"O Ocaso na Lampaça: Sinfonia em Âmbar e Pedra" (Águas Frias - Chaves - Portugal)
Mário Silva Mário Silva
"O Ocaso na Lampaça: Sinfonia em Âmbar e Pedra"
(Águas Frias - Chaves - Portugal)
As pedras, sentinelas ancestrais da Lampaça, erguem-se como ombros cansados, cobertos de musgo e memórias.
No seu abraço rugoso, a terra respira, exalando o aroma agreste dos campos que se estendem até ao horizonte.
E ali, onde o mundo se curva em reverência ao sol, o espetáculo começa.
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O astro-rei, cansado da sua jornada, despede-se com um beijo de fogo, tingindo o céu de tons que nenhum pintor jamais ousou sonhar.
O âmbar funde-se com o laranja, o dourado com a púrpura, numa sinfonia de cores que ecoa na alma.
As nuvens, como pinceladas de algodão doce, flutuam num mar de luz, enquanto um rasto de avião, como um fio de prata, corta o céu em dois, ligando o efêmero ao infinito.
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A silhueta do armazém, à direita, ergue-se como um guardião silencioso, testemunha de incontáveis ocasos.
As suas paredes, gastas pelo tempo, guardam segredos sussurrados pelo vento, histórias de outrora que se misturam com o chilrear dos pássaros noturnos.
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A terra, beijada pela luz dourada, adormece em paz, embalada pela melodia do crepúsculo.
A Lampaça, lugar de encanto e serenidade, guarda em cada pedra, em cada árvore, em cada raio de sol, a magia de um momento eterno.
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E nós, meros observadores deste espetáculo divino, somos envolvidos pela emoção do instante, pela beleza que nos transcende.
Sentimos a alma a vibrar em uníssono com a natureza, a respirar a mesma paz que emana da terra.
E, por um momento, tudo se torna claro, tudo se torna belo, tudo se torna eterno.
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O sol desaparece, mas a sua luz permanece, refletida nas pedras, nas árvores, nos nossos olhos.
A Lampaça adormece, mas o seu esplendor permanece vivo, gravado na memória, como um poema de luz e cor.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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