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MÁRIO SILVA - Fotografia, Pintura & Escrita

*** *** A realidade é a "minha realidade" em imagens (fotografia, pintura) e escrita

04
Jan25

A águia dourada em Águas Frias (Chaves – Portugal) - “O extraordinário acontece …”


Mário Silva Mário Silva

A águia dourada em Águas Frias (Chaves – Portugal)

“O extraordinário acontece …”

04Jan DSC00295_ms

Era uma vez, numa manhã de inverno, quando o sol mal se atrevia a romper as densas nuvens cinzentas, a aldeia de Águas Frias parecia mergulhada num silêncio peculiar.

As chaminés soltavam fumaça preguiçosa, e cobria os campos como um manto de cristais.

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Dona Anatércia, a anciã mais sábia da aldeia, estava sentada na sua cadeira de baloiço, envolta num xale quentinho, enquanto observava a rua principal pela janela da sua casa.

Era um dia como qualquer outro, até que um grito distante cortou a tranquilidade da manhã.

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Os aldeões saíram das suas casas, curiosos e alarmados.

O som vinha da bela igreja (ainda barroca) no centro da aldeia.

O padre Emmanuel, um homem jovem e sempre sorridente, estava parado à porta, acenando freneticamente para que todos se aproximassem.

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- Venham, venham todos! - clamava ele, a voz cheia de uma confusão de emoção e comoção.

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Os aldeões apressaram-se até à igreja, com os passos ecoando pela rua empedrada.

Dentro, encontrei algo realmente espantoso: no altar, onde normalmente estava a imagem de São Pedro, havia agora uma imponente águia dourada, com olhos que brilhavam sob a luz das velas.

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- É um sinal! - exclamou o senhor Joaquim, o pedreiro da aldeia, sempre propenso a acreditar em histórias fantásticas. - Um presságio!

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Debate e murmúrios encheram o ar.

Uns acreditavam que a águia era um milagre, outros suspeitavam de um truque.

Mas ninguém conseguia explicar como uma criatura majestosa apareceu ali, nem como conseguia estar permanente tão tranquila, observando calmamente todos os presentes.

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Dona Anatércia, que até então permaneceu em silêncio, mudou-se para o altar.

- Deixem-me ver - pediu ela, com uma voz suave, mas firme.

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Com passos cuidadosos, Dona Anatércia chegou-se à frente da águia.

Olhou-a nos olhos, e por um momento, parecia que ambos, mulher e ave, estavam a comunicar sem palavras.

Então, a águia abriu as asas, revelando um brilho ainda mais intenso, e num movimento gracioso, levantou voo pelo corredor da igreja, saindo pela porta principal.

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Lá fora, os aldeões viram a águia voar em direção ao bosque dos Barros, que se estendia além da aldeia, até desaparecer no horizonte.

O silêncio voltou a cair sobre Águas Frias, mas desta vez, carregado de uma nova energia, de um segredo partilhado por todos.

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Naquela noite, à lareira, Dona Anatércia contou aos mais jovens que a águia dourada era uma guardiã das lendas antigas, uma mensagem que aparecia apenas em tempos de grande mudança.

- Talvez seja um aviso - disse ela, enigmática. - Ou talvez seja apenas para nos lembrar que o mundo está cheio de maravilhas que ainda não compreendemos.

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E assim, a história da águia dourada de Águas Frias tornou-se parte do folclore da aldeia, um conto para aquecer as noites frias de inverno, lembrando a todos que mesmo na mais tranquila das aldeias, há sempre espaço para o belo e o extraordinário.

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Conto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷

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