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MÁRIO SILVA - Fotografia, Pintura & Escrita

*** *** A realidade é a "minha realidade" em imagens (fotografia, pintura) e escrita

06
Set25

Principais Acontecimentos em Portugal durante agosto de 2025


Mário Silva Mário Silva

Principais Acontecimentos em Portugal durante agosto de 2025

Agosto de 2025 foi marcado por eventos significativos em Portugal, especialmente no âmbito de incêndios florestais, desporto, cultura e festivais de verão.

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Incêndios Florestais e Emergências

Início do mês com incêndios ativos:

No dia 1 de agosto, três grandes incêndios estavam ativos em Portugal continental, mobilizando recursos significativos de combate a fogos.

Até ao final do mês, o ano de 2025 registou a terceira pior área ardida de sempre até 31 de agosto, com 7.046 incêndios que consumiram cerca de 254 mil hectares.

Situação de alerta prolongada: Em 7 de agosto, o Governo prolongou a situação de alerta até 13 de agosto devido ao risco elevado de incêndios, com ações de estabilização de linhas de água para evitar contaminação de água potável.

Pico de combates a incêndios: Em 21 de agosto, mais de 2.800 operacionais combatiam cinco grandes fogos, incluindo um iniciado em Arganil.

O mês foi dominado por estas emergências, afetando várias regiões.

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Desporto

Volta a Portugal em Bicicleta: A edição de 2025 da Volta a Portugal decorreu ao longo do mês, com etapas destacadas como a vitória de Brady Gilmore em Viseu (etapa dos sprinters), Byron Munton pelo Feirense/Beeceler e Hugo Nunes em Bragança.

Foi um dos eventos desportivos mais seguidos.

Futebol e outros: Jogos da Liga Portugal, como Gil Vicente 2-0 Moreirense (29 de agosto), e preparações para clássicos como Sporting CP vs. FC Porto (30 de agosto).

Além disso, incidentes como um toureiro português morto por um touro em Lisboa geraram debates sobre touradas.

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Cultura e Festivais

Jazz em Agosto: De 1 a 10 de agosto, em Lisboa, um dos principais festivais de jazz do país.

Festival O Sol da Caparica: Evento de música em agosto, com foco em artistas lusófonos.

Festival dos Oceanos: De 1 a 15 de agosto, em Lisboa, celebrando o mar com espetáculos e atividades.

Operafest 2025: De 28 de agosto a 7 de setembro, em Lisboa e Oeiras, com temática sobre o amor.

Festas e feiras tradicionais: Incluindo a Feira de São Mateus em Viseu (7 de agosto a 21 de setembro), romarias pelo país com andores, desfiles e bailes, do Minho ao Algarve.

No Algarve, eventos como Sunset Vibes Boat Trip e Fatacil (22 a 31 de agosto).

Concertos: Destaque para o concerto de GIMS em 8 de agosto, em Lisboa.

Vários concertos e festivais musicais agendados para o mês, incluindo o Festival Múltiplo (28 a 31 de agosto).

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Política e Economia

Conselho de Ministros: Em 7 de agosto, reunião governamental com foco em medidas de emergência.

Imigração e polícia: Nova unidade anti-imigração começou a funcionar em 21 de agosto, com poder de deportações rápidas, afetando turistas e residentes.

Aquisição bancária: BPCE da França comprou o Novo Banco por 6,4 mil milhões de euros, anunciado no final do mês.

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Outros Acontecimentos Notáveis

Óbitos: Falecimentos de figuras como Jorge Costa (futebolista, 5 de agosto) e Mário Júlio de Almeida Costa (político, 6 de agosto).

Eventos internacionais: Preparações para Expo 2025 Osaka com programação portuguesa, e festivais como o Madeira Wine Festival (24 de agosto a 14 de setembro).

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O mês foi dominado pelas condições climáticas extremas e eventos culturais de verão, típicos de agosto em Portugal.

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Texto & Video: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
31
Ago25

"Mais um agosto está a finar” … e um poema


Mário Silva Mário Silva

"Mais um agosto está a finar” … e um poema

31Ago DSC05758_ms

Mário Silva capta a paisagem de um campo de palha ceifado, sob um céu claro.

O campo, de cor dourada, estende-se até ao horizonte, onde se avista uma cadeia de montanhas em tons de azul e cinzento.

Em primeiro plano, dois fardos de palha, redondos, repousam no campo, como se estivessem à espera de algo.

A luz do sol da tarde incide sobre a palha, realçando a sua textura e a sua cor.

A imagem transmite uma sensação de melancolia e de fim de ciclo, como se o agosto estivesse a despedir-se, e o campo, antes cheio de vida, estivesse a ser preparado para o próximo outono.

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Poema: O Fim do Agosto

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O sol, cansado e lento,

dourou a palha no campo.

Mais um agosto se vai embora,

um adeus sem lamento.

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Os fardos, redondos e quietos,

guardam a luz do verão.

Lá longe, a serra dorme,

em tons de azul, em cansaço.

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O vento, um sopro de saudade,

leva consigo a vida que foi.

As promessas de um tempo bom,

a memória do que se foi.

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O campo, antes vivo e verde,

agora em silêncio e dourado,

espera o outono que vem,

o inverno que será.

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E o sol, já a finar,

deixa a sua marca no ar.

A certeza de que, apesar da dor,

mais um verão vai voltar.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
30
Ago25

"Caminho ... para o fim das Férias”


Mário Silva Mário Silva

"Caminho ... para o fim das Férias”

30Ago DSC05470_ms

Esta fotografia de Mário Silva, é um retrato do caminho que leva de volta à vida quotidiana.

A imagem mostra um caminho de terra batida, que serpenteia por um vale, ladeada por árvores densas.

O caminho, que se perde no horizonte, é iluminado por raios de sol que penetram através das copas das árvores.

À beira do caminho, há sinais de vida, como o muro de uma casa e a vegetação luxuriante, em tons de verde e de amarelo.

A fotografia transmite uma sensação de melancolia e de saudade, mas ao mesmo tempo de tranquilidade e de aceitação, como se o caminho, embora leve ao fim das férias, também levasse a um novo começo.

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O Regresso dos Emigrantes - A Dor Doce da Partida

A fotografia de Mário Silva, "Caminho ... para o fim das Férias”, é uma imagem simbólica que ecoa o sentimento de milhares de portugueses que, a cada verão, regressam a casa e, depois de algumas semanas de alegria e de reencontro, preparam-se para partir.

Este momento de transição é particularmente pungente para os nossos emigrantes, os "filhos da terra" que, há anos, deixaram o país em busca de uma vida melhor.

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A Alegria da Chegada

A chegada dos emigrantes é um momento de festa em Portugal.

As aldeias ganham vida, as ruas enchem-se de sotaques diferentes e as famílias voltam a ter a "casa cheia".

Agosto é um dos meses de "peregrinação" em que, de todos os cantos do mundo, os portugueses da diáspora regressam a casa, à família e aos amigos.

É o tempo de matar as saudades, de partilhar histórias, de reviver memórias e de celebrar a vida.

Para muitos, as férias em Portugal são um ponto de encontro, uma oportunidade de se reencontrarem com aqueles que não veem durante o resto do ano.

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A Melancolia da Partida

No entanto, a alegria da chegada é contrastada pela tristeza da partida.

O caminho que Mário Silva fotografa, que serpenteia pelo vale, é o mesmo que os emigrantes percorrem com o coração pesado.

O regresso ao país de residência pode ser mais difícil do que a ida.

A isso, os psicólogos chamam "síndrome do regresso", um fenómeno que pode levar à sensação de falta de identidade, tristeza e, em casos extremos, à depressão.

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Os emigrantes voltam para um país que é a sua casa, mas que, ao mesmo tempo, já não é o que era.

Eles, por sua vez, também não são as mesmas pessoas que partiram.

As suas experiências no exterior alargaram os seus horizontes, mas quem ficou no país de origem pode não as compreender, o que leva a um sentimento de incompreensão e de isolamento.

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O Ciclo da Saudade

O regresso é um fecho de ciclo, mas também o início de uma nova contagem decrescente para o próximo reencontro.

A fotografia de Mário Silva, com o seu caminho que se perde no horizonte, é um retrato da esperança de um novo regresso.

É a imagem da dor doce da partida, um misto de tristeza pela separação e de gratidão pelo tempo que foi vivido.

O "Caminho ... para o fim das Férias” é, na verdade, o caminho que nos leva de volta a nós mesmos, com a certeza de que, apesar da distância, as raízes e as memórias permanecem intactas.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
29
Ago25

"Lagarto pintado. Quem te pintou? Foi uma Velha que, por Aqui, passou”


Mário Silva Mário Silva

"Lagarto pintado. Quem te pintou?

Foi uma Velha que, por Aqui, passou”

29Ago DSC05216_ms

Esta fotografia de Mário Silva capta um plano aproximado de um lagarto, a “Lagartixa-de-bocage” (Podarcis bocagei), em tons de castanho e verde, que repousa sobre a areia do caminho.

O lagarto está a olhar para a direita, com a cabeça levantada e o corpo esticado.

A sua pele, com um padrão de manchas escuras, contrasta com o tom claro da areia.

A fotografia, com a luz do sol a incidir sobre o animal, realça a textura da sua pele e a sua forma.

A imagem transmite uma sensação de quietude, mas ao mesmo tempo de alerta, como se o lagarto estivesse pronto para se mover a qualquer momento.

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Estória: A Velha e o Lagarto

O lagarto, com a sua pele pintada em tons de castanho e verde, era o lagarto mais famoso do monte.

O seu nome era Verdelho, mas as crianças da aldeia, quando o viam, cantavam a canção que o Mário Silva mais tarde transformaria em título de fotografia: "Lagarto pintado. Quem te pintou? Foi uma velha que, por aqui, passou.”

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A história da velha era uma lenda.

Diziam que, há muito tempo, uma velha curandeira vivia na aldeia.

Era uma mulher sábia e bondosa, que curava as doenças com ervas e com a sua voz suave.

Um dia, um pequeno lagarto, ferido e triste, arrastou-se até à sua casa.

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A velha, com as suas mãos macias, pegou no lagarto.

Ela viu a sua pele, que antes era de uma cor única e deslavada.

Para lhe dar coragem e um pouco de alegria, a velha, com os seus dedos finos, pintou-lhe a pele.

Usou a cor do musgo para o seu corpo, e a cor da terra para as suas manchas.

No final, o lagarto estava pintado.

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O lagarto, pela primeira vez na sua vida, sentiu-se especial.

A sua pele, antes aborrecida, era agora uma obra de arte.

Ele tinha um propósito: era o guardião do segredo da velha.

E o seu corpo, com as suas cores, era a prova viva de que a beleza podia nascer da bondade.

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O lagarto viveu por muito tempo, e quando as suas crias nasciam, vinham com as mesmas cores do pai.

As manchas escuras, a cor do musgo, a cor da terra.

E a lenda da velha, que tinha pintado o lagarto com os seus dedos sábios, continuava a ser contada.

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A fotografia de Mário Silva capta o lagarto Verdelho, um descendente daquele lagarto original.

Ele está na areia, a olhar para o mundo, um pequeno rei no seu reino de pedras e de sol.

A sua pele pintada é a prova de que a beleza não é algo que se encontra, mas que se cria.

A estória do lagarto é um lembrete de que, com a bondade e com a sabedoria, podemos transformar o mais simples dos seres numa obra de arte, e que a história mais simples pode tornar-se uma lenda.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
28
Ago25

"Quem bom, este túnel de sombra, em pleno tórrido verão”


Mário Silva Mário Silva

"Quem bom, este túnel de sombra, em pleno tórrido verão”

28Ago DSC04914_ms

Esta fotografia de Mário Silva capta a essência de um refúgio natural contra o calor intenso.

A imagem mostra um caminho de terra, com pedras soltas, que se aprofunda num túnel de sombra criado pela folhagem de árvores densas.

O sol, a incidir por entre os ramos, cria feixes de luz que iluminam o caminho e a vegetação.

As folhas, em diferentes tons de verde, criam um efeito de contraste e de profundidade.

Os fetos, em primeiro plano, e o tronco de uma árvore, no centro da imagem, contribuem para a atmosfera de paz e de serenidade que a fotografia transmite.

A imagem evoca a sensação de um alívio fresco e de uma pausa na intensidade do verão.

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Estória: O Caminho da Calma

O caminho de terra, castigada pelo sol e pelo tempo, era uma cicatriz na paisagem.

Mas ali, naquele ponto onde Mário Silva a encontrou e a fotografou, ela se transformava em algo mais.

Deixava de ser uma cicatriz e tornava-se uma promessa.

A promessa de um túnel de sombra, de uma pausa no calor insuportável do verão.

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O sol, lá fora, era um tirano.

A sua luz, cruel e impiedosa, fazia o ar tremer e a terra rachar.

Mas o caminho da calma era um refúgio.

As árvores, com as suas folhas densas e os seus ramos entrelaçados, formavam uma cúpula sagrada.

Ali, o calor não entrava.

Apenas o ar fresco e o murmúrio suave do vento, que sussurrava segredos antigos aos fetos.

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A luz, que lá fora era um “flash” de brutalidade, aqui tornava-se suave e delicada.

Ela dançava entre os ramos, pintava o chão com manchas de ouro e de sombra.

Era uma luz que não cegava, mas que guiava.

Guiava os passos cansados, o coração pesado e a mente perturbada.

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O caminho da calma era a metáfora de uma vida.

Ela mostra-nos que, mesmo nos momentos mais difíceis, nos verões mais tórridos, há sempre um lugar de refúgio.

Um lugar onde podemos esconder-nos do calor, das preocupações, do barulho do mundo.

Um lugar onde a luz, em vez de nos cegar, nos ilumina.

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A floresta, com os seus segredos e a sua paz, era uma guardiã.

Os fetos, com as suas folhas delicadas, eram um convite a sentar-se, a respirar e a ouvir o som do silêncio.

E o caminho, que se perdia na escuridão, era a promessa de que, no final do túnel, havia mais luz, mais vida, mais esperança.

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A fotografia de Mário Silva não é apenas um retrato de uma paisagem.

É um poema visual.

Um poema sobre a resiliência da natureza, a beleza da sombra e a importância de encontrarmos os nossos próprios refúgios nos momentos mais tórridos da vida.

É um lembrete de que, mesmo no meio do caos, a paz está sempre à espera de ser encontrada.

E de que, na escuridão, a luz, mesmo que seja apenas um feixe, tem o poder de nos guiar.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
27
Ago25

"Onde há Fumo há Fogo”


Mário Silva Mário Silva

"Onde há Fumo há Fogo”

27Ago DSC04899_ms

A fotografia de Mário Silva, capta a imagem dramática de um incêndio florestal à distância.

A imagem é dominada por uma enorme nuvem de fumo de cor castanho-claro e bege, que se eleva no céu, tingido de tons de amarelo e laranja pela luz do sol.

Em primeiro plano, uma paisagem de colinas e de vegetação rasteira, em tons de verde e castanho, é interrompida por uma estrada de terra batida.

A fotografia transmite uma sensação de urgência e de perigo, com a nuvem de fumo a sugerir a dimensão do fogo que se esconde atrás das colinas.

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A Ferida da Terra - Os Fogos Devastadores em Portugal no Verão

A fotografia de Mário Silva, "Onde há Fumo há Fogo”, é um retrato impactante de uma realidade cíclica e trágica em Portugal: os incêndios florestais durante o verão.

Esta imagem, com a sua nuvem de fumo a subir em direção ao céu, é um lembrete visual do perigo e da destruição que o fogo traz a uma paisagem que, outrora, era um paraíso de verde e de vida.

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As Causas e o Impacto

A combinação de fatores ambientais, como a seca, o calor intenso e o vento forte, juntamente com a densidade da floresta e a falta de limpeza dos terrenos, cria o cenário perfeito para a propagação dos incêndios.

A maioria dos fogos é causada por negligência humana, como a queima de lixo e de mato sem os devidos cuidados, ou por mão criminosa.

O resultado é a devastação de milhares de hectares de floresta, a destruição de ecossistemas, a perda de vidas e a desertificação da paisagem.

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A fotografia, com o fumo a erguer-se no horizonte, mostra-nos a ferida que o fogo deixa na paisagem.

A terra, que antes era uma tapeçaria de cores, fica cinzenta e sem vida.

As árvores, que antes eram um refúgio para os animais, ficam transformadas em troncos carbonizados.

A paisagem, que era um símbolo de vida, torna-se um símbolo de morte.

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A Resiliência e a Esperança

No entanto, a tragédia dos fogos não é o fim da história.

A natureza, com a sua resiliência, começa o processo de renovação.

Depois da devastação, a chuva cai, as sementes germinam e a vida regressa, embora de forma mais lenta e tímida.

O fumo, que antes era um sinal de destruição, dá lugar a um sinal de esperança.

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A fotografia de Mário Silva é um lembrete do perigo, mas também da resiliência da natureza.

É um apelo à consciência humana, um grito de alerta para a importância da prevenção e da proteção da floresta.

O fumo que se vê na imagem não é apenas o resultado do fogo, mas também o sinal de uma luta contínua entre a natureza e a ação humana.

É um lembrete de que a floresta é um tesouro, e que a sua proteção é uma responsabilidade de todos nós.

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Texto & Fotogrfia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
26
Ago25

"Do verde ao azul das águas quentes e calmas” … e uma breve estória


Mário Silva Mário Silva

"Do verde ao azul das águas quentes e calmas”

… e uma breve estória

26Ago DSC04416_ms

Esta fotografia de Mário Silva, capta a beleza de uma paisagem de praia tranquila.

A imagem é dominada por um mar sereno, com a água a mudar de cor, passando do verde-claro na margem para o azul mais escuro no horizonte.

Pequenas e suaves ondas quebram na praia de areia clara, criando uma fina faixa de espuma branca.

À direita, a costa é delimitada por uma área rochosa e uma pequena floresta, enquanto no fundo, avistam-se montanhas a perder de vista.

O céu é de um azul límpido e com poucas nuvens, refletindo-se na água e acentuando a sensação de calma e de paz.

A fotografia transmite uma atmosfera de tranquilidade e a beleza natural do lugar.

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Estória: A Viagem de uma Concha

A concha, um pequeno milagre da natureza, era o lar de um caranguejo ermita há anos.

Mas o caranguejo, cansado de uma vida de medos e de se esconder, tinha decidido que era tempo de partir.

Deixou a concha na areia da praia, um pequeno trono de substância calcária brilhante e rosada da concha.

A fotografia de Mário Silva, com a sua paisagem de águas verdes e azuis, capturou o momento em que a concha, pela primeira vez na sua longa vida, se viu livre.

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A concha, na sua solidão, sentiu o sol quente e a água calma a beijar-lhe o corpo.

As ondas, que antes eram uma ameaça, tornaram-se um amigo, que a embalava e a levava em pequenos passeios pela areia.

A sua vida de concha era monótona, mas a sua alma era cheia de curiosidade. Queria saber o que havia para além do mar, para lá das montanhas distantes que se viam no horizonte.

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Um dia, uma onda, mais forte do que as outras, apanhou-a e levou-a para o mar aberto.

A concha sentiu um medo profundo.

Estava sozinha e longe da segurança da praia.

Mas, com a luz do sol a brilhar nas suas costas, ela decidiu que era tempo de ter coragem.

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Flutuou no mar, observando as cores que mudavam do verde na margem para o azul no horizonte.

Viu peixes coloridos, medusas transparentes, e ouviu o som de barcos que passavam.

Ela era pequena e frágil, mas a sua coragem era grande.

A sua viagem era um sonho, uma aventura.

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O mar era um mundo de maravilhas.

A concha, que antes era apenas um lar, tornara-se um viajante.

As suas costas, outrora lisas, foram polidas pelas ondas, e o seu nácar brilhou com a luz do sol.

Ela estava a viver, não a sobreviver.

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Depois de dias, talvez semanas, de viagem, uma corrente mais forte do que as outras, atirou-a para uma praia distante.

A concha, exausta, mas feliz, pousou na areia quente.

Olhou à sua volta e viu um novo mundo.

Um novo porto.

As águas, que antes eram verdes e azuis, eram agora de um tom diferente, mas a sua beleza era a mesma.

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A fotografia de Mário Silva é a imagem daquele momento de transição.

É a imagem da concha, que tinha deixado o seu passado para trás e tinha a coragem de começar uma nova vida.

A sua estória é uma chamada de atenção de que, por mais pequenas que sejamos, a nossa coragem e a nossa vontade de explorar o desconhecido podem levar-nos aos lugares mais bonitos e mais pacíficos.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
25
Ago25

Invulgar Cruzeiro de Santa Apolónia – Mairos – Chaves – Portugal


Mário Silva Mário Silva

Invulgar Cruzeiro de Santa Apolónia

Mairos – Chaves – Portugal

25Ago DSC03412_ms

Esta fotografia de Mário Silva foca-se num cruzeiro de pedra, incomum pela figura que o coroa.

A estátua, esculpida em pedra rústica, apresenta uma figura humana de corpo inteiro, sem braços, com um capuz na cabeça e as pernas juntas, como se estivesse envolta num manto.

A sua forma alongada e a expressão austera e anónima do rosto conferem-lhe um aspeto enigmático.

A estátua está colocada sobre uma base esférica de pedra, que repousa sobre uma coluna (não visível na totalidade).

No fundo, um telhado de telhas de barro de cor laranja-claro e uma parede de cimento com textura servem de pano de fundo.

A luz do sol incide sobre a estátua, realçando a sua textura rugosa e a sua antiguidade.

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O Enigma do Cruzeiro de Santa Apolónia - Uma Peça Única na Paisagem de Chaves

A fotografia de Mário Silva do cruzeiro de Santa Apolónia, em Mairos, Chaves, capta um monumento que se destaca na paisagem de Trás-os-Montes não pela sua beleza convencional, mas pela sua singularidade e mistério.

Este cruzeiro, com a sua estátua invulgar, é um convite a uma reflexão sobre a história, a arte e a fé que moldaram esta região.

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A Origem e a Singularidade

Os cruzeiros, como símbolos da fé cristã, são elementos comuns em Portugal.

Servem como marcadores de devoção, de território ou de eventos importantes.

No entanto, o cruzeiro de Mairos é notavelmente diferente.

Em vez da representação clássica de Jesus Cristo crucificado, ele é encimado por uma figura humana de forma rudimentar, com o corpo estreito e o capuz a cobrir-lhe a cabeça.

Esta representação é incomum e levanta várias questões sobre a sua origem e significado.

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Possíveis Interpretações

A figura pode ser interpretada de várias formas.

Uma delas é a de que se trata de uma representação de Santa Apolónia, a padroeira do local.

Santa Apolónia foi uma virgem mártir, que, segundo a tradição, teve os seus dentes arrancados durante a perseguição aos cristãos no século III.

Embora a figura não apresente qualquer elemento que a associe diretamente a esta história, a sua pose, com as mãos cruzadas sobre o peito, pode sugerir uma atitude de resignação e de fé.

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Outra interpretação é que a figura pode ser uma representação de um eremita ou de um santo penitente.

A forma minimalista e austera da escultura, com o corpo coberto por um manto, evoca a imagem de uma vida dedicada à contemplação e à solidão.

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Há ainda a possibilidade de que o cruzeiro seja de uma época mais antiga, possivelmente pré-cristã, e que tenha sido reutilizado e reinterpretado com o passar do tempo.

A sua forma rudimentar e a sua falta de detalhe podem ser um sinal da sua antiguidade.

A própria escultura é um testemunho da capacidade de uma comunidade de criar símbolos que resistem ao tempo.

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O Valor da Autenticidade

A beleza deste cruzeiro reside na sua autenticidade.

Ele não é uma obra de arte perfeita, mas uma peça com alma, com a marca do tempo e da fé de uma comunidade.

Em vez de ser "restaurado" para corresponder a uma estética moderna, o seu estado atual é um testemunho da sua história e da sua identidade.

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Em suma, a fotografia de Mário Silva do cruzeiro de Santa Apolónia é mais do que um registo visual.

É um convite a explorar o mistério da história, a riqueza da arte popular e a força da fé.

O cruzeiro de Mairos, com a sua figura enigmática, é um símbolo da resistência do tempo e da beleza que se encontra naquilo que é único e invulgar.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
24
Ago25

Igreja de São Lourenço – Rebordelo – Vinhais – Portugal


Mário Silva Mário Silva

Igreja de São Lourenço

Rebordelo – Vinhais – Portugal

24Ago DSC03270_ms

Esta fotografia de Mário Silva capta um ângulo de baixo para cima da Igreja de São Lourenço, em Rebordelo, Vinhais.

O edifício, com paredes caiadas de branco e uma fachada em pedra amarelada, domina a imagem sob um céu azul e limpo.

A arquitetura da igreja é simples, mas elegante, com uma porta principal de madeira verde e janelas retangulares, ladeadas por colunas de pedra esculpida.

Acima da porta, um brasão em pedra é ladeado por duas figuras em talha.

A torre sineira, com dois sinos, ergue-se acima do telhado, terminando numa cruz de ferro.

A fotografia realça a luz dourada do sol que incide sobre o edifício, e a simplicidade e a beleza da arquitetura rural.

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A Vida e o Legado de São Lourenço - Um Símbolo de Fé e Caridade

A fotografia de Mário Silva da Igreja de São Lourenço, em Rebordelo, Vinhais, é um lembrete da forte devoção popular a este santo, particularmente em Portugal.

A igreja, com a sua arquitetura simples e digna, reflete o espírito de São Lourenço: a fé inabalável, a humildade e a caridade.

A sua vida e a sua morte, no século III, tornaram-no um dos mártires mais venerados da Igreja Católica.

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A Vida de um Diácono em Roma

São Lourenço, nascido em Espanha, foi um dos sete diáconos de Roma, encarregado de administrar os bens da Igreja e de distribuir esmolas aos pobres.

A sua vida foi dedicada ao serviço dos necessitados, e a sua fé era inabalável.

Ele viveu numa época de grande perseguição aos cristãos, sob o imperador Valeriano.

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Quando o Papa Sisto II foi martirizado, Lourenço, como o seu principal diácono, assumiu a responsabilidade de guardar os tesouros da Igreja.

O imperador, ao saber disso, exigiu que Lourenço lhe entregasse os tesouros.

Lourenço, em vez de se acobardar, pediu três dias para os reunir.

Durante esse tempo, ele distribuiu tudo o que a Igreja possuía entre os pobres, os órfãos e os viúvos, e depois, no terceiro dia, apresentou-se perante o imperador com eles.

 - Estes - disse ele - são os verdadeiros tesouros da Igreja.

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O Martírio e o Legado

O imperador, furioso, condenou Lourenço à morte.

Ele foi torturado e, segundo a tradição, foi colocado numa grelha ardente.

A lenda conta que, mesmo no meio do sofrimento, ele manteve a sua serenidade e o seu sentido de humor, dizendo aos seus carrascos:

- Podem virar-me, este lado já está cozinhado.

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A morte de São Lourenço, mais do que um ato de crueldade, foi um triunfo da fé e da caridade.

O seu martírio inspirou muitos a converterem-se ao cristianismo e a sua história tornou-se um símbolo da força da fé em face da adversidade.

A sua vida foi um exemplo de como a riqueza de uma comunidade não reside em ouro ou prata, mas na compaixão e na ajuda aos mais necessitados.

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São Lourenço é o padroeiro dos diáconos, dos cozinheiros, dos bombeiros e dos bibliotecários.

A sua festa é celebrada a 10 de agosto.

A sua história continua a ser um farol de esperança, uma lembrança de que o amor ao próximo é a forma mais pura de fé e que a verdadeira riqueza reside na partilha e na solidariedade.

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A Igreja de São Lourenço em Rebordelo, como tantas outras igrejas em Portugal, é um tributo a este homem, um lembrete de que a sua vida e a sua morte têm o poder de inspirar e de nos ensinar sobre a importância da fé e da caridade.

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Texto & Fotografia: ©Máriosilva

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Mário Silva 📷
23
Ago25

Dedaleira (Digitalis purpurea) … e uma estória


Mário Silva Mário Silva

Dedaleira (Digitalis purpurea)

… e uma estória

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A fotografia de Mário Silva, intitulada "Dedaleira (Digitalis purpurea)", é um plano aproximado de uma planta com flores em tons de rosa e magenta.

As flores, em forma de campânula ou dedal, estão dispostas num caule alto e reto, e mostram os seus pormenores e o interior em tons de branco.

As flores em primeiro plano estão abertas, enquanto as do topo, ainda em botão, sugerem a continuidade da floração.

A planta está inserida numa paisagem com o chão em tons de castanho e uma vegetação verde e desfocada em segundo plano.

A luz suave e a composição da imagem realçam a beleza e a delicadeza da flor.

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Estória: O Segredo da Dedaleira

No coração da serra, onde o ar era puro e o sol acariciava as encostas, crescia uma planta de dedaleira.

A sua beleza, capturada com tanta delicadeza na fotografia de Mário Silva, era um engano.

Cada flor, um dedal de cor rosa e magenta, escondia um segredo sombrio.

E era um segredo que a velha Maria Coxa, a curandeira da aldeia, conhecia bem.

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A Maria Coxa era uma mulher de poucas palavras, com as mãos enrugadas pela vida e os olhos sábios que tinham visto o tempo passar.

O seu conhecimento das ervas e das plantas era lendário.

Ela sabia que a dedaleira, apesar da sua aparência inocente, era uma assassina silenciosa.

As suas folhas, os seus caules, as suas flores — tudo nela era veneno.

Mas também sabia que, nas mãos certas, a planta podia ser a salvação.

Uma pequena dose do seu extrato podia curar um coração fraco, um coração que batia sem força e sem esperança.

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O seu neto, o pequeno Tiago, um rapazinho de olhos escuros e um sorriso que iluminava a aldeia, tinha nascido com o coração fraco.

A sua respiração era curta, os seus passos lentos.

Os médicos da cidade tinham dito que não havia esperança.

Mas a Maria Coxa, com a sua sabedoria ancestral, não desistiu.

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Ela ia todos os dias à serra, à procura da sua dedaleira.

Escolhia cuidadosamente as folhas, colhia-as com um respeito que era quase uma oração.

A cada folha, pedia perdão à planta pela sua transgressão, e pedia que ela tivesse piedade do coração do seu neto.

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Um dia, enquanto a Maria Coxa colhia as folhas, um estranho da cidade apareceu.

Ele era um homem alto, com um chapéu de palha e a arrogância dos que pensam que sabem tudo.

- Que bela flor! - exclamou ele, aproximando-se da planta. - Vou levar um ramo para a minha mulher. Ela vai adorar a cor."

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A Maria Coxa sentiu um arrepio de medo.

A beleza da dedaleira era uma armadilha.

A sua mão, rápida como um raio, agarrou a do homem.

- Não! - disse ela, a voz baixa, mas firme. - Esta flor... ela não é para enfeitar. Ela é perigosa. O seu perfume é doce, mas o seu segredo é amargo."

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O homem riu-se, uma risada que parecia oco.

- Velha supersticiosa. É só uma flor."

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Maria Coxa, com o seu olhar sábio, olhou-o nos olhos.

- É a “dedaleira”, meu caro. O seu nome diz tudo. É um “dedal” para a morte. Apenas um curandeiro sabe a dose para a vida."

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O homem, embora hesitante, ouviu o aviso.

Virou costas, rindo e balançando a cabeça.

A Maria Coxa, com o coração a bater forte, pegou nas suas folhas e voltou para casa, para preparar a poção que salvaria o coração do seu neto.

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A beleza da dedaleira na fotografia de Mário Silva é um lembrete de que, mesmo nas formas mais belas da natureza, o perigo e a cura coexistem.

A estória da Maria Coxa e do seu neto Tiago é um conto sobre a sabedoria ancestral, a humildade e a linha ténue entre a vida e a morte.

Uma linha que a dedaleira, com o seu segredo, nos ensina a respeitar.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
22
Ago25

"22 de agosto - dia pessoal da Harmonia, Paz, Amor e Realização” e uma estória


Mário Silva Mário Silva

22 de agosto

dia pessoal da Harmonia, Paz, Amor e Realização

e uma estória

22Ago DSC03313_ms

Esta fotografia de Mário Silva, intitulada "22 de agosto - dia pessoal da Harmonia, Paz, Amor e Realização”, é uma vista aérea de um vale, que me faz lembrar o rio Tuela, em Trás-os-Montes.

A imagem mostra um rio, que serpenteia pelo meio da paisagem, ladeado por duas linhas de árvores, com as suas copas redondas e densas.

Em volta do rio, a paisagem é preenchida por campos de cultivo, com oliveiras a ocupar a maior parte da área.

A cor da terra, em tons de ocre e castanho, contrasta com o verde escuro das árvores e com o verde mais claro dos campos.

A perspetiva elevada dá à fotografia uma sensação de paz e de ordem, como se a paisagem tivesse sido esculpida pela mão da natureza, em perfeita harmonia.

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Estória: A Canção Secreta do Rio

O rio, para as gentes do vale, não tinha nome.

Era apenas "o rio", a linha de prata que traçava a vida e a morte, o ciclo das estações.

Mário Silva capturou-o naquele dia, 22 de agosto, e chamou-lhe "dia pessoal da Harmonia, Paz, Amor e Realização”.

E era exatamente isso que o rio representava.

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O rio tinha uma canção secreta.

Uma melodia que era apenas ouvida por aqueles que tinham a paciência de a escutar.

As suas águas, que serpenteavam entre as árvores, cantavam a história da terra.

Cantavam sobre o sol que lhes dava vida, sobre a chuva que as alimentava, sobre as oliveiras que se inclinavam para elas.

A sua canção era sobre o amor que o rio tinha pela terra, e sobre a paz que ele trazia às suas gentes.

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Naquele dia, 22 de agosto, o rio cantava uma melodia de realização.

O sol, alto no céu, fazia as suas águas brilhar como prata, e a paisagem à sua volta parecia respirar em uníssono.

Os campos de oliveiras, em perfeito alinhamento, pareciam uma orquestra de cores, com o ocre da terra e o verde das folhas.

O ar estava calmo e o som da natureza era a única melodia que se podia ouvir.

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A canção do rio não era apenas para as gentes, mas para as árvores.

Cada uma delas, com as suas raízes a tocar na água, sentia a vida que o rio lhe dava.

As árvores mais velhas, com as suas copas densas, sabiam que a sua vida dependia do rio.

E o rio sabia que a sua existência dependia das árvores, que lhe davam sombra e o protegiam do calor.

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A canção era sobre um amor que era mais antigo do que a memória dos homens.

Um amor entre a terra e a água, entre o sol e a sombra, entre a vida e a morte.

Uma canção que ensinava que a verdadeira realização não era o que se tinha, mas o que se era.

Era a harmonia da natureza, a paz do vale, o amor entre todas as coisas.

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O rio, visto do alto na fotografia de Mário Silva, não era apenas um curso de água.

Era o coração do vale, o maestro de uma orquestra de cores e de vida.

O 22 de agosto, aquele dia de Harmonia, Paz, Amor e Realização, não era apenas um dia no calendário; era a promessa do rio, a canção que ele cantava para todos aqueles que tivessem a paciência de o ouvir.

Era a certeza de que, no meio da dureza da vida, havia sempre um lugar para a beleza e para a paz.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
21
Ago25

"A gaivota descansando da manhã agitada”


Mário Silva Mário Silva

"A gaivota descansando da manhã agitada”

21Ago DSC04556_ms2

Esta fotografia de Mário Silva, foca-se numa gaivota solitária, branca e imaculada, que repousa sobre uma rocha submersa na água.

A ave, com as suas penas fofas e pernas finas e avermelhadas, está de pé sobre uma pata, com a outra recolhida, e tem a cabeça ligeiramente inclinada, como se estivesse a meditar ou a observar a maré.

A água à sua volta é calma e de cor cinzento-prateada, com reflexos suaves.

A presença de algas e outras rochas em segundo plano confere profundidade à imagem.

A fotografia, com a sua composição simples e serena, transmite uma sensação de paz e isolamento, contrastando com a agitação que o título sugere.

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O nome da gaivota era Alma.

Não que os humanos soubessem, mas as outras gaivotas do bando chamavam-lhe assim, porque a sua cor branca era tão pura que parecia a alma da espuma do mar.

A fotografia de Mário Silva capturou-a naquele momento de repouso, o único momento de paz num dia que tinha sido uma batalha.

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A manhã tinha começado com um vento forte que chicoteava as ondas e tornava a caça difícil.

Alma tinha lutado contra a tempestade, voando baixo sobre a água, com as suas asas a cortar o ar salgado.

Tinha mergulhado e subido, tinha visto o sol nascer e o mar revolto.

Tinha caçado o seu peixe, tinha defendido o seu território e tinha voltado, exausta, para a sua rocha.

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A sua rocha era o seu trono, o seu santuário.

Era um pequeno pedaço de terra no meio da água, com musgo e conchas incrustadas, que ela tinha reivindicado como seu.

Ninguém a incomodava ali.

Era o seu refúgio da agitação do mundo, o seu ponto de observação do céu e do mar.

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Alma pousou na rocha, recolheu uma das pernas e fechou os olhos.

O vento continuava a soprar, mas a sua alma estava calma.

Conseguiu ouvir os sons familiares do mar: as ondas a quebrar, o grito distante de outras gaivotas, o sussurro da espuma que se dissolvia na areia.

O sal do mar secava nas suas penas e o sol da manhã acariciava-lhe o corpo.

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Ela pensou nos desafios da manhã, na luta pela comida, na dança perigosa com as ondas.

Pensou na sua coragem e na sua perseverança.

A vida de uma gaivota não era fácil, mas era a sua vida.

Era uma vida de liberdade, de voo, de vento e de mar.

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Quando finalmente abriu os olhos, o mar parecia diferente.

Não era mais a paisagem hostil da manhã, mas um espelho prateado que refletia a luz do céu.

A sua rocha, que antes era apenas um ponto de descanso, parecia agora uma ilha de paz.

Alma sentiu um profundo sentimento de gratidão.

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Mário Silva, na sua fotografia, capturou o momento exato em que a gaivota Alma encontrou a sua paz.

Ele não capturou a gaivota, mas a sua alma: a dignidade do seu repouso, a coragem que se esconde na sua pose, a beleza que se encontra na sua solidão.

O resto da manhã seria de calma, mas a gaivota já estava pronta para a próxima batalha, com a alma lavada pelo sal e o coração cheio da paz do seu trono.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
20
Ago25

Mestre Francisco Branco "Retalhos do Passado – Fragmentos de Madeira e Tempo"


Mário Silva Mário Silva

Mestre Francisco Branco

Retalhos do Passado – Fragmentos de Madeira e Tempo

 

Hoje venho dar a conhecer um verdadeiro artesão transmontano

Trata-se do Mestre Francisco Branco, que com pequenos pedaços de madeira ou fósforos recria magistralmente monumentos nacionais, como o castelo de Monforte ou a ponte romana de Chaves ou a igreja e capela da sua aldeia (Casas de Monforte- Águas Frias – Chaves – Portugal).

O material é simples, assim como as suas ferramentas rudimentares e manuais.

É de facto uma maravilha as obras que reproduz, digno de um Mestre.

Com uma habilidade natural consegue reproduzir muitas peças que já estão em total desuso, como a roda de fiar, teares, utensílios agrícolas e muitas outras peças que a sua memória traduz em realidade com uma beleza e minúcia que deixa o observador estupefacto.

Venho, também louvar a Associação Cultural de Casas de Monforte que recolheu e expôs os trabalhos do Mestre Francisco, numa Exposição com o título “Retalhos do Passado – Fragmentos de Madeira e Tempo”, no Centro de Convívio de Casas de Monforte.

É bom que se reconheça o talento e habilidade manual deste Homem e mostrar ao Mundo a sua Arte e que nos deixa as suas Obras que retratam uma realidade que são uma Memória de uma Cultura de Casas de Monforte, de Trás-os-Montes e Portugal.

Obrigado, Sr. Francisco Branco.

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Nota: As fotografias foram, simpaticamente, cedidas por Romeu Gomes

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Mário Silva 📷
20
Ago25

Flor de “Campanula lusitânica”


Mário Silva Mário Silva

Flor de “Campanula lusitânica”

20Ago DSC00038 (2)_ms

Esta fotografia de Mário Silva capta um plano aproximado de uma flor de "Campanula lusitânica" em plena floração.

A flor, de cor roxa intensa, apresenta cinco pétalas abertas em forma de estrela, com o centro em tons de branco e rosa.

As pétalas, com as suas linhas finas e delicadas, destacam-se contra o fundo desfocado e em tons de verde e amarelo.

A flor, suspensa por um caule fino, parece flutuar na imagem.

À sua volta, outros caules finos e uma flor mais pequena e ainda por desabrochar, sugerem a presença de outras flores na mesma planta.

A fotografia, com a sua luz suave e o fundo difuso, realça a delicadeza, a beleza e a cor vibrante da flor.

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Estória: A Estrela Roxa da Sombra

No canto mais sombrio da encosta, onde o sol lutava para chegar, vivia uma pequena flor de "Campanula lusitânica".

Ela era a única de um roxo tão intenso que parecia ter roubado a cor do céu noturno e a força de um pôr do sol.

Mário Silva capturou-a na sua fotografia, suspensa no ar, um pequeno milagre de beleza e resiliência.

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A pequena flor não tinha nome.

Era apenas "A Roxa" para as abelhas que a visitavam e "A Bela" para as borboletas que passavam.

Ela era a prova de que a beleza podia nascer nos lugares mais inóspitos.

A sua vida era uma melodia de silêncio e de paciência.

Esperava pelo vento para lhe trazer a notícia do mundo lá fora e pelas abelhas para lhe darem a promessa da vida.

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O seu vizinho, um velho cardo espinhoso e resmungão, passava os dias a queixar-se.

- A vida é dura - dizia ele com a sua voz rouca e espinhosa. - O sol não chega, a terra está seca, e o mundo lá fora é um perigo.

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A pequena flor ouvia-o, mas não se deixava abalar.

A sua missão não era queixar-se, mas ser bela.

Com as suas cinco pétalas abertas, ela era como uma estrela que tinha caído do céu e se tinha fixado na terra.

O seu centro, uma pequena mancha branca e rosa, era o seu coração, um coração que batia ao ritmo da natureza.

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Um dia, uma abelha, esgotada pelo calor e pela distância, pousou no seu centro.

- Oh, que bom que cheguei a tempo! - exclamou a abelha. - Estava quase a desistir. Mas vi a sua luz, a sua cor, e segui-a.

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A pequena flor sentiu o seu coração bater mais forte.

Ela, que pensava estar sozinha, era um farol.

Ela, que pensava ser apenas uma flor, era a esperança de alguém.

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A abelha, depois de beber o seu néctar, disse-lhe:

- Obrigado, pequena estrela. A sua beleza não é em vão. Ela dá-nos a força para continuar.

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A partir desse dia, a pequena flor deixou de ser apenas A Roxa ou A Bela.

Ela era "A Esperança".

A sua cor, que parecia roubada ao céu noturno, era a prova de que mesmo na sombra mais profunda, a beleza podia florescer e inspirar.

Ela florescia não apenas para si, mas para o mundo que a rodeava, um pequeno ponto de cor e de vida que dizia, silenciosamente, que a esperança estava sempre à espera de ser encontrada, mesmo nos caminhos mais difíceis.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
19
Ago25

"O Picanço-real (Lanius meridionalis)"


Mário Silva Mário Silva

"O Picanço-real"

(Lanius meridionalis)

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Esta fotografia de Mário Silva, intitulada "O Picanço-real", é um plano aproximado de uma ave, um picanço-real, pousado no topo de um galho seco.

A ave, com o seu corpo robusto e penas em tons de castanho e cinzento claro, tem uma cauda comprida e um bico forte e curvo.

O olho escuro e a máscara facial dão-lhe uma expressão séria e atenta.

As asas e a cauda têm detalhes em preto e branco.

O pássaro está em perfil, com a cabeça ligeiramente virada para a direita, observando o horizonte.

O fundo é um céu azul, com a luz do sol a incidir sobre a ave, realçando os pormenores das suas penas.

A imagem transmite uma sensação de alerta e a beleza selvagem da ave, que parece estar em plena vigilância.

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Estória: A Coroa do Picanço-Real

O Picanço-real, que na aldeia de Trás-os-Montes era apenas conhecido como "o pássaro-rei", tinha a fama de ser o caçador mais astuto do planalto.

A sua coroa, um conjunto de penas cinzentas na cabeça, era mais do que um adorno; era o seu trono, o símbolo da sua soberania sobre os campos.

Mário Silva capturou-o na sua fotografia no seu momento de maior majestade: pousado no topo de um galho, a observar o seu reino.

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A sua vida não era fácil.

O seu território era vasto e a caça escassa.

O seu jantar, uma libelinha ou um gafanhoto, era conquistado com paciência e uma agilidade que era a inveja de todas as outras aves.

A sua técnica era brutal, mas eficaz: empalar as suas presas em espinhos de arbustos ou farpas de arame, uma espécie de despensa macabra que servia de aviso aos outros predadores.

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Naquele dia de verão, o Picanço-real estava no seu posto de vigia favorito.

As suas pequenas garras agarravam-se firmemente ao galho seco, e os seus olhos, afiados como agulhas, varriam o horizonte.

O sol do meio-dia fazia as suas penas brilhar e o ar estava carregado de calor.

De repente, um movimento na relva seca chamou a sua atenção.

Uma família de gafanhotos verdes, distraídos com a sua própria conversa, movia-se em direção à sombra de um cardo.

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O Picanço-real ficou imóvel, os seus músculos tensos, o seu corpo pronto para a ação.

Contou as batidas do seu coração, o eco do vento na sua coroa de penas.

No momento certo, ele soltou-se do galho, uma sombra veloz que rasgou o céu azul.

A sua descida foi rápida e silenciosa. Agarrou o maior dos gafanhotos, uma presa suculenta, e levou-o para o seu poleiro.

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Mas o Picanço-real não era apenas um predador.

Ele era um guardião.

As suas canções, uma mistura de trinados e assobios, eram o aviso de que o rei estava em casa.

As outras aves do planalto, desde os pardais mais pequenos aos falcões mais imponentes, sabiam que aquele era o seu território e que a sua palavra era lei.

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Quando o sol começou a descer, pintando o céu de laranja e roxo, o Picanço-real voou para a sua despensa. Comeu a sua presa e, satisfeito, cantou uma última canção antes de se abrigar para a noite.

A sua silhueta, um pequeno ponto escuro contra o céu que se desvanecia, era um lembrete de que, mesmo nos lugares mais áridos e solitários, a vida floresce na sua forma mais pura e selvagem.

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A fotografia de Mário Silva não é apenas um retrato de um pássaro; é um retrato de um rei, de um caçador, de um guardião.

É a imagem da vida dura e solitária do campo, da dignidade e da beleza que se encontram na luta pela sobrevivência, e da força inabalável da natureza.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
18
Ago25

"O mar enrola na areia ..." e uma estória


Mário Silva Mário Silva

"O mar enrola na areia ..."

e uma estória

18Ago DSC04395_ms

A fotografia de Mário Silva, intitulada "O mar enrola na areia ...", capta uma vista panorâmica de uma baía tranquila.

A imagem é dominada pelo mar, com águas de um azul-claro suave que se misturam com tons de verde.

As ondas, pequenas e suaves, quebram na praia de areia clara, criando uma faixa de espuma branca que se estende por toda a largura da imagem.

À direita, a costa é delimitada por uma área rochosa e uma colina coberta de pinheiros.

No fundo, do lado esquerdo, avistam-se colinas distantes.

O céu, de um azul límpido e com poucas nuvens, reflete-se na água, criando uma atmosfera de calma e serenidade.

A fotografia transmite uma sensação de paz e a beleza natural e intocada da costa.

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Estória: A Memória do Mar

O mar, para o pequeno Afonso, não era apenas água e areia.

Era uma memória.

Uma memória que vivia no som das ondas, no cheiro a sal e na luz que, como Mário Silva um dia capturaria na sua fotografia, pintava a baía de uma paz irreal.

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Afonso, que agora passava os seus setenta verões, sentava-se na varanda da sua casa, com vista para a mesma praia que Mário Silva havia fotografado.

Os anos tinham-lhe enrugado o rosto e curvado os ombros, mas os seus olhos continuavam a brilhar com a mesma vivacidade de um miúdo quando olhava para o mar.

Naquele verão, a sua neta, Laura, tinha vindo visitá-lo.

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Laura, uma jovem da cidade, com a cabeça cheia de ideias de tecnologia e pressa, sentia-se entediada na aldeia pacata do avô.

O mar era bonito, sim, mas era sempre o mesmo.

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- Avô, por que é que gostas tanto disto? Não é sempre o mesmo? - perguntou Laura, com a voz tingida de uma impaciência que Afonso conhecia bem.

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Afonso sorriu, um sorriso que lhe enrugou os olhos ainda mais.

- Não, minha neta. Não é o mesmo. O mar, ele muda a cada dia, a cada hora. E ele guarda as nossas memórias.

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Laura revirou os olhos.

- Histórias de velho - pensou.

Afonso compreendeu a sua neta.

- Vem comigo - disse ele, levantando-se com alguma dificuldade.

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Caminharam pela areia macia, em direção à praia rochosa à direita da fotografia.

O sol da tarde pintava as ondas de um dourado suave, e a espuma branca enrolava-se na areia com um sussurro constante.

Chegaram perto das rochas, onde o avô se sentou.

-

- Vês estas rochas, Laura? - perguntou ele, apontando para uma rocha escura e coberta de musgo. - Foi aqui que aprendi a pescar com o meu pai. E foi aqui que, anos mais tarde, te ensinei a apanhar búzios."

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Afonso pegou num pequeno búzio, com as suas linhas intrincadas e cores desbotadas, e entregou-o à neta.

- Ouve. Ouve o que o mar tem para te contar.

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Laura levou o búzio ao ouvido, e ouviu o som familiar do mar.

Mas desta vez, parecia diferente.

Não era apenas um ruído.

Parecia o eco de uma história.

Do avô a rir com o pai, da sua própria voz de criança a exclamar de alegria ao encontrar um búzio perfeito.

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Afonso apontou para o vasto horizonte, onde o céu e o mar se encontravam numa linha difusa.

- O mar, Laura, é o nosso álbum de família. Cada onda que quebra é uma página virada. Ele enrola na areia, sim, mas nunca a mesma areia, nunca a mesma onda. E em cada uma, há uma lembrança. O primeiro beijo da minha Maria, o primeiro mergulho dos teus pais, a nossa primeira caminhada aqui..."

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Laura olhou para o mar com olhos novos.

Viu as ondas a quebrar, a espuma a formar-se e a desaparecer.

Mas agora, não via apenas água e areia.

Via a história da sua família, a história da sua aldeia, a história da sua própria vida, tudo enrolado naquele eterno e inconstante movimento.

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O mar continuava a enrolar na areia.

Mas para Laura, já não era o mesmo.

Era uma memória, uma promessa e um lembrete de que, por mais longe que a sua vida a levasse, as suas raízes estavam ali, na luz suave, no som das ondas, e na história silenciosa daquele mar.

A fotografia de Mário Silva não era apenas a imagem de uma praia, mas a imortalização daquela memória.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
17
Ago25

"Altar-mor da igreja de São Lourenço" - Rebordelo (Vinhais – Portugal)


Mário Silva Mário Silva

"Altar-mor da igreja de São Lourenço"

Rebordelo (Vinhais – Portugal)

17Ago DSC03277_ms

Esta fotografia de Mário Silva, intitulada "Altar-mor da igreja de São Lourenço", capta uma vista interior de um altar barroco ricamente decorado.

A imagem é dominada pelo altar-mor, uma estrutura imponente e ornamentada, revestida em talha dourada.

Ao centro, um nicho com a imagem de um santo, ladeado por colunas espiraladas, também em talha dourada, que se elevam até um dossel de grande detalhe.

Em ambos os lados do altar-mor, nichos laterais abrigam estátuas de santos.

O teto, arqueado, possui um fresco com representações de anjos e figuras celestiais.

O chão em primeiro plano é de pedra, com uma mesa de altar simples e branca.

A luz que incide sobre o altar realça o brilho do dourado e a complexidade dos detalhes da talha.

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A Preservação do Passado - A Luta Contra os "Restauros" que Desvirtuam a Origem

A fotografia de Mário Silva do altar-mor da igreja de São Lourenço, em Rebordelo, Vinhais, é um testemunho da riqueza e da beleza do património artístico e religioso de Portugal.

A complexidade da talha dourada e a história que ela carrega em cada pormenor reforçam a importância crucial da sua preservação.

No entanto, a preservação autêntica enfrenta um desafio crescente: os "restauros" que, em vez de conservarem, desvirtuam a verdadeira origem das obras.

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A Diferença Entre Preservação e "Restauro" Desvirtuado

A preservação do património histórico, seja ele um altar, uma estátua ou um edifício, é a arte de conservar a sua integridade e autenticidade.

O objetivo é manter a obra o mais próximo possível do seu estado original, reparando danos e protegendo-a da degradação, mas sem alterar a sua essência.

Isto implica um estudo aprofundado dos materiais, das técnicas e do contexto histórico.

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Em contraste, o "restauro" desvirtuado é uma intervenção que ignora a história da obra.

Muitas vezes, com a intenção de a "melhorar" ou "modernizar", são usados materiais e técnicas que não correspondem à época, ou são acrescentados elementos que nunca fizeram parte do original.

Um exemplo clássico é o uso de tintas sintéticas em vez das pigmentações tradicionais, ou a remoção de camadas de pintura que, embora danificadas, contam a história da obra.

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O Exemplo do Altar de São Lourenço

O altar-mor retratado por Mário Silva é uma obra-prima de talha dourada.

Cada espiral, cada folha de acanto, é um testemunho da mestria dos artesãos que, séculos atrás, criaram esta peça de devoção.

Um restauro inadequado poderia, por exemplo, levar à aplicação de um verniz que alterasse o brilho e a tonalidade do ouro, ou à substituição de peças originais por réplicas grosseiras, apagando assim a história e o valor da obra.

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O risco dos "restauros" que desvirtuam a origem não é apenas estético, mas também histórico e cultural.

A autenticidade de uma obra é um componente fundamental do seu valor.

Uma peça histórica perde o seu poder de nos ligar ao passado se a sua forma original for alterada.

O resultado é um objeto que parece novo, mas que perdeu a sua alma, a sua verdade e a sua capacidade de contar a sua própria história.

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O Caminho Certo: A Preservação Cautelosa

O caminho certo é o da preservação cautelosa e da intervenção mínima.

A fotografia de Mário Silva é um convite a olhar para o passado com respeito e admiração.

A beleza do altar de São Lourenço reside não só na sua forma, mas na sua idade, nos sinais do tempo que carrega.

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Preservar o património não é mantê-lo num estado de perfeição artificial, mas sim garantir que a sua autenticidade e a sua história sejam respeitadas e transmitidas às futuras gerações.

É a arte de manter viva a memória, sem apagar as marcas do tempo que nos contam quem fomos e quem somos.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
16
Ago25

"Pastor num planalto transmontano"


Mário Silva Mário Silva

"Pastor num planalto transmontano"

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Esta fotografia de Mário Silva, em preto e branco, intitulada "Pastor num planalto transmontano", retrata um pastor em pé num vasto campo.

O homem, em primeiro plano à direita, está virado para a câmara, segurando um cajado na mão esquerda.

Ele veste calças e uma camisa de trabalho e tem um casaco escuro sobre o ombro.

O seu rosto, sombreado pelo boné, exibe uma expressão que sugere seriedade e a dureza da vida no campo.

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Atrás do pastor, o campo é preenchido por um rebanho de ovelhas, que pastam em relva seca e rala.

O rebanho estende-se pela paisagem, que é dominada por um vasto planalto com algumas árvores dispersas no horizonte.

O céu, com nuvens que se estendem por toda a largura da imagem, contrasta com a terra, criando um cenário dramático e intemporal.

A ausência de cores realça a austeridade da paisagem e a dignidade do trabalho do pastor.

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A Vida Dura do Pastoreio em Trás-os-Montes - Uma Dignidade na Solidão

A fotografia de Mário Silva, "Pastor num planalto transmontano", capta mais do que uma imagem; capta a alma de um ofício que resiste ao tempo e a dureza de uma vida que define a paisagem e as gentes de Trás-os-Montes.

A figura do pastor, com o seu cajado, e o rebanho disperso pelo vasto planalto, são a representação visual da solidão, da resiliência e da profunda ligação à terra.

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A Rotina e os Desafios

A vida de um pastor é marcada por uma rotina ininterrupta e por desafios que poucos conhecem.

A sua jornada começa antes do nascer do sol e termina muito depois de ele se pôr.

O pastor é o guardião do rebanho, responsável por o conduzir a pastos verdes, protegê-lo de predadores e garantir o seu bem-estar.

A sua "casa" é o campo aberto, e o seu "relógio" é o sol, que dita o ritmo do dia.

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O trabalho do pastoreio é fisicamente exigente.

O pastor caminha longas distâncias, atravessando terrenos irregulares e enfrentando as intempéries, desde o calor escaldante do verão, como a fotografia de Mário Silva sugere, ao frio gélido e à neve do inverno transmontano.

A sua companhia é, na maioria das vezes, o seu cão, um fiel amigo e um colaborador essencial na gestão do rebanho.

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A Sabedoria da Experiência

O pastor é também um guardião de saberes ancestrais.

Ele conhece os segredos da terra, o nome de cada planta e o curso de cada ribeiro.

A sua sabedoria é transmitida de geração em geração, e a sua ligação à natureza é profunda e intuitiva.

Ele sabe interpretar os sinais do céu, antecipar o tempo e encontrar os melhores pastos.

A sua vida é um testemunho da importância da experiência e da humildade perante a força da natureza.

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A Solitude e a Dureza da Vida

A solidão é uma companheira constante do pastor.

Horas e horas passadas em silêncio, apenas com o balido das ovelhas e o vento como banda sonora.

A sua vida é despojada de muitas das comodidades modernas, o que lhe confere uma simplicidade e uma dignidade únicas.

O pastoreio não é apenas um trabalho; é um modo de vida, uma filosofia de existência que valoriza a paciência, a observação e a gratidão pelas pequenas coisas.

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A fotografia a preto e branco de Mário Silva é um tributo a esta vida.

A ausência de cor realça a autenticidade e a crueza do ofício.

O pastor, no planalto de Trás-os-Montes, é um símbolo da resistência e da dignidade que se encontram na dureza, um lembrete de que, mesmo nas vidas mais simples, há uma beleza e uma força inabaláveis.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
15
Ago25

A Assunção de Nossa Senhora ao Céu


Mário Silva Mário Silva

A Assunção de Nossa Senhora ao Céu

15Ago DSC09416_ms2

Esta fotografia de Mário Silva, intitulada "A Assunção de Nossa Senhora ao Céu", apresenta um plano aproximado de uma antiga estátua da Virgem Maria.

A escultura, com o seu cabelo loiro e ondulado e uma expressão serena no rosto, está de pé, com as mãos postas em oração.

O manto azul com orlas douradas e a túnica cinzenta com motivos florais (cerejas) parecem ser de madeira policromada.

A Virgem é representada sobre a cabeça de três anjos, sugerindo a ascensão, e tem uma auréola em forma de sol atrás da sua cabeça.

Uma coroa em metal, em forma de sol, está fixada acima da cabeça.

No lado direito, um vaso de vidro com lírios brancos florescentes adiciona um toque de vida e pureza à cena.

O fundo é uma parede de pedra rústica e irregular, que contrasta com a delicadeza e a cor da estátua.

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A Assunção de Nossa Senhora ao Céu - Fé, Esperança e Celebração

A celebração da Assunção de Nossa Senhora, anualmente a 15 de agosto, é uma das mais importantes e antigas festas marianas no calendário litúrgico católico.

A fotografia de Mário Silva, que nos mostra a Virgem Maria em toda a sua serenidade, capta a essência desta celebração.

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O Dogma e o Significado Espiritual

O dogma da Assunção, proclamado pelo Papa Pio XII em 1950, declara que, no final da sua vida terrena, a Virgem Maria foi "assunta" ao céu de corpo e alma.

Ao contrário da Ascensão de Jesus, que subiu ao céu por seu próprio poder divino, a Assunção de Maria foi um ato de Deus.

A imagem da estátua, suspensa sobre os anjos e com a coroa solar, é uma representação visual deste dogma.

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Para os católicos, este evento tem um significado profundamente simbólico.

Maria é vista como a primeira redimida, a primeira a participar plenamente na ressurreição e a entrar na glória do Céu com o seu corpo glorificado.

A sua Assunção é, portanto, um sinal de esperança para todos os fiéis.

Ela representa a promessa da ressurreição do corpo no final dos tempos e a certeza de que a vida terrena não é o fim, mas o início de uma vida eterna junto de Deus.

A figura de Maria, com as suas mãos em oração e a sua expressão tranquila, inspira a fé e a esperança na vida eterna.

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A Celebração e a Devoção Popular

A celebração da Assunção é marcada por uma profunda devoção popular.

As festividades incluem missas solenes, procissões e a criação de elaborados tapetes de flores, que cobrem as ruas por onde a imagem da Virgem irá passar.

A presença de lírios brancos, que na fotografia estão ao lado da estátua, é um símbolo de pureza e da Imaculada Conceição de Maria.

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Além disso, muitas comunidades têm a tradição de levar a imagem da Virgem em procissão, com os fiéis a cantarem hinos marianos e a rezarem o terço.

A festa da Assunção, portanto, não é apenas um dia de oração, mas um momento de celebração vibrante, que reúne famílias e comunidades inteiras em torno da figura da Mãe de Deus.

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Um Modelo de Fé e Esperança

A Assunção de Nossa Senhora oferece aos católicos um modelo de fé e de vida.

A vida de Maria, desde a sua aceitação humilde da vontade de Deus até ao seu triunfo final na glória do Céu, é um exemplo a seguir.

Ela representa a vitória da vida sobre a morte e a certeza de que a fidelidade a Deus leva à salvação.

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Em suma, a celebração da Assunção de Nossa Senhora é um pilar da fé católica, que inspira a esperança, fortalece a devoção e une os fiéis na celebração da vida e da promessa de redenção.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
14
Ago25

"Proibido deitar lixo"


Mário Silva Mário Silva

"Proibido deitar lixo"

14Ago DSC04049_ms

Esta fotografia de Mário Silva, intitulada "Proibido deitar lixo", apresenta uma paisagem em tons de cinzento, com um único ponto de cor: uma placa de aviso vermelha.

A imagem é dominada por um terreno árido e irregular, coberto de terra, pedras e alguma vegetação seca.

No lado direito, em destaque, uma placa de madeira com a inscrição "PROIBIDO DEITAR LIXO OU ENTULHO" em letras vermelhas sobre fundo branco.

Esta placa está fixada num tronco ou rocha grande.

A ausência de cor, exceto na placa, realça o problema da poluição e a urgência do aviso.

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A Poluição dos Terrenos e as Suas Consequências Silenciosas

A fotografia de Mário Silva, "Proibido deitar lixo", é um lembrete visual contundente de um problema que, embora silencioso, tem consequências devastadoras: a poluição dos terrenos.

A imagem, com a sua paleta de cinzentos e a placa de aviso a sobressair, sublinha a urgência de uma responsabilidade que é de todos: a de conservar os terrenos limpos para o bem da comunidade e do planeta.

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O Impacto Invisível e Profundo

A poluição do solo é um processo lento e insidioso, muitas vezes invisível à primeira vista.

A deposição ilegal de lixo, entulho, resíduos industriais ou químicos, como a imagem nos mostra, contamina o solo e, por sua vez, afeta a cadeia de vida que dele depende.

As consequências não se limitam apenas à degradação da paisagem, mas têm um impacto ecológico e na saúde pública de grande escala.

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Em primeiro lugar, a poluição do solo afeta diretamente a agricultura.

A presença de substâncias tóxicas torna o solo infértil ou contamina as culturas que nele crescem.

Isto não só ameaça a segurança alimentar, mas também compromete a economia de comunidades rurais que dependem da agricultura.

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Além disso, os poluentes do solo podem infiltrar-se através das camadas da terra, contaminando as águas subterrâneas.

Esta contaminação é particularmente preocupante, pois as águas subterrâneas são uma fonte vital de água potável para muitas populações.

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Um Problema de Saúde Pública

A poluição dos terrenos é também um problema de saúde pública.

O lixo depositado atrai pragas e vetores de doenças, como roedores e insetos.

A queima ilegal de resíduos, uma prática comum em aterros não controlados, liberta gases e partículas tóxicas para a atmosfera, que são prejudiciais ao sistema respiratório e podem causar problemas de saúde a longo prazo.

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A Responsabilidade da Comunidade

A solução para a poluição dos terrenos reside na responsabilidade partilhada.

A placa "Proibido deitar lixo ou entulho" é mais do que um aviso; é um apelo à consciência cívica.

É um lembrete de que a terra não nos pertence, mas é um recurso que devemos preservar para as gerações futuras.

A criação de aterros sanitários adequados, a implementação de programas de reciclagem e compostagem, e a educação ambiental são passos cruciais para combater este problema.

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A fotografia de Mário Silva, com o seu contraste entre a desolação da paisagem e o apelo urgente da placa vermelha, serve como um poderoso alerta.

Conservar os nossos terrenos limpos não é apenas uma questão de estética, mas uma necessidade ecológica e um imperativo moral para garantir a saúde do nosso planeta e o bem-estar das nossas comunidades.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷

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