“Carranca” (igreja matriz de Chaves, em Portugal)
Mário Silva Mário Silva
“Carranca”
(igreja matriz de Chaves, em Portugal)
A fotografia de Mário Silva intitulada "Carranca" captura um detalhe arquitetónico da igreja matriz de Chaves, em Portugal.
A imagem mostra uma escultura em pedra, desgastada pelo tempo, com musgo a crescer na parte superior, integrada numa parede de granito.
A carranca, com traços faciais rudimentares e mãos junto ao rosto, parece expressar uma emoção de sofrimento ou contemplação, sendo um elemento típico da decoração medieval em igrejas e outros edifícios comunitários.
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As carrancas, figuras grotescas ou expressivas esculpidas em pedra, são um elemento distintivo da arquitetura medieval, especialmente em igrejas e monumentos comunitários da Europa. Estas esculturas, frequentemente representando rostos humanos ou animais com expressões exageradas, têm raízes profundas na cultura e na religiosidade da época.
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As carrancas remontam à Idade Média, entre os séculos XI e XV, um período marcado pela construção de catedrais e igrejas românicas e góticas.
Influenciadas por tradições pagãs pré-cristãs, como os espíritos da natureza e os guardiões míticos, foram adaptadas pela Igreja como parte da iconografia cristã.
A sua presença espalhou-se por regiões como Portugal, Espanha, França e Inglaterra, sendo comum em locais como a igreja matriz de Chaves.
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Acreditava-se que as carrancas afastavam espíritos malignos e protegiam os edifícios sagrados.
As suas expressões assustadoras visavam intimidar forças negativas.
Muitas vezes, representavam pecadores ou almas em tormento, servindo como um lembrete visual da moralidade e da necessidade de penitência.
Além da função simbólica, as carrancas refletiam a criatividade dos artesãos e a identidade cultural das comunidades, variando em estilo conforme a região.
Em alguns casos, funcionavam como gárgulas, canalizando água da chuva para longe das paredes, combinando utilidade com simbolismo.
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Em Portugal, as carrancas são particularmente notáveis em igrejas românicas, como a de Chaves.
A sua integração na arquitetura reflete a fusão entre influências celtas, romanas e cristãs, adaptadas ao contexto local.
O desgaste visível nas esculturas, como o musgo e a erosão, testemunha séculos de exposição aos elementos, reforçando o seu valor histórico.
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As carrancas são mais do que ornamentos; são testemunhos de crenças, artesanato e história.
Na igreja matriz de Chaves, a "Carranca" de Mário Silva encapsula este legado, convidando-nos a refletir sobre o passado e o significado espiritual das comunidades medievais.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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