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MÁRIO SILVA - Fotografia, Pintura & Escrita

*** *** A realidade é a "minha realidade" em imagens (fotografia, pintura) e escrita

14
Jul25

"Os morangos"


Mário Silva Mário Silva

"Os morangos"

05Jul DSC03287_ms

A fotografia apresenta um “close-up” vibrante de vários morangos maduros, ainda presos às suas plantas, sob uma iluminação que realça as suas cores e texturas.

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A composição é dominada pelos morangos em diferentes planos, criando uma sensação de profundidade e abundância.

Há um foco nítido nos frutos, com as folhas e o fundo ligeiramente desfocados para dirigir a atenção para os morangos.

Os morangos estão dispostos de forma orgânica, com alguns pendurados e outros mais visíveis em primeiro plano.

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A paleta de cores é rica e saturada.

Os morangos exibem um vermelho intenso e brilhante, que é o ponto focal da imagem.

As sépalas (folhas verdes na coroa do morango) e os caules são de um verde fresco e vibrante, contrastando lindamente com o vermelho dos frutos.

O fundo é escuro, quase preto em algumas áreas, com tons de castanho e verde escuro, o que faz com que os morangos "saltem" visualmente para fora da imagem.

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A iluminação é dramática e direcionada.

Parece vir de uma fonte de luz pontual, possivelmente artificial (“flash”), que incide diretamente sobre os morangos, criando brilhos nas suas superfícies e realçando a sua textura.

As sombras profundas no fundo e nas áreas não iluminadas contribuem para o contraste e a sensação de profundidade.

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Os morangos são o elemento principal.

Estão em diferentes estágios de maturação aparente, com uma textura visível na sua superfície, incluindo os pequenos "aquénios" (as sementes) que pontilham a casca vermelha.

Alguns morangos mostram vestígios de pequenas imperfeições ou gotas, o que lhes confere um aspeto natural e apetitoso.

O brilho da luz sobre a pele dos morangos é muito evidente.

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As folhas da planta de morango, em tons de verde, são visíveis em segundo plano e ao redor dos frutos, adicionando contexto.

Os caules finos e verdes ligam os morangos à planta-mãe.

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O fundo escuro e desfocado sugere um ambiente de cultivo, mas sem detalhes que distraiam a atenção dos morangos.

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A assinatura "Mário Silva" está visível no canto inferior esquerdo.

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A fotografia "Os morangos" de Mário Silva é uma imagem visualmente impactante e apetitosa, que celebra a beleza e a vivacidade deste fruto.

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O “close-up” é muito eficaz, preenchendo a moldura com os sujeitos principais e criando uma sensação de imersão.

A escolha de um enquadramento escuro e um foco seletivo realça os morangos de forma espetacular.

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A saturação das cores é um dos pontos mais fortes da imagem.

O vermelho intenso dos morangos é quase hiper-realista, tornando-os extremamente atraentes e convidativos.

Este tratamento de cor é uma escolha artística que visa maximizar o impacto visual do fruto.

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A iluminação é magistralmente utilizada para acentuar a forma e a textura dos morangos.

Os brilhos refletidos nas superfícies dos frutos dão-lhes um aspeto suculento e fresco.

As sombras, por sua vez, conferem volume e drama à cena.

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A fotografia é altamente sensorial.

Quase se consegue sentir o sabor adocicado e a frescura dos morangos.

É uma imagem que evoca prazer, vitalidade e a simplicidade da natureza.

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A obra pode ser interpretada como uma celebração da abundância, da natureza e da colheita.

Sugere a perfeição natural e a beleza dos alimentos frescos.

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A nitidez nos morangos e o desfoque suave no fundo demonstram um bom controlo da profundidade de campo.

A qualidade da luz e a riqueza das cores indicam uma boa técnica fotográfica e, possivelmente, um pós-processamento cuidadoso para realçar os atributos visuais.

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Em resumo, a fotografia "Os morangos" de Mário Silva é uma imagem que capta de forma excecional a beleza e o apelo visual dos morangos.

É uma fotografia que não só "regala o olhar" como também "abre o apetite", demonstrando a capacidade do fotógrafo em transformar um objeto simples num ícone vibrante de frescura e vitalidade.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
13
Jul25

Igreja de São Gonçalo – Segirei – Chaves – Portugal


Mário Silva Mário Silva

Igreja de São Gonçalo

Segirei – Chaves – Portugal

DSC01256

A fotografia "Igreja de São Gonçalo" de Mário Silva, capturada em Segirei, Chaves, Portugal, apresenta uma visão pormenorizada e evocativa de uma pequena igreja rural.

A imagem foca-se na estrutura superior do edifício, destacando o campanário e parte do telhado, enquadrada por vegetação densa que adiciona um contraste natural ao cenário.

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O campanário, feito de pedra desgastada pelo tempo, exibe uma cruz no topo, um símbolo religioso central, e abriga um sino visível através do arco aberto.

A pedra mostra sinais de envelhecimento, com musgo e erosão, sugerindo uma construção antiga e bem integrada no ambiente natural.

O telhado de telhas vermelhas complementa a estética tradicional portuguesa, enquanto os ornamentos nas extremidades adicionam um toque decorativo.

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À frente da igreja, há uma mistura de arbustos verdes e plantas com folhas avermelhadas, possivelmente indicativas de uma estação de transição, como o outono.

Esta vegetação cobre parcialmente a base da estrutura, criando um efeito de fusão entre a construção e a natureza, o que reforça a sensação de isolamento rural.

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A luz natural, provavelmente captada durante o dia com céu claro, ilumina suavemente a cena, destacando os tons terrosos da pedra e o verde e vermelho da folhagem.

A paleta de cores é quente e harmoniosa, transmitindo uma sensação de tranquilidade.

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A fotografia é tirada de um ângulo baixo, enfatizando a verticalidade do campanário e dando uma sensação de imponência à estrutura, apesar do seu tamanho modesto.

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A composição é equilibrada, com a vegetação a servir como um quadro natural que guia o olhar para o campanário.

A escolha do ângulo baixo é eficaz para destacar a arquitetura e o simbolismo religioso.

A textura da pedra e a paleta de cores criam uma narrativa visual de história e serenidade, típica de aldeias portuguesas.

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A fotografia parece celebrar a simplicidade e a resiliência das construções tradicionais portuguesas, refletindo uma ligação profunda entre a comunidade local e seu património.

O contraste entre a natureza viva e a arquitetura estática sugere um ciclo de renovação e permanência.

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Em suma, a imagem de Mário Silva é uma captura sensível e bem executada, que combina elementos naturais e arquitetónicos de forma harmoniosa.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
12
Jul25

"Espreitando o castelo de Monforte de Rio Livre" em Águas Frias, Chaves, Portugal


Mário Silva Mário Silva

"Espreitando o castelo de Monforte de Rio Livre"

Águas Frias - Chaves - Portugal

12Jul DSC03387_ms

Naquele fim de tarde de julho, a luz dourada do sol de Trás-os-Montes banhava as colinas e os vales, desenhando sombras longas e misteriosas.

O ar, pesado com o aroma dos pinheiros e do rosmaninho, trazia consigo o eco de séculos de história.

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Num ponto elevado, quase escondido entre a densa vegetação que teimava em reclamar o seu espaço, erguia-se, imponente e silencioso, o Castelo de Monforte de Rio Livre.

Daquela perspetiva, captada pela lente atenta de Mário Silva, ele não se revelava por completo, mas sim espreitava, como um segredo bem guardado.

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À frente, em primeiro plano, uma sebe de giestas cobria o campo, as suas flores amarelas, vibrantes e alegres, contrastavam com o verde mais escuro dos arbustos.

Os seus ramos finos e emaranhados formavam uma cortina natural, por entre a qual se vislumbrava a fortaleza.

Havia um quê de mistério nesta visão parcial, como se a natureza estivesse a proteger os segredos daquele monumento ancestral.

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Por trás da cortina verde e amarela, a torre de menagem do castelo surgia, majestosa e robusta.

Construída em pedra granítica, as suas paredes grossas e irregulares falavam de batalhas travadas, de cercos superados e de sentinelas que outrora vigiavam as fronteiras.

O telhado, de um tom avermelhado, adicionava um toque de cor ao cinzento severo da pedra, como uma coroa de dignidade.

Uma pequena e escura abertura na torre, talvez uma seteira ou uma janela, parecia um olho a observar a paisagem, testemunha silenciosa de tudo o que se passava lá em baixo.

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Ao lado da torre, parte da muralha do castelo estendia-se, firme e sólida, protegida por uma vegetação mais rasteira.

A paisagem em redor, uma mistura de carvalhos e arbustos selvagens, envolvia a fortificação, tornando-a parte integrante do ambiente, quase como se tivesse nascido da própria terra.

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O Castelo de Monforte de Rio Livre não era apenas um aglomerado de pedras antigas.

Era um bastião da identidade transmontana, uma lembrança viva da linha da frente, da defesa do reino, das gentes que ali viveram e lutaram.

Cada pedra, cada torre, ecoava os passos de cavaleiros, os gritos de batalha, as vozes de camponeses que procuravam refúgio dentro dos seus muros.

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Espreitar o castelo por entre as giestas era como vislumbrar um pedaço de história através de um véu.

Sugeria que, apesar da passagem do tempo e do avanço da natureza, a essência daquele lugar permanecia intocada.

O silêncio que o envolvia era preenchido por histórias não contadas, por lendas que se perdiam na memória coletiva.

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Para Mário Silva, esta fotografia era mais do que um mero registo de um monumento.

Era a captura de um momento em que a natureza e a história se encontravam, em que o passado se revelava de forma subtil, convidando à imaginação.

Era um convite a olhar para além do óbvio, a desvendar os segredos que as paisagens portuguesas guardam, e a sentir a profunda ligação entre a terra, a história e as gentes de Monforte de Rio Livre, ali, nas terras de Chaves.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
11
Jul25

"Pela rua Cimo de Vila" - Águas Frias - Chaves - Portugal


Mário Silva Mário Silva

"Pela rua Cimo de Vila"

Águas Frias - Chaves - Portugal

11Jul DSC08527_ms

A Rua Cimo de Vila, em Águas Frias, Chaves, era mais do que uma simples artéria de passagem; era um livro aberto sobre a alma da aldeia, um testemunho vivo de tempos passados e da resiliência das suas gentes.

Ao amanhecer, a luz do sol de julho esgueirava-se sobre os telhados, espreitando por entre as copas das árvores no topo da colina, e beijava as pedras que formavam a rua e as paredes.

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Era uma calçada de paralelepípedos, ou "cubos" como lhe chamam por estas bandas, que subia em suave inclinação, cada pedra polida pelo passar dos anos, dos carros de bois, dos passos apressados e dos passeios lentos.

As suas juntas, por vezes preenchidas por musgo teimoso ou por pequenas ervas, contavam a história de uma manutenção constante, mas também de uma vida que persistia.

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À esquerda, um muro imponente de pedras de granito, robustas e irregulares, erguia-se, formando a lateral de uma antiga habitação.

As pedras, umas mais claras, outras mais escuras, encaixavam-se com uma precisão que só as mãos de mestres canteiros sabiam dar, sem argamassa aparente em muitos pontos, mas firmes como a própria montanha.

Era uma parede que respirava história, que tinha testemunhado invernos rigorosos e verões abrasadores, que tinha acolhido famílias e guardado segredos.

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Junto a este muro, numa faixa estreita de terra que parecia desafiar a robustez da pedra, a vida brotava em abundância.

Malvas-rosas (Alcea rosea), algumas de um rosa delicado, outras em tons mais vibrantes de fúcsia, estendiam-se para o céu, os seus botões e flores abertas a trazer cor a um cenário dominado pelo granito e pelo verde escuro.

Ao lado delas, repolhos e couves, de folhas largas e um verde intenso, cresciam vigorosos, plantados ali com a praticidade de quem aproveita cada palmo de terra.

Era um pequeno jardim à beira da rua, um reflexo da simbiose entre a vida rural e a habitação.

Uma janela de madeira simples, com as suas portadas fechadas, interrompia a parede, sugerindo uma vida interior, talvez uma cozinha acolhedora ou um quarto com vista para o vale.

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À direita, a rua continuava, com um muro semelhante, embora menos visível, a delimitar outros terrenos e casas mais à frente.

A perspetiva da rua, que se perdia na distância, subia suavemente, ladeada por mais vegetação, e ao longe, vislumbrava-se o topo de uma casa mais moderna e os verdes densos da floresta que coroava a encosta.

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A Rua Cimo de Vila não era uma atração turística grandiosa, mas sim um pedaço autêntico de Portugal profundo.

As pedras, as plantas, os muros – tudo falava de uma vida simples, enraizada na terra e nas tradições.

O cheiro a terra húmida misturava-se com o aroma das flores e o sussurro do vento entre as folhas, criando uma sinfonia natural que convidava à contemplação.

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Para Mário Silva, este local era mais do que uma fotografia.

Era a captura de um instante de eternidade, a beleza da arquitetura popular e da natureza que insiste em florescer onde menos se espera.

Era um convite a desacelerar, a sentir a textura das pedras sob os pés, a respirar o ar puro e a deixar-se envolver pela tranquilidade e pela história que cada recanto da Rua Cimo de Vila, em Águas Frias, tinha para oferecer.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
10
Jul25

"O caminho rural asfaltado" - Águas Frias - Chaves - Portugal


Mário Silva Mário Silva

"O caminho rural asfaltado"

Águas Frias - Chaves - Portugal

10Jul DSC08477_ms

Era um daqueles inícios de manhã em Águas Frias, Chaves, onde o sol de julho começava a banhar a paisagem com uma luz morna e dourada.

O ar, ainda fresco da noite, transportava os aromas da terra molhada e das flores silvestres.

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O caminho, um modesto trilho de asfalto, serpenteava suavemente pela encosta, desaparecendo na distância entre o verde exuberante.

Não era uma estrada principal, mas um caminho rural asfaltado, um veia que ligava pequenos campos de cultivo e vinhas, um fio de progresso lançado sobre a antiga face da terra.

As suas curvas suaves convidavam a caminhadas tranquilas, a passeios de bicicleta sem pressas, longe da agitação do mundo.

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À esquerda do caminho, como uma sentinela colorida e altiva, erguia-se uma malva-rosa, um “Alcea rosea”.

As suas hastes robustas, carregadas de flores em tons vibrantes de rosa e fúcsia, destacavam-se contra o verde mais escuro da vegetação.

Algumas das flores já se abriam em plenitude, outras, mais acima, eram ainda botões prometendo mais beleza nos dias seguintes.

Tinha nascido, provavelmente, de uma semente que o vento trouxe, ou talvez plantada por alguma mão carinhosa, e agora prosperava, adicionando um toque de cor e alegria à paisagem.

Apoiava-se num pequeno muro de pedra coberto de cal e pintura branca, que delimitava o terreno, marcando a transição entre o que era cultivado e o que era selvagem.

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À direita, o caminho era ladeado por um muro baixo, uma cerca rústica de rede metálica, já com a sua patina de ferrugem, que parecia proteger um terreno mais aberto, coberto de ervas secas pelo calor de verão.

Mais além, árvores de grande porte, com as suas copas densas e escuras, ofereciam sombra generosa, e o canto dos pássaros ecoava entre os ramos.

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Ao fundo, a paisagem elevava-se em suaves colinas, cobertas por uma manta de vegetação mediterrânea, banhada pela luz que prometia um dia quente.

A imensidão do céu, de um azul límpido e quase sem nuvens, estendia-se sobre tudo, convidando à contemplação.

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Aquele caminho não era apenas um percurso físico; era um portal para a alma rural de Trás-os-Montes.

Era um lugar onde o tempo parecia abrandar, onde o ritmo da vida era ditado pelo sol e pelas estações.

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Para Mário Silva, que capturou este momento com a sua câmara, não era apenas um registo fotográfico.

Era a essência da tranquilidade, da beleza simples e autêntica de Águas Frias.

A malva-rosa, exuberante e solitária, era um símbolo da vida que floresce, mesmo nos lugares mais inesperados, um lembrete de que a beleza está em todo o lado, à espera de ser observada e apreciada.

E o caminho, convidativo e sereno, parecia sussurrar histórias de vidas passadas e promessas de novos começos, convidando quem o olhava a seguir em frente e a descobrir os tesouros escondidos naquelas terras transmontanas.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
09
Jul25

"O casinhoto na fraga"


Mário Silva Mário Silva

"O casinhoto na fraga"

09Jul DSC08407_ms

No coração do Alto Tâmega, onde a história se entrelaça com a paisagem granítica, em Águas Frias, nas terras de Chaves, existia um lugar que parecia ter parado no tempo.

Não era uma casa imponente, nem uma ruína grandiosa, mas sim um modesto casinhoto na fraga, um abrigo nascido da própria pedra, da resiliência de um povo e da sabedoria de gerações.

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As fragas, enormes blocos de granito arredondados pela ação do tempo e dos elementos, dominavam a paisagem.

Algumas pareciam gigantes adormecidos, outras guardiões silenciosos.

E foi entre duas dessas fragas monumentais que o casinhoto encontrou o seu refúgio.

Não foi construído, mas sim encaixado, aproveitando a cavidade natural que o granito oferecia.

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As paredes laterais eram as próprias rochas nuas, frias no inverno e frescas no verão.

A entrada, baixa e retangular, era delimitada por pedras mais pequenas, empilhadas com mestria, sem argamassa aparente, como se tivessem sido colocadas ali por mãos que conheciam os segredos da pedra.

Sobre a abertura, um lintel robusto de granito apoiava a estrutura do telhado.

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E o telhado!

Era a parte mais humana do casinhoto, uma calha de telhas de barro, velhas e escuras, cobertas por uma patina de musgo e líquen que lhes dava uma cor terrosa, quase igual à da própria rocha.

Dispostas em filas ordenadas, as telhas curvadas pareciam as escamas de um animal antigo, protegendo o interior das intempéries.

Havia um toque de improviso, de engenho, na forma como se apoiavam sobre algumas travessas de madeira, já escurecidas pelo sol e pela chuva.

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À volta do casinhoto, a natureza reivindicava o seu espaço.

Ervas altas e secas, com as suas sementes prontas para a próxima estação, balançavam suavemente com a brisa, desenhando sombras alongadas na entrada escura.

Alguns arbustos e árvores pequenas, adaptados à aridez e à presença da rocha, espreitavam por trás das fragas, os seus verdes um contraste vivo com o cinzento do granito.

No topo da fraga maior, quase a coroá-la, um carvalho teimava em crescer, as suas folhas a murmurar segredos ao vento.

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Quem o teria construído? E para quê?

Seria um abrigo para pastores, que por ali levavam os seus rebanhos em tempos passados?

Um esconderijo para caçadores, que aguardavam a sua presa na solidão do monte?

Ou talvez, um lugar de repouso para os agricultores que trabalhavam a terra árida e pedregosa de Águas Frias, procurando refúgio do sol a pino ou da chuva inesperada?

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A entrada escura do casinhoto convidava à imaginação.

O que haveria lá dentro?

Ferramentas antigas?

Um leito de palha?

Ou estaria vazio, à espera de um novo visitante, de uma nova história para contar?

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Para Mário Silva, o fotógrafo, este casinhoto não era apenas um aglomerado de pedras e telhas.

Era um testemunho silencioso da vida rural portuguesa,foto da capacidade do homem de se adaptar e de coexistir com a natureza mais selvagem.

Era um portal para um passado não tão distante, um sussurro de memórias de trabalho árduo, de simplicidade e de uma profunda ligação à terra.

E ali, na imensidão das fragas de Águas Frias, o pequeno casinhoto continuava a resistir, guardando os seus segredos, um pedaço intemporal da alma transmontana.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
08
Jul25

Trepadeira-comum (Certhia brachydactyla)


Mário Silva Mário Silva

Trepadeira-comum

(Certhia brachydactyla)

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Naquele recanto tranquilo da floresta, onde o sol se filtrava em feixes dourados através da densa folhagem, erguia-se uma árvore antiga, com o seu tronco rugoso coberto por um manto aveludado de líquenes e musgo.

As suas raízes, profundas e entrelaçadas, contavam histórias de séculos.

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De repente, um movimento ágil quebrou a quietude.

Não era uma folha a cair, nem um esquilo a saltitar.

Era ela, a Trepadeira-comum, uma “Certhia brachydactyla”, como os ornitólogos a chamavam, mas para quem a observava, era simplesmente a "trepadeira".

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Com a sua plumagem mimética, em tons de castanho e branco que se confundiam perfeitamente com a casca da árvore, era fácil perdê-la de vista.

No entanto, o seu pequeno corpo, compacto e elegante, movia-se com uma destreza impressionante.

Não era um pássaro que saltitava entre os ramos, mas sim um escalador nato.

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A trepadeira-comum subia o tronco em espiral, os seus pés minúsculos, mas fortes, agarrando-se a cada fissura, a cada irregularidade da casca.

A sua cauda, robusta e rígida, servia-lhe de apoio, como um terceiro ponto de equilíbrio, permitindo-lhe um movimento quase vertical.

Parecia um relógio, o seu pequeno bico, fino e ligeiramente curvado, a investigar cada fenda, cada reentrância, em busca de insetos minúsculos e aranhas escondidas.

Era uma caçadora meticulosa, sem pressas, mas implacável.

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Naquele dia, enquanto subia, a sua cabeça pequena e atenta inclinou-se ligeiramente para cima.

Os seus olhos negros e brilhantes, mais do que simples esferas, eram janelas para um mundo de detalhes que a maioria de nós nem sequer percebia.

Talvez estivesse a procurar um novo percurso, a detetar o cheiro de uma larva escondida, ou simplesmente a apreciar a luz que se abria no topo do dossel, uma promessa de um novo horizonte.

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O fotógrafo, Mário Silva, com a sua objetiva paciente, conseguiu captar aquele momento efémero.

Não apenas a imagem de um pássaro, mas a essência da sua vida: a sua resiliência, a sua adaptação perfeita ao seu “habitat” e a sua busca incessante pelo sustento.

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A Trepadeira-comum não cantava canções elaboradas, nem exibia cores vistosas.

A sua beleza residia na sua discrição, na sua funcionalidade e na sua capacidade de habitar um nicho tão específico e fascinante.

Ela era a guardiã silenciosa da árvore, uma sentinela que passava os seus dias a explorar os segredos da casca, um exemplo vivo da complexidade e da maravilha da vida selvagem, ali, mesmo ao nosso lado, na floresta que muitas vezes nos passam despercebidos.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
07
Jul25

"A borboleta (Pieris rapae) e as flores de cardo (Cirsium arvense)"


Mário Silva Mário Silva

"A borboleta (Pieris rapae)

e as

flores de cardo (Cirsium arvense)"

07Jul DSC01263_ms

Naquele dia ensolarado de julho, o campo irradiava uma paleta de verdes vibrantes, salpicados aqui e ali por explosões de cor.

Mas eram os tons de roxo intenso que mais chamavam a atenção, emanando das cabeças espinhosas dos cardos, que se erguiam orgulhosos, apesar da sua natureza um tanto indomável.

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Uma pequena borboleta, uma “Pieris rapae”, ou a "borboleta-da-couve" como era carinhosamente conhecida, dançava no ar.

As suas asas, de um creme suave e quase translúcido, eram pontuadas por discretas pintas pretas, quase como a assinatura de um artista no seu trabalho.

Ela não era das mais exóticas, nem das mais chamativas, mas a sua elegância residia na sua simplicidade e na sua persistência.

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A borboleta-da-couve, com os seus sentidos aguçados, sentiu o néctar doce que emanava das flores de cardo.

As “Cirsium arvense”, conhecidas popularmente como cardo-rasteiro, podiam ser consideradas uma praga por alguns, com as suas raízes profundas e a sua capacidade de se espalhar.

Mas para a borboleta, eram um oásis.

As suas flores, um turbilhão de filamentos roxos, ofereciam um banquete de energia essencial para os seus voos incansáveis.

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Com um movimento grácil, a borboleta pousou delicadamente numa das flores.

As suas patinhas finas agarraram-se às pequenas estruturas espinhosas, não com medo, mas com a familiaridade de quem encontra um velho amigo.

A sua probóscide desenrolou-se, mergulhando no coração púrpura da flor, sorvendo o néctar com satisfação.

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Ao lado, outra flor de cardo esperava, igualmente vibrante, a prometer mais néctar.

A borboleta sabia que tinha tempo, que o sol de julho ainda aquecia o ar e que a vida no campo se desenrolava no seu próprio ritmo.

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Naquele instante, a cena era um microcosmo perfeito do equilíbrio da natureza.

A borboleta, frágil, mas determinada, encontrava sustento na planta que muitos consideravam robusta e indesejável.

Era uma dança antiga, um pacto silencioso de coexistência.

A “Pieris rapae” levaria pólen de uma flor para outra, perpetuando o ciclo de vida do cardo, que por sua vez, lhe oferecia a sua doce recompensa.

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E enquanto a borboleta se demorava, o tempo parecia parar.

Não era apenas uma borboleta e uma flor; era a poesia do dia a dia, uma chamada de atenção de que a beleza e a interconexão podem ser encontradas mesmo nos cantos mais humildes do nosso mundo.

A fotografia de Mário Silva capturou não apenas uma imagem, mas um fragmento de uma história eterna, que continua a desdobrar-se em cada campo e em cada dia de verão.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
06
Jul25

Capela de Nossa Senhora da Natividade (Tinhela – Valpaços – Portugal)


Mário Silva Mário Silva

Capela de Nossa Senhora da Natividade

Tinhela – Valpaços – Portugal

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A fotografia retrata uma pequena capela rural, com uma arquitetura simples, mas charmosa, enquadrada num ambiente natural de colinas.

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A capela ocupa o centro da imagem, enquadrada por uma parede de pedra e um portão de ferro forjado em primeiro plano.

O edifício está ligeiramente inclinado para a direita, dando um dinamismo subtil à composição.

O fundo é dominado por colinas verdes e arbustos, sugerindo a localização rural e a integração da capela na paisagem.

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A paleta de cores é dominada pelos tons terrosos e naturais.

O telhado de telha de barro exibe um vermelho-alaranjado quente e vibrante, que se destaca.

A pedra da capela e das paredes é em tons de cinzento claro e bege, com alguma pátina do tempo.

As portas duplas da capela são de um azul turquesa vibrante, que cria um contraste marcante e um ponto de interesse visual forte.

O verde da vegetação no fundo é suave, com tons de verde-azeitona e castanho.

O céu, embora não muito visível na parte superior, parece ser de um cinzento claro ou esbranquiçado, sugerindo um dia nublado ou de luz difusa.

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A luz parece ser suave e difusa, provavelmente de um dia nublado ou de um sol não muito forte.

Isso resulta numa iluminação uniforme, sem sombras duras, que realça as texturas da pedra e das telhas.

Os detalhes arquitetónicos são bem visíveis.

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A estrutura principal é uma capela retangular, construída em pedra rústica.

Possui um telhado de quatro águas coberto com telhas de barro, com um beiral proeminente suportado por colunas de pedra de estilo dórico.

Uma arcada com três arcos e duas colunas na frente define a entrada, onde se encontram duas grandes portas de madeira pintadas de azul vivo.

Na parte inferior de uma das portas, há uma pequena janela gradeada.

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Em primeiro plano, uma parede de pedra rústica, coberta por algumas plantas rasteiras, estende-se pela base da imagem.

Integrado nesta parede, um portão de ferro forjado, de cor cinzenta clara, com desenhos curvilíneos e ornamentados, convida à entrada para o recinto.

Grandes pedras irregulares estão dispostas ao redor da base da parede e do portão.

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Atrás da capela, a paisagem é composta por colinas suaves, cobertas por vegetação densa, incluindo árvores e arbustos.

Sugere um ambiente rural e natural, típico do interior de Portugal.

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A fotografia capta muito bem as diversas texturas: a rugosidade da pedra, a aspereza das telhas, a suavidade da madeira das portas e os detalhes do ferro forjado.

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A fotografia "Capela de Nossa Senhora da Natividade" de Mário Silva é uma imagem que transmite serenidade, autenticidade e uma forte ligação à identidade rural portuguesa.

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A escolha da perspetiva e do enquadramento é eficaz, centrando-se na capela mas incluindo elementos circundantes que lhe dão contexto.

O primeiro plano com a parede e o portão adiciona profundidade e um elemento de "entrada" para a cena.

A capela ligeiramente angulada evita uma frontalidade estática, tornando a imagem mais dinâmica.

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O contraste vibrante do azul das portas com os tons neutros da pedra e os quentes do telhado é um dos pontos mais fortes da imagem.

Este azul não é apenas uma cor, mas um elemento que "salta" e chama a atenção, conferindo um caráter distintivo à capela e, por extensão, à fotografia.

O telhado, com os seus tons terrosos, reforça a sensação de antiguidade e de elementos naturais.

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A iluminação difusa é ideal para capturar os detalhes arquitetónicos e as texturas sem criar sombras excessivamente duras que pudessem obscurecer a forma.

A atmosfera é de paz e intemporalidade, sugerindo um local de culto e de contemplação numa paisagem inalterada.

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A fotografia demonstra uma excelente nitidez e detalhe, permitindo observar as texturas individuais da pedra, a pátina das telhas e os pormenores do portão de ferro.

Isso reflete uma boa técnica fotográfica e um controlo da profundidade de campo.

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A capela, com a sua arquitetura rústica e o seu enquadramento rural, é um símbolo da religiosidade popular e da identidade cultural do interior de Portugal.

A fotografia de Mário Silva capta com sucesso este aspeto, apresentando não apenas um edifício, mas um pedaço da história e da vida de uma comunidade.

A sensação de abandono ou desuso não é evidente; pelo contrário, a capela parece bem cuidada, apesar da sua idade.

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A imagem pode evocar sentimentos de nostalgia, espiritualidade, calma e uma ligação às tradições.

Para quem conhece o interior de Portugal, a cena será imediatamente familiar e evocativa.

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Em conclusão, "Capela de Nossa Senhora da Natividade" é uma fotografia bem concebida e executada por Mário Silva.

Captura com sensibilidade a essência de um local de culto rural, utilizando a cor e a textura para criar uma imagem que é ao mesmo tempo documental e artisticamente apelativa, expressando a beleza simples e a autenticidade da paisagem e do património de Valpaços.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
04
Jul25

"Na rua principal" - Águas Frias - Chaves - Portugal


Mário Silva Mário Silva

"Na rua principal"

Águas Frias - Chaves - Portugal

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A fotografia de Mário Silva, intitulada "Na rua principal" - Águas Frias - Chaves - Portugal, oferece um vislumbre autêntico e pitoresco de uma rua típica de aldeia transmontana, caracterizada pela sua arquitetura tradicional e ambiente rural.

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A imagem captura uma rua estreita, ladeada por edifícios robustos de pedra e reboco, sob um céu parcialmente nublado, mas com boa luminosidade.

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Ao centro e ligeiramente à direita, domina a cena uma casa de dois pisos, que parece ser o ponto focal.

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As paredes do rés-do-chão são de pedra aparente, bem trabalhada e de tons acinzentados, conferindo solidez e enraizamento na tradição construtiva local.

O piso superior é rebocado, com uma cor clara, possivelmente bege ou cinza claro, mostrando a evolução ou adaptação das construções.

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Uma varanda saliente no piso superior, com uma guarda de ferro simples e possivelmente elementos em madeira ou metal, serve de estendal.

Duas peças de roupa branca, uma delas com um padrão rendilhado ou texturizado, pendem a secar, adicionando um toque de vida quotidiana e doméstico à cena.

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No rés-do-chão, uma grande porta de madeira dupla, de cor castanha avermelhada, domina a fachada.

Dada a sua dimensão e robustez, sugere ser a entrada para um armazém agrícola, celeiro, ou garagem, um elemento comum em casas rurais onde o rés-do-chão era frequentemente destinado a usos não habitacionais.

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O telhado é de telha cerâmica, de cor avermelhada/alaranjada, com a inclinação característica da arquitetura rural portuguesa, projetado para o escoamento eficaz da água da chuva.

À esquerda, uma parte de outro edifício é visível.

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No rés-do-chão, uma porta de garagem em madeira clara, de ripas horizontais, contrasta com a porta da casa central.

Acima da garagem, uma varanda com balaustrada de ferro forjado e pilares de pedra sugere uma área habitacional no piso superior, com vasos de plantas que adicionam um toque de verde.

Um pilar robusto de pedra, provavelmente granito, suporta a estrutura superior, reforçando a ideia de construção tradicional e sólida.

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À direita, vê-se apenas um fragmento de outra parede de pedra, indicando a continuidade das construções ao longo da rua.

Esta parede é de alvenaria de pedra, com juntas visíveis e musgo ou líquenes, denotando a idade da construção.

Um toque de cor vibrante é adicionado por arbustos ou flores com floração avermelhada/rosada que se espalham junto à parede e escadas, provavelmente trepadeiras.

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O chão da rua é de asfalto, com algumas manchas e irregularidades, sugerindo uma rua de aldeia com pouco tráfego, onde a vida se desenrola a um ritmo mais lento.

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A fotografia de Mário Silva em "Na rua principal" de Águas Frias é mais do que um simples registo; é uma narrativa visual da vida numa aldeia transmontana.

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A imagem é um excelente exemplo da arquitetura vernácula da região de Trás-os-Montes.

O uso predominante da pedra, a robustez das construções, os telhados de telha e as varandas são elementos típicos que refletem a adaptação às condições climáticas (invernos rigorosos) e a disponibilidade de materiais locais.

A mistura de pedra com paredes rebocadas mostra a evolução das construções ou a combinação de diferentes épocas e técnicas.

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A presença da roupa estendida na varanda é um detalhe poderoso que humaniza a cena.

Não é apenas uma imagem de edifícios, mas de vida que acontece ali.

Sugere a presença de habitantes e as suas rotinas diárias, evocando um ambiente doméstico e acolhedor.

As grandes portas de madeira no rés-do-chão remetem para uma economia agrária, onde as casas não eram apenas habitações, mas também espaços de trabalho e armazenamento.

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A rua estreita, os edifícios lado a lado, e a ausência de elementos modernos intrusivos (à exceção da rua asfaltada) reforçam a sensação de estar numa aldeia tradicional.

A vegetação que brota aqui e ali (plantas na varanda, flores junto à parede) contribui para a atmosfera orgânica e vivida do local.

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A iluminação natural, com a luz solar a criar áreas de contraste entre luz e sombra, realça as texturas da pedra e da madeira e confere profundidade à cena.

A composição, com as paredes dos edifícios a "enquadrar" a casa central, guia o olhar do observador para o coração da imagem, reforçando a sensação de uma rua "encaixada" entre as casas.

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A fotografia evoca um sentimento de nostalgia e autenticidade.

Representa um património construído que é parte da identidade cultural e histórica de Portugal rural, especialmente do interior.

As casas, embora modestas, transmitem uma sensação de resistência ao tempo e às mudanças.

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Em suma, "Na rua principal" é uma fotografia que vai além da simples descrição arquitetónica, capturando a essência da vida numa aldeia de Trás-os-Montes, com a sua arquitetura vernacular, as rotinas diárias e o seu caráter intemporal.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
03
Jul25

“Fonte de mergulho” - S. Vicente (Chaves – Portugal)


Mário Silva Mário Silva

“Fonte de mergulho”

S. Vicente (Chaves – Portugal)

03Jul DSC01220_ms

A fotografia de Mário Silva, "“Fonte de mergulho” - S. Vicente (Chaves – Portugal), exibe uma estrutura de pedra característica e de grande significado histórico e cultural para as comunidades rurais.

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A imagem foca-se numa fonte de mergulho, uma construção antiga feita predominantemente de pedra lavrada e aparelhada, de tonalidade clara, provavelmente granito, que é comum na região de Chaves.

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A estrutura central é composta por um arco de volta perfeita, que dá acesso ao interior da fonte, onde se recolhia a água.

Este arco está integrado numa fachada sólida de pedra, que serve de suporte e proteção ao tanque de recolha.

Acima do arco, a estrutura horizontal forma uma espécie de pequeno banco ou platibanda, onde assenta uma cruz de pedra, símbolo cristão que frequentemente acompanha estas fontes, abençoando e protegendo a água e os que dela bebem.

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À direita da fonte, é visível uma placa de aviso amarela, com texto a preto, parcialmente visível, que parece indicar "PERIGO" e informação de segurança e restrição, pois atualmente a água é imprópria para consumo.

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No lado esquerdo da estrutura principal, um pequeno tanque retangular de pedra, de menor profundidade, parece ser um bebedouro ou um lavadouro mais pequeno, adjacente à fonte principal.

Toda a estrutura assenta sobre um pavimento de lajes de pedra, que se prolonga para a frente da fonte.

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Em primeiro plano, na parte inferior da fotografia, vê-se um muro de blocos de cimento de cor cinzenta escura, indicando que a fonte está ligeiramente acima do nível da rua.

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O fundo da imagem mostra vegetação densa e verde, com arbustos e árvores, sugerindo um ambiente rural ou semi-rural.

A luz do sol incide diretamente na fonte, criando contrastes acentuados de luz e sombra que realçam a textura da pedra e a profundidade do arco.

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Uma fonte de mergulho, também conhecida como fonte de mina ou fonte de nascente, é um tipo de construção tradicional que tem como função captar e disponibilizar a água de uma nascente natural para usufruto da população.

O termo "de mergulho" refere-se à necessidade de "mergulhar" ou baixar-se para aceder ao interior da estrutura e recolher a água diretamente da nascente ou de um pequeno tanque onde a água brota.

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Geralmente são construídas no local onde a água brota do solo, protegendo a nascente da contaminação externa (folhas, detritos, animais).

Apresentam uma estrutura fechada ou semi-fechada, muitas vezes com um arco ou galeria, que permite o acesso ao ponto de recolha da água.

A água é fresca e pura, mantida à temperatura constante do subsolo.

Muitas destas fontes incluem tanques adjacentes, chamados "lavadouros", onde as pessoas lavavam a roupa, e "bebedouros" para animais.

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Até à generalização das redes de abastecimento de água domiciliária, as fontes de mergulho desempenhavam um papel fundamental e insubstituível na vida das comunidades rurais.

A sua importância pode ser compreendida sob vários aspetos:

- Eram a principal, e muitas vezes a única, fonte de água potável para consumo humano e animal.

A qualidade da água era crucial para a saúde pública.

- As fontes eram locais de intensa atividade social.

As mulheres, em particular, deslocavam-se diariamente à fonte para buscar água, transformando estes momentos em oportunidades de convívio, partilha de informações e fortalecimento dos laços comunitários.

Era um espaço de comunicação e socialização.

- Os lavadouros anexos permitiam a lavagem da roupa, uma tarefa árdua que também se tornava um momento de convívio entre as lavadeiras.

- A água das fontes era vital para a agricultura de subsistência e para a criação de gado, que dependiam diretamente da disponibilidade hídrica.

- As fontes de mergulho são testemunhos vivos de um passado recente, de um modo de vida mais simples e dependente dos recursos naturais.

Representam um património arquitetónico e etnográfico que define a identidade das aldeias.

Muitas estão ligadas a lendas locais ou têm nomes próprios que as distinguem.

A cruz, como a que se vê na fotografia, sublinha o caráter sagrado ou de bênção atribuído à água e ao local.

- Representam um modelo de gestão da água baseado na captação de recursos naturais de forma sustentável, sem a necessidade de infraestruturas complexas ou de grande consumo energético.

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Embora muitas fontes de mergulho tenham perdido a sua função primária com a modernização, muitas são hoje preservadas como marcos históricos, culturais e turísticos, recordando a centralidade que a água e estes locais tiveram na vida das gerações passadas.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
02
Jul25

Acontecimentos político e sociais que ocorreram durante o mês de junho de 2025, em Portugal


Mário Silva Mário Silva

Acontecimentos político e sociais que ocorreram

durante o mês de junho de 2025,

em Portugal

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Acontecimentos Políticos

- Inauguração do XXV Governo Constitucional (5 de junho)

O XXV Governo Constitucional, liderado pelo Primeiro-Ministro Luís Montenegro, foi empossado, marcando o início de um novo ciclo político após as eleições legislativas de 18 de maio de 2025.

A Aliança Democrática (AD) manteve a pluralidade na Assembleia da República, garantindo a formação do governo.

Este evento é um marco político, definindo a liderança e as prioridades do país para os próximos anos, com foco em estabilidade económica, políticas, sociais e compromissos europeus.

A posse foi amplamente acompanhada, refletindo o interesse nacional na nova governação.

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- Reações às Eleições Legislativas (pós-18 de maio, início de junho)

Embora as eleições tenham ocorrido em maio, o início de junho foi marcado por debates e análises sobre os resultados, com destaque para a vitória da Aliança Democrática e a fragmentação do espetro político.

Discussões públicas e na imprensa focaram-se na capacidade do novo governo de responder a desafios como inflação, habitação e saúde.

Estas discussões moldaram o clima político de junho, com partidos da oposição, como o Partido Socialista e a Iniciativa Liberal, a posicionarem-se para fiscalizar o novo governo.

 

Acontecimentos Sociais

- Santos Populares (todo o mês de junho, com destaque para 13, 24 e 29 de junho)

As festas dos Santos Populares (Santo António, São João e São Pedro) mobilizaram comunidades em todo o país, com arraiais, marchas populares, procissões e celebrações gastronómicas.

Em Lisboa, as Marchas Populares (13 de junho) e os casamentos de Santo António atraíram milhares de pessoas, com sardinhas assadas, manjericos e música tradicional.

No Porto, as festas de São João (24 de junho) incluíram fogueiras, fogo de artifício no rio Douro e tradições como os martelinhos de plástico.

Em Vila do Conde e Águas Frias, celebraram com entusiasmo, alegria e fé, o primeiro “Papa” Católico, o S. Pedro.

 

Estas celebrações reforçam a identidade cultural e a coesão social, unindo comunidades locais e atraindo turistas.

Os feriados municipais associados (Lisboa a 13, Porto a 24, Sintra e Évora a 29) proporcionaram momentos de convívio e dinamismo económico local.

 

- Festival de Sintra (12 a 22 de junho)

A 59.ª edição do Festival de Sintra promoveu eventos culturais em locais históricos, como o Palácio Nacional de Queluz e o Centro Cultural Olga Cadaval, com concertos de música clássica, ballet e recitais.

Artistas como Maria João Pires e William Christie participaram, celebrando a ligação entre cultura, património e natureza.

Este evento reforçou o papel de Sintra como centro cultural, promovendo a inclusão social através da arte e atraindo públicos nacionais e internacionais, com impacto positivo na economia local.

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- Festival do Atlântico (6 a 29 de junho, Madeira)

Na Madeira, o Festival do Atlântico marcou o início do verão com espetáculos piromusicais, a Semana Regional das Artes, atuações circenses e eventos gastronómicos.

O Concurso Internacional de Fogo de Artifício foi um ponto alto, com prémios decididos por júri e votação pública.

Este evento fortaleceu o sentido de comunidade na Madeira, promovendo a cultura local e atraindo turismo, com impacto social e económico significativo.

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Junho de 2025 foi marcado por um clima de otimismo com as festas populares e o início do novo governo, mas também por expectativas quanto às políticas do executivo para questões como habitação, custo de vida e saúde, que continuaram a ser temas de debate público.

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Texto & Video: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
02
Jul25

Cartaxo-comum (Saxicola rubicola)


Mário Silva Mário Silva

Cartaxo-comum

(Saxicola rubicola)

02Jul DSC01144_ms

A fotografia de Mário Silva, "Cartaxo-comum (Saxicola rubicola)", retrata com clareza esta pequena ave passeriforme.

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O Cartaxo-comum é uma ave pequena e compacta, com cerca de 12-14 cm de comprimento.

O dimorfismo sexual é evidente, especialmente na plumagem nupcial:

Macho: Caracteriza-se pela cabeça e garganta pretas, gola branca distintiva no pescoço, e uma mancha branca nas asas (coberturas alares).

O peito e flancos são de um tom alaranjado-avermelhado vibrante que se estende até ao abdómen, tornando-se mais pálido.

O dorso é castanho-escuro com estrias mais claras.

Fêmea: Apresenta cores mais baças.

A cabeça e a garganta são castanhas-escuras ou acinzentadas, com estrias mais claras.

A gola branca é menos proeminente ou ausente.

O peito é mais pálido, um laranja-acastanhado desbotado, e as manchas brancas nas asas são menores ou ausentes.

Juvenil: Assemelha-se à fêmea, mas com um padrão mais mosqueado e manchado na plumagem.

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Na fotografia, é possível identificar um macho de Cartaxo-comum devido à sua cabeça escura contrastante com a gola branca (embora menos nítida devido à posição e luminosidade) e o peito alaranjado.

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O Cartaxo-comum é uma espécie comum e generalizada, habitando uma vasta gama de habitats abertos ou semi-abertos.

Prefere áreas com vegetação rasteira e arbustos dispersos, como charnecas, dunas costeiras, pastagens, campos agrícolas, bordas de floresta e terrenos baldios.

Em Portugal, é frequentemente avistado em culturas de sequeiro e montados.

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É uma ave territorial, especialmente durante a época de reprodução.

O seu comportamento mais característico é empoleirar-se em pontos elevados (fios, arbustos, postes) a partir dos quais vigia o seu território e procura alimento.

Ao avistar uma presa, desce rapidamente ao solo para a capturar, regressando frequentemente ao mesmo poleiro.

A sua dieta consiste principalmente em insetos (gafanhotos, grilos, besouros, formigas, borboletas e as suas larvas) e aranhas, complementada ocasionalmente com bagas no outono e inverno.

O seu canto é um assobio metálico e repetitivo, e o seu chamamento é um "tschack-tschack" característico, que deu origem ao seu nome comum em algumas línguas.

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A época de reprodução do Cartaxo-comum ocorre entre abril e julho, podendo realizar duas ou três posturas por ano.

O ninho é construído pela fêmea, geralmente no solo, bem escondido entre a vegetação densa, ou em pequenas depressões protegidas por ervas ou tufos.

É uma taça bem construída de musgo, ervas e raízes, forrada com pêlos e penas.

A fêmea põe 4 a 6 ovos azuis-esverdeados pálidos, com pequenas manchas avermelhadas.

A incubação dura cerca de 13-14 dias e é realizada principalmente pela fêmea.

Ambos os pais alimentam os juvenis, que abandonam o ninho ao fim de 12-15 dias, mas continuam a ser alimentados pelos pais por mais algum tempo.

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O Cartaxo-comum é uma espécie classificada como Pouco Preocupante (Least Concern) a nível global e europeu pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

A sua população é considerada estável ou em ligeiro declínio em algumas regiões, mas sem ameaças significativas à sua sobrevivência a longo prazo.

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Em Portugal, é uma espécie comum e residente, presente em quase todo o território continental, embora a sua abundância possa variar localmente.

Beneficia da heterogeneidade das paisagens agrícolas tradicionais e da presença de habitats abertos.

No entanto, a intensificação agrícola, a perda de sebes e a alteração dos habitats podem representar desafios a nível local.

A sua adaptabilidade a diferentes tipos de ambientes, desde que com vegetação adequada para poleiros e alimentação, contribui para a sua ampla distribuição e abundância.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
01
Jul25

"Casas em Segirei" - (Chaves - Portugal)


Mário Silva Mário Silva

"Casas em Segirei"

(Chaves - Portugal)

01Jul DSC01335_Segirei_ms

A fotografia de Mário Silva, "Casas em Segirei" (Chaves - Portugal), retrata uma construção rural típica da região de Trás-os-Montes, particularmente das aldeias da raia, ou seja, aquelas localizadas na fronteira com Espanha.

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Este tipo de construção, visível na imagem, caracteriza-se pelo uso predominante de pedra, um material abundante na região.

As paredes são robustas, geralmente de xisto ou granito, dependendo da geologia local, e construídas com técnica de alvenaria de pedra seca ou com argamassa simples.

A tonalidade da pedra confere uma camuflagem natural ao ambiente, integrando as casas na paisagem.

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Os telhados são, na maioria dos casos, de telha cerâmica, de tipo luso-árabe, com inclinações adequadas para escoamento da água da chuva e resistência às intempéries, incluindo as nevadas de inverno.

No caso da fotografia, a telha é de um tom alaranjado, que contrasta com a cor da pedra.

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As janelas e portas eram tradicionalmente pequenas, para melhor isolamento térmico e segurança, embora não sejam muito visíveis nesta imagem.

A funcionalidade e a adaptação ao clima e aos recursos locais eram os princípios basilares destas construções.

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No que toca ao contexto das aldeias transmontanas da raia, estas construções refletem um modo de vida rural e agropastoril.

As casas eram frequentemente de dois pisos: o rés-do-chão servia para abrigar animais ou armazenar produtos agrícolas, enquanto o piso superior era a habitação.

Esta tipologia era prática e permitia aproveitar o calor gerado pelos animais no piso inferior para aquecer a casa no inverno.

A simplicidade e a durabilidade eram características essenciais, dada a escassez de recursos e a necessidade de autossuficiência.

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É comum ver nestas aldeias a presença de anexos, muros e currais, também construídos em pedra, que complementam o conjunto arquitetónico e funcional da propriedade.

A degradação parcial da casa na fotografia, com parte da parede em ruínas, é um reflexo do despovoamento e abandono que muitas destas aldeias têm vindo a sofrer nas últimas décadas.

No entanto, a solidez da sua construção original ainda se mantém visível.

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Em suma, a fotografia de Mário Silva é um excelente exemplo da arquitetura vernácula das aldeias da raia transmontana, caracterizada pela robustez da pedra, a simplicidade funcional e a profunda ligação ao território e aos seus recursos.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
30
Jun25

CONVÍVIO NO DIA DE S. PEDRO ÁGUAS FRIAS - CHAVES - PORTUGAL


Mário Silva Mário Silva

🕺💃👩‍❤️‍👨🤸‍♂️🤸‍♂️🎹🎉🎉🎉🎉❤️❤️🔈🔈🔈🔉🔊
 
CONVÍVIO NO DIA DE S. PEDRO
ÁGUAS FRIAS - CHAVES - PORTUGAL
 
Onde a Alegria, Convívio, Amizade e Confraternização imperaram ...São assim as Gentes desta pequena mas bela Aldeia transmontana ...
Obrigado a Todos(as) que insistiram na ideia, a planearam ao pormenor e a concretizaram ...
O meu louvor a Todos(as) ...
É por estas e outras que Águas Frias (embora não me corra nas veias) me envolve o coração....
PS: por favor ligue o som 🔈
 

 

Mário Silva 📷
30
Jun25

"O aloquete no gradeamento da ponte" - Ponte Romana sobre o rio Tâmega, em Chaves, Portugal


Mário Silva Mário Silva

"O aloquete no gradeamento da ponte"

Ponte Romana sobre o rio Tâmega, em Chaves, Portugal

30Jun DSC00031_ms

A fotografia de Mário Silva, intitulada "O aloquete no gradeamento da ponte", oferece uma vista encantadora da Ponte Romana sobre o rio Tâmega, em Chaves, Portugal.

No primeiro plano, destaca-se um cadeado (aloquete) preso ao gradeamento, um elemento que se tornou um símbolo de afeto e compromisso em muitas pontes em todo o mundo.

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A prática de prender cadeados em pontes, portões ou outras estruturas públicas, conhecida como "love locks" (cadeados do amor), é um fenómeno relativamente recente, mas que se espalhou globalmente com rapidez, tornando-se uma tradição popular entre casais.

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A origem exata desta tradição é incerta e disputada, com várias teorias e lendas:

- Sérvia - Ponte Most Ljubavi: Uma das histórias mais aceites remonta à Primeira Guerra Mundial, na Sérvia, na cidade de Vrnjačka Banja.

A lenda conta a história de amor trágico entre uma professora local, Nada, e um oficial, Relja.

 Relja foi para a guerra, apaixonou-se por outra mulher e nunca mais regressou.

Nada morreu de desgosto.

As jovens de Vrnjačka Banja, para protegerem os seus amores de um destino semelhante, começaram a escrever os seus nomes e os dos seus amados em cadeados, prendendo-os à Ponte Most Ljubavi (Ponte do Amor), onde Nada e Relja se encontravam.

Esta é frequentemente citada como a origem mais antiga documentada do conceito de "cadeados do amor".

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- Itália - Pontes de Florença e Roma: No entanto, a popularização moderna da prática é frequentemente atribuída a Itália.

Acredita-se que tenha ganho força após a publicação do romance "Ho voglia di te" (Tenho vontade de ti), de Federico Moccia, em 2006.

No livro, os protagonistas prendem um cadeado na Ponte Milvio, em Roma, atiram a chave ao rio e fazem um desejo para que o seu amor dure para sempre.

O sucesso do livro e do filme subsequente inspirou milhares de casais a replicar o gesto, e a moda espalhou-se rapidamente por outras cidades italianas e, depois, pelo resto do mundo.

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- Outras Influências: Há também quem aponte para práticas semelhantes em algumas culturas asiáticas, onde os cadeados eram usados em templos ou em montanhas como símbolos de votos e promessas.

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O ato de colocar um cadeado numa ponte e atirar a chave para a água está carregado de simbolismo, principalmente para casais:

- O significado mais proeminente é o da promessa de amor eterno e indissolúvel.

O cadeado fechado simboliza a união inquebrável do casal, e atirar a chave representa o compromisso de que esse amor nunca será desfeito.

É um voto visível e físico de lealdade e dedicação.

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- Além do amor romântico, os cadeados podem representar um compromisso de fidelidade ou a celebração de um momento importante na relação do casal.

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- Cada cadeado é também uma esperança de um futuro partilhado e um desejo de felicidade duradoura.

O ato de o prender é um ritual de esperança para o porvir da relação.

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- Para além do simbolismo do amor, a prática permite que os casais deixem a sua "marca" num local especial, imortalizando a sua visita e a sua ligação àquele espaço.

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- A prática tornou-se também um fenómeno social e turístico.

Pontes famosas, como a Pont des Arts em Paris (embora os cadeados tenham sido removidos por questões estruturais), a Ponte Milvio em Roma e outras, atraem casais de todo o mundo que desejam participar nesta tradição.

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A Ponte Romana de Chaves, retratada na fotografia, sendo um local de grande beleza e história, torna-se um cenário ideal para este tipo de manifestação de afeto.

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Embora a prática seja vista por muitos como um gesto romântico e inofensivo, tem gerado debates em algumas cidades devido ao peso excessivo dos cadeados e aos danos que podem causar às estruturas das pontes, levando à remoção em alguns locais.

No entanto, o seu significado emocional e cultural persiste, tornando o cadeado no gradeamento da Ponte Romana de Chaves um pequeno, mas significativo, testemunho de amor e esperança.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
29
Jun25

"S. Pedro" - Mário Silva (IA)


Mário Silva Mário Silva

"S. Pedro"

Mário Silva (IA)

29Jun DMTD57Mt13cHRMTQm3hI--0--rmqg6_ms

A pintura digital de Mário Silva retrata São Pedro, uma figura central do cristianismo, com traços expressivos e texturas ricas.

A obra mostra um homem idoso de barba e cabelos brancos, envolto numa túnica amarela e azul, segurando duas chaves grandes, símbolos tradicionais da sua autoridade como guardião das portas do céu, conforme a tradição cristã.

O estilo da pintura, com pinceladas largas e uma paleta de tons terrosos, evoca uma sensação de solidez e espiritualidade, capturando a essência de São Pedro como um líder firme e devoto.

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São Pedro, originalmente chamado Simão, era um pescador da Galileia quando foi chamado por Jesus para ser um de seus primeiros discípulos.

Conhecido pela sua impulsividade e fervor, Pedro tornou-se uma rocha (daí o nome "Pedro", que significa "pedra" em grego) sobre a qual Jesus disse que construiria a sua Igreja (Mateus 16:18).

Ele é frequentemente retratado com chaves, como nesta pintura, simbolizando a autoridade que lhe foi dada para "ligar e desligar" no Reino dos Céus.

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Ao longo da sua vida, São Pedro desempenhou um papel crucial na disseminação do cristianismo.

Ele foi testemunha de muitos milagres de Jesus, como a Transfiguração e a pesca milagrosa, e também enfrentou momentos de fraqueza, como quando negou Jesus três vezes antes da crucificação.

Após a ressurreição, Pedro foi restaurado por Jesus e assumiu a liderança dos apóstolos, pregando em Pentecostes e convertendo milhares.

A sua ação missionária levou-o a Roma, onde, segundo a tradição, foi martirizado por crucificação de cabeça para baixo, sentindo-se indigno de morrer como o seu Mestre.

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A pintura de Mário Silva captura essa dualidade de São Pedro: a sua força e humildade, a sua autoridade e humanidade.

As chaves nas suas mãos são mais do que um símbolo; elas representam a sua missão de abrir as portas da fé para a humanidade, uma responsabilidade que ele carregou com coragem até o fim.

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Texto & Pintura: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
28
Jun25

"O Homem, o Cavalo e o Arado"


Mário Silva Mário Silva

"O Homem, o Cavalo e o Arado"

28Jun DSC00165_ms

A fotografia de Mário Silva capta uma cena intemporal que evoca a dura, mas profunda, ligação entre o ser humano, o animal de trabalho e a terra.

Esta imagem é um poderoso memorando de tradições rurais que estão em rápido declínio em muitas partes do mundo, incluindo Portugal.

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A cena retratada – um homem a arar a terra com a ajuda de um animal (seja um cavalo, uma mula ou um boi) – é um símbolo de uma era em que a agricultura dependia fortemente da força animal e do trabalho manual.

Essa prática, que durante séculos foi o pilar da subsistência rural, está a ser progressivamente substituída por métodos mais mecanizados e industrializados.

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Algumas das tradições rurais que se encontram em vias de desaparecimento incluem:

- O uso de animais de tração (bois, cavalos, mulas) para arar, gradar, semear e transportar produtos agrícolas era uma prática comum.

Estes animais não eram apenas uma força de trabalho, mas parte integrante da família e da comunidade.

A sua substituição por tratores e máquinas agrícolas mais eficientes e rápidas tornou o arado puxado por animal uma raridade, muitas vezes limitado a terrenos de difícil acesso ou a pequenas propriedades que mantêm métodos tradicionais.

A perda desta prática significa também a perda do conhecimento e das técnicas associadas ao maneio e treino destes animais para o trabalho agrícola.

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- Muitas comunidades rurais viviam da agricultura de sequeiro e da produção para autoconsumo, com pequenos excedentes para venda em mercados locais.

As terras eram trabalhadas para produzir uma variedade de culturas essenciais à alimentação da família e do gado.

Com a modernização e a especialização da agricultura, muitas destas pequenas explorações foram abandonadas ou convertidas para culturas mais rentáveis, perdendo-se a diversidade de produções e a autonomia alimentar local.

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- Embora ainda existam em algumas regiões, as práticas de pastoreio tradicionais, incluindo a transumância (movimento sazonal do gado entre pastagens de verão e inverno), diminuíram drasticamente.

A vida do pastor, com a sua sabedoria sobre o território, o clima e o comportamento animal, está em risco de se perder à medida que os rebanhos diminuem e as explorações se tornam mais intensivas e fechadas.

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- Os agricultores e pastores de antigamente possuíam um conhecimento profundo e empírico do ambiente natural – os padrões climáticos, os ciclos da lua e a fertilidade da terra.

Este saber, transmitido de geração em geração, era fundamental para a tomada de decisões agrícolas.

Com a dependência de tecnologias e previsões meteorológicas modernas, grande parte deste conhecimento ancestral está a desaparecer.

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- As comunidades rurais eram frequentemente baseadas em redes de ajuda mútua, onde vizinhos e familiares se ajudavam mutuamente nas tarefas agrícolas mais pesadas (como as mondas, as colheitas ou as desfolhadas).

Estes momentos eram também importantes para a coesão social e a transmissão oral de histórias e canções.

A mecanização e a diminuição da população rural enfraqueceram estes laços comunitários.

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- A manufatura de ferramentas agrícolas, cestos, utensílios de madeira e outros objetos essenciais para a vida no campo era uma parte integrante da economia rural.

Os artesãos rurais, com os seus conhecimentos e técnicas transmitidos ao longo do tempo, são cada vez mais raros, e as ferramentas tradicionais são substituídas por equipamentos industriais.

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A fotografia de Mário Silva serve, assim, como um valioso registo de um passado recente, mas que se afasta rapidamente.

É um convite à reflexão sobre a importância de preservar, ainda que em registo, estas tradições que moldaram a paisagem, a cultura e a identidade das comunidades rurais durante séculos.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
27
Jun25

"Passando em São Vicente da Raia (Rua da Fonte)" - Chaves Portugal


Mário Silva Mário Silva

"Passando em São Vicente da Raia (Rua da Fonte)"

Chaves - Portugal

27Jin DSC09898_ms

São Vicente é uma aldeia pitoresca localizada na freguesia de São Vicente da Raia, no concelho de Chaves, distrito de Vila Real, em Portugal.

Conforme a descrição da fotografia de Mário Silva, a imagem captura um momento da "Rua da Fonte", um local que evoca a simplicidade e a beleza rural.

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São Vicente da Raia, como o próprio nome sugere, encontra-se numa zona de fronteira (raia) com Espanha, o que historicamente lhe conferiu uma importância estratégica e cultural particular.

A aldeia é um exemplo típico do povoamento rural do interior de Portugal, caracterizado por uma arquitetura tradicional e uma profunda ligação à terra.

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As habitações em São Vicente da Raia são maioritariamente construídas em pedra, utilizando materiais locais.

Estas casas, muitas delas antigas, exibem a robustez e a beleza da arquitetura vernácula transmontana, com telhados de telha tradicional que se integram harmoniosamente na paisagem.

Na fotografia, é possível observar uma dessas construções de pedra, com telhado de duas águas, que sugere a tipicidade da arquitetura local.

As ruas da aldeia são, em geral, estreitas e por vezes irregulares, adaptando-se à topografia do terreno.

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A "Rua da Fonte" ilustrada na imagem parece ser um caminho mais aberto, mas ainda assim com o caráter de uma via rural, ladeada por vegetação e elementos naturais.

A aldeia está imersa num ambiente rural, rodeada por campos agrícolas, matos e vegetação espontânea.

A predominância de tons verdes na paisagem, visíveis na fotografia, realça a conexão com a natureza e a vida no campo.

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A agricultura de subsistência e pequena escala sempre foi a base da economia local.

O cultivo de batata, centeio, milho e a criação de gado (bovino, ovino e caprino) são atividades tradicionais que moldaram o quotidiano e a paisagem da aldeia.

A presença de vegetação densa e o que parecem ser áreas cultivadas na fotografia corroboram esta ligação à terra.

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A região de Chaves é conhecida pelos seus produtos endógenos, como o presunto e os enchidos, e também pela produção de castanhas e cogumelos, o que certamente também faria parte da vida em São Vicente da Raia.

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A presença de uma "Rua da Fonte" sugere a importância da água na vida da aldeia, um elemento vital para a subsistência e para as comunidades rurais.

Fontes e ribeiros são muitas vezes pontos de encontro e locais com significado social.

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Aldeias como São Vicente da Raia mantêm vivas as tradições e costumes locais.

A vida comunitária é um pilar, com festas religiosas e romarias que reforçam os laços entre os habitantes.

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Como muitas aldeias do interior de Portugal, São Vicente da Raia pode enfrentar desafios relacionados com o despovoamento e o envelhecimento da população, uma realidade comum nas zonas rurais.

No entanto, o seu património e a beleza natural continuam a ser atrativos.

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Em suma, São Vicente da Raia é uma aldeia que personifica a ruralidade transmontana, com a sua arquitetura em pedra, paisagens verdes e uma história ligada à fronteira e à vida agrícola.

A fotografia de Mário Silva oferece uma janela para a tranquilidade e autenticidade deste remoto recanto de Chaves.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
26
Jun25

“Coruja-do-mato (Strix aluco)” ou coruja-parda


Mário Silva Mário Silva

“Coruja-do-mato (Strix aluco)” ou coruja-parda

26Jun DSC00624_ms

A coruja-do-mato (Strix aluco), também conhecida como coruja-parda, é a espécie retratada na fotografia de Mário Silva.

Estas aves noturnas, com os seus olhos penetrantes e voo silencioso, fascinam a humanidade há milénios, gerando uma rica tapeçaria de mitos e, claro, muitas realidades científicas.

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Desde a antiguidade, as corujas têm sido figuras proeminentes no folclore de diversas culturas, muitas vezes associadas a dualidades e simbolismos opostos:

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Na mitologia grega, a coruja era o animal sagrado da deusa Atena, deusa da sabedoria, da guerra estratégica e das artes.

Esta associação perdura até hoje, sendo a coruja frequentemente utilizada como símbolo de inteligência, erudição e estudo.

Acredita-se que a sua capacidade de ver no escuro simbolize a capacidade de enxergar além das aparências, desvendando verdades ocultas.

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Paradoxalmente, em muitas outras culturas, especialmente em algumas tradições europeias e latino-americanas, a coruja é vista como um presságio de morte, doença ou desgraça.

O seu piar noturno, muitas vezes percebido como um lamento, era interpretado como um anúncio de fatalidade.

A crença de que a coruja "chama a alma" dos doentes ainda persiste em algumas regiões.

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Na Idade Média, a coruja foi frequentemente associada a bruxas, magias negras e rituais noturnos.

A sua vida noturna e hábitos discretos contribuíram para essa reputação, tornando-a um símbolo do misterioso e do sobrenatural.

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Contudo, nem todos os mitos são negativos.

Em algumas culturas, a coruja era vista como um amuleto de proteção contra maus espíritos ou um portador de boa sorte, especialmente para aqueles que buscavam conhecimento.

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Longe dos véus do mito, a ciência revela-nos a verdadeira natureza das corujas, criaturas notáveis com adaptações impressionantes.

 

A mais notável adaptação das corujas é a sua visão noturna superdesenvolvida.

Os seus olhos grandes e tubulares, que não se movem nas órbitas como os nossos, são projetados para captar o máximo de luz disponível.

Para compensar a falta de mobilidade ocular, as corujas conseguem girar a cabeça em até 270 graus, proporcionando um campo de visão incrivelmente amplo.

Além da visão, a audição das corujas é extremamente aguçada e direcional.

A face em forma de disco atua como um coletor de som, e a assimetria das aberturas auditivas de muitas espécies permite-lhes localizar presas com precisão milimétrica, mesmo na escuridão total.

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As penas das asas das corujas possuem uma estrutura especial que permite um voo praticamente inaudível.

As bordas das penas são serrilhadas, quebrando o fluxo de ar e eliminando o ruído que normalmente acompanharia o bater das asas.

Essa adaptação é crucial para a caça, permitindo que se aproximem das presas sem serem detetadas.

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As corujas são predadores noturnos por excelência.

A sua dieta consiste principalmente de pequenos mamíferos (roedores, musaranhos), aves, insetos e, ocasionalmente, anfíbios e répteis.

Desempenham um papel vital no controlo de pragas em ecossistemas naturais e agrícolas.

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A maioria das espécies de corujas é solitária e territorial, defendendo rigorosamente o seu espaço de caça e nidificação.

A coruja-do-mato, por exemplo, é uma espécie sedentária que ocupa o mesmo território durante toda a sua vida.

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As corujas não constroem ninhos elaborados.

Geralmente utilizam cavidades em árvores (como é o caso da coruja-do-mato, que se adapta bem a buracos em árvores velhas), tocas abandonadas, fendas em rochas ou até mesmo edifícios.

O período de reprodução varia de acordo com a espécie e a região, e os pais dedicam-se intensamente ao cuidado dos filhotes.

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As corujas habitam uma vasta variedade de “habitats”, desde florestas densas e áreas rurais até parques urbanos e jardins.

A sua capacidade de se adaptar a diferentes ambientes demonstra a sua resiliência e sucesso evolutivo.

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Em suma, enquanto os mitos sobre as corujas revelam-nos a riqueza da imaginação humana e a necessidade de atribuir significado ao mundo natural, as realidades científicas oferecem-nos uma compreensão profunda e igualmente fascinante dessas aves noturnas, verdadeiras mestras da noite.

A fotografia de Mário Silva é um testemunho da beleza e do mistério que as corujas continuam a inspirar.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷

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