"O caminho rural asfaltado" - Águas Frias - Chaves - Portugal
Mário Silva Mário Silva
"O caminho rural asfaltado"
Águas Frias - Chaves - Portugal
Era um daqueles inícios de manhã em Águas Frias, Chaves, onde o sol de julho começava a banhar a paisagem com uma luz morna e dourada.
O ar, ainda fresco da noite, transportava os aromas da terra molhada e das flores silvestres.
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O caminho, um modesto trilho de asfalto, serpenteava suavemente pela encosta, desaparecendo na distância entre o verde exuberante.
Não era uma estrada principal, mas um caminho rural asfaltado, um veia que ligava pequenos campos de cultivo e vinhas, um fio de progresso lançado sobre a antiga face da terra.
As suas curvas suaves convidavam a caminhadas tranquilas, a passeios de bicicleta sem pressas, longe da agitação do mundo.
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À esquerda do caminho, como uma sentinela colorida e altiva, erguia-se uma malva-rosa, um “Alcea rosea”.
As suas hastes robustas, carregadas de flores em tons vibrantes de rosa e fúcsia, destacavam-se contra o verde mais escuro da vegetação.
Algumas das flores já se abriam em plenitude, outras, mais acima, eram ainda botões prometendo mais beleza nos dias seguintes.
Tinha nascido, provavelmente, de uma semente que o vento trouxe, ou talvez plantada por alguma mão carinhosa, e agora prosperava, adicionando um toque de cor e alegria à paisagem.
Apoiava-se num pequeno muro de pedra coberto de cal e pintura branca, que delimitava o terreno, marcando a transição entre o que era cultivado e o que era selvagem.
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À direita, o caminho era ladeado por um muro baixo, uma cerca rústica de rede metálica, já com a sua patina de ferrugem, que parecia proteger um terreno mais aberto, coberto de ervas secas pelo calor de verão.
Mais além, árvores de grande porte, com as suas copas densas e escuras, ofereciam sombra generosa, e o canto dos pássaros ecoava entre os ramos.
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Ao fundo, a paisagem elevava-se em suaves colinas, cobertas por uma manta de vegetação mediterrânea, banhada pela luz que prometia um dia quente.
A imensidão do céu, de um azul límpido e quase sem nuvens, estendia-se sobre tudo, convidando à contemplação.
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Aquele caminho não era apenas um percurso físico; era um portal para a alma rural de Trás-os-Montes.
Era um lugar onde o tempo parecia abrandar, onde o ritmo da vida era ditado pelo sol e pelas estações.
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Para Mário Silva, que capturou este momento com a sua câmara, não era apenas um registo fotográfico.
Era a essência da tranquilidade, da beleza simples e autêntica de Águas Frias.
A malva-rosa, exuberante e solitária, era um símbolo da vida que floresce, mesmo nos lugares mais inesperados, um lembrete de que a beleza está em todo o lado, à espera de ser observada e apreciada.
E o caminho, convidativo e sereno, parecia sussurrar histórias de vidas passadas e promessas de novos começos, convidando quem o olhava a seguir em frente e a descobrir os tesouros escondidos naquelas terras transmontanas.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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