"Dióspiro"
Mário Silva Mário Silva
"Dióspiro"

A fotografia de Mário Silva, intitulada "Dióspiro", é um close-up (plano próximo) que celebra a cor e a textura deste fruto de outono.
A imagem foca-se em três dióspiros maduros, pendurados por um pequeno ramo seco.
Os frutos apresentam uma cor laranja-viva e intensa, com uma pele suave e brilhante, e as suas formas arredondadas dominam o centro da composição.
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As folhas do cálice, que se parecem com pequenas coroas secas, ainda estão agarradas ao caule.
Uma folha seca, em tons de castanho-avermelhado, também se agarra ao cacho.
O fundo está desfocado (bokeh), num tom castanho-esverdeado suave e neutro, o que realça o brilho e a cor vibrante dos dióspiros.
A cena transmite a sensação de um fruto pronto para ser colhido e consumido.
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O Dióspiro: O "Fruto dos Deuses" e a Essência do Outono Tardio
A fotografia de Mário Silva capta a beleza simples e a cor radiante do dióspiro (Diospyros kaki), um fruto que, em Portugal, marca a transição do outono para o inverno.
O seu nome científico, que se traduz como "fruto dos deuses", atesta a estima em que este fruto era tido nas culturas orientais e, progressivamente, no Ocidente.
Em Portugal, o dióspiro é um símbolo da generosidade da natureza no final do ciclo agrícola.
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Características e Variedades
O dióspiro é conhecido pelas suas duas principais variedades em termos de consumo:
Adstringente (de "petinga"): Esta variedade necessita de ser consumida muito madura, quando a polpa atinge uma consistência quase gelatinosa, eliminando a adstringência (sensação de "secar a boca").
É o sabor da tradição, muitas vezes comido à colher.
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Não Adstringente (Rochas ou Fuyu): Esta variedade pode ser consumida rija, à semelhança da maçã.
A sua introdução permitiu uma maior versatilidade no consumo e comercialização do fruto.
A cor laranja-intensa, tão bem retratada na fotografia, deve-se à alta concentração de carotenoides, os mesmos pigmentos encontrados nas cenouras, que são precursores da Vitamina A.
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O Ritmo do Campo no Outono
O dióspiro é um fruto que amadurece tardiamente, muitas vezes após a queda da maioria das folhas.
Os dióspiros a amadurecer nas árvores despidas, como se fossem lanternas cor de fogo, tornam-se um dos espetáculos visuais mais bonitos do outono tardio.
Em muitas quintas portuguesas, a sua colheita é um dos últimos atos agrícolas antes da chegada do frio mais intenso, marcando o encerramento das colheitas.
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Valor Nutricional e Gastronomia
Para além da sua beleza, o dióspiro é rico em fibras, antioxidantes e vitaminas, sendo um aliado importante para a saúde.
Na gastronomia portuguesa, é consumido in natura, mas também é utilizado no fabrico de doces, geleias e, por vezes, licores caseiros.
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A imagem de Mário Silva é uma celebração da riqueza do outono e do papel do dióspiro como um dos últimos "presentes" da terra antes do rigor do inverno.
É uma pequena obra-prima que nos lembra a importância dos ciclos da natureza e o prazer simples dos seus frutos.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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