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MÁRIO SILVA - Fotografia, Pintura & Escrita

*** *** A realidade é a "minha realidade" em imagens (fotografia, pintura) e escrita

18
Out25

"O cavalo e o velho barracão"


Mário Silva Mário Silva

"O cavalo e o velho barracão"

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A fotografia de Mário Silva, intitulada "O cavalo e o velho barracão", retrata uma cena campestre marcada pela rusticidade e pela luz dourada da tarde.

O ponto focal é um cavalo de pelagem castanha escura e crinas pretas, com uma pequena mancha branca na testa, que se encontra em pose calma no centro da imagem.

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À sua esquerda, domina a cena um velho barracão (ou abrigo) de madeira rústica e desgastada, com tábuas verticais de cor avermelhada e uma estrutura de apoio precária.

O telhado, coberto por um material escuro e lona preta, está inclinado.

O cavalo está de pé junto a um poste de madeira do barracão, ligado por um cabresto.

O chão é coberto por erva alta e seca, e o fundo é preenchido por uma vegetação luxuriante e iluminada, que contrasta com a sombra e a aspereza do barracão.

A cena transmite uma sensação de abandono e serenidade rural.

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O Cavalo e o Guardião Silencioso da Memória

A imagem de Mário Silva, que junta um cavalo vigoroso a um velho barracão em ruínas, é um poderoso símbolo da vida rural em Trás-os-Montes e da relação profunda entre o homem, o animal e o tempo.

Não é apenas uma foto, mas um testemunho da persistência da vida num mundo que avança rapidamente.

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O Barracão: A Memória da Terra

O velho barracão de madeira é o protagonista silencioso da cena.

As suas tábuas desgastadas e a estrutura torta contam uma história de utilidade e abandono.

A sua condição precária fala de um tempo em que era essencial para guardar alfaias agrícolas.

Hoje, ele resiste ao tempo, mas é a sua fragilidade que lhe confere beleza.

O barracão é a memória física da quinta, um marco que lembra as gerações passadas e o trabalho árduo da vida no campo.

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O Cavalo: A Força do Presente

Em contraste com a decadência da estrutura, o cavalo é a imagem da vitalidade e da nobreza.

Com a sua pelagem lustrosa e a postura ereta, ele representa o presente e a continuidade da vida rural.

A sua presença junto ao barracão não é acidental; é um laço que une o passado e o futuro.

O cavalo, como animal de trabalho e de companhia, tem sido o parceiro indispensável do homem rural, e a sua pose calma sugere uma confiança na permanência dos ciclos.

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A Harmonia entre o Rústico e o Vivo

A fotografia de Mário Silva capta um momento de harmonia rústica.

A luz dourada do final do dia incide sobre a cena, tornando a madeira gasta quase poética e iluminando o verde da floresta.

O barracão oferece abrigo e sombra, e o cavalo honra a sua história ao ali se deter.

É uma lembrança de que a beleza rural não está apenas no que é novo ou perfeito, mas na dignidade do que é antigo e na persistência do que vive.

A vida segue o seu curso, e mesmo nos vestígios do que foi, a beleza e a utilidade podem ser encontradas.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
01
Set25

"À espera de novas férias” ... e uma estória


Mário Silva Mário Silva

"À espera de novas férias”

... e uma estória

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Esta fotografia de Mário Silva capta uma pequena paragem de autocarro, com uma estrutura simples de pedra e madeira, num dia de sol.

O abrigo, com o seu telhado de telha de barro, tem dois pilares de madeira que sustentam a parte da frente, enquanto a parte de trás e a lateral são feitas de pedra.

O chão é de cimento e está coberto por algumas folhas secas.

A luz do sol da tarde projeta a sombra dos pilares de madeira na parede lateral.

A paragem, com um banco de madeira no seu interior, está vazia, o que transmite uma sensação de abandono e de espera.

Ao fundo, uma estrada de alcatrão, casas e vegetação rasteira completam a paisagem.

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Estória: A Paragem da Esperança

O abrigo de pedra e madeira, que o Mário Silva fotografou, não era apenas uma paragem de autocarro.

Era a "Paragem da Esperança", como a velha Maria a chamava.

Todos os anos, no fim das férias de verão, era ali que ela e o seu marido, Manuel, esperavam pelo autocarro.

Era ali que se despediam dos netos que vinham do estrangeiro, e que regressavam à sua terra com as malas cheias de recordações e de esperanças.

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O abrigo era um santuário de memórias.

No verão, era o ponto de encontro.

Os netos, que chegavam, vinham com as mochilas cheias de presentes, de histórias e de sotaques diferentes.

Os vizinhos, que passavam, paravam para conversar e para dar as boas-vindas.

A paragem de autocarro, outrora vazia, era agora um lugar de vida, de festa e de alegria.

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Mas o final de agosto chegava sempre.

As malas, que antes vinham cheias, iam agora cheias de doces caseiros, de queijo e de vinho.

Os abraços eram longos e cheios de lágrimas.

A tristeza misturava-se com a gratidão.

O abrigo, que antes era cheio de vozes, tornava-se novamente silencioso.

E a velha Maria, com o seu lenço na cabeça, ficava ali, à espera.

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Ela não estava à espera do autocarro.

Estava à espera do próximo verão.

À espera de novas férias.

Ela sabia que o tempo era um rio que corria, e que as águas que iam, um dia, voltariam.

A fotografia de Mário Silva capta esse momento de espera, de saudade e de esperança.

A paragem, vazia, não era um símbolo de abandono, mas um símbolo da promessa de que, no próximo ano, a vida e a alegria voltariam.

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A paragem de autocarro, para a velha Maria, era a sua âncora.

O lugar onde podia voltar a ligar-se à sua família, à sua terra e às suas raízes.

Era o lugar onde, mesmo na solidão, ela se sentia acompanhada.

Era o lugar onde ela sabia que, apesar da distância, o amor e a esperança permaneceriam, à espera de um novo verão.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
09
Jul25

"O casinhoto na fraga"


Mário Silva Mário Silva

"O casinhoto na fraga"

09Jul DSC08407_ms

No coração do Alto Tâmega, onde a história se entrelaça com a paisagem granítica, em Águas Frias, nas terras de Chaves, existia um lugar que parecia ter parado no tempo.

Não era uma casa imponente, nem uma ruína grandiosa, mas sim um modesto casinhoto na fraga, um abrigo nascido da própria pedra, da resiliência de um povo e da sabedoria de gerações.

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As fragas, enormes blocos de granito arredondados pela ação do tempo e dos elementos, dominavam a paisagem.

Algumas pareciam gigantes adormecidos, outras guardiões silenciosos.

E foi entre duas dessas fragas monumentais que o casinhoto encontrou o seu refúgio.

Não foi construído, mas sim encaixado, aproveitando a cavidade natural que o granito oferecia.

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As paredes laterais eram as próprias rochas nuas, frias no inverno e frescas no verão.

A entrada, baixa e retangular, era delimitada por pedras mais pequenas, empilhadas com mestria, sem argamassa aparente, como se tivessem sido colocadas ali por mãos que conheciam os segredos da pedra.

Sobre a abertura, um lintel robusto de granito apoiava a estrutura do telhado.

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E o telhado!

Era a parte mais humana do casinhoto, uma calha de telhas de barro, velhas e escuras, cobertas por uma patina de musgo e líquen que lhes dava uma cor terrosa, quase igual à da própria rocha.

Dispostas em filas ordenadas, as telhas curvadas pareciam as escamas de um animal antigo, protegendo o interior das intempéries.

Havia um toque de improviso, de engenho, na forma como se apoiavam sobre algumas travessas de madeira, já escurecidas pelo sol e pela chuva.

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À volta do casinhoto, a natureza reivindicava o seu espaço.

Ervas altas e secas, com as suas sementes prontas para a próxima estação, balançavam suavemente com a brisa, desenhando sombras alongadas na entrada escura.

Alguns arbustos e árvores pequenas, adaptados à aridez e à presença da rocha, espreitavam por trás das fragas, os seus verdes um contraste vivo com o cinzento do granito.

No topo da fraga maior, quase a coroá-la, um carvalho teimava em crescer, as suas folhas a murmurar segredos ao vento.

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Quem o teria construído? E para quê?

Seria um abrigo para pastores, que por ali levavam os seus rebanhos em tempos passados?

Um esconderijo para caçadores, que aguardavam a sua presa na solidão do monte?

Ou talvez, um lugar de repouso para os agricultores que trabalhavam a terra árida e pedregosa de Águas Frias, procurando refúgio do sol a pino ou da chuva inesperada?

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A entrada escura do casinhoto convidava à imaginação.

O que haveria lá dentro?

Ferramentas antigas?

Um leito de palha?

Ou estaria vazio, à espera de um novo visitante, de uma nova história para contar?

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Para Mário Silva, o fotógrafo, este casinhoto não era apenas um aglomerado de pedras e telhas.

Era um testemunho silencioso da vida rural portuguesa,foto da capacidade do homem de se adaptar e de coexistir com a natureza mais selvagem.

Era um portal para um passado não tão distante, um sussurro de memórias de trabalho árduo, de simplicidade e de uma profunda ligação à terra.

E ali, na imensidão das fragas de Águas Frias, o pequeno casinhoto continuava a resistir, guardando os seus segredos, um pedaço intemporal da alma transmontana.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
27
Abr21

REGRESSO ÀS FRAGAS - Águas Frias (Chaves) - Portugal


Mário Silva Mário Silva

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🌄               🌄               🌄               🌄               🌄

Um abrigo, enquadrado e encastrado na fraga, numa simbiose entre a Natureza e a ação do Homem.

Antigamente, sem conhecimentos paisagísticos ou ecológicos, tinham um cuidado em que tudo estivesse em harmonia.

Hoje cada um constrói com base no gosto pela diferença e quanto mais agressivo melhor (?), para que se identifiquem e realcem perante os outros.

Assim se degeneraram muitas aldeias, muitos lugares, muitas paisagens …

O egocentrismo tem vencido a harmonia e o coletivo …

Isso não tem de ser definitivo … tudo se pode reverter para que as aldeias se diferenciem das vilas e cidades …

Trás-Os-Montes tem uma singularidade única, mas para isso é preciso preservar a sua essência, porque senão poderá tornar-se em mais uma região como outra qualquer …

É preciso que a vontade de regressar às suas origens, tenha um significado cada vez mais real …

Mário Silva

🌄               🌄               🌄               🌄               🌄

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REGRESSO ÀS FRAGAS

Blog 24 DSC09957_ms

“Regresso às fragas de onde me roubaram.

Ah! Minha serra, minha dura infância!

Como os rijos carvalhos me acenaram.

Mal eu surgi, cansado, na distância.

 .

Cantava cada fonte á sua porta:

O poeta voltou!
Atrás ia ficando a terra morta

Dos versos que o desterro esfarelou.

 .

Depois o céu abriu-se num sorriso,

E eu deitei-me no colo dos penedos

A contar aventuras e segredos

Aos deuses do meu velho paraíso.”

.

Miguel Torga

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Ver também:

https://www.facebook.com/mariofernando.silva.9803/

http://aguasfrias.blogs.sapo.pt

https://www.youtube.com/channel/UCH8jIgb8fOf9NRcqsTc3sBA...

https://twitter.com/MrioFernandoGo2

https://www.instagram.com/mario_silva_1957/

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Mário Silva 📷
15
Mai20

Um abrigo no meio do campo meio do campo - PORTUGAL


Mário Silva Mário Silva

 

Um abrigo no meio do campo 

 

 

Fragmentos

Abrigo no campo

 

Aceita o transitório; nada do que

é definitivo, dura, te pode atingir

.

Algo de visível perpassa

nos limites do ser.

.

De noite, o vento partiu

um dos vidros das traseiras.

.

Só o ruído da noite sobrevive

à luz e ao furor matinais.

.

(Se aquelas nuvens, no horizonte,

chegassem até mim...)

.

O fragmento, porém, exprime

o estilhaçar da intensidade.

.

No último fragmento, fixa

o efémero e repousa.

 

Nuno Júdice – In: "Meditação sobre Ruínas"

 

 

 

 

Mário Silva 📷

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