“O banco virado para o sol poente”
Mário Silva Mário Silva
“O banco virado para o sol poente”

A fotografia de Mário Silva retrata um cenário de tranquilidade e contemplação.
Em primeiro plano, um banco de ferro com assento de madeira está colocado sobre uma superfície rochosa.
O banco, que parece ser antigo, está virado para um pôr do sol, banhando a paisagem numa luz dourada.
À direita, uma grande rocha texturizada, um penedo, é iluminada intensamente pelo sol poente.
No fundo, a paisagem é suavemente iluminada, mostrando um vale verde e montanhas distantes, com as casas de uma aldeia a pontuar a cena.
A iluminação e o enquadramento criam uma atmosfera de serenidade e convidam à introspeção.
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O Banco dos Segredos
O banco de ferro, ali encostado ao grande penedo, era mais do que um simples lugar de descanso.
Era o confidente da aldeia.
A sua posição privilegiada, virada para o sol poente, fazia dele o melhor lugar para ver a vida a passar e o dia a despedir-se.
Mas, como toda a peça de mobiliário com história, o banco tinha os seus segredos.
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Toda a gente o usava.
Os namorados, que vinham trocar juras de amor com a luz dourada do crepúsculo.
Os velhos da aldeia, que vinham sentar-se a conversar sobre as colheitas do ano e a saúde dos netos.
As crianças, que, depois de brincar, vinham descansar as pernas e observar os primeiros pirilampos.
O banco, silenciosamente, absorvia cada história, cada suspiro, cada riso e cada lágrima.
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O seu segredo, no entanto, era que ele devolvia o que lhe era dado.
Não com palavras, mas com a paz do final do dia.
Quando alguém se sentava, o banco, na sua sabedoria de anos, transmitia-lhe a serenidade do crepúsculo, o peso da rocha milenar ao seu lado e a quietude do vale que se estendia à frente.
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Uma vez, um homem que tinha perdido a esperança na vida sentou-se ali.
O sol poente parecia um quadro sem cores.
As palavras amargas de um passado pesado saíram da sua boca, e o banco ouviu-o pacientemente.
O banco, em silêncio, devolveu-lhe uma sensação de leveza, de que o dia de amanhã seria um novo recomeço.
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Assim, o banco tornou-se o guardião dos segredos e a fonte de paz.
Um dia, a luz que se deitou sobre ele era tão dourada que quase se confundiu com o penedo.
A fotografia de Mário Silva capturou esse instante, mostrando não apenas o banco, mas a sua alma, o seu espírito de tranquilidade e a sua capacidade de ouvir e confortar, ali, virado para o sol que se ia embora, para esperar o sol que haveria de voltar.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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