… A lenda (imaginária) da aparição da imagem de
S. Pedro
(lenda de 29 de junho de 2019) …
Estavamos em meados do séc. XVIII (não se podendo, com exatidão, saber o ano), quando num dia invernoso, chovendo, ventando e trovoando, como, até então não se tinha observado por estas Terras de Monforte. O Castelo de Monforte de Rio Livre, as ruínas do seu povoado e até a sua igreja, já abandonadas e em ruínas, pois as suas Gentes já tinham descido a encosta da serra do Brunheiro e instalaram-se na sua base, pois era um sítio mais abrigado, menos agreste às intempéries e terrenos mais férteis e produtivos. Como ia dizendo, o tempo tempestuoso invadiu com uma fúria as muralhas, castelo e tudo à sua volta, destruindo o pouco o que ainda restava … Passados uns tempos, a Povoação subiu, a pé e a cavalo, para ver a devastação do local onde tiveram a sua origem. Desolados, foram até às ruínas da igreja, onde ainda tinham ficado as imagens, pois ainda não tinham construído um outro lugar religioso, digno das ditas imagens...
Foi então que a sua desolação ainda ficou mais forte … nos restos das ruínas, faltava a imagem, talhada em madeira do seu Santo predileto, … a imagem de S. Pedro. Possivelmente, dizia-se, de orelha a orelha, que o S. Pedro, pescador de peixes e Homens, teria aproveitado as enxurradas e navegado pelo Rio Livre ou outro qualquer ribeiro e zangado pelo seu abandono, teria “navegado” para outras paragens. O Povo entristeceu e lagrimas iam caindo (mesmo os fortes homens, não deixaram escapar uma gota lacrimal, pelo canto do olho)…
Os anos foram passando e o episódio (como vai sendo hábito nos humanos), foi caindo no esquecimento….
….
Andava o Sr. Bernaldo Soares, pelos montes e vales, pois tinha a fama de ter o maior rebanho de cabras e ovelhas, de toda a Terra de Monforte, quando numa tarde de muito calor (estava-se no início do Verão), vendo que ele e os seus animais estavam a ficar afogueados, encaminhou-se para umas terras que viu carregada de árvores, dando a sombra desejada e sabia que por lá passava um ribeiro, que saciaria a sede dos seus estimados animais. Se assim pensou, assim o fez.
Deixou o seu extenso rebanho, comendo as tenras ervas da margem e bebericando a água que corria, ainda com alguma abundância (naquele tempo, nos ribeiros ainda corria água !!!).
Sempre vigiando as suas cabras, cabritos, ovelhas e cordeiros, escolheu uma pequena fraga na beira do ribeiro, pois sentia a frescura da sobra das árvores e da água a correr. Ficou de olhar meio abstrato, deixando passar o Tempo …
Mas …. “O que é aquilo, no meio das ervas, junto à água?” – perguntou ele, a ele mesmo.
Não é fraga, … não é peixe … não é animal … !!!!!
De um só lanço, levantou-se e até empurrando uma cabrita que por ali pastava, dirigiu-se para o local da sua estranha visão.
Os seus arregalaram-se, queria fala, mas não conseguia, queria pegar-lhe, mas o seu corpo ficou imóvel … Mas … mas, é uma escultura em madeira pintada … é uma imagem de um santo …
É o S. Pedro …
De repente, lembrou-se das histórias que os seus avós e pais lhe contavam ao serão …
Passado o momento de inação, passou para um momento de emoção e … mesmo deixando o seu rebanho sem guarda, correu até à Aldeia de Águas Frias, para contar o acontecido.
Lá chegando, mal conseguindo falar, levantou a imagem para um grupo de homens e mulheres que se juntavam no largo, junto à taberna.
Logo, a voz de um ancião, gritou: “É o Nosso S. Pedro, perdido …”
As vozes foram aumentando de volume: “S. Pedro, … S. Pedro, … S. Pedro”.
De entre todos um exclama, com devoção: “Vocês ainda não entenderam? Hoje é dia 29 de Junho. É Dia de S. Pedro. Ele voltou para Nós. !!!!
O Ancião, prometeu, ali mesmo que, como mais velho ficaria à sua guarda a imagem e que após as colheitas, todo o Povo daria uma parte do que cultivaram, para edificar uma igreja …
Uma grande igreja, em honra de S. Pedro, que seria o padroeiro de Águas Frias.
A igreja com o esforço de Todos os Aquafrigidenses (trabalharam mais terras para angariaram mais verbas para a edificação de uma grande e bela Igreja.
A Igreja, ainda hoje existe, e a imagem em madeira de S. Pedro, ainda hoje está no lugar do orago de Águas Frias, continuando a olhar para o seu Povo, que de novo o acolheu e deu um lugar de relevo como merecia.
“O Bom Filho à sua Casa torna.”
(lenda que poderá vir a ser …!!!, daqui a quinhentos anos, embora tenha sido escrita pela primeira vez, por mim, no dia de S. Pedro de 2019) – autoria de Mário Silva
“Sobre esta Pedra edificarei a Igreja”
Bom dia de S. Pedro
Até breve !!!