CONVÍVIO NO DIA DE S. PEDRO ÁGUAS FRIAS - CHAVES - PORTUGAL
Mário Silva Mário Silva


















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Mário Silva Mário Silva
Mário Silva Mário Silva
"O aloquete no gradeamento da ponte"
Ponte Romana sobre o rio Tâmega, em Chaves, Portugal
A fotografia de Mário Silva, intitulada "O aloquete no gradeamento da ponte", oferece uma vista encantadora da Ponte Romana sobre o rio Tâmega, em Chaves, Portugal.
No primeiro plano, destaca-se um cadeado (aloquete) preso ao gradeamento, um elemento que se tornou um símbolo de afeto e compromisso em muitas pontes em todo o mundo.
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A prática de prender cadeados em pontes, portões ou outras estruturas públicas, conhecida como "love locks" (cadeados do amor), é um fenómeno relativamente recente, mas que se espalhou globalmente com rapidez, tornando-se uma tradição popular entre casais.
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A origem exata desta tradição é incerta e disputada, com várias teorias e lendas:
- Sérvia - Ponte Most Ljubavi: Uma das histórias mais aceites remonta à Primeira Guerra Mundial, na Sérvia, na cidade de Vrnjačka Banja.
A lenda conta a história de amor trágico entre uma professora local, Nada, e um oficial, Relja.
Relja foi para a guerra, apaixonou-se por outra mulher e nunca mais regressou.
Nada morreu de desgosto.
As jovens de Vrnjačka Banja, para protegerem os seus amores de um destino semelhante, começaram a escrever os seus nomes e os dos seus amados em cadeados, prendendo-os à Ponte Most Ljubavi (Ponte do Amor), onde Nada e Relja se encontravam.
Esta é frequentemente citada como a origem mais antiga documentada do conceito de "cadeados do amor".
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- Itália - Pontes de Florença e Roma: No entanto, a popularização moderna da prática é frequentemente atribuída a Itália.
Acredita-se que tenha ganho força após a publicação do romance "Ho voglia di te" (Tenho vontade de ti), de Federico Moccia, em 2006.
No livro, os protagonistas prendem um cadeado na Ponte Milvio, em Roma, atiram a chave ao rio e fazem um desejo para que o seu amor dure para sempre.
O sucesso do livro e do filme subsequente inspirou milhares de casais a replicar o gesto, e a moda espalhou-se rapidamente por outras cidades italianas e, depois, pelo resto do mundo.
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- Outras Influências: Há também quem aponte para práticas semelhantes em algumas culturas asiáticas, onde os cadeados eram usados em templos ou em montanhas como símbolos de votos e promessas.
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O ato de colocar um cadeado numa ponte e atirar a chave para a água está carregado de simbolismo, principalmente para casais:
- O significado mais proeminente é o da promessa de amor eterno e indissolúvel.
O cadeado fechado simboliza a união inquebrável do casal, e atirar a chave representa o compromisso de que esse amor nunca será desfeito.
É um voto visível e físico de lealdade e dedicação.
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- Além do amor romântico, os cadeados podem representar um compromisso de fidelidade ou a celebração de um momento importante na relação do casal.
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- Cada cadeado é também uma esperança de um futuro partilhado e um desejo de felicidade duradoura.
O ato de o prender é um ritual de esperança para o porvir da relação.
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- Para além do simbolismo do amor, a prática permite que os casais deixem a sua "marca" num local especial, imortalizando a sua visita e a sua ligação àquele espaço.
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- A prática tornou-se também um fenómeno social e turístico.
Pontes famosas, como a Pont des Arts em Paris (embora os cadeados tenham sido removidos por questões estruturais), a Ponte Milvio em Roma e outras, atraem casais de todo o mundo que desejam participar nesta tradição.
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A Ponte Romana de Chaves, retratada na fotografia, sendo um local de grande beleza e história, torna-se um cenário ideal para este tipo de manifestação de afeto.
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Embora a prática seja vista por muitos como um gesto romântico e inofensivo, tem gerado debates em algumas cidades devido ao peso excessivo dos cadeados e aos danos que podem causar às estruturas das pontes, levando à remoção em alguns locais.
No entanto, o seu significado emocional e cultural persiste, tornando o cadeado no gradeamento da Ponte Romana de Chaves um pequeno, mas significativo, testemunho de amor e esperança.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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Mário Silva Mário Silva
"S. Pedro"
Mário Silva (IA)
A pintura digital de Mário Silva retrata São Pedro, uma figura central do cristianismo, com traços expressivos e texturas ricas.
A obra mostra um homem idoso de barba e cabelos brancos, envolto numa túnica amarela e azul, segurando duas chaves grandes, símbolos tradicionais da sua autoridade como guardião das portas do céu, conforme a tradição cristã.
O estilo da pintura, com pinceladas largas e uma paleta de tons terrosos, evoca uma sensação de solidez e espiritualidade, capturando a essência de São Pedro como um líder firme e devoto.
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São Pedro, originalmente chamado Simão, era um pescador da Galileia quando foi chamado por Jesus para ser um de seus primeiros discípulos.
Conhecido pela sua impulsividade e fervor, Pedro tornou-se uma rocha (daí o nome "Pedro", que significa "pedra" em grego) sobre a qual Jesus disse que construiria a sua Igreja (Mateus 16:18).
Ele é frequentemente retratado com chaves, como nesta pintura, simbolizando a autoridade que lhe foi dada para "ligar e desligar" no Reino dos Céus.
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Ao longo da sua vida, São Pedro desempenhou um papel crucial na disseminação do cristianismo.
Ele foi testemunha de muitos milagres de Jesus, como a Transfiguração e a pesca milagrosa, e também enfrentou momentos de fraqueza, como quando negou Jesus três vezes antes da crucificação.
Após a ressurreição, Pedro foi restaurado por Jesus e assumiu a liderança dos apóstolos, pregando em Pentecostes e convertendo milhares.
A sua ação missionária levou-o a Roma, onde, segundo a tradição, foi martirizado por crucificação de cabeça para baixo, sentindo-se indigno de morrer como o seu Mestre.
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A pintura de Mário Silva captura essa dualidade de São Pedro: a sua força e humildade, a sua autoridade e humanidade.
As chaves nas suas mãos são mais do que um símbolo; elas representam a sua missão de abrir as portas da fé para a humanidade, uma responsabilidade que ele carregou com coragem até o fim.
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Texto & Pintura: ©MárioSilva
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Mário Silva Mário Silva
"O Homem, o Cavalo e o Arado"
A fotografia de Mário Silva capta uma cena intemporal que evoca a dura, mas profunda, ligação entre o ser humano, o animal de trabalho e a terra.
Esta imagem é um poderoso memorando de tradições rurais que estão em rápido declínio em muitas partes do mundo, incluindo Portugal.
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A cena retratada – um homem a arar a terra com a ajuda de um animal (seja um cavalo, uma mula ou um boi) – é um símbolo de uma era em que a agricultura dependia fortemente da força animal e do trabalho manual.
Essa prática, que durante séculos foi o pilar da subsistência rural, está a ser progressivamente substituída por métodos mais mecanizados e industrializados.
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Algumas das tradições rurais que se encontram em vias de desaparecimento incluem:
- O uso de animais de tração (bois, cavalos, mulas) para arar, gradar, semear e transportar produtos agrícolas era uma prática comum.
Estes animais não eram apenas uma força de trabalho, mas parte integrante da família e da comunidade.
A sua substituição por tratores e máquinas agrícolas mais eficientes e rápidas tornou o arado puxado por animal uma raridade, muitas vezes limitado a terrenos de difícil acesso ou a pequenas propriedades que mantêm métodos tradicionais.
A perda desta prática significa também a perda do conhecimento e das técnicas associadas ao maneio e treino destes animais para o trabalho agrícola.
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- Muitas comunidades rurais viviam da agricultura de sequeiro e da produção para autoconsumo, com pequenos excedentes para venda em mercados locais.
As terras eram trabalhadas para produzir uma variedade de culturas essenciais à alimentação da família e do gado.
Com a modernização e a especialização da agricultura, muitas destas pequenas explorações foram abandonadas ou convertidas para culturas mais rentáveis, perdendo-se a diversidade de produções e a autonomia alimentar local.
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- Embora ainda existam em algumas regiões, as práticas de pastoreio tradicionais, incluindo a transumância (movimento sazonal do gado entre pastagens de verão e inverno), diminuíram drasticamente.
A vida do pastor, com a sua sabedoria sobre o território, o clima e o comportamento animal, está em risco de se perder à medida que os rebanhos diminuem e as explorações se tornam mais intensivas e fechadas.
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- Os agricultores e pastores de antigamente possuíam um conhecimento profundo e empírico do ambiente natural – os padrões climáticos, os ciclos da lua e a fertilidade da terra.
Este saber, transmitido de geração em geração, era fundamental para a tomada de decisões agrícolas.
Com a dependência de tecnologias e previsões meteorológicas modernas, grande parte deste conhecimento ancestral está a desaparecer.
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- As comunidades rurais eram frequentemente baseadas em redes de ajuda mútua, onde vizinhos e familiares se ajudavam mutuamente nas tarefas agrícolas mais pesadas (como as mondas, as colheitas ou as desfolhadas).
Estes momentos eram também importantes para a coesão social e a transmissão oral de histórias e canções.
A mecanização e a diminuição da população rural enfraqueceram estes laços comunitários.
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- A manufatura de ferramentas agrícolas, cestos, utensílios de madeira e outros objetos essenciais para a vida no campo era uma parte integrante da economia rural.
Os artesãos rurais, com os seus conhecimentos e técnicas transmitidos ao longo do tempo, são cada vez mais raros, e as ferramentas tradicionais são substituídas por equipamentos industriais.
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A fotografia de Mário Silva serve, assim, como um valioso registo de um passado recente, mas que se afasta rapidamente.
É um convite à reflexão sobre a importância de preservar, ainda que em registo, estas tradições que moldaram a paisagem, a cultura e a identidade das comunidades rurais durante séculos.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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Mário Silva Mário Silva
"Passando em São Vicente da Raia (Rua da Fonte)"
Chaves - Portugal
São Vicente é uma aldeia pitoresca localizada na freguesia de São Vicente da Raia, no concelho de Chaves, distrito de Vila Real, em Portugal.
Conforme a descrição da fotografia de Mário Silva, a imagem captura um momento da "Rua da Fonte", um local que evoca a simplicidade e a beleza rural.
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São Vicente da Raia, como o próprio nome sugere, encontra-se numa zona de fronteira (raia) com Espanha, o que historicamente lhe conferiu uma importância estratégica e cultural particular.
A aldeia é um exemplo típico do povoamento rural do interior de Portugal, caracterizado por uma arquitetura tradicional e uma profunda ligação à terra.
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As habitações em São Vicente da Raia são maioritariamente construídas em pedra, utilizando materiais locais.
Estas casas, muitas delas antigas, exibem a robustez e a beleza da arquitetura vernácula transmontana, com telhados de telha tradicional que se integram harmoniosamente na paisagem.
Na fotografia, é possível observar uma dessas construções de pedra, com telhado de duas águas, que sugere a tipicidade da arquitetura local.
As ruas da aldeia são, em geral, estreitas e por vezes irregulares, adaptando-se à topografia do terreno.
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A "Rua da Fonte" ilustrada na imagem parece ser um caminho mais aberto, mas ainda assim com o caráter de uma via rural, ladeada por vegetação e elementos naturais.
A aldeia está imersa num ambiente rural, rodeada por campos agrícolas, matos e vegetação espontânea.
A predominância de tons verdes na paisagem, visíveis na fotografia, realça a conexão com a natureza e a vida no campo.
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A agricultura de subsistência e pequena escala sempre foi a base da economia local.
O cultivo de batata, centeio, milho e a criação de gado (bovino, ovino e caprino) são atividades tradicionais que moldaram o quotidiano e a paisagem da aldeia.
A presença de vegetação densa e o que parecem ser áreas cultivadas na fotografia corroboram esta ligação à terra.
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A região de Chaves é conhecida pelos seus produtos endógenos, como o presunto e os enchidos, e também pela produção de castanhas e cogumelos, o que certamente também faria parte da vida em São Vicente da Raia.
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A presença de uma "Rua da Fonte" sugere a importância da água na vida da aldeia, um elemento vital para a subsistência e para as comunidades rurais.
Fontes e ribeiros são muitas vezes pontos de encontro e locais com significado social.
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Aldeias como São Vicente da Raia mantêm vivas as tradições e costumes locais.
A vida comunitária é um pilar, com festas religiosas e romarias que reforçam os laços entre os habitantes.
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Como muitas aldeias do interior de Portugal, São Vicente da Raia pode enfrentar desafios relacionados com o despovoamento e o envelhecimento da população, uma realidade comum nas zonas rurais.
No entanto, o seu património e a beleza natural continuam a ser atrativos.
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Em suma, São Vicente da Raia é uma aldeia que personifica a ruralidade transmontana, com a sua arquitetura em pedra, paisagens verdes e uma história ligada à fronteira e à vida agrícola.
A fotografia de Mário Silva oferece uma janela para a tranquilidade e autenticidade deste remoto recanto de Chaves.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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Mário Silva Mário Silva
“Coruja-do-mato (Strix aluco)” ou coruja-parda
A coruja-do-mato (Strix aluco), também conhecida como coruja-parda, é a espécie retratada na fotografia de Mário Silva.
Estas aves noturnas, com os seus olhos penetrantes e voo silencioso, fascinam a humanidade há milénios, gerando uma rica tapeçaria de mitos e, claro, muitas realidades científicas.
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Desde a antiguidade, as corujas têm sido figuras proeminentes no folclore de diversas culturas, muitas vezes associadas a dualidades e simbolismos opostos:
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Na mitologia grega, a coruja era o animal sagrado da deusa Atena, deusa da sabedoria, da guerra estratégica e das artes.
Esta associação perdura até hoje, sendo a coruja frequentemente utilizada como símbolo de inteligência, erudição e estudo.
Acredita-se que a sua capacidade de ver no escuro simbolize a capacidade de enxergar além das aparências, desvendando verdades ocultas.
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Paradoxalmente, em muitas outras culturas, especialmente em algumas tradições europeias e latino-americanas, a coruja é vista como um presságio de morte, doença ou desgraça.
O seu piar noturno, muitas vezes percebido como um lamento, era interpretado como um anúncio de fatalidade.
A crença de que a coruja "chama a alma" dos doentes ainda persiste em algumas regiões.
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Na Idade Média, a coruja foi frequentemente associada a bruxas, magias negras e rituais noturnos.
A sua vida noturna e hábitos discretos contribuíram para essa reputação, tornando-a um símbolo do misterioso e do sobrenatural.
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Contudo, nem todos os mitos são negativos.
Em algumas culturas, a coruja era vista como um amuleto de proteção contra maus espíritos ou um portador de boa sorte, especialmente para aqueles que buscavam conhecimento.
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Longe dos véus do mito, a ciência revela-nos a verdadeira natureza das corujas, criaturas notáveis com adaptações impressionantes.
A mais notável adaptação das corujas é a sua visão noturna superdesenvolvida.
Os seus olhos grandes e tubulares, que não se movem nas órbitas como os nossos, são projetados para captar o máximo de luz disponível.
Para compensar a falta de mobilidade ocular, as corujas conseguem girar a cabeça em até 270 graus, proporcionando um campo de visão incrivelmente amplo.
Além da visão, a audição das corujas é extremamente aguçada e direcional.
A face em forma de disco atua como um coletor de som, e a assimetria das aberturas auditivas de muitas espécies permite-lhes localizar presas com precisão milimétrica, mesmo na escuridão total.
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As penas das asas das corujas possuem uma estrutura especial que permite um voo praticamente inaudível.
As bordas das penas são serrilhadas, quebrando o fluxo de ar e eliminando o ruído que normalmente acompanharia o bater das asas.
Essa adaptação é crucial para a caça, permitindo que se aproximem das presas sem serem detetadas.
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As corujas são predadores noturnos por excelência.
A sua dieta consiste principalmente de pequenos mamíferos (roedores, musaranhos), aves, insetos e, ocasionalmente, anfíbios e répteis.
Desempenham um papel vital no controlo de pragas em ecossistemas naturais e agrícolas.
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A maioria das espécies de corujas é solitária e territorial, defendendo rigorosamente o seu espaço de caça e nidificação.
A coruja-do-mato, por exemplo, é uma espécie sedentária que ocupa o mesmo território durante toda a sua vida.
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As corujas não constroem ninhos elaborados.
Geralmente utilizam cavidades em árvores (como é o caso da coruja-do-mato, que se adapta bem a buracos em árvores velhas), tocas abandonadas, fendas em rochas ou até mesmo edifícios.
O período de reprodução varia de acordo com a espécie e a região, e os pais dedicam-se intensamente ao cuidado dos filhotes.
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As corujas habitam uma vasta variedade de “habitats”, desde florestas densas e áreas rurais até parques urbanos e jardins.
A sua capacidade de se adaptar a diferentes ambientes demonstra a sua resiliência e sucesso evolutivo.
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Em suma, enquanto os mitos sobre as corujas revelam-nos a riqueza da imaginação humana e a necessidade de atribuir significado ao mundo natural, as realidades científicas oferecem-nos uma compreensão profunda e igualmente fascinante dessas aves noturnas, verdadeiras mestras da noite.
A fotografia de Mário Silva é um testemunho da beleza e do mistério que as corujas continuam a inspirar.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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Mário Silva Mário Silva
“Carranca”
(igreja matriz de Chaves, em Portugal)
A fotografia de Mário Silva intitulada "Carranca" captura um detalhe arquitetónico da igreja matriz de Chaves, em Portugal.
A imagem mostra uma escultura em pedra, desgastada pelo tempo, com musgo a crescer na parte superior, integrada numa parede de granito.
A carranca, com traços faciais rudimentares e mãos junto ao rosto, parece expressar uma emoção de sofrimento ou contemplação, sendo um elemento típico da decoração medieval em igrejas e outros edifícios comunitários.
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As carrancas, figuras grotescas ou expressivas esculpidas em pedra, são um elemento distintivo da arquitetura medieval, especialmente em igrejas e monumentos comunitários da Europa. Estas esculturas, frequentemente representando rostos humanos ou animais com expressões exageradas, têm raízes profundas na cultura e na religiosidade da época.
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As carrancas remontam à Idade Média, entre os séculos XI e XV, um período marcado pela construção de catedrais e igrejas românicas e góticas.
Influenciadas por tradições pagãs pré-cristãs, como os espíritos da natureza e os guardiões míticos, foram adaptadas pela Igreja como parte da iconografia cristã.
A sua presença espalhou-se por regiões como Portugal, Espanha, França e Inglaterra, sendo comum em locais como a igreja matriz de Chaves.
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Acreditava-se que as carrancas afastavam espíritos malignos e protegiam os edifícios sagrados.
As suas expressões assustadoras visavam intimidar forças negativas.
Muitas vezes, representavam pecadores ou almas em tormento, servindo como um lembrete visual da moralidade e da necessidade de penitência.
Além da função simbólica, as carrancas refletiam a criatividade dos artesãos e a identidade cultural das comunidades, variando em estilo conforme a região.
Em alguns casos, funcionavam como gárgulas, canalizando água da chuva para longe das paredes, combinando utilidade com simbolismo.
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Em Portugal, as carrancas são particularmente notáveis em igrejas românicas, como a de Chaves.
A sua integração na arquitetura reflete a fusão entre influências celtas, romanas e cristãs, adaptadas ao contexto local.
O desgaste visível nas esculturas, como o musgo e a erosão, testemunha séculos de exposição aos elementos, reforçando o seu valor histórico.
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As carrancas são mais do que ornamentos; são testemunhos de crenças, artesanato e história.
Na igreja matriz de Chaves, a "Carranca" de Mário Silva encapsula este legado, convidando-nos a refletir sobre o passado e o significado espiritual das comunidades medievais.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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Mário Silva Mário Silva
"S. João"
Mário Silva (IA)
A pintura digital "S. João" de Mário Silva apresenta uma figura serena e jovem, com cabelos castanhos ondulados e uma expressão de paz, segurando ternamente um cordeiro enquanto uma cruz repousa sobre o seu ombro.
A composição, rica em texturas e tons quentes, evoca um sentimento de espiritualidade e sacrifício, refletindo a vida e a missão de São João, o Apóstolo.
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São João, conhecido como o "discípulo amado" de Jesus, foi um dos primeiros seguidores de Cristo, chamado ao lado do seu irmão Tiago para formar parte dos Doze Apóstolos.
Filho de Zebedeu e membro de uma família de pescadores, a sua vida foi marcada por uma transformação profunda, abandonando as redes para se dedicar à pregação do Evangelho.
Diferente dos outros apóstolos, João destacou-se pela sua longevidade e por não sofrer martírio violento, embora tenha enfrentado exílio na ilha de Patmos, onde escreveu o Livro do Apocalipse.
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A sua ação foi fundamental na disseminação do cristianismo.
João foi testemunha direta dos principais momentos da vida de Jesus, como a Transfiguração e a Crucificação, onde recebeu de Cristo a missão de cuidar de Maria, a mãe de Jesus.
Autor do quarto Evangelho, de três epístolas e do Apocalipse, as suas obras enfatizam o amor divino e a eternidade, com a célebre frase "Deus é amor".
A sua pregação e escritos fortaleceram as comunidades cristãs primitivas, promovendo a unidade e a fé em tempos de perseguição.
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Na pintura, o cordeiro simboliza a inocência e o sacrifício de Cristo, enquanto a cruz reforça o tema da redenção.
A figura de São João, retratada com suavidade, reflete a sua personalidade contemplativa e devota, destacando o seu papel como guardião da mensagem de amor e esperança.
A obra de Mário Silva captura, assim, a essência de uma vida dedicada à fé e à ação em prol do Evangelho.
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Texto & Pintura digital: ©Mário Silva
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Mário Silva Mário Silva
Os tomates do Godofredo
A fotografia "Os tomates do Godofredo" de Mário Silva captura uma cena rural vibrante, destacando um carrinho de mão laranja no meio de tomateiros verdejantes.
A composição centraliza o carrinho, simbolizando o trabalho manual, enquanto as plantas ao fundo sugerem abundância e ligação com a terra.
A luz natural realça os tons verdes e o contraste com o carrinho, criando uma estética acolhedora.
Criticamente, a imagem pode ser vista como uma celebração da agricultura de subsistência, refletindo simplicidade e autossuficiência, embora a ausência de figuras humanas deixe o esforço humano implícito, o que pode limitar a narrativa emocional.
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A agricultura de subsistência é uma prática essencial para milhões de famílias em todo o mundo, especialmente em regiões rurais.
Diferente da agricultura comercial, que visa o lucro e a exportação, a subsistência foca no autoconsumo, permitindo que as comunidades produzam alimentos para a sua própria subsistência.
Essa abordagem não apenas garante segurança alimentar, mas também fortalece a autonomia local, reduzindo a dependência de mercados externos e cadeias de suprimento globais.
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As Famílias produzem o que consomem, diminuindo a vulnerabilidade a crises económicas ou interrupções logísticas.
O uso de técnicas tradicionais e locais, como o cultivo orgânico, preserva o meio ambiente e promove a biodiversidade.
Mantém práticas ancestrais e o conhecimento transmitido entre gerações.
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Apesar das suas vantagens, a agricultura de subsistência enfrenta obstáculos significativos.
Mudanças climáticas, com eventos extremos como secas e inundações, ameaçam as colheitas.
Além disso, a falta de acesso a tecnologias modernas e suporte governamental limita a sua produtividade.
Em 23 de junho de 2025, num mundo que busca resiliência alimentar, essa prática ganha nova importância, servindo como modelo para sistemas agrícolas mais autossuficientes e adaptáveis.
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Em conclusão, a agricultura de subsistência é um pilar de resistência e identidade cultural.
Investir em políticas que apoiem esses agricultores, como acesso a sementes resistentes e técnicas de irrigação sustentável, é crucial para garantir sua continuidade e enfrentar os desafios do futuro.
A imagem "Os tomates do Godofredo" de Mário Silva encapsula essa essência, retratando a simplicidade e o esforço por trás dessa forma de vida.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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Mário Silva Mário Silva
“Alminhas”
Casas de Monforte – Águas Frias – Chaves – Portugal
As "Alminhas" são pequenos santuários ou nichos religiosos que se encontram espalhados por várias regiões de Portugal, como o exemplo capturado na fotografia de Mário Silva em Casas de Monforte, Águas Frias, Chaves.
Estas construções, muitas vezes embutidas em paredes de casas ou caminhos rurais, são testemunhos de uma tradição profundamente enraizada na cultura popular portuguesa, ligada à fé católica e à memória dos defuntos.
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As origens das "Alminhas" remontam à Idade Média, numa época em que a morte era uma presença constante na vida das comunidades, marcada por pragas, guerras e condições de vida difíceis.
Inspiradas na crença de que as almas dos falecidos, especialmente as que estavam no purgatório, podiam beneficiar de orações e atos de caridade, estas pequenas capelas começaram a ser erguidas como forma de oferecer conforto espiritual.
Os nichos eram frequentemente dedicados a almas penadas, sendo comum a inscrição de pedidos de esmolas ("esmolas pelas almas") para que os vivos ajudassem na salvação dessas almas através de missas ou orações.
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A construção das "Alminhas" ganhou especial relevância entre os séculos XVII e XIX, coincidindo com o Barroco e o aumento da devoção popular.
Eram geralmente financiadas por famílias locais ou comunidades, muitas vezes em memória de entes queridos ou como agradecimento por favores divinos.
A arquitetura simples, com um arco de pedra e uma cruz no topo, reflete a humildade das intenções, enquanto os altares interiores, decorados com imagens de santos, anjos ou cenas da Virgem Maria, como na fotografia, simbolizam a esperança de redenção.
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Com o passar do tempo, as "Alminhas" tornaram-se marcos culturais e religiosos, muitas vezes associadas a tradições locais, como a colocação de flores ou velas.
Apesar da modernização, estas construções continuam a ser preservadas como parte do património imaterial português, evocando um passado de fé, solidariedade e memória coletiva.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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Mário Silva Mário Silva
Início do verão
A Flor (Cirsium dissectume) e
a Borboleta (Euphydryas aurinia beckeri)
A fotografia de Mário Silva intitulada "Começou o verão" captura lindamente uma borboleta pousada numa flor, com cores vibrantes que evocam o início da estação mais quente.
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O solstício de Verão, que marca o dia mais longo do ano e o início oficial da estação, tem raízes profundas em tradições antigas.
Em Portugal, esta celebração está ligada a costumes pagãos e cristãos que se entrelaçaram ao longo dos séculos.
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Antes da chegada do cristianismo, os povos celtas e lusitanos celebravam o solstício de Verão, por volta de 21 de junho, com rituais para honrar o sol e a fertilidade da terra.
Fogueiras eram acesas em colinas, como forma de purificação e proteção contra espíritos malignos.
Estas festas, conhecidas como "Noite de São João" em algumas regiões, incluíam danças, música e oferendas à natureza.
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Com a cristianização, o solstício foi adaptado para coincidir com festas religiosas, como a de São João Batista, celebrada a 24 de junho.
Em Portugal, especialmente no norte, as festividades de São João em cidades como Porto e Braga mantêm traços dessas origens pagãs, com fogueiras, manjericos e jogos tradicionais.
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Meteorologicamente, o verão em Portugal começa a 1 de junho, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Contudo, astronomicamente, o início oficial ocorre com o solstício de Verão, a 21 junho, às 02h42min.
Em 2025, o verão, traz dias ensolarados e temperaturas mais altas, perfeitos para disfrutar da natureza, como mostra a fotografia de Mário Silva.
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Estas celebrações continuam a unir comunidades, preservando uma rica herança cultural que celebra a luz e a renovação.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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Mário Silva Mário Silva
Pintarroxo (Linaria cannabina)
Mas ele não tem pintas… e também não é roxo!
Na imagem, o tempo parece ter parado por um breve e precioso instante.
O pintarroxo, pequeno, mas cheio de presença, pousa sobre uma pedra manchada pelo tempo, como se fosse o guardião de histórias antigas.
O fundo desfocado em tons de verde dá destaque ao protagonista, envolto numa luz suave que parece acariciar cada pena.
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O peito rubro e vibrante brilha como se fosse chama contida, enquanto o olhar do pássaro, sereno e atento, sugere que ele conhece segredos do campo que os humanos já esqueceram.
Mário Silva, com a sua sensibilidade única, não apenas capturou uma ave — ele prendeu em imagem o respiro da natureza em estado de contemplação.
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Mas… por que “Pintarroxo”?
É impossível não se questionar com carinho e uma pontinha de humor:
“Pintarroxo?! Mas ele não tem pintas… e também não é roxo!”
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A resposta, talvez, não esteja apenas na ciência, mas sim na poética popular que batiza o mundo à sua maneira.
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O nome “pintarroxo” vem do latim vulgar "pictus" (pintado) e do português arcaico "roxo", que não significava exatamente a cor roxa como a entendemos hoje.
Na tradição antiga, “roxo” podia designar qualquer tom avermelhado ou violáceo, especialmente aqueles que se destacavam na natureza.
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O peito do macho adulto, especialmente na primavera, adquire esse tom carmesim intenso que, à luz dourada dos dias de campo, pode parecer púrpura aos olhos de um camponês de séculos atrás.
E assim nasceu o nome — um “pintado de vermelho”, ou melhor, um pintarroxo.
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Não é um nome literal. É um nome sentido. Um nome dado por quem observa o mundo com os olhos do coração.
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O pintarroxo, pequeno e vibrante, é um símbolo de resistência e beleza discreta.
Não canta alto, não se impõe.
Mas quem o vê, não o esquece.
Assim também é a fotografia de Mário Silva: delicada, intensa e profundamente comovente.
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Nesta imagem, o pássaro é um instante de poesia viva, que nos lembra da importância de olhar com atenção — porque mesmo os menores seres carregam uma beleza que escapa aos distraídos.
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Em conclusão, “Pintarroxo” é nome de quem não precisa justificar-se com lógica — apenas existir com graça.
E Mário Silva soube escutar esse nome, com a lente e com a alma.
Porque, no fim, o que importa não é se tem pintas ou se é roxo.
O que importa… é que nos toca.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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Mário Silva Mário Silva
"Dia do Corpo de Deus"
Mário Silva (IA)
A pintura digital "Dia do Corpo de Deus" de Mário Silva retrata uma cena solene e rica em simbolismo religioso.
No centro, um sacerdote, vestido com vestes litúrgicas brancas e vermelhas adornadas com cruzes douradas, ergue uma taça eucarística com a mão direita, enquanto a esquerda aponta para o alto.
Acima dele, uma figura crucificada emana uma luz dourada, simbolizando a presença divina e a transubstanciação.
O fundo, composto por tons quentes e colunas, sugere um ambiente sacro, enquanto figuras ao redor, com expressões de reverência, reforçam o caráter coletivo da celebração.
A obra destaca a espiritualidade e a centralidade da Eucaristia nesta festividade católica.
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A pintura capta a essência da solenidade do Dia do Corpo de Deus, uma das celebrações mais significativas para os católicos, marcada pela devoção à Eucaristia.
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O Dia do Corpo de Deus, também conhecido como Festa do Santíssimo Sacramento, tem as suas raízes no século XIII.
A celebração foi instituída em 1264 pelo Papa Urbano IV, inspirado por uma visão de Santa Juliana de Mont Cornillon, que destacou a necessidade de honrar o mistério da Eucaristia fora do contexto da Páscoa.
Esta data foi estabelecida na quinta-feira seguinte ao Domingo da Santíssima Trindade, variando entre maio e junho no calendário litúrgico.
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Para os católicos, o Dia do Corpo de Deus é uma oportunidade de professar a fé na presença real de Cristo na Eucaristia.
Acredita-se que o pão e o vinho, consagrados durante a Missa, se transformam no corpo e sangue de Jesus Cristo, um dos pilares da doutrina católica.
Esta festividade reforça a união da comunidade e a gratidão pela salvação oferecida por Cristo.
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Em Portugal, as tradições associadas ao Dia do Corpo de Deus são profundamente enraizadas.
Uma das práticas mais emblemáticas é a procissão eucarística, onde o Santíssimo Sacramento é levado pelas ruas em ostensório, acompanhado por fiéis, clérigos e, por vezes, autoridades locais.
As ruas são frequentemente decoradas com tapetes florais ou folhas, especialmente em vilas e cidades como Braga e Évora, onde esta arte popular atinge grande esplendor.
Durante a procissão, cantam-se hinos e reza-se, criando um ambiente de oração e reflexão.
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Outra tradição marcante é a bênção das casas e campos, simbolizando a proteção divina sobre as comunidades rurais.
Em algumas regiões, realizam-se atos de caridade, como a distribuição de alimentos, reforçando o espírito de partilha.
Apesar da modernização, estas celebrações mantêm viva a herança cultural e religiosa, atraindo tanto os devotos como os curiosos, que apreciam o património associado a esta festividade.
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O Dia do Corpo de Deus continua a ser um momento de fé e identidade para os católicos portugueses, unindo gerações numa celebração que honra a Eucaristia e a comunidade.
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Texto & Pintura digital: ©MárioSilva
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Mário Silva Mário Silva
"A Aldeia deslizando pela encosta do Brunheiro"
(Águas Frias - Chaves - Portugal)
À primeira vista, a fotografia de Mário Silva parece apenas um registo sereno de uma aldeia transmontana.
Mas basta um instante a mais de contemplação para perceber que estamos perante uma poesia visual, um abraço entre o tempo e a terra.
A imagem captura Águas Frias, uma aldeia que repousa docemente sobre as encostas do Brunheiro, como se estivesse adormecida ao colo da serra.
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A aldeia, com os seus telhados vermelhos e casas de pedra branca, parece deslizar suavemente pela encosta, numa harmonia silenciosa com a natureza que a envolve.
O verde profundo das árvores e campos cobre o vale como um manto protetor, e ao longe, o horizonte ondula com colinas que se perdem no céu de nuvens delicadamente esculpidas.
A luz do sol banha a cena com um calor que não é apenas físico — é afetivo.
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No primeiro plano, uma fraga musgosa parece testemunha antiga, guardiã de memórias ancestrais.
É como se dissesse: "Aqui, o tempo anda mais devagar."
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Esta fotografia não é só um retrato da geografia.
É um cântico à permanência, ao silêncio das rotinas simples e ao sussurro das histórias que ecoam nas lareiras das casas.
Mário Silva captura mais do que um lugar — ele prende no instante o sentimento de pertença, de raízes cravadas fundo na terra.
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A aldeia parece uma mãe antiga, curvada, mas firme, que acolhe gerações com braços de pedra e memória.
Cada telhado é uma promessa, cada caminho de terra é uma infância vivida descalça.
O olhar do fotógrafo não é neutro: é um olhar emocionado, de alguém que conhece, sente e reverencia aquele chão.
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Há uma melancolia doce nesta imagem.
Não tristeza, mas sim aquele tipo de saudade que só quem já partiu compreende.
Como se a aldeia chamasse baixinho por aqueles que um dia tiveram de sair, mas que continuam a levá-la no peito.
É um convite à contemplação, à reconexão com a terra, à escuta do silêncio.
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Em conclusão, "A Aldeia deslizando pela encosta do Brunheiro" é mais do que uma fotografia — é um testemunho de amor ao interior de Portugal, um elogio à persistência das pequenas comunidades e um espelho onde tantos reconhecem as suas próprias raízes.
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É como se o fotógrafo dissesse ao mundo:
“Olhem bem — ainda há lugares onde o coração bate devagar… e em paz.”
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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Mário Silva Mário Silva
Águia-de-asa-redonda (Buteo búteo)
A fotografia mostra uma Águia-de-asa-redonda (Buteo buteo) em pleno voo, planando contra um fundo de céu azul claro.
As suas asas estão abertas, exibindo um padrão de penas escuras com detalhes mais claros nas bordas, e o seu corpo está posicionado de forma elegante enquanto aproveita as correntes de ar.
A imagem captura a majestade do pássaro no seu “habitat” natural, destacando a sua habilidade de planar com precisão e encanto.
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A Águia-de-asa-redonda (Buteo buteo), também conhecida como águia-comum em algumas regiões, é uma ave de rapina conhecida pela sua impressionante capacidade de planar.
Essa habilidade permite que ela economize energia enquanto patrulha vastas áreas em busca de presas ou simplesmente aproveita as correntes térmicas para se manter no ar.
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O planar é uma técnica de voo que a Águia-de-asa-redonda domina com maestria.
As suas asas largas e arredondadas, com uma envergadura que pode chegar a 1,2 metro, são perfeitamente adaptadas para capturar correntes de ar ascendentes, conhecidas como térmicas.
Essas correntes são formadas pelo aquecimento desigual da superfície terrestre, que faz o ar quente subir.
A águia utiliza essas térmicas para ganhar altitude sem a necessidade de bater as asas constantemente, o que reduz significativamente o gasto de energia.
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Enquanto plana, a Águia-de-asa-redonda ajusta a posição das suas asas e cauda para manter o equilíbrio e a direção.
Os seus olhos aguçados, capazes de detetar pequenos movimentos a grandes distâncias, permitem que ela localize presas como roedores, répteis ou até pequenas aves, enquanto paira no céu.
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A Águia-de-asa-redonda é frequentemente observada planando a altitudes que variam entre 100 e 1.000 metros acima do solo, dependendo das condições climáticas e do objetivo do voo.
Durante a caça, ela tende a voar mais baixo, entre 100 e 300 metros, para ter uma visão clara do solo.
No entanto, em dias de fortes térmicas, como em tardes ensolaradas, ela pode subir a altitudes superiores a 800 metros, usando as correntes de ar para se deslocar longas distâncias sem esforço.
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Em situações de migração ou quando busca novos territórios, há registros de Águias-de-asa-redonda alcançando altitudes de até 2.000 metros, embora isso seja menos comum.
A altitude máxima depende de fatores como a força das térmicas, a temperatura e a humidade do ar, que influenciam a formação dessas correntes ascendentes.
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O tempo que uma Águia-de-asa-redonda consegue permanecer planando é impressionante.
Em condições ideais, com térmicas consistentes, ela pode planar por até 30 minutos ou mais sem precisar bater as asas.
Durante esse período, ela pode cobrir dezenas de quilómetros, ajustando a sua trajetória para permanecer dentro das correntes de ar favoráveis.
Quando as térmicas enfraquecem, a águia pode descer gradualmente ou buscar novas correntes para continuar o seu voo.
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Em dias de vento fraco ou sem térmicas, o tempo de planar é reduzido, e a águia precisa alternar entre planar e bater as asas para se manter no ar.
Nesses casos, ela pode planar por apenas 5 a 10 minutos antes de precisar ajustar a sua estratégia de voo.
A capacidade de planar por longos períodos é essencial para a sua sobrevivência, pois permite que ela conserve energia para caçar e proteger o seu território.
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O planar da Águia-de-asa-redonda é fortemente influenciado por fatores ambientais.
Em dias ensolarados, as térmicas são mais fortes e frequentes, permitindo que a águia alcance maiores altitudes e permaneça no ar por mais tempo.
Já em dias nublados ou chuvosos, a formação de térmicas é limitada, e a águia pode optar por voar mais baixo ou descansar em poleiros, como árvores ou postes.
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Além disso, a paisagem desempenha um papel importante.
Áreas abertas, como campos e planícies, são ideais para o planar, pois facilitam a formação de térmicas e oferecem uma visão desobstruída do solo.
Em florestas densas, a Águia-de-asa-redonda tende a planar menos, preferindo voos mais ativos para navegar entre as árvores.
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Em conclusão, o planar da Águia-de-asa-redonda é um exemplo fascinante da adaptação e eficiência na natureza.
Com as suas asas perfeitamente desenhadas e um instinto apurado para encontrar correntes térmicas, essa ave pode alcançar altitudes impressionantes e permanecer no ar por longos períodos, tudo isso enquanto economiza energia para as suas atividades diárias.
Observar uma Águia-de-asa-redonda planando no céu é testemunhar a harmonia entre a biologia e o ambiente, uma dança aérea que reflete a beleza e a complexidade do mundo natural.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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Mário Silva Mário Silva
"Serpenteando as Terras de Monforte"
A fotografia "Serpenteando as Terras de Monforte" de Mário Silva apresenta uma paisagem rural serena em Águas Frias, Chaves, Portugal.
A imagem destaca um caminho de terra sinuoso que atravessa campos verdes e vinhedos, ascendendo suavemente até uma colina coberta de vegetação densa.
No topo da colina, uma estrutura histórica, o castelo de Monforte de Rio Livre, ergue-se contra um céu parcialmente nublado, adicionando um elemento de profundidade histórica.
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A composição é dominada por tons verdes e terrosos, refletindo a natureza exuberante e a agricultura local.
O caminho central guia o olhar do observador através da cena, criando um sentido de movimento e exploração.
As casas espalhadas na encosta sugerem uma comunidade rural tranquila, enquanto a estrutura no topo da colina serve como ponto focal, contrastando com a horizontalidade do horizonte.
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A fotografia utiliza eficazmente a técnica de linhas guiadas pelo caminho, que conduz o observador pela narrativa visual.
A profundidade de campo é bem explorada, com o primeiro plano de vegetação detalhado e o fundo ligeiramente desfocado, enfatizando a vastidão da paisagem.
A iluminação natural sugere uma hora do dia amena, possivelmente início da tarde, destacando as texturas da vegetação e da terra.
Contudo, a moldura preta adicionada pode ser vista como um elemento distrativo, confinando a cena e reduzindo a sensação de abertura.
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A obra evoca uma ligação com a tradição e a simplicidade rural das Terras de Monforte, capturando a harmonia entre o homem e a natureza.
A estrutura histórica simboliza o passado duradouro da região, enquanto o caminho sugere uma jornada contínua.
A assinatura de Mário Silva no canto inferior esquerdo reforça a autoria e a intenção artística, convidando a uma apreciação pessoal da beleza natural e cultural de Águas Frias.
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Em suma, a fotografia é uma celebração da paisagem portuguesa, equilibrando elementos naturais e humanos com uma composição visualmente envolvente.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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Mário Silva Mário Silva
Capela de S. Tiago
(Aldeia de Castelo – freguesia de Eiras – Chaves – Portugal)
A fotografia de Mário Silva retrata a Capela de S. Tiago, localizada na aldeia de Castelo, freguesia de Eiras, em Chaves, Portugal.
A imagem mostra uma pequena capela de pedra com um telhado de telhas vermelhas, cercada por uma vegetação verdejante e árvores altas, evocando um ambiente sereno e tradicional.
A capela, com a sua arquitetura simples e rústica, parece estar integrada na paisagem natural, destacando-se como um ponto de devoção e história local.
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São Tiago, o Maior, foi um dos doze apóstolos de Jesus Cristo e é uma figura de grande relevância no cristianismo.
Filho de Zebedeu e irmão de São João Evangelista, Tiago era pescador na Galileia quando foi chamado por Jesus para se tornar um "pescador de homens".
Conhecido pelo seu temperamento forte, ele e o seu irmão foram chamados por Jesus de "filhos do trovão".
Tiago esteve presente em momentos cruciais da vida de Cristo, como a Transfiguração e a agonia no Jardim das Oliveiras.
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Após a morte e ressurreição de Jesus, Tiago dedicou-se à pregação do Evangelho.
Segundo a tradição, ele teria viajado até a Península Ibérica, onde evangelizou as populações da região que hoje corresponde à Espanha.
Essa missão é especialmente celebrada na tradição cristã, que o considera o padroeiro da Espanha.
De volta a Jerusalém, Tiago enfrentou perseguições e, por volta do ano 44 d.C., foi martirizado por ordem do rei Herodes Agripa I, tornando-se o primeiro apóstolo a sofrer o martírio, conforme narrado nos Atos dos Apóstolos.
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A lenda mais conhecida sobre São Tiago está ligada ao Caminho de Santiago.
Diz a tradição que, após a sua morte, o seu corpo foi milagrosamente transportado para Espanha, onde foi sepultado em Compostela.
No século IX, o suposto túmulo de São Tiago foi descoberto, dando origem ao santuário de Santiago de Compostela, que se tornou um dos principais destinos de peregrinação cristã na Idade Média e até hoje.
O Caminho de Santiago atrai milhões de peregrinos que buscam espiritualidade, reflexão e ligação com a história do santo.
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São Tiago é frequentemente representado como um peregrino, com um bordão, uma cabaça e uma concha, símbolos associados aos peregrinos do Caminho.
Além disso, é também retratado como Santiago Matamoros, uma figura guerreira que, segundo a tradição medieval espanhola, teria auxiliado os cristãos nas batalhas contra os muçulmanos durante a Reconquista.
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A Capela de S. Tiago em Castelo, Chaves, é um testemunho da devoção a este santo, refletindo a importância da sua mensagem de fé, coragem e missão evangelizadora que ressoa através dos séculos.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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Mário Silva Mário Silva
Chamariz
(Serinus serinus)
A fotografia de Mário Silva, intitulada “Chamariz (Serinus serinus)”, captura a delicadeza de um pequeno pássaro pousado num galho, com o seu corpo amarelo brilhante contrastando contra o céu azul e a vegetação coberta de musgo.
O Chamariz, ou “Serinus serinus”, é uma ave comum em várias regiões da Europa, África e Ásia Ocidental, conhecida pelo seu canto melodioso e pela sua plumagem vibrante.
Preservar essa espécie é essencial por diversos motivos, tanto ecológicos quanto culturais.
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O Chamariz desempenha um papel importante nos ecossistemas onde habita.
Como ave granívora, ele alimenta-se principalmente de sementes, contribuindo para a dispersão de plantas e ajudando a manter o equilíbrio da vegetação em áreas naturais.
Além disso, serve como presa para predadores naturais, como aves de rapina, sendo uma peça fundamental na cadeia alimentar.
A presença do Chamariz num ambiente é também um indicador de saúde ecológica, pois ele depende de habitats com boa qualidade, como campos abertos, bosques e jardins.
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Além da sua relevância ecológica, o Chamariz tem um valor cultural e estético.
O seu canto alegre é uma fonte de inspiração para poetas, músicos e amantes da natureza, trazendo beleza e serenidade aos espaços que frequenta.
Em muitas culturas, pássaros como o Chamariz simbolizam liberdade e harmonia, ligando as pessoas à natureza de forma profunda.
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No entanto, o Chamariz enfrenta ameaças como a perda de “habitat” devido à urbanização, o uso de pesticidas que reduzem a sua fonte de alimento e as mudanças climáticas, que alteram os seus padrões migratórios.
Para preservar esta espécie, é crucial proteger os seus “habitats” naturais, promover práticas agrícolas sustentáveis e aumentar a conscientização sobre a importância da biodiversidade.
Ações como a criação de áreas protegidas e a redução do uso de químicos nocivos podem garantir que o Chamariz continue a encantar as futuras gerações com a sua presença e o seu melodioso canto.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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Mário Silva Mário Silva
"Santo António"
Mário Silva (IA)
A pintura digital "Santo António" de Mário Silva retrata uma cena serena e simbólica, onde Santo António, com a sua característica túnica franciscana castanha, segura o Menino Jesus nos braços.
O fundo dourado e texturizado remete à aura sagrada, enquanto o lírio branco que Santo António segura simboliza pureza e santidade.
A expressão de devoção e ternura entre as figuras reflete a profunda ligação espiritual que caracteriza a iconografia do santo.
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Santo António de Lisboa, também conhecido como Santo António de Pádua, nasceu em 1195, em Lisboa, Portugal, com o nome de Fernando Martins de Bulhões.
Inicialmente, ingressou na Ordem dos Cónegos Regulares de Santo Agostinho, mas, inspirado pelo testemunho dos primeiros mártires franciscanos, juntou-se à Ordem de São Francisco em 1220, adotando o nome António.
A sua vida foi marcada por uma intensa dedicação à pregação do Evangelho, com um estilo simples, porém profundo, que atraía multidões.
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Santo António destacou-se como teólogo e orador, sendo enviado para ensinar teologia aos frades e combater heresias, como a dos cátaros, no sul da França e na Itália.
A sua capacidade de explicar a fé de forma acessível e a sua vida exemplar de pobreza e humildade renderam-lhe o título de "Doutor da Igreja", concedido séculos depois.
Além disso, é conhecido por inúmeros milagres, como a pregação aos peixes, quando os homens se recusaram a ouvi-lo, e a bilocação, estando presente em dois lugares ao mesmo tempo para salvar o seu pai de uma acusação injusta.
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Santo António também é associado à proteção dos pobres e à ajuda em causas difíceis, sendo frequentemente invocado para encontrar objetos perdidos.
Faleceu em 1231, em Pádua, aos 36 anos, e foi canonizado menos de um ano após a sua morte, em 1232, pelo Papa Gregório IX, devido à sua santidade e aos muitos milagres atribuídos à sua intercessão.
Até hoje, Santo António é um dos santos mais populares da Igreja Católica, celebrado no dia 13 de junho, especialmente em Portugal e no Brasil, onde é tradicionalmente associado a festas populares e ao papel de "santo casamenteiro".
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Texto & Pintura digital: ©MárioSilva
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Mário Silva Mário Silva
"A folha de feto (Osmunda regalis) que não queria verdejar"
(estória)
Numa floresta densa e húmida, onde o verde reinava absoluto, vivia uma jovem folha de feto chamada Osmunda.
Todas as suas irmãs, folhas da espécie “Osmunda regalis”, exibiam com orgulho um verde vibrante, refletindo a vida e a energia da natureza.
Mas Osmunda era diferente.
Desde que brotou, ela recusava-se a verdejar.
Em vez disso, a sua cor era um dourado brilhante, como se o sol tivesse decidido morar dentro dela.
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As outras folhas zombavam dela. "Por que tu não és verde como nós?", perguntavam.
"Tu não pertences a esta floresta!"
Osmunda, porém, não se abalava.
Ela sentia que a sua cor era especial, um presente que ainda não entendia completamente.
"Talvez eu tenha um propósito diferente", pensava, enquanto balançava suavemente com a brisa.
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Um dia, a floresta enfrentou uma seca terrível.
O sol escaldante secou as folhas verdes, que começaram a murchar e perder a sua vitalidade.
Osmunda, no entanto, permaneceu intacta.
A sua cor dourada parecia absorver a luz do sol e transformá-la em força.
As outras folhas, agora frágeis e desbotadas, olhavam para ela com inveja e admiração.
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Foi então que um pássaro sábio, que sobrevoava a floresta, pousou perto de Osmunda.
"Tu és única", disse ele.
"A tua cor não é uma falha, mas um dom. Você reflete a luz e a esperança em tempos de escuridão."
O pássaro explicou que a tonalidade dourada de Osmunda ajudava a atrair a humidade do ar, criando pequenas gotas de orvalho que caíam à sua volta, nutrindo o solo e as plantas próximas.
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Com o tempo, a floresta começou a recuperar.
As folhas verdes voltaram a brotar, mas agora olhavam para Osmunda com gratidão.
Ela havia ensinado a todas uma lição: ser diferente não é uma fraqueza, mas uma força que pode salvar a todos.
E assim, Osmunda, a folha de feto que não queria verdejar, tornou-se uma lenda na floresta, um símbolo de resiliência e esperança.
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Plim, pim, pim … a estória chegou ao fim …
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Estória & Fotografia: ©MárioSilva
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