"A Porta Azul" (estória trágico-dramática)
Mário Silva Mário Silva
"A Porta Azul"
(estória trágico-dramática)
Numa pequena aldeia transmontana, perdida entre as montanhas, existia uma adega antiga, com paredes de pedra e um telhado de telhas vermelhas.
A porta da adega era azul, um azul vivo e intenso que contrastava com a paisagem verdejante.
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Um dia, um grupo de amigos, todos eles viticultores, decidiram reunir-se na adega para celebrar a colheita.
Eram amigos de longa data, unidos pelo amor ao vinho e pela paixão pela terra.
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A adega estava cheia de alegria e risadas.
Os amigos bebiam vinho, comiam queijo e pão, e contavam histórias.
A noite estava a passar rapidamente quando, de repente, a porta da adega se abriu e entrou um homem estranho.
O homem era alto e magro, com um olhar sombrio.
Usava um casaco preto e um chapéu de abas largas.
Ninguém o conhecia, mas ele parecia familiar de alguma forma.
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O homem sentou-se numa cadeira e pediu um copo de vinho.
Os amigos olharam-se uns para os outros, confusos.
Ninguém se lembrava de ter visto aquele homem antes.
O homem bebeu o vinho e sorriu.
- Eu sei que vocês não me conhecem - disse ele - Mas eu conheço-vos. Eu sei tudo sobre vocês.
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Os amigos ficaram assustados.
O homem parecia saber coisas que eles não deveriam saber.
Ele sabia os seus nomes, as suas idades, os seus segredos mais íntimos.
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O homem levantou-se e caminhou em direção à porta.
- Eu voltarei - disse ele - E quando eu voltar, vou levar tudo.
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Os amigos ficaram em silêncio, atordoados.
Não sabiam o que fazer.
O homem tinha desaparecido, mas a sua presença ainda pairava no ar.
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Nos dias que se seguiram, os amigos falaram sobre o homem estranho.
Ninguém conseguia esquecer o seu olhar sombrio e as suas palavras ameaçadoras.
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Um dia, enquanto estavam a trabalhar na vinha, os amigos viram o homem estranho a aproximar-se.
Ele estava vestido de preto, como da última vez, e o seu olhar era mais sombrio do que nunca.
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Os amigos tentaram fugir, mas o homem era mais rápido do que eles.
Ele apanhou-os um a um e matou-os.
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A aldeia ficou em choque com a notícia.
Ninguém conseguia acreditar que o homem estranho tinha matado os seus amigos.
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A polícia investigou o caso, mas não conseguiu encontrar o homem estranho.
Ele desapareceu sem deixar rasto.
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A adega ficou abandonada e a porta azul fechada para sempre.
Os amigos foram esquecidos, mas a sua morte nunca foi esquecida.
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A história do homem estranho tornou-se uma lenda na aldeia.
As pessoas contavam-na aos seus filhos e netos, como um aviso dos perigos do desconhecido.
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A porta azul continuou a ser uma lembrança da tragédia.
Era um símbolo da morte e da perda, uma lembrança de que o mal pode existir mesmo nas aldeias mais pacíficas.
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Estória & Fotografia: ©MárioSilva
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