No fim do outono ... uma pequena estória do verão
Mário Silva Mário Silva
Pois ... o último "post" remonta a pleno Agosto, com uma pequena estória passada nesta pequena e bela aldeia flaviense.
Agora ... já o outono está a findar e aproxima-se vertiginosamente os rigores do inverno.
E os seu efeitos já se fazem sentir na pele, a névoa, o frio, o vento (que parece que corta), os dias curtos, as noites longas,a tão desejada chuva ...
Bom, hoje, feriado nacional (pela última vez), dia 1 de dezembro, dia da restauração da independência, ... o tempo condiz com a época: sombrio, taciturno, dando-nos à indolência e à preguiça.
Mas ... o calor das brasas na lareira ... trazem o conforto e avivam as memórias de tempos passados. É o caso de hoje, em que recordo, um pequeno episódio do verão passado.
A tarde estava quente.
E, nada melhor que uma boa cavaqueira ao ritmo de umas goladas de uma "loirinha" fresquinha e o terincar de uns amendoins estaladiços.
Foi o que fizeram o António e o Felisberto, no Café do Henrique (já considerado, por mim, património social da Aldeia).
Quando saíam para o largo do "Conselho", nesse momento cheio de juventude, vislumbraram à varanda a Dete e logo disseram em voz alta:
- Agora ia era um cafezinho brasileiro!!!!
- Ai, ia, ia ... - dise logo o outro.
E sentaram-se à porta do café do Pires (ou Parente para os amigos), continuando com a sua conversa, sem nunca esquecerem o tal cafezinho brasileiro.
Eis, então, que a Dete não se fazendo rogada, foi mesmo fazer o dito cafezinho, vindo de casa com um tabuleiro coberto com pano bordado, a cafeteira fumegante, duas chávenas, açucar, as respetivas colheres e ainda uma garrafa com o divinal bagaço.
Com esta é que o António e o Felizberto não contavam ... mas não fizerm cerimónia e mesmo ali sentados no cimento do passeio, no meio de todos e em plena rua Central, se serviram do apetitoso cafezinho brasileiro e claro com o cheirinho abundante do bagaço da Dete e D. Adélia.
Como se costuma dizer, estavam que nem um abade (e o da aldeia é bem cheiínho).
Uma coisa é certa: todos ficaram satisfeitos (uns por provarem o tão apetecido cafezinho e mãe e filha por poderem retribuir os atributos das suas bebidas).
Aqui, nesta aldeia transmontana, dar é também receber.
Bom ... já me sinto retemperado. Os pés estão de novo quentes e o "coração" também. As recordações têm destas coisas ...
Embora não tenha nascido e nado em Águas Frias, sinto alguma nostalgia quando lá não estou - então vou matando as saudades com as boas recordações que de lá carrego.
Até breve .......... com mais recordações!!!