: “possuímos o segredo da receita das sementes de feto, que nos permitem andar sem sermos vistos”.
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Na iconografia cristã, os fetos eram símbolos de humildade, aludindo ao ambiente discreto e sombrio onde se desenvolvem e ao pequeno porte que os caracteriza. Segundo escreveu Plínio, o Velho, na História Natural (livro 27, capítulo 55), os fetos afastam as cobras; esta crença contribuiu para que, mais tarde, os fetos se tornassem símbolos da Salvação e um atributo de Jesus Cristo (as cobras simbolizam o mal).
Embora muitas pessoas digam que não, sempre houve e haverá reinos maravilhosos neste mundo. O que é preciso, para os ver, é que os olhos não percam a virgindade original diante da realidade, e o coração, depois, não hesite.
... vista sobre Cimo de Vila ...
Ora, o que pretendo mostrar, meu e de todos os que queiram merecê-lo, não só existe, como é dos mais belos que se possam imaginar. Começa logo porque fica no cimo de Portugal, como os ninhos ficam no cimo das árvores para que a distância os torne mais impossíveis e apetecidos.
E quem namora ninhos cá de baixo, se realmente é rapaz e não tem medo das alturas, depois de trepar e atingir a crista do sonho, contempla a própria bem-aventurança.
Vê-se primeiro um mar de pedras. Vagas e vagas sideradas, hirtas e hostis, contidas na sua força desmedida pela mão inexorável dum Deus criador e dominador.
Tudo parado e mudo. Apenas e move e se faz ouvir o coração no peito, inquieto, a anunciar o começo duma grande hora. De repente, rasga a crosta do silêncio uma voz de franqueza desembainhada:
– Para cá do Marão, mandam os que cá estão!…
... o cão atento, vigiando a entrada de casa ...
Sente-se um calafrio. A vista alarga-se de ânsia e de assombro. Que penedo falou? Que terror respeitoso se apodera de nós?
Mas de nada vale interrogar o grande oceano megalítico, porque o nume invisível ordena: – Entre!
A gente entra, e já está no Reino Maravilhoso.
... ó lua que vais tão alto, iluminando a noite desta terra do Reino Maravilhoso ...
A autoridade emana da força interior que cada qual traz do berço. Dum berço que oficialmente vai de Vila Real a Chaves, de Chaves a Bragança, de Bragança a Miranda, de Miranda a Régua.
Um mundo! Um nunca acabar de terra grossa, fragosa, bravia, que tanto se levanta a pino num ímpeto de subir ao céu, como se afunda nuns abismos de angústia, não se sabe por que telúrica contrição.
Terra-Quente e Terra-Fria. Léguas e léguas de chão raivoso, contorcido, queimado por um sol de fogo ou por um frio de neve. Serras sobrepostas a serras. Montanhas paralelas a montanhas. Nos intervalos, apertados entre os rios de água cristalina, cantantes, a matar a sede de tanta angústia.
E de quando em quando, oásis da inquietação que fez tais rugas geológicas, um vale imenso, dum húmus puro, onde a vista descansa da agressão das penedias. Mas novamente o granito protesta. Novamente nos acorda para a força medular de tudo. E são outra vez serras, até perder de vista.
... planta encarnada que rompe por entre as folhas já a entrarem em decomposição ...
Não se vê por que maneira este solo é capaz de dar pão e vinho. Mas dá. Nas margens de um rio de oiro, crucificado entre o calor do céu que de cima o bebe e a sede do leito que de baixo o seca, erguem-se os muros do milagre.
Em íngremes socalcos, varandins que nenhum palácio aveza, crescem as cepas como os manjericos às janelas. No Setembro, os homens deixam as eiras da Terra-Fria e descem, em rogas, a escadaria do lagar de xisto. Cantam, dançam e trabalham. Depois sobem.
E daí a pouco há sol engarrafado a embebedar os quatro cantos do mundo. A terra é a própria generosidade ao natural. Como num paraíso, basta estender a mão.
Bata-se a uma porta, rica ou pobre, e sempre a mesma voz confiada nos responde: – Entre quem é! Sem ninguém perguntar mais nada, sem ninguém vir à janela espreitar, escancara-se a intimidade duma família inteira. O que é preciso agora é merecer a magnificência da dádiva.
... nicho de S.ta Rita - manifestação da devoção cristã das Gentes da Aldeia ...
Nos códigos e no catecismo o pecado de orgulho é dos piores. Talvez que os códigos e o catecismo tenham razão. Resta saber se haverá coisa mais bela nesta vida do que o puro dom de se olhar um estranho como se ele fosse um irmão bem-vindo, embora o preço da desilusão seja às vezes uma facada.
Dentro ou fora do seu dólmen (maneira que eu tenho de chamar aos buracos onde vive a maioria) estes homens não têm medo senão da pequenez. Medo de ficarem aquém do estalão por onde, desde que o mundo é mundo, se mede à hora da morte o tamanho de uma criatura.
... na estreita rua D.ª Alice Chaves ...
Acossados pela necessidade e pelo amor da aventura emigram. Metem toda a quimera numa saca de retalhos, e lá vão eles. Os que ficam, cavam a vida inteira. E, quando se cansam, deitam-se no caixão com a serenidade de quem chega honradamente ao fim dum longo e trabalhoso dia.
O nome de Trasmontano, que quer dizer filho de Trás-os-Montes, pois assim se chama o Reino Maravilhoso de que vos falei.
in: "Trás-os-Montes, o Reino Maravilhoso" de Miguel Torga
... as folhas flamejantes, descendo do telhado e cobrindo as belas paredes de granito de uma casa (que já teve, dentro, muito movimento ...
... o pastor e o seu rebanho ...
... a flor e as portas vermelhas ...
... a torre sineira da igreja matriz, por entre a folhagem ...
... a fonte, os tanques e o nicho da N.ª Sr.ª dos Prazeres,
em Cimo de Vila ...
... uma cancela artesanal, mas funcional ...
... após o incêndio de setembro, por entre o negro das cinzas, a Natureza luta contra as adversidades (muitas vezes criminosas), mas tenta renovar-se, brotando novas plantas
(um bom exemplo para os Humanos - seres "pensantes" ) ...
... (ex) Escola "Primária", com o nome na parede, junto à porta de entrada, em azulejos, dos beneméritos da Aldeia, deste edifício,
onde se lê "Escola Alfredo Soares e Tereza Soares" ...
... os castanheiros exibem os seus ouriços que guarda
... edifício da junta de freguesia elegantemente egalanada com a explendorosa folhagem da árvore em tons outonais ...
... a Dete na antiga taberna e comércio da carismática sua mãe, a "tia Adélia" ...
... o contraste do encarnado das folhas e o cinzento da pedra da parede e a ombreira da porta caiada de branco ...
(que mistura encantadora !!!!!)
... cogumelo - penso que comestivel (senão me engano, trata-se de uma "roca" ou em outra regiões de "frade") ...
NOTA: Em caso de dúvida, não colha cogumelos ... Há espécies muito parecidas que só os "especialistas" conhecem. Todos os anos, infelizmente, são intóxicadas muitas pessoas pelo consumo de cogumelos selvagens venenosos. Todo o cuidade é pouco !!!
... espectro de tonalidades da folhagem outonal ...
... caçadores de Águas Frias ... viram 30 coelhos; 25 lebres; 12 cabras do monte; 45 perdizes; 35 codornizes; 64 pombos bravos; 80 rolas; 20 javalis; muitos pardais e outros que tais, ... mas ...
não é que todos conseguiram escapar !!!
... vista da Aldeia (2009) ...
... o pastor com o seu rebanho ... e o novo elemento tem o previlégio de ir ao colo ...
... (a)meródios; medronhos ou "o fruto do diabo", já que, diz a lenda,
que chegando o dia de Natal, todos
... como por encanto, ... desaparecem ...
... nicho de S. Pedro ...
... cogumelo, que só pelo seu aspeto, afasta, qualquer intenção em lhe tocar ...
... as vacas "felizes", pastando em prado verdejante ...
... um cogumelo ... (pelo aspeto ... eu não comeria !!!!!) ...
... a placa toponímica e o Castelo de Monforte de Rio Livre envolto pelo manto de névoa ...
... o cruzeiro do Senhor dos Milagres ... (que inicialmente esteve no antigo cemitério, onde hoje é o Largo do "Concelho") e após a construção do atual cemitério foi transferido para este lugar ...
... já "correm" as águas frias serpenteando pelos regatos ...
... uma casa na Aldeia ...
... um pequeno "pingo" de Águas Frias, mas pelo aspeto das nuvens que lá vêm, ... muitas mais chegarão !!!!!