"A folha de feto (Osmunda regalis) que não queria verdejar" – (estória)
Mário Silva Mário Silva
"A folha de feto (Osmunda regalis) que não queria verdejar"
(estória)
Numa floresta densa e húmida, onde o verde reinava absoluto, vivia uma jovem folha de feto chamada Osmunda.
Todas as suas irmãs, folhas da espécie “Osmunda regalis”, exibiam com orgulho um verde vibrante, refletindo a vida e a energia da natureza.
Mas Osmunda era diferente.
Desde que brotou, ela recusava-se a verdejar.
Em vez disso, a sua cor era um dourado brilhante, como se o sol tivesse decidido morar dentro dela.
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As outras folhas zombavam dela. "Por que tu não és verde como nós?", perguntavam.
"Tu não pertences a esta floresta!"
Osmunda, porém, não se abalava.
Ela sentia que a sua cor era especial, um presente que ainda não entendia completamente.
"Talvez eu tenha um propósito diferente", pensava, enquanto balançava suavemente com a brisa.
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Um dia, a floresta enfrentou uma seca terrível.
O sol escaldante secou as folhas verdes, que começaram a murchar e perder a sua vitalidade.
Osmunda, no entanto, permaneceu intacta.
A sua cor dourada parecia absorver a luz do sol e transformá-la em força.
As outras folhas, agora frágeis e desbotadas, olhavam para ela com inveja e admiração.
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Foi então que um pássaro sábio, que sobrevoava a floresta, pousou perto de Osmunda.
"Tu és única", disse ele.
"A tua cor não é uma falha, mas um dom. Você reflete a luz e a esperança em tempos de escuridão."
O pássaro explicou que a tonalidade dourada de Osmunda ajudava a atrair a humidade do ar, criando pequenas gotas de orvalho que caíam à sua volta, nutrindo o solo e as plantas próximas.
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Com o tempo, a floresta começou a recuperar.
As folhas verdes voltaram a brotar, mas agora olhavam para Osmunda com gratidão.
Ela havia ensinado a todas uma lição: ser diferente não é uma fraqueza, mas uma força que pode salvar a todos.
E assim, Osmunda, a folha de feto que não queria verdejar, tornou-se uma lenda na floresta, um símbolo de resiliência e esperança.
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Plim, pim, pim … a estória chegou ao fim …
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Estória & Fotografia: ©MárioSilva
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