"Igreja matriz da aldeia de Águas Frias - Chaves - Portugal" (2011)
Mário Silva Mário Silva
Igreja matriz da aldeia de Águas Frias
Chaves - Portugal (2011)
A fotografia de Mário Silva captura a exuberância e a espiritualidade características do estilo barroco num altar de igreja rural portuguesa.
A imagem retrata o interior da matriz da aldeia de Águas Frias, em Chaves, revelando um espaço rico em detalhes e ornamentos.
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O altar principal destaca-se pela profusão de elementos decorativos, como colunas salomónicas, molduras douradas, esculturas e um retábulo elaborado.
O uso de cores claras, como o branco e o dourado, cria uma atmosfera luminosa e festiva.
O lustre de cristal, pendurado no centro do arco, reflete a luz e intensifica a sensação de opulência.
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O estilo barroco, que floresceu em Portugal entre os séculos XVII e XVIII, deixou uma marca profunda na arquitetura religiosa do país.
Nos altares das igrejas rurais, como o retratado na fotografia, podemos observar algumas características típicas desse estilo:
- A paleta de cores do barroco é geralmente rica e vibrante, com predomínio de tons quentes como o dourado, o vermelho e o azul.
Essas cores eram utilizadas para criar um efeito visual impactante e transmitir emoção aos fiéis.
- Os altares barrocos são caracterizados por estruturas complexas e dinâmicas, com múltiplos planos e níveis.
As colunas, geralmente torcidas ou salomónicas, conferem movimento e elegância às composições.
Os retábulos, grandes painéis decorativos que se localizam atrás do altar, são frequentemente divididos em várias seções, cada uma com uma função específica.
- A ornamentação é um elemento fundamental do barroco.
Os altares são ricamente decorados com esculturas, molduras, entalhes e pinturas.
As esculturas representam figuras religiosas, como santos e anjos, e são frequentemente utilizadas para contar histórias bíblicas.
As molduras e os entalhes são elaborados com detalhes intrincados, criando um efeito visual exuberante.
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A presença do estilo barroco em igrejas rurais portuguesas pode ser explicada por diversos fatores:
- O movimento da Contra-Reforma, iniciado pela Igreja Católica em resposta à Reforma Protestante, incentivou a construção de igrejas e a produção de obras de arte religiosas com o objetivo de reafirmar a fé católica e atrair os fiéis.
- O barroco era um estilo popular, que utilizava recursos visuais e sensoriais para transmitir mensagens religiosas de forma mais acessível aos fiéis.
As igrejas rurais, frequentadas por pessoas com menor grau de instrução, eram um espaço ideal para a divulgação dessa arte.
- Muitas vezes, a construção e a decoração das igrejas rurais eram financiadas por mecenas locais, como nobres, comerciantes e membros do clero.
Esses indivíduos escolhiam o estilo barroco pela sua beleza e grandiosidade, desejando deixar uma marca duradoura nas suas comunidades.
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Em resumo, a fotografia de Mário Silva captura a essência do barroco num altar rural português, revelando a riqueza e a complexidade desse estilo artístico.
A profusão de detalhes, as cores vibrantes e as estruturas dinâmicas criam um ambiente que evoca a devoção e a espiritualidade.
O barroco, presente em diversas igrejas rurais de Portugal, é um testemunho da fé e da cultura popular do país.
Deve ser respeitado e a sua conservação rigorosa, pois retrata uma época que deve ser mantida na memória coletiva e respeito pelos antepassados que, com brio e esforço, a edificaram.
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Texto e Fotografia: ©MárioSilva
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