CASTELO de MONFORTE de RIO LIVRE - Águas Frias – Chaves - Portugal
Mário Silva Mário Silva
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CASTELO de MONFORTE de RIO LIVRE
Águas Frias – Chaves - Portugal
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“Os aglomerados populacionais românicos, do séc. XII e XIII, não apresentam grandes características urbanísticas que nos permitam traçar uma tipologia. Sabemos que as povoações medievais são, na sua maioria, aglomerados habitacionais que tiveram a sua origem na época romana. Adicionalmente, a sua situação geográfica e estratégica, sob o ponto de vista militar, permitiu que este aglomerado obtivesse uma importância para aos poderes reais, o terá conduzido à sua evolução e ocupação ao longo dos tempos. Ficamos, desde já, com a certeza de que esta povoação foi crescendo a partir do monte do castelo, expandindo-se pelos arrabaldes ao longo dos séc. XIII e em diante. Foi nos finais do séc. XIII que esta localidade se viu abrangida por uma cerca urbana, à maneira dos burgos góticos. Sabemos que a partir dos reinados de D. Pedro e D. Manuel, novas atenções por parte da coroa foram dadas à edificação de cercas urbanas.
Importantes estudos, que têm vindo a ser realizados para a questão do urbanismo, prendem-se com a existência ou não de alguma regularidade no traçado das ruas à maneira clássica; a existência de espaços abertos, praças, locais públicos; a realização de mercados ou feiras; e a presença de fontes, cisternas e outros tipos de engenhos que permitam a extração da água.
Neste capítulo pretendemos traçar e relacionar os elementos que constituem o povoado de Monforte de Rio Livre. Entendemos que é importante relacionar os elementos que constituem o traçado do povoado e que contribuem para a fixação de pessoas, para o crescimento do concelho e, consequentemente, para a evolução da arquitetura militar.
A terra de Monforte de Rio Livre cresceu e desenvolveu-se a partir da centúria do Duzentos, pelo que se pode relacionar com o estabelecimento de uma hierarquia territorial manifestada e possibilitada pelo desenvolvimento de instituições concelhias. Efetivamente, a póvoa de Monforte de Rio Livre surgiu no século XIII, no seguimento da política de D. Afonso III e de D. Dinis de criação de novos núcleos urbanos em Trás-os-Montes. Esta política ficou conhecida pela expressão “Fazer vila”. Esta expressão obrigava na maior parte dos casos à escolha de locais que mostravam condições naturais de defesa, facilmente identificáveis à distância e possuindo amplo controlo visual do espaço envolvente, características adequadas a um centro de território.
Neste sentido, estas implantações de grande altitude, oferecem amplas plataformas com capacidade para acolher áreas de habitação suficientemente dimensionadas a uma população que se pretenda numerosa, rodeada por um muro de cerca. Para além disso, esta expressão nos tempos medievais era utilizada como sinónimo de demarcação espacial através da construção de muralhas, na medida em que eram estas que delimitavam com precisão o espaço sujeito à nova ordem instituída pelos seus documentos fundacionais.
Este movimento de criação de póvoas de iniciativa régia, na segunda metade do século XIII, nos reinados de D. Afonso III e D. Dinis, demonstram a constituição de estruturas mais evoluídas e em áreas relativamente superiores. A procura de uma maior adequação entre a morfologia urbana das povoações e o tipo de implantação orientou a preferência por morros amplos de perfil pouco acidentados ou mesmo por plataformas. Na realidade, o movimento estendeu-se mantendo a forma ovalada e a organização urbana com um padrão ortogonal, com eixos longitudinais estruturadores, cortados em ângulo reto por ruas e travessas mais estreitas, indiciando um superior cuidado na planificação dos novos núcleos.
A observação da planta permite facilmente reconhecer o traçado ovalado da cerca da vila. No interior, observando o debuxo da vista Nordeste de Duarte de Armas parece-nos patente um plano urbano planificado ortogonal com um eixo maior longitudinal e diversos outros transversais.
Este recinto amuralhado, onde se desenvolve o povoado, era constituído por habitações, a Casa da Câmara, a Cadeia, e ainda a Igreja Matriz de São Pedro de Batocas e da Capela da Senhora do Prado. Contudo, o estado atual de abandono e degradação do povoado, uma vez que se encontra coberto por uma densa vegetação, dificulta a perceção dos elementos que caracterizavam a malha urbana. Apesar de os arruamentos serem quase impossíveis de se visualizar na atualidade, conseguimos observar que o esquema utilizado passou pela opção dos arruamentos de esquema quadricular. “
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In: “A Evolução do Povoado e Castelo de Monforte de Rio Livre na Idade Média” - Ricardo Jorge Pinheiro Teixeira
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Fotografia: ©MárioSilva
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