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MÁRIO SILVA - Fotografia, Pintura & Escrita

*** *** A realidade é a "minha realidade" em imagens (fotografia, pintura) e escrita

11
Jul25

"Pela rua Cimo de Vila" - Águas Frias - Chaves - Portugal


Mário Silva Mário Silva

"Pela rua Cimo de Vila"

Águas Frias - Chaves - Portugal

11Jul DSC08527_ms

A Rua Cimo de Vila, em Águas Frias, Chaves, era mais do que uma simples artéria de passagem; era um livro aberto sobre a alma da aldeia, um testemunho vivo de tempos passados e da resiliência das suas gentes.

Ao amanhecer, a luz do sol de julho esgueirava-se sobre os telhados, espreitando por entre as copas das árvores no topo da colina, e beijava as pedras que formavam a rua e as paredes.

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Era uma calçada de paralelepípedos, ou "cubos" como lhe chamam por estas bandas, que subia em suave inclinação, cada pedra polida pelo passar dos anos, dos carros de bois, dos passos apressados e dos passeios lentos.

As suas juntas, por vezes preenchidas por musgo teimoso ou por pequenas ervas, contavam a história de uma manutenção constante, mas também de uma vida que persistia.

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À esquerda, um muro imponente de pedras de granito, robustas e irregulares, erguia-se, formando a lateral de uma antiga habitação.

As pedras, umas mais claras, outras mais escuras, encaixavam-se com uma precisão que só as mãos de mestres canteiros sabiam dar, sem argamassa aparente em muitos pontos, mas firmes como a própria montanha.

Era uma parede que respirava história, que tinha testemunhado invernos rigorosos e verões abrasadores, que tinha acolhido famílias e guardado segredos.

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Junto a este muro, numa faixa estreita de terra que parecia desafiar a robustez da pedra, a vida brotava em abundância.

Malvas-rosas (Alcea rosea), algumas de um rosa delicado, outras em tons mais vibrantes de fúcsia, estendiam-se para o céu, os seus botões e flores abertas a trazer cor a um cenário dominado pelo granito e pelo verde escuro.

Ao lado delas, repolhos e couves, de folhas largas e um verde intenso, cresciam vigorosos, plantados ali com a praticidade de quem aproveita cada palmo de terra.

Era um pequeno jardim à beira da rua, um reflexo da simbiose entre a vida rural e a habitação.

Uma janela de madeira simples, com as suas portadas fechadas, interrompia a parede, sugerindo uma vida interior, talvez uma cozinha acolhedora ou um quarto com vista para o vale.

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À direita, a rua continuava, com um muro semelhante, embora menos visível, a delimitar outros terrenos e casas mais à frente.

A perspetiva da rua, que se perdia na distância, subia suavemente, ladeada por mais vegetação, e ao longe, vislumbrava-se o topo de uma casa mais moderna e os verdes densos da floresta que coroava a encosta.

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A Rua Cimo de Vila não era uma atração turística grandiosa, mas sim um pedaço autêntico de Portugal profundo.

As pedras, as plantas, os muros – tudo falava de uma vida simples, enraizada na terra e nas tradições.

O cheiro a terra húmida misturava-se com o aroma das flores e o sussurro do vento entre as folhas, criando uma sinfonia natural que convidava à contemplação.

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Para Mário Silva, este local era mais do que uma fotografia.

Era a captura de um instante de eternidade, a beleza da arquitetura popular e da natureza que insiste em florescer onde menos se espera.

Era um convite a desacelerar, a sentir a textura das pedras sob os pés, a respirar o ar puro e a deixar-se envolver pela tranquilidade e pela história que cada recanto da Rua Cimo de Vila, em Águas Frias, tinha para oferecer.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
28
Dez24

O conto: "A Rampa Escorregadia de Cimo de Vila"


Mário Silva Mário Silva

A Rampa Escorregadia de Cimo de Vila

28Dez Águas Frias 7

A neve havia embranquecido toda a aldeia de Cimo de Vila, trazendo um silêncio profundo, interrompido apenas pelo tilintar ocasional dos flocos de gelo que se desprendiam dos beirais.

A rampa que ligava o topo ao centro da aldeia parecia um tapete de cristal.

Ninguém ousava atravessá-la à noite... exceto, claro, Sarafim "Trôpego", conhecido não só pelo equilíbrio duvidoso, mas também pela paixão pelos copitos de aguardente.

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Naquela noite, Sarafim tinha visitado a tasca do Quim da Esquina.

Entre conversas sobre os lobos que rondavam as serras e as histórias exageradas sobre as colheitas, Sarafim havia aquecido o espírito com generosas doses do néctar forte da aldeia.

Sentia-se invencível e, sobretudo, com uma coragem de leão para enfrentar a rampa traiçoeira.

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Com o casaco mal abotoado e um gorro torto, Sarafim começou a descer o caminho.

A lua cheia iluminava a neve com um brilho quase mágico.

- Isto tá um espelho! - disse, enquanto soltava um riso misturado com um soluço.

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Ao primeiro passo, um leve deslize.

Sarafim riu, ajustou a postura e continuou.

No segundo passo, o chão pareceu querer abraçá-lo, mas ele manteve o equilíbrio com uma dança desajeitada.

No terceiro, não teve a mesma sorte: o pé esquerdo escorregou, o direito foi atrás, e Sarafim transformou-se num trenó humano.

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- Ai valha-me Nossa Senhora das Botas de Fricção! - gritou enquanto deslizava.

A rampa parecia não ter fim.

Tentou travar com as mãos, mas o gelo estava tão polido que parecia um sabão.

Passou em frente à casa da Dona Gertrudes, que espreitava pela janela.

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- Ó Sarafim, isso é um trenó ou estás a testar o gelo?! - gritou ela, gargalhando.

Sarafim, sem conseguir responder, soltou um "Uuuhhh, lá vou euuu!" enquanto girava em círculos.

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Mais abaixo, o cachorro do senhor Anacleto, um pequeno, mas audacioso cão chamado Piloto, viu Sarafim aproximando-se a toda velocidade.

Piloto, na sua inocência canina, decidiu brincar e correu atrás do "intruso deslizante".

Agora, Sarafim era seguido por um cão entusiasmado que latia como se estivesse numa perseguição policial.

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Quando chegou ao fim da rampa, o inevitável aconteceu.

Sarafim embateu num monte de lenha empilhada.

A madeira voou, o cachorro latiu, e o som ecoou pela aldeia.

Mas, surpreendentemente, Sarafim levantou-se, sacudiu a neve das roupas e declarou com orgulho:

- E é assim, meus amigos, que se faz a descida mais rápida de Cimo de Vila! Alguém me traz um copito para celebrar?"

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A aldeia inteira acordou com as risadas e, nos dias seguintes, a história do "trenó humano" de Sarafim espalhou-se como um incêndio.

Dizem que, até hoje, ele insiste que foi tudo planeado.

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E assim, a rampa de Cimo de Vila ganhou um novo nome: "A Pista do Sarafim Trôpego".

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Conto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
10
Out24

Rua Cimo de Vila da antiga "villa" de "Aquae frigidae" (hoje, "Águas Frias" - Chaves - Portugal)


Mário Silva Mário Silva

 

Rua Cimo de Vila da antiga "villa" de "Aquae frigidae"

(hoje, "Águas Frias" - Chaves - Portugal)

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A fotografia de Mário Silva captura a essência da rua Cimo de Vila, na antiga "villa" de "Aquae frigidae", hoje conhecida como Águas Frias, em Chaves, Portugal.

A imagem retrata um cenário típico das aldeias portuguesas mais antigas, com elementos que evocam a história e a tradição local.

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As paredes de pedra granítica, típicas da região, dominam a imagem, conferindo à rua um aspeto rústico e autêntico.

A textura irregular das pedras e a presença de musgo revelam o passar do tempo e a resistência dos materiais utilizados na construção.

As portas de madeira, uma verde e outra de madeira crua, contrastam com a tonalidade das pedras e adicionam um toque de cor à composição.

O chão de pedra irregular, composto por calçada portuguesa, confere à rua um caráter histórico e contribui para a sensação de autenticidade. As marcas do tempo e o desgaste das pedras revelam o intenso uso ao longo dos séculos.

A presença de plantas espontâneas que crescem entre as pedras e nas proximidades das paredes confere à imagem um toque de vida e naturalidade.

As flores, adicionam um toque de cor e beleza à composição.

A perspetiva da fotografia, que se concentra na rua estreita e nas paredes de pedra, cria uma sensação de profundidade e convida o observador a imaginar a vida que se desenvolveu neste local ao longo dos séculos.

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A fotografia de Mário Silva transmite uma sensação de tranquilidade e serenidade, convidando o observador a uma viagem no tempo.

A rua Cimo de Vila, com a sua arquitetura tradicional e atmosfera bucólica, é um testemunho da história milenar de “Aquae Frigidae” e da importância das águas para o desenvolvimento da região.

A imagem captura a essência de um Portugal rural e autêntico, onde a tradição e a natureza se fundem de forma harmoniosa.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
04
Jul24

A Concha de Santiago encima o pórtico de Cimo de Vila, Águas Frias - Chaves - Portugal


Mário Silva Mário Silva

A Concha de Santiago

encima o pórtico de Cimo de Vila,

Águas Frias - Chaves - Portugal

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A concha de vieira, também conhecida como concha de Santiago, é um dos símbolos mais emblemáticos do Caminho de Santiago.

É uma concha em relevo, geralmente estilizada, que os peregrinos usam como símbolo de fé e proteção durante a sua jornada.

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A origem do símbolo da concha de vieira como símbolo do Caminho de Santiago é incerta, existindo diversas lendas e teorias.

Uma das lendas mais populares conta que o apóstolo Santiago, o Maior, foi decapitado em Jerusalém e que seus restos mortais foram levados para a Galiza por barco.

Durante a viagem, uma tempestade feroz atingiu o barco e os restos mortais de Santiago foram atirados ao mar.

No entanto, no dia seguinte, o mar acalmou-se e os restos mortais de Santiago foram encontrados na costa, cobertos de conchas de vieira.

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A concha de vieira tem vários significados simbólicos, entre os quais:

Fé:    A concha de vieira é um símbolo da fé cristã e da peregrinação religiosa.

Ela representa a fé dos peregrinos em Deus e na sua capacidade de completar a sua jornada.

Proteção:    A concha de vieira também era considerada um símbolo de proteção.

Os peregrinos acreditavam que a concha os protegeria dos perigos da viagem.

Pureza:    A concha de vieira é um símbolo de pureza e inocência.

Ela representa a alma limpa do peregrino que se prepara para encontrar Deus.

Renascimento:    A concha de vieira também pode ser vista como um símbolo de renascimento.

Ela representa a transformação que o peregrino experimenta durante a sua jornada.

Convergência:    As linhas da concha de vieira representam os diferentes caminhos que os peregrinos percorrem para chegar a Santiago de Compostela.

Todas as linhas convergem no centro, simbolizando a união dos peregrinos num único objetivo.

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A Concha de Santiago de Cimo de Vila

A concha de vieira que encima o pórtico de Cimo de Vila, em Águas Frias - Chaves - Portugal, é um exemplo típico do símbolo.

A concha é estilizada e está esculpida em pedra. Ela está localizada no topo do pórtico, numa posição de destaque.

 

A presença da concha de vieira em Cimo de Vila indica que a localidade era (provavelmente) um ponto de passagem para os peregrinos que faziam o Caminho de Santiago.

A concha servia como um lembrete da fé e da proteção que os peregrinos buscavam durante a sua jornada.

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Em conclusão, poderemos dizer que a concha de vieira é um símbolo rico em significado para os peregrinos do Caminho de Santiago.

Ela representa a fé, a proteção, a pureza, o renascimento e a convergência dos peregrinos num único objetivo.

A concha de vieira de Cimo de Vila é um lembrete da importância do Caminho de Santiago na história e na cultura da região.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
19
Abr24

Os tanques de Cimo de Vila na aldeia transmontana de Águas Frias (Chaves) - Portugal


Mário Silva Mário Silva

Os tanques de Cimo de Vila na aldeia transmontana de Águas Frias (Chaves) - Portugal

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Os tanques de Cimo de Vila são um conjunto de dois tanques de pedra situados na aldeia transmontana de Águas Frias, no concelho de Chaves, em Portugal.

Os tanques são alimentados por uma nascente de água e eram utilizados, no passado, para lavar a roupa e dar de beber aos animais.

Os tanques de Cimo de Vila eram um elemento importante da vida quotidiana da aldeia no passado.

As mulheres lavavam a roupa nos tanques e os homens davam de beber aos animais.

Os tanques também eram um local de convívio, onde as pessoas se reuniam para conversar e trocar notícias.

Os tanques de Cimo de Vila são um importante testemunho da história da aldeia de Águas Frias.

Eles representam a forma de vida tradicional das comunidades rurais portuguesas e são uma lembrança da importância da água.

Os tanques também são um espaço de memória para os habitantes da aldeia, que se lembram de quando os tanques eram utilizados no dia a dia.

Os tanques de Cimo de Vila já não são utilizados para lavar a roupa ou dar de beber aos animais, mas continuam a ser um importante local de encontro para os habitantes da aldeia.

Os tanques de Cimo de Vila estão em bom estado de conservação.

A Autarquia tem estado atenta à manutenção dos tanques, a fim de garantir a sua preservação para as gerações futuras.

Os tanques de Cimo de Vila são um importante património cultural da aldeia de Águas Frias.

Eles representam a forma de vida tradicional das comunidades rurais portuguesas e são uma chamada de atenção para a importância da água.

Os tanques também são um espaço de memória para os habitantes da aldeia

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷

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