As primeiras chuvas já chegaram, o grau de humidade é elevado e alguns dias tem temperaturas amenas ...
São as condições ideais para a proliferação dos cogumelos.
Em Águas Frias, como em muitas regiões do interior, aproveitam-se estas condições para fazer a apanha de cogumelos silvestres que depois de devidamente selecionados, fazem um delicioso "petisco"., muito apreciado.
NOTA: As fotos deste "post" são meramente ilustrativas da beleza de algumas espécies de cogumelos, não sabendo se alguma delas é ou não comestivel. CUIDADO !!!!
"Estes fungos são constituídos por filamentos tubulares, de tamanho microscópico, denominadas hifas, profusamente ramificadas e entrelaçadas para formar uma espécie de teia, conhecida por micélio. Em muitos casos o micélio diferencia-se formando um estroma.
Não contêm clorofila, substância verde que faz com que os vegetais superiores possam utilizar a energia solar para elaborar os nutrientes necessários.
Assim têm de desenvolver outro métodos de vida, actuando como parasitas de outros animais ou vegetais ou desenvolvendo-se sobre substâncias orgânicas em decomposição.
Desta forma, no que respeita à respiração, comportam-se como os animais isto é, absorvem oxigénio e libertam anidrido carbónico.
Os fungos reproduzem-se geralmente por esporos que são pequeníssimas estruturas (micros de diâmetro) produzidas em grandes quantidades.
Dentro dos fungos, designamos vulgarmente por "Cogumelos", aqueles que atingem tamanhos de razoáveis proporções, quer sejam espontâneos (Silvestres) quer de cultura.
Neste pequeno apontamento, apenas iremos ter em conta os "Cogumelos Silvestres" isto é, aqueles que espontaneamente surgem nos nossos bosques, lameiros, bordas de caminhos, etc., locais onde encontram as condições favoráveis para o seu desenvolvimento.
Quanto à sua utilização na alimentação, existem dentro nas inúmeras espécies de cogumelos, aqueles que podem ser ingeridos sem qualquer risco havendo outros que, se o forem, podem provocar graves problemas aos possíveis utilizadores, podendo mesmo levar à morte.
Há cogumelos que contêm substâncias que uma vez ingeridas causam uma intoxicação: micetismo, cujos sintomas podem variar ( vómitos, diarreia, alucinações, etc.). Podem levar à morte tudo depende da espécie e das quantidades ingeridas.
Muitas civilizações antigas recorriam a cogumelos alucinógenos na celebração das várias cerimónias religiosas onde desempenhavam um papel muito importante.
Quanto a regras empíricas para evitar cogumelos venenosos, deve dizer-se que não existe nenhuma com valor: só a observação cuidadosa , nem sempre fácil, pode levar a conclusões seguras.
Entre as espécies venenosas, a Amanita muscaria (conhecida por Frades de sapo ou Mata bois) é particularmente abundante nas nossas florestas sendo no entanto facilmente identificada pela cor vermelha forte do chapéu, pelas escamas brancas que o salpicam.
Apesar de venenosa é frequentemente utilizá-los na ilustração de livros infantis.
Para maior segurança será aconselhável excluir qualquer cogumelo do género Amanita.
Entre as espécies comestíveis mais frequentes nas nossas matas e mais apreciadas e utilizadas pelos residentes são. Amanita caesarea, Lepiota procera, Cantharellus cibarius, Craterellus cornucopioides, Tricholoma esquestre, T. terreum, Boletus scaber, Boletus edulis, Boletus granulatus, Fistulina hepática, Agaricus campestris, a arvensis, a silvatica, Rodopaxillus nudus, Lactarius deliciosus, etc.
No entanto, outras espécies que não eram utilizadas normalmente pelos residentes ou o eram muito eventualmente, passaram também a ser colhidas em virtude da sua aceitação pelo actual mercado.
A titulo de informação, podemos adiantar que o Thricholoma equestre e T. portentosum, conhecido vulgarmente por Miscaro, é um cogumelo que não tem muita aceitação nos mercados fora de Portugal.
Os Cogumelos Silvestres, encontram nos nossos bosques quer de folhosas quer de resinosas, condições óptimas para o seu desenvolvimento.
Até à poucos anos atrás (cerca de 2 décadas) podíamos observar, principalmente no Outono, uma grande variedade de espécies e em quantidades significativas nos nossos campos, bosques e bordaduras dos caminhos.
As populações residentes, sabendo do valor nutritivo dos cogumelos silvestres aliada a tradições culinárias, colhiam apenas algumas espécies e de uma forma regrada pelo que, no final da época restava sempre no terreno um número significativo de exemplares, suficientes para dar continuidade, no ano seguinte, ao repovoamento dos bosques e não só, de uma forma equilibrada.
No entanto, de um momento para o outro, surgiu uma enorme procura destes "Frutos dos Bosques" que aliado a altos preços pagos aos apanhadores, desencadeou inevitavelmente uma colheita desenfreada de Cogumelos Silvestres, tanto das espécies mais conhecidas nas várias zonas como de outras que, apesar de serem comestíveis, não eram normalmente utilizadas na alimentação.
Devido à alta cotação do cogumelo silvestre, é prática comum efectuar a colheita por arrancamento, pois desta forma, o cogumelo fica com muita terra agarrada, tornando-o mais pesado.
Assim, verifica-se que a colheita não é realiza de uma forma correcta pois, o cogumelo nunca deve ser arrancado mas sim, cortado rente ao chão para que, não se destrua a rede de "filamentos", rede de que os cogumelos emergem.
Por outro lado, sendo a apanha efectuada de uma forma muito intensa e minuciosa, a probabilidade de "escapar" aos apanhadores, um número suficiente de cogumelos que atinjam o estado adulto, para dessiminar os esporos necessários à propagação da espécie é escassa.
Os operadores da fileira por nós visitados e questionados sobre a questão da quantidade, reconhecem que, esta procura exacerbada de Cogumelos Silvestres pode pôr em risco, a curto prazo, a sobrevivência das diversas espécies principalmente das mais apreciadas (cotadas)."
In: http://www.drapc.min-agricultura.pt/base/documentos/cogumelos_silvestres.htm
Em Águas Frias colhem-se especialmente os:
"Tortulhos" (nome porque são conhecidos fungos (cogumelos) que proliferam em algumas zonas de Portugal. Também incorrectamente designadas como "tartulhos", estes fungos fazem parte da dieta alimentar das regiões onde aparecem, embora deva haver o maior cuidado no seu consumo, pois diversas variantes são altamente tóxicas. A "amanita ponderosa" (terras arenosas onde haja sobreiros) e a "macrolepiota procera" ou frade ou roca (pinhais) constituem as principais variedades comestíveis.)
"Niscaros ou Míscaros" (cogumelo silvestre do grupo dos mutualistas(associação entre fungos e raiz de plantas), existem dois tipos: Miscaro amarelo ou Thicholoma flavovirens de nome científico e Miscaro cinzento ou Lactarius deliciosus de nome científico)
"As Rocas"
"As pinheiras"
"As castanheiras"
e muitas outras variedades que vou ouvindo falar, mas que não distingo: os comestíveis, dos tóxicos (venenosos).
Mas as pessoas que os colhem têm toda uma sabedoria que vem de geração em geração e, que eu tenha conhecimento nunca houve nesta Aldeia, qualquer caso de envenenamento (corrijam-me se não for verdade).
Uma coisa é certa, confio em quem os conhece e já os saboreei e posso afirmar que são deliciosos. Em nada se comparam com os cogumelos de produção intensiva ...
Bom apetite aos privilegiados que os podem saborear ... aos outros ... fiquem com as recordações ... ou com a vontade. ....