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MÁRIO SILVA - Fotografia & Escrita

*** *** A realidade e a "minha realidade" em imagens e escrita

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Abr08

Águas Frias (Chaves) - Dia Mundial da Árvore e da Floresta


Mário Silva Mário Silva

Hoje vou dedicar este espaço ao Dia Mundial da Árvore e da Floresta e como ele foi comemorado em Águas Frias.
Sei que este tema leva já algumas semanas de atraso, já que teve lugar no dia 21 de Março (este ano um dia depois do início da Primavera), mas como diz o ditado popular: “Mais vale tarde que nunca”.
Desde tempos remotos que se reconhecia a importância da Árvore e consequentemente das florestas.
Pensa-se que as primeiras comemorações que se aproximam do actual Dia Mundial da Árvore começaram com os Romanos, uma vez que estes tinham o hábito de enfeitar com fitas de lã e grinaldas de violetas um pinheiro abatido, a fim de celebrar o mito do pastor Átis e da deusa asiática da fertilidade, Cibele.
Quanto à comemoração oficial do Dia da Árvore, teve lugar pela primeira vez no estado norte-americano do Nebraska, em 1872.
John Stirling Morton conseguiu induzir toda a população a consagrar um dia no ano à plantação ordenada de diversas árvores para resolver o problema da escassez de material lenhoso.

A Festa da Árvore rapidamente se expandiu a quase todos os países do mundo, e em Portugal comemorou-se pela primeira vez a 9 de Março de 1913.

Em 1971 e na sequência de uma proposta da Confederação Europeia de Agricultores, que mereceu o melhor acolhimento da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), foi estabelecido o Dia Florestal Mundial com o objectivo de sensibilizar as populações para a importância da floresta na manutenção da vida na Terra.

Em 21 de Março de 1972 - início da Primavera no Hemisfério Norte - foi comemorado o primeiro DIA MUNDIAL DA FLORESTA em vários países, entre os quais Port.ugal.
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Depois desta introdução voltemos a Águas Frias.
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Ao longo dos tempos, as suas Gentes sempre souberam respeitar a Árvore como elemento intrínseco às suas actividades quotidianas: aproveitavam os seus frutos (castanha, cereja, noz, e outros); retiraram a sua madeira para fazer o travejamento, o soalho, as varandas das suas casas; aproveitavam a sua lenha para se aquecerem no longo Inverno e a sua sombra para se refrescarem no Estio; faziam-se os escanos, as masseiras,  os cabos das suas enxadas,…
Mas como disse sabiam-na respeitar, retirando as árvores velhas, ou as novas que cresciam muito juntas (que não deixavam desenvolver as restantes). Apanhavam-se as gestas e outras plantas secas que aproveitavam desde para acender o lume até fazerem as vassouras para varrer a casa ou o forno. Ou seja, sem que fossem obrigados por Leis, faziam a limpeza dos matos e cuidavam das árvores existentes e plantavam novas nos espaços deixados vazios. Em suma respeitava-se a Natureza. Hoje, mesmo com muita legislação, quem existe para a cumprir?  Os idosos que já não vão tendo grandes capacidades de trabalho? Os que tiveram que emigrar porque a sua própria terra não conseguia proporcionar uma vida condigna?
Por isso, tem razão de ser a comemoração do Dia Mundial da Floresta e da Árvore nas Aldeias como Águas Frias. Fazer sentir aos que ainda resistem e principalmente às poucas crianças que existem, uma sensibilização ambiental e de perseveração deste importante património natural.
 
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Voltemos então a Águas Frias.
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No dia 21 de Março numa iniciativa de uma companhia de seguros (desculpem a publicidade – Liberty Seguros) que integrada num projecto denominado “Dar vida à Vida, plantemos uma Árvore” patrocinou a compra de variadas árvores.
Esta iniciativa teve o apoio e a colaboração das docentes e dos alunos do 1.º Ciclo do Centro Escolar de Águas Frias. Afinal são estas as crianças que poderão e deverão ser os garantes no respeito pela Árvore e pela perseveração da Floresta. Apostar no Futuro tem obrigatoriamente que se apostar nas crianças e jovens.

Esta iniciativa revestiu-se de grande importância, já que contou com a presença desde o responsável da companhia de seguros em Chaves, Vitor Penedones, o presidente da Junta de Freguesia de Águas Frias, Romeu Gomes, o presidente da Câmara Municipal de Chaves, João Batista e o vereador da mesma, Castanheira Penas.

Todos rumaram da Escola e atravessando, a pé, toda a aldeia, até ao local da plantação das árvores – o largo da sede da Junta de Freguesia.

Este importante acto simbólico, não pode/não deve passar de um mero acto, mas que seja o inicio de uma consciência ambiental. Com a presença de tantas individualidades responsáveis pela qualidade de Vida das nossas aldeias, esperemos que seja um começo para que, com mais atenção, se pense no futuro delas e garantindo a estas mesmas crianças condições para que tenham, na sua Terra, possibilidades de desenvolver o que lhes foram incutindo na Escola e nestas meritórias iniciativas.

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Como neste mesmo dia (21 de Março) também se comemora o Dia da Poesia, aqui deixo alguns poemas cujo tema são as Árvores e/ou a Floresta.
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ORAÇÃO DA ÁRVORE
Tu que passas e ergues para mim o teu braço,
Antes que me faças mal, olha-me bem.
Eu sou o calor do teu lar nas noites frias de Inverno;
Eu sou a sombra amiga que tu encontras
Quando caminhas sob o sol de Agosto;
E os meus frutos são a frescura apetitosa
Que te sacia a sede nos caminhos.
Eu sou a trave amiga da tua casa,
A tábua da tua mesa, a cama em que tu descansas
E o lenho do teu barco.
Eu sou o cabo da tua enxada, a porta da tua morada,
A madeira o teu berço e o aconchego do teu caixão.
Eu sou o pão da bondade e a flor da Beleza.

Tu que passas, olha-me e não me faças mal.


Veiga Simões, Maio de 1914
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As árvores crescem sós. E a sós florescem.
Começam por ser nada. Pouco a pouco
se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.

Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,
e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.

Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.

E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós.

Os animais são outra coisa.
Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,
fazem amor e ódio, e vão à vida
como se nada fosse.

As árvores não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.

Estendem os braços como se implorassem;
com o vento soltam ais como se suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.

Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
a crescer e a florir sem consciência.

António Gedeão

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Mário Silva 📷

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