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MÁRIO SILVA - Fotografia, Pintura & Escrita

*** *** A realidade é a "minha realidade" em imagens (fotografia, pintura) e escrita

20
Ago08

Águas Frias (Chaves) - Festa de S. Pedro (2.º dia - continuação)


Mário Silva Mário Silva

A tarde de 2 de Agosto estava verdadeiramente animada com os Jogos Tradicionais. E, depois do Jogo da Cabra-cega, do Jogo do Cântaro e das Corridas de Sacos, Águas Frias ainda iria vibrar com os jogos que se seguiram:

 

 

O Pau Ensebado
O já anteriormente referido alto amieiro que foi “plantado” no meio do recinto do centro escolar de Águas Frias, seria, agora o centro das atenções.
 
O objectivo era subir pelo seu tronco acima até, não ao cimo, já que era demasiado alto mas sim até ao local onde as cordas de suporte se cruzavam.
Subir ao cimo de uma árvore nem sempre é tarefa fácil, imaginem agora subir pelo tronco liso e ensebado de um amieiro.
 
 
Muitos foram os jovens corajosos e musculados que tentaram …. Mas cada vez que se agarravam ao tronco, parecia que quanto mais força faziam mais escorregavam e era vê-los a deslizar e quanto a subir … nada.
 
 
 
Um, … dois, … três, … quatro, ……. todos, … ninguém conseguiu levar de vencida o alto amieiro, tanto mais que com o calor o sebo foi derretendo tornando cada vez mais escorregadio o tronco.
 
 
 
Mas, a tenacidade destes jovens era demasiado forte para deixar de atingir o objectivo. Se individualmente não era possível, então fazendo jus ao velho ditado popular “a união faz a força”, formaram equipas. Inicialmente de quatro elementos e mesmo assim não foi possível.
 
Desistir? Isso nunca. Então fizeram uma pirâmide humana e … finalmente atingiram o ponto desejado.
 
 
Mas ainda havia alguma insatisfação, já que o “prémio” (saco de serapilheira com a forma perfeita de um presunto) estava ainda alguns metros mais acima, mesmo no topo do amieiro.
Então, alguém trouxe uma escada que mesmo assim foi preciso, alguém corajoso para trepar mais um pouco e finalmente conseguir o tão almejado “troféu”.
 
 
 
Foi um bom momento em que a persistência, união entre todos e uma enorme vontade de participar deu momentos que de certo todos os que estiveram presentes vão recordar e pensar qual a melhor técnica para utilizar no próximo ano.
Iniciou-se o último dos jogos tradicionais, preparados para esta belíssima tarde:
 
 
O Jogo do Fito
Este era um jogo muitíssimo popular entre os homens.
O jogo consiste em atirar uma malha (de pedra que cada concorrente teve que arranjar) e tentar acertar ou ficar o mais perto possível do meco (pedaço de ferro ou pedra que ficava de pé).
O jogo desenrola-se entre dois jogadores de duas equipas diferentes. Cada um de cada lado do dos mecos atira a malha para o lado contrário. Se acertar e derrubar o Meco ganha 4 pontos se a sua malha ficar mais perto que a do adversário, soma dois pontos. Ganha a equipa que atingir os vinte pontos.
 
 

 

 

 

 

 

 Neste jogo foram muitos os participantes, decorrendo vários jogos ao mesmo tempo. A equipa que ganhava, passava à fase seguinte até se atingir a final entre as duas equipas sempre vencedoras.

 

 

 

 

Foi interessante, já que houve bastante participação: desde os que se recordavam de jogar desde os seus tempos de juventude até aos que pela primeira vez pegaram numa malha de pedra e tentavam acertar no meco. O jogo foi disputadíssimo.
 
Os jogos desenrolaram-se por toda a tarde e foi de tal maneira entusiasmante que (pasme-se) até um jogo de futebol que estava marcado, passou para segundo plano e já ninguém se lembrou dele.
 
 
Os mais velhos reviveram os jogos e brincadeiras do seu tempo e os mais jovens tiveram a oportunidade de vivenciarem outra forma de se divertirem, individual e colectivamente, em jogos, ao ar livre.
 
Afinal, há outras formas de divertimento, sem ser o computador, a consola de jogos ou a televisão.
Não poderia terminar a breve resenha desta fantástica tarde, ser dar um louvor à Comissão de Festas que abraçou esta ideia, planeada, organizada e concretizada com total dedicação e empenho da Edite Rodrigues e do marido Augusto, que desde a primeira hora lançaram a ideia e tornaram possível esta magnífica tarde de jogos tradicionais. Bem-hajam.
*********
Depois do jantar, a Festa continuou com um arraial dançante, ao som de música gravada, no recinto preparado no largo da casa do povo e Junta de Freguesia.
 
Foi-se, lentamente juntando as gentes de Águas Frias, que timidamente começavam a dançar, mas com o decorrer da noite, foram-se desinibindo e o recinto cobriu-se de pares que descontraidamente e alegremente rodopiavam ao som dos ritmos da música popular.
 
 
 
Alegria era o sentimento que espelhava em cada rosto. A festa estava a começar da melhor maneira.
 ********
A noite ia longa .... mas como os festejos eram em honra de S.Pedro, teria-se que manter a tradição - "Roubar" os vasos das varandas, das escadas, dos pátios, onde quer que os houvesse.

 

 

 

Houve quem os tivesse "guardado", mas nada que que pudesse ser contornado. Pela madrugada, lá se desviaram alguns (?), ... muitos e cuidadosamente colocados no adro da igreja.
 
Mais uma vez se reviveu uma antiga tradição, mesmo com o S.Pedro em Agosto.
Como diz o velho ditado popular (adaptado):   "O S. Pedro é quando o Homem quiser".
*****
Claro que na manhã seguinte, na hora da missa solene, ....
 
 
 
Mário Silva 📷
16
Ago08

Águas Frias (Chaves) - Festa de S. Pedro (2.º dia)


Mário Silva Mário Silva

 

O segundo dia de festa de Águas Frias teve dois momentos distintos:
A tarde foi dedicada aos jogos tradicionais.
A noite a um arraial dançante.
Logo após o almoço já se começavam a ver os preparativos para os jogos.
Um alto…oooo amieiro tinha sido cortado e descascado.
 
 
Davam-se os últimos retoques para que o tronco ficasse liso e finalmente o pudessem ensebar, tornando-o escorregadio.
Tarefa nada fácil foi colocá-lo na posição vertical, que só foi possível com a ajuda de uma máquina retroescavadora e a força braçal dos musculados homens da aldeia.
 
 
 
 
 
Organizavam-se os materiais para os jogos, delimitavam-se os espaços, verificavam-se as inscrições …
… Tudo estava a preparado.
 
As pessoas dirigiam-se, em pequenos grupos, ao recreio da escola, local onde iriam decorrer os jogos tradicionais.
 
 
Crianças, jovens, adultos (homens e mulheres), menos jovens …
Foi-se construindo uma bela moldura humana, pronta a participar … ou apoiar.
O primeiro jogo tradicional foi dedicado aos mais novos:
 
 
O Jogo a Cabra-Cega
Foi-lhes vendado os olhos e com um pau teriam que acertar em balões coloridos previamente pendurados. Parece tarefa fácil, ….mas, … o pau lá se agitava no ar, umas vezes longe, outras a raspar nos balões sem os rebentar, outras vezes quase acertando no concorrente do lado,…. mas após alguma insistência, alguém conseguia rebentar o balão que, cheio de farinha, ia-se espalhando pelo(s) participante(s), tornando hilariante o jogo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

Vários grupos de crianças e jovens participaram, sendo largamente incitados por todos (e eram muitos) os que assistiam.

 

Todos pareciam vibrar com o jogo e ouviam-se comentários descrevendo os jogos de cabra-cega da sua meninice.
Outro jogo surgiu de seguida. Este já dedicado às senhoras:
 
 
O Jogo dos Cântaros
Este jogo na sua versão original consistia em correr (as mulheres) com um cântaro de barro à cabeça e cheio de água. Claro que ganharia quem chegasse primeiro à meta com o cântaro intacto. Como há falta de cântaros recorreu-se ao espírito original mas substituindo o cântaro por um tacho cheio de água.
Antigamente, as mulheres usavam uma rodilha (pedaço de pano enrodilhado em forma de pequena coroa que colocavam na cabeça para um melhor equilíbrio do cântaro). Hoje tal utensílio entrou em completo desuso e as mulheres concorrentes colocaram a panela directamente sobre a cabeça.
 

Mas começaram a dar as primeiras passadas, a água dos tachos ia transbordando, escorrendo a água desde a cabeça aos pés. Mas nada disso as impediu de correr cada vez mais até à meta. Chegaram encharcadas, mas sorridentes, até porque um pouco de água fresca se agradecia nesta tarde escaldante de estio.

 

 

 

 

 

 

Foi um recriar de mais um jogo popular que tanto alegrou as concorrentes como todos os que alegremente as incentivavam. Havia um sorriso franco e aberto nos rostos de todos.
Depois de mais este jogo, um outro se preparava:
 
 
A corrida de sacos
Este é um jogo tradicional e muito popular. Quem não se lembra dele?
É um jogo simples, como quase todos os jogos tradicionais e cujo material não era difícil de arranjar – um simples saco, de serapilheira, que se utilizavam para guardar as batatas. As regras também são simples: enfiam-se as pernas dentro do saco, agarra-se na borda do saco, ao nível da cintura e … depois é só saltar a pés juntos até à meta.
 
 
 
Muitos foram os participantes, desde aqueles que quiseram reviver os tempos passados até aos mais novos que pela primeira vez quiseram tentar como era.
 
Tudo parece simples, até começar a corrida. É necessário uma boa coordenação, porque senão … rabo no chão. Toca a levantar, agarrar no saco e aos saltinhos chegar à meta.
 

 

 

 

 

Depois de alguns “tombos”, todos chegaram à meta. Pelo que me foi dado observar, todos ficaram com vontade de repetir (jovens e menos jovens).
Afinal, nem todos os jogos interessantes têm que ser de computador.
Mas, ainda não se ficou por aqui, … mais jogos estavam para ser “disputados/partilhados”, mas, como a descrição já vai longa, ficarão para o próximo "post".
Serei breve....
Até já .... claro em ÁGUAS FRIAS.
 
 
Mário Silva 📷
12
Ago08

Águas Frias (Chaves) - Festa de S. Pedro (1.º dia)


Mário Silva Mário Silva

Logo à entrada de Águas Frias se notam algumas diferenças:

- Uma placa dando as boas vindas a Todos os que entram na aldeia, demonstrando a hospitalidade das Gentes de Águas Frias;

- Novas placas identificativas das ruas (com código postal, identificação do nome da Aldeia e com um grafismo sóbrio de muito bom gosto)  ;

- Arcos coloridos, anunciando que a Aldeia está em festa. 

 
 
As Festas na Aldeia de Águas Frias já não se realizavam há bastantes anos.
 
 
Talvez porque o dia consagrado ao santo padroeiro, S.Pedro, se festejar a 29 de Junho, altura em que, para além de serem poucos os residentes, deixaria alguma nostalgia naqueles que, longe, se veriam impossibilitados de participar.
Mas eis que surge um grupo de heróicos “mordomos”:
 
  Homens:                                    Mulheres:
 
  Romeu Gomes                  Fernanda Silva
       Rui Paiva                        Maria do Rosário
António Oliveira             Cláudia Costa
  Felisberto Morais            Cristiana Silva

 

que idealizaram e meteram mãos à obra para a concretização desta festa de tradição tão antiga e popular.

Tiveram o cuidado de incluir no seu programa tanto o aspecto religioso como os festejos profanos. Penso que estes dois aspectos se complementam e fazem parte da cultura deste povo. Tomaram a decisão de escolher o mês de Agosto em detrimento do 29 de Julho para tornar possível a participação de Todos, incluindo todos os aquafrigidenses que procuraram uma vida melhor,  pelas várias regiões do país, assim como de todos os que escolheram países estrangeiros para trabalhar e viver. Mas as raízes à terra têm ainda bastante força e sempre que podem não deixam escapar a oportunidade de “matarem saudades”.

 

Assim, em tempo de férias, ocasião em que se regressa (mesmo temporariamente) à sua terra ou à terra que adoptaram, pudesse haver oportunidade de confraternizar e exteriorizar as alegrias, muitas vezes contidas ao longo de um ano de labuta.
 
As festas de Águas Frias foram projectadas para se prolongarem durante 4 dias num misto de devoção, confraternização, divertimento e alegria.
A abertura das festas teve lugar no dia 1 de Agosto (sexta-feira) à noite, com uma celebração eucarística seguida de procissão de velas em honra de Nossa Senhora de Fátima.
 
 
A celebração eucarística foi cuidadosamente preparada e largamente participada.
A igreja estava cheia e foi agradável ouvir os cânticos entoados por tanta gente (tanto gente residente (resistente) permanente como os que “regressaram” temporariamente e os que estavam de visita).
 
Após a eucaristia presidida pelo pároco de Águas Frias, o Sr. Padre Helder, seguiu-se a procissão de velas, que em oração em louvor de Nossa Senhora de Fátima percorreu algumas das principais ruas da Aldeia.
 
 
Foi um momento em que jovens, menos jovens e os mais idosos, todos em comum participaram de modo igual.
 
 
 

 

 

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Para início das Festas foi um bonito momento colectivo.
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Mas muitíssimo mais, estava previsto para os dias seguintes ……….
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Mário Silva 📷

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