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MÁRIO SILVA - Fotografia, Pintura & Escrita

*** *** A realidade é a "minha realidade" em imagens (fotografia, pintura) e escrita

04
Out25

“O banco virado para o sol poente”


Mário Silva Mário Silva

“O banco virado para o sol poente”

04Out DSC05218_ms

A fotografia de Mário Silva retrata um cenário de tranquilidade e contemplação.

Em primeiro plano, um banco de ferro com assento de madeira está colocado sobre uma superfície rochosa.

O banco, que parece ser antigo, está virado para um pôr do sol, banhando a paisagem numa luz dourada.

À direita, uma grande rocha texturizada, um penedo, é iluminada intensamente pelo sol poente.

No fundo, a paisagem é suavemente iluminada, mostrando um vale verde e montanhas distantes, com as casas de uma aldeia a pontuar a cena.

A iluminação e o enquadramento criam uma atmosfera de serenidade e convidam à introspeção.

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O Banco dos Segredos

O banco de ferro, ali encostado ao grande penedo, era mais do que um simples lugar de descanso.

Era o confidente da aldeia.

A sua posição privilegiada, virada para o sol poente, fazia dele o melhor lugar para ver a vida a passar e o dia a despedir-se.

Mas, como toda a peça de mobiliário com história, o banco tinha os seus segredos.

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Toda a gente o usava.

Os namorados, que vinham trocar juras de amor com a luz dourada do crepúsculo.

Os velhos da aldeia, que vinham sentar-se a conversar sobre as colheitas do ano e a saúde dos netos.

As crianças, que, depois de brincar, vinham descansar as pernas e observar os primeiros pirilampos.

O banco, silenciosamente, absorvia cada história, cada suspiro, cada riso e cada lágrima.

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O seu segredo, no entanto, era que ele devolvia o que lhe era dado.

Não com palavras, mas com a paz do final do dia.

Quando alguém se sentava, o banco, na sua sabedoria de anos, transmitia-lhe a serenidade do crepúsculo, o peso da rocha milenar ao seu lado e a quietude do vale que se estendia à frente.

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Uma vez, um homem que tinha perdido a esperança na vida sentou-se ali.

O sol poente parecia um quadro sem cores.

As palavras amargas de um passado pesado saíram da sua boca, e o banco ouviu-o pacientemente.

O banco, em silêncio, devolveu-lhe uma sensação de leveza, de que o dia de amanhã seria um novo recomeço.

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Assim, o banco tornou-se o guardião dos segredos e a fonte de paz.

Um dia, a luz que se deitou sobre ele era tão dourada que quase se confundiu com o penedo.

A fotografia de Mário Silva capturou esse instante, mostrando não apenas o banco, mas a sua alma, o seu espírito de tranquilidade e a sua capacidade de ouvir e confortar, ali, virado para o sol que se ia embora, para esperar o sol que haveria de voltar.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
18
Jul25

"Caminho para onde?" e uma estorieta


Mário Silva Mário Silva

"Caminho para onde?"

e uma estorieta

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Esta fotografia de Mário Silva, intitulada "Caminho para onde?", convida à contemplação e à imaginação, apresentando um caminho de terra batida que serpenteia por um cenário natural exuberante.

O caminho divide-se em dois trilhos paralelos, sugerindo a passagem de veículos ou a formação devido ao uso contínuo, e está ladeado por vegetação densa.

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Em ambos os lados do caminho, predominam fetos e arbustos de um verde vibrante, que parecem estar no auge da sua folhagem, preenchendo grande parte do quadro e criando uma sensação de natureza selvagem e intocada.

O caminho é irregular, com algumas poças de água que refletem o céu, indicando que pode ter chovido recentemente ou que o terreno é propenso a acumulação de água.

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Ao longe, o caminho desaparece numa curva, insinuando mistério e a promessa de algo além.

No horizonte, avista-se uma linha de árvores mais altas e densas que formam um bosque ou floresta, contribuindo para a profundidade da imagem.

O céu, visível na parte superior, é parcialmente nublado, com tons de branco e cinzento claro, mas com a luminosidade suficiente para realçar o verde da vegetação.

A imagem transmite uma sensação de tranquilidade e aventura, convidando o observador a imaginar os destinos que este caminho pode levar.

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A Estória: O Sussurro do Caminho Esquecido

O caminho, com os seus dois trilhos paralelos de terra molhada e poças cintilantes, estendia-se como um convite silencioso para o desconhecido.

Chamavam-lhe "O Caminho Esquecido", pois poucos se aventuravam por entre os fetos altos e as densas moitas que o ladeavam.

Mas para Lúcia, uma jovem de espírito inquieto e alma de exploradora, era o caminho para todas as perguntas e todas as respostas.

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Todos os verões, Lúcia voltava à casa da avó, aninhada à beira da floresta, e o Caminho Esquecido era o seu primeiro destino.

Não era um caminho para chegar a algum lugar em particular – uma aldeia vizinha, um ribeiro secreto – não.

Era um caminho que se destinava apenas a ser percorrido, a ser sentido.

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Hoje, as poças eram mais brilhantes, refletindo um céu que prometia sol, mas ainda guardava nuvens de uma chuva recente.

Lúcia sentiu a terra macia sob os seus velhos ténis e respirou fundo o cheiro a terra molhada e a vegetação selvagem.

Os fetos, luxuriantes e quase da sua altura, pareciam sussurrar segredos antigos enquanto ela passava.

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Lúcia imaginava as histórias que aqueles trilhos poderiam contar.

Quantos pés já as haviam pisado?

Caçadores, pastores, talvez até amantes que se encontravam em segredo nas profundezas da floresta.

O caminho ondulava à sua frente, desaparecendo numa curva misteriosa, sempre a prometer algo mais.

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Um dia, quando era apenas uma criança, Lúcia atreveu-se a ir mais longe do que o habitual.

Seguindo o caminho para além da terceira curva, encontrou uma clareira escondida, onde um velho carvalho se erguia majestoso, com um banco de pedra gasto pela erosão aninhado nas suas raízes.

Não havia sinal de que alguém ali fosse há anos, mas o lugar emanava uma paz profunda.

Ali, sob o carvalho, ela tinha encontrado o seu refúgio, o lugar onde a curiosidade a levara a uma serenidade inesperada.

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Agora, dezoito anos depois, Lúcia regressava ao Caminho Esquecido não só para reviver memórias, mas para encontrar novas direções na sua própria vida.

Aos trinta anos, com decisões importantes a tomar sobre a sua carreira e o seu futuro, o barulho da cidade parecia sufocá-la.

A quietude do caminho, os sussurros dos fetos e a promessa do que estava para além da próxima curva eram um bálsamo.

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Ela caminhou sem pressa, deixando que a natureza a guiasse.

Ao chegar à terceira curva, o familiar vislumbre do carvalho e do banco de pedra acenou-lhe.

Sentou-se ali, fechou os olhos e sentiu a brisa suave.

A resposta não veio numa voz, mas numa sensação – a mesma sensação de clareza e de possibilidade que sentira quando era criança.

O caminho não a levava a um lugar físico, mas a um estado de espírito, à certeza de que, tal como os trilhos sinuosos, a vida também se desdobra em caminhos inesperados, e que o importante não é saber para onde se vai, mas ter a coragem de continuar a caminhar.

O Caminho Esquecido era, afinal, o caminho para si mesma.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷

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