"Os girassóis e o Castelo de Monforte de Rio Livre, desfocado, ao fundo"
Mário Silva Mário Silva
"Os girassóis e o Castelo de Monforte de Rio Livre, desfocado, ao fundo"
A fotografia intitulada "Os girassóis e o Castelo de Monforte de Rio Livre, desfocado, ao fundo" de Mário Silva captura a interação entre a natureza e a história de uma maneira visualmente cativante e simbolicamente rica.
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No primeiro plano, vemos um conjunto de girassóis destacados, com as suas pétalas amarelas vibrantes iluminadas pela luz do sol, o que cria um efeito de transparência nas pétalas.
O centro escuro das flores contrasta fortemente com o fundo mais claro, destacando a vivacidade das flores.
Um dos girassóis está em plena floração, enquanto outro, à esquerda, já parece estar no final do seu ciclo, com as pétalas caindo.
Essa justaposição sugere o ciclo natural de crescimento e declínio.
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Ao fundo, em segundo plano, está o Castelo de Monforte de Rio Livre, situado no topo de uma colina e desfocado.
Embora a forma do castelo seja percetível, a sua falta de nitidez direciona o olhar para o primeiro plano, permitindo que os girassóis sejam o ponto de foco da imagem.
O castelo parece envolto numa luz suave, sugerindo distância e quase um tom de mistério ou nostalgia.
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A técnica usada aqui é de uma profundidade de campo rasa, onde o primeiro plano (os girassóis) está em foco nítido, enquanto o castelo no fundo está desfocado.
Essa escolha direciona a atenção do observador inicialmente para as flores e, somente depois, para o castelo.
O desfoque do castelo cria uma sensação de espaço e profundidade, enquanto também insinua uma separação temporal ou simbólica entre os dois elementos.
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A luz desempenha um papel crucial na fotografia, iluminando as pétalas dos girassóis de forma a criar uma sensação de brilho e calor.
O amarelo vibrante das flores é realçado contra o fundo mais desmaiado, que apresenta cores suaves e tons terrosos da colina e do castelo.
Essa combinação de cores cria um contraste visual agradável que ressalta a vitalidade dos girassóis.
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O alinhamento dos girassóis à esquerda do quadro cria uma composição equilibrada.
A presença do castelo no centro ao fundo, desfocado, adiciona profundidade e contexto histórico, sem competir visualmente com as flores, que são as protagonistas da imagem.
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Os girassóis representam a vida, o crescimento e o ciclo da natureza, com a sua beleza efémera sendo destacada no foco.
O castelo, por outro lado, é um símbolo de permanência e resistência, uma lembrança duradoura da história que permanece em segundo plano.
O contraste entre esses dois elementos sugere uma reflexão sobre o tempo: a natureza floresce, vive e morre, enquanto as construções humanas, mesmo que desfocadas e distantes, continuam a marcar o cenário, testemunhas silenciosas do passado.
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A imagem também pode ser vista como uma metáfora do ciclo da vida.
O girassol em plena floração e o girassol que já está murchando representam diferentes fases da vida, em contraste com o castelo que, apesar de estar presente há séculos, é mostrado de forma menos detalhada, sugerindo que a vida e o crescimento imediato da natureza podem ofuscar a longevidade histórica.
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O desfoque do castelo, envolto por uma luz suave, cria uma atmosfera quase romântica e nostálgica.
Ele não é o foco da imagem, mas a sua presença sugere uma história rica que está sempre à espreita, ao fundo, enquanto a vida contemporânea (representada pelos girassóis) toma o centro das atenções.
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A obra de Mário Silva parece explorar o contraste entre a vitalidade presente e o passado remoto.
A técnica de desfocar o castelo ao fundo é um artifício visual que permite ao observador perceber a história sem necessariamente se fixar nela.
É como se a imagem dissesse que, embora o passado esteja sempre lá, a vida e a beleza estão no presente.
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A escolha dos girassóis também é significativa, pois essa flor tem uma forte conotação com o sol e o otimismo, sempre girando em direção à luz.
Isso pode ser interpretado como um convite a focar no que está florescendo agora, enquanto a história permanece em segundo plano, como um pano de fundo estável, mas não central.
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Em conclusão, a fotografia de Mário Silva é uma composição visualmente impactante que equilibra habilmente a beleza efémera da natureza com a longevidade da história.
A combinação de girassóis vibrantes com o castelo de Monforte desfocado ao fundo cria um contraste simbólico entre o passado e o presente, a vida e a permanência, convidando o observador a refletir sobre o fluxo do tempo e a interação entre o homem e a natureza.
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Texto & Fotografia: ©MárioSilva
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