Crepúsculo Transmontano (Poema)
Mário Silva Mário Silva
Crepúsculo Transmontano (Poema)
Nas encostas de telha e pedra,
onde o sol se deita preguiçoso
e o vento sussurra segredos
de eras que se foram,
as aldeias se desvanecem em silêncio.
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Casas de memória,
erguidas como velhas testemunhas
de mãos calejadas e corações pulsantes,
agora repousam solenes,
deixando que o tempo as abrace
num abraço de melancolia e pó.
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Nos caminhos de pedra,
onde os passos se perdem
no eco de histórias antigas,
o arado e a foice jazem esquecidos,
símbolos de um labor que unia vida
se celebrava a terra com fervor ancestral.
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Nas pequenas igrejas quase abandonadas,
a prece ecoa num sussurro distante,
como um hino triste à esperança
que se foi com a brisa,
levando embora os risos e os sonhos
de gerações que partiram rumo ao incerto.
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Oh, Trás-os-Montes!
Na tua paisagem rústica e austera,
a decadência é também poesia,
um lamento que se transforma
em versos de saudade,
e em cada ruína, a semente
de um amor eterno pela terra.
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Poema & Fotografia: ©MárioSilva
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