"O aloquete no gradeamento da ponte" - Ponte Romana sobre o rio Tâmega, em Chaves, Portugal
Mário Silva Mário Silva
"O aloquete no gradeamento da ponte"
Ponte Romana sobre o rio Tâmega, em Chaves, Portugal
A fotografia de Mário Silva, intitulada "O aloquete no gradeamento da ponte", oferece uma vista encantadora da Ponte Romana sobre o rio Tâmega, em Chaves, Portugal.
No primeiro plano, destaca-se um cadeado (aloquete) preso ao gradeamento, um elemento que se tornou um símbolo de afeto e compromisso em muitas pontes em todo o mundo.
.
A prática de prender cadeados em pontes, portões ou outras estruturas públicas, conhecida como "love locks" (cadeados do amor), é um fenómeno relativamente recente, mas que se espalhou globalmente com rapidez, tornando-se uma tradição popular entre casais.
.
A origem exata desta tradição é incerta e disputada, com várias teorias e lendas:
- Sérvia - Ponte Most Ljubavi: Uma das histórias mais aceites remonta à Primeira Guerra Mundial, na Sérvia, na cidade de Vrnjačka Banja.
A lenda conta a história de amor trágico entre uma professora local, Nada, e um oficial, Relja.
Relja foi para a guerra, apaixonou-se por outra mulher e nunca mais regressou.
Nada morreu de desgosto.
As jovens de Vrnjačka Banja, para protegerem os seus amores de um destino semelhante, começaram a escrever os seus nomes e os dos seus amados em cadeados, prendendo-os à Ponte Most Ljubavi (Ponte do Amor), onde Nada e Relja se encontravam.
Esta é frequentemente citada como a origem mais antiga documentada do conceito de "cadeados do amor".
-
- Itália - Pontes de Florença e Roma: No entanto, a popularização moderna da prática é frequentemente atribuída a Itália.
Acredita-se que tenha ganho força após a publicação do romance "Ho voglia di te" (Tenho vontade de ti), de Federico Moccia, em 2006.
No livro, os protagonistas prendem um cadeado na Ponte Milvio, em Roma, atiram a chave ao rio e fazem um desejo para que o seu amor dure para sempre.
O sucesso do livro e do filme subsequente inspirou milhares de casais a replicar o gesto, e a moda espalhou-se rapidamente por outras cidades italianas e, depois, pelo resto do mundo.
.
- Outras Influências: Há também quem aponte para práticas semelhantes em algumas culturas asiáticas, onde os cadeados eram usados em templos ou em montanhas como símbolos de votos e promessas.
.
O ato de colocar um cadeado numa ponte e atirar a chave para a água está carregado de simbolismo, principalmente para casais:
- O significado mais proeminente é o da promessa de amor eterno e indissolúvel.
O cadeado fechado simboliza a união inquebrável do casal, e atirar a chave representa o compromisso de que esse amor nunca será desfeito.
É um voto visível e físico de lealdade e dedicação.
.
- Além do amor romântico, os cadeados podem representar um compromisso de fidelidade ou a celebração de um momento importante na relação do casal.
.
- Cada cadeado é também uma esperança de um futuro partilhado e um desejo de felicidade duradoura.
O ato de o prender é um ritual de esperança para o porvir da relação.
.
- Para além do simbolismo do amor, a prática permite que os casais deixem a sua "marca" num local especial, imortalizando a sua visita e a sua ligação àquele espaço.
.
- A prática tornou-se também um fenómeno social e turístico.
Pontes famosas, como a Pont des Arts em Paris (embora os cadeados tenham sido removidos por questões estruturais), a Ponte Milvio em Roma e outras, atraem casais de todo o mundo que desejam participar nesta tradição.
.
A Ponte Romana de Chaves, retratada na fotografia, sendo um local de grande beleza e história, torna-se um cenário ideal para este tipo de manifestação de afeto.
.
Embora a prática seja vista por muitos como um gesto romântico e inofensivo, tem gerado debates em algumas cidades devido ao peso excessivo dos cadeados e aos danos que podem causar às estruturas das pontes, levando à remoção em alguns locais.
No entanto, o seu significado emocional e cultural persiste, tornando o cadeado no gradeamento da Ponte Romana de Chaves um pequeno, mas significativo, testemunho de amor e esperança.
.
Texto & Fotografia: ©MárioSilva
.
.