Águas Frias (Chaves) - Aldrabas, Batentes e Puxadores
Mário Silva Mário Silva
Embora possa parecer estranho, o tema que trago a este espaço, tem ainda a ver com as características da Gentes de Águas Frias e tem como base um pequeno episódio que tem quase três décadas mas que relembro com saudade.
A primeira vez que vim a esta Aldeia, e após um lauto almoço, fui, como era habitual até ao ponto de encontro, que à época era o único café – o café Pires.
Sentamo-nos, mas … os proprietários (a D. Noémia e o Pires) não estavam.
Problema? Não. Um dos elementos presentes, amigo de Todos (o saudoso Zeca), levanta-se, entra para dentro do balcão, tirou os cafés e no fim deixamos o valor da despesa em cima do balcão e lá fomos, em conjunto, passear pela Aldeia.
Isto que era um procedimento normalíssimo em Águas Frias, fez uma enorme confusão na mente de um tripeiro, em que tal nunca seria possível na sua terra.
Aqui havia confiança e entreajuda.
Estas qualidades nunca esqueci …
Mas, afinal, o que tem isto a ver com o título “Aldrabas (ou aldavras), batentes e puxadores”?
É que esta base de confiança não se confinava ao Café Pires mas estendia-se por todos os lugares. As portas tinham simplesmente aldrabas (“peças de ferro, na parte anterior de uma porta, servindo para bater nesta, a fim de chamar a atenção de quem está dentro e para erguer a tranqueta que segura a porta do lado posterior”).
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Este mecanismo simples poderia ser aberto com facilidade por qualquer um.
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O batente pretendia somente, chamar a atenção do dono da casa que ao ouvir o seu som, logo respondia: “Entre!”
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Nas casas com fechadura existia um puxador que poderia ser em ferro ou madeira, mas era usual ver-se as chaves penduradas (ou uma pequena corda ou arame que servia para, da parte de fora, puxar o trinco).
Que maior voto de confiança se podia demonstrar.
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