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MÁRIO SILVA - Fotografia, Pintura & Escrita

*** *** A realidade é a "minha realidade" em imagens (fotografia, pintura) e escrita

16
Abr22

Famosos e saborosos FOLARES transmontanos - Águas Frias – Chaves - Portugal


Mário Silva Mário Silva

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Elaboração dos famosos e saborosos FOLARES transmontanos

Águas Frias Chaves - Portugal

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Lenda do Folar da Páscoa

A lenda do folar da Páscoa é tão antiga que se desconhece a sua data de origem.

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Reza a lenda que, numa aldeia portuguesa, vivia uma jovem chamada Mariana que tinha como único desejo na vida o de casar cedo. Tanto rezou a Santa Catarina que a sua vontade se realizou e logo lhe surgiram dois pretendentes: um fidalgo rico e um lavrador pobre, ambos jovens e belos. A jovem voltou a pedir ajuda a Santa Catarina para fazer a escolha certa. 

Enquanto estava concentrada na sua oração, bateu à porta Amaro, o lavrador pobre, a pedir-lhe uma resposta e marcando-lhe como data limite o Domingo de Ramos. Passado pouco tempo, naquele mesmo dia, apareceu o fidalgo a pedir-lhe também uma decisão. Mariana não sabia o que fazer.

Chegado o Domingo de Ramos, uma vizinha foi muito aflita avisar Mariana que o fidalgo e o lavrador se tinham encontrado a caminho da sua casa e que, naquele momento, travavam uma luta de morte. Mariana correu até ao lugar onde os dois se defrontavam e foi então que, depois de pedir ajuda a Santa Catarina, Mariana soltou o nome de Amaro, o lavrador pobre.

Na véspera do Domingo de Páscoa, Mariana andava atormentada, porque lhe tinham dito que o fidalgo apareceria no dia do casamento para matar Amaro. Mariana rezou a Santa Catarina e a imagem da Santa, ao que parece, sorriu-lhe.

No dia seguinte, Mariana foi pôr flores no altar da Santa e, quando chegou a casa, verificou que, em cima da mesa, estava um grande bolo com ovos inteiros, rodeado de flores, as mesmas que Mariana tinha posto no altar. Correu para casa de Amaro, mas encontrou-o no caminho e este contou-lhe que também tinha recebido um bolo semelhante.

Pensando ter sido ideia do fidalgo, dirigiram-se a sua casa para lhe agradecer, mas este também tinha recebido o mesmo tipo de bolo. Mariana ficou convencida de que tudo tinha sido obra de Santa Catarina.

Inicialmente chamado de folore, o bolo veio, com o tempo, a ficar conhecido como folar e tornou-se numa tradição que celebra a amizade e a reconciliação. Durante as festividades cristãs da Páscoa, os afilhados costumam levar, no Domingo de Ramos, um ramo de violetas à madrinha de batismo e esta, no Domingo de Páscoa, oferece-lhe em retribuição um folar.

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_____________   Infopédia    __________

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Vídeo/Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
16
Abr16

Águas Frias (Chaves) - Palavras transmontanas e não só ... ( letras N e O)


Mário Silva Mário Silva

LÉXICO-GLOSSÁRIO TRANSMONTANO

(letras N e O) 

 

 

 N

 

nacho - nariz achatado


naifa - faca, navalha

 

nainho (anainho) – anão

 

Águas Frias (Chaves) - ... aldeia entre ramos floridos ...

 

nanja - não, negação “nanja que o tivesse sabido por mim”


não achar pão cozido - não encontar o que se esperava, sair desiludido “esteve uns tempos para o Brasil, mas não achou por lá pão cozido”


não cagas sem mecha - mesmo para fazer coisas simples é preciso reforço “se não te dou um doce, não me fazias o recado; tu não cagas sem mecha!”

 

não dar a ida pela vinda - não ter sossego, não descansar


 

Águas Frias (Chaves) - ...folares no forno ...

 

não dá pelo pau nem pela pedra - não dá qualquer resposta, fica absolutamente calado


não disse nem xis nem mis - ficou calado, não deu resposta


não é bom de assoar - não é fácil de levar


não estou crente - nem quero acreditar, desconfio “não estou crente que isso seja como dizes”


não lhe cabia um chícharro no cu - estava todo inchado de contente, estava orgulhoso, vaidoso

 

Águas Frias (Chaves) - ... de motossera na mão ...

não meteu prego nem estopa - manteve-se alheado, não quis entrar na conversa


não tardou um credo - não demorou nada


não te caem os parentes na lama - não é vergonha nenhuma


não tinha outra coisa na ideia! - não sei como me esqueci, não me lembrei


não tinhas tu a culpa! - não querias mais nada! Nem penses nisso!


não vás no engodo! - não te eixes enganar


Águas Frias (Chaves) - ... entre o vermelho e o amarelo ...

 

nassa - aparelho de pesca feito de vime, bebedeira


negacear – provocar


negra - pisadura, hematoma “fiquei com duas negras de roda dos olhos”


negrilho - ôlmo, ulmeiro (ulmus procera)


nem por uma nota de sete c’roas! - não o vendo nem o dou


nem que o digas, não mentes - é verdade, é indesmentível


nevasqueira - neve e vento

 

 

Águas Frias (Chaves) - ...estorninho observador ...

 

névoa - cataratas dos olhos, nevoeiro


nico - pedacinho, pequena porção


niquento - miudinho, quezilento


níscaro (míscaro) - cogumelo comestível (boletus edulis)


nomeada - alcunha, nome


núbio - nublado “amanheceu bonito, mas ficou núbio de repente”

 

Águas Frias (Chaves) - ... janela "sempre" aberta ...

 

 

 

 

 O

 

odrada - pancada com o corpo no chão “conforme caíu abaixo da burra, deu uma odrada no chão e ofenderam-se-lhe duas costelas”


odre - vasilha de pele de cabra para vinho ou azeite “Quem troca odre por odre,algum deles está podre”, indivíduo gordo ou inchado “a comer assim, vais-te pôr como um odre”


olvidar - esquecer “o que tu sabes, já a mim há muito que se me olvidou”


o melhor estrume é o que vai agarrado às botas do dono - clara alusão à necessidade de ser o proprietário a tratar das suas próprias terras


onde a mim - ao pé de mim “chega-te aqui onde a mim”


onde quer - em qualquer lugar

 

Águas Frias (Chaves) - ... a chocolateira ao lume ...

 

orelheira - orelha do porco afumada


ougado - babado de desejo


ougar - apetecer, desejar


ougas - limos do rio, algas “estas maçãs estão verdes como as ougas do rio”

 

 

 

Créditos: Herculano Pombo in “Treze contos do mundo que acabou/Léxico-Glossário Transmontano”, publicado

In: http://chaves.blogs.sapo.pt/740520.html 

 

 

Águas Frias (Chaves) - ... e o sol a poente por trás do Larouco ...

 

 

Até breve !!!!!!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mário Silva 📷
25
Abr14

Os folares da Páscoa e a visita pascal 2014


Mário Silva Mário Silva

Já venho um pouco fora de tempo mas deixo aqui alguns registos captados durante o tempo pascal de 2014, em Águas Frias.

 

 

 

FOLARES

 

Espreitando os folares através da "boca" do forno

 

 

 

... a D.ª Noémia dando um "jeitinho" aos folares no forno

 

 

 

 ... que bom aspeto ... huuuuum !!!!

 

 ... é tradição as avós, mães ou tias, fazerem pequenos folares para oferecerem aos netos, filhos ou sobrinhos, que geralmente são os primeiros a saborear esta iguaria transmontana ...

 

 

 

 

 

VISITA PASCAL  2014

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

{#emotions_dlg.braga}

 

 

 

 

 

 

Espero que todos tenham tido uma excelente Páscoa

 

 

 

 

 

 

Mário Silva 📷
26
Mar08

Águas Frias (Chaves) – A Páscoa e o folar


Mário Silva Mário Silva

A época pascal é um período nobre na vida das aldeias flavienses e a aldeia de Águas Frias não foge a esta regra.
Além de todo o espírito religioso que a época evoca, com todos os seus rituais próprios, desde as várias celebrações passando pela Via-Sacra e culminando com a Visita Pascal (vulgarmente denominada “compasso”),

 a aldeia prepara cuidadosamente o dia de Páscoa de variadas formas, embora hoje dedicarei este espaço ao elemento que nenhum aquafrigedense dispensa nesta época: o FOLAR.
Desde algum tempo atrás que se dedica a atenção aos componentes necessários à sua confecção.
Não se pode ficar pela intenção, é preciso acção. Ou então corre-se o risco de acontecer como na estória que se conta por estas alturas:
“Havia uma mulher que tinha vontade de cozer o seu folar só que:
- a lenha estava no monte;
- a farinha por moer;
E pergunta-lhe o marido, não vendo os preparativos para a confecção dos folares:
- Então, mulher, e a farinha?
E a mulher zangada responde:
- Ó c’um catano, e dá-lhe a p… com a farinha.”
.......
Voltando à realidade, ... em Águas Frias, já todos desde há algum tempo que:
- prepararam o forno;
- cortaram e pitaram a lenha;
- compraram a farinha (desde há muito que os moinhos não moem) e o fermento de padeiro;
- se limpou criteriosamente a masseira;
- se prepararam panos limpos e brancos para proteger a massa; …
Bom, … tudo está a postos … então, vamos lá à sua confecção:
- Na masseira deita-se a farinha, separando-a em duas partes e no meio juntam-se os ovos (12 para cada kilo de farinha). Lentamente, mas com movimentos ritmados, vai-se juntando a farinha com os ovos, de modo a que se torne numa massa homogénea.
- De seguida separa-se novamente a massa e junta-se uma chávena de azeite e volta-se a misturar muito bem. Novamente se separa a massa e junta-se margarina (ou banha) derretida (± 250g) mas tendo o cuidado que ela esteja morna e não muito quente para não “cozer” a massa;
- Volta-se a amassar. Junta-se fermento de padeiro (± 15 gramas por cada Kilo de farinha). Amassa-se novamente e finalmente junta-se um pouco de sal. Os ingredientes já estão todos. Agora têm-se que amassar de novo, de forma enérgica (sendo uma tarefa que exige esforço físico, pois tudo tem que ficar completamente misturado).
Enquanto se amassa e para que a fornada saia na perfeição, vai-se dizendo a seguinte oração:
“S. João te faça pão
S. Brás te faça em Paz
S. Mamede te levede
S. Vicente te acrescente”
(a cada frase faz-se uma cruz na massa)
“Em nome de Deus e da Virgem Maria,
Um Pai-Nosso e uma Avé Maria” (que se rezam enquanto se vai amassando).
Quando a massa começa a produzir bolhas de ar é indicador que está pronta.
Junta-se toda a massa e rapa-se a masseira (lembrem-se que aqui nada se perde …) e tapa-se com um pano branco, deixando-a, durante pelo menos duas horas, a levedar.
….
Entretanto já se foi preparando as gestas e a lenha para aquecer o forno.
Depois de queimada a lenha, rapam-se as brasas para a boca do forno e varre-se, com uma vassoura de gesta.
Não há qualquer termómetro ou outro instrumento para medir a temperatura, mas a experiência diz que forno está devidamente quente quando o tijolo passa de laranja para esbranquiçado e a temperatura ideal verifica-se atirando um pouco de farinha para o seu interior e se observa que esta não queima de imediato.
Enquanto isto, já se deu tempo à massa levedar, ficando mais alta e menos consistente. Agora, vai-se dividindo em pequenas porções, volta-se a amassar, espalma-se e colocam-se as carnes (pequenos pedaços de presunto, carne gorda, salpicão, …) e envolvendo-as com a massa, dando-lhes a forma característica desta região.
É altura de enfornar.
Coloca-se uma folha de papel (muitas vezes recuperando o papel dos sacos da farinha – nada se perde …), na pá e vai-se colocando, de forma ordenada, os folares no forno. Enquanto se enforna diz-se:

 “Cresça o pão no forno
À  saúde do seu dono
Bem como ao Mundo inteiro
Rezemos um Pai Nosso e uma Avé Maria”
Agora é só esperar.
Algum tempo depois, é vê-los … com aquele aspecto aloirado a “olhar” para nós. Huuummm … mas ainda é necessário desenfornar, um a um, e colocá-los sob um alvo pano.

Que cheirinho bom!!!!
Mas, que pena, era Sexta-feira Santa e não se lhes podia meter o dente, mas no Sábado não escapam.
Esta verdadeira iguaria vai ser degustada, não só pelos naturais de Águas Frias como pelos que a visitaram e/ou enviados para as mais variadas localidades (portuguesas ou pelos mais diversos cantos do mundo, onde haver um familiar ou amigo).

Aproveito para agradecer à Noémia, que amassou os folares, à Dona Fernanda que entre outras tarefas, acendeu o forno e ajudou a enfornar; às Senhoras Elviras que também ajudaram e à Dete que é a proprietária do forno. Mas, acima de tudo, tenho que estar grato pela paciência e total disponibilidade que todas tiveram para me aturarem e pelo modo, sempre alegre, que foram descrevendo todas as fases da confecção do folar.
A todas o meu muito obrigado.

**************

Quanto aos folares, apenas consigo partilhar as imagens, mas … posso confiar-vos que estavam um regalo.

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Onde quer que estejam, espero que tenham tido uma Páscoa Feliz.
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Mário Silva 📷
09
Abr07

Águas Frias (Chaves) - O Folar da Páscoa


Mário Silva Mário Silva

Desde tempos remotos que os habitantes de Águas Frias se empenham na transformação de simples ingredientes na saborosa iguaria que é o "Folar".

Muitas regiões fazem de facto "um folar" mas é, na região de Chaves e em particular nesta aldeia, que se confecciona O FOLAR".

Deve-se esta particularidade:

- à mestria, na escolha das carnes (o porco criado sem rações) e aos ovos de galinhas caseiras;

- ao modo de partir, em pequenos pedaços das linguiças, salpicões, presunto e da carne gorda;

- à selecção da melhor farinha;

- ao modo como se aquece o forno, doseando, como só a sabedoria popularsabe, a temperatura ideal para a cozedura perfeita;

- e, sobretudo às mãos que, com movimentos enérgicos e ritmados amassam e dão forma ao "folar";

Agora espera-se que a massa "levede" para que se possa enfornar.

O tempo de cozedura é outro saber que estas gentes têm.

Com a ajuda da pá retiram-se os "folares", depositamdo-os, com carinho sobre um pano de uma alvura e limpeza irrepreensíveis.

 

Agora ... o olhar aguça-se ... o cheiro convida ... só falta dar oportunidade ao paladar. 

Mário Silva 📷

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