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Telhados de Águas Frias |
As casas mais antigas de Águas Frias apresentam os seus telhados a telha de “canudo”, “meia-cana” ou também conhecida por telha “romana”.
Posteriormente e com a industrialização passaram-se a utilizar a telha “Marselha” ou “francesa”, grande parte dela produzida pela unidade industrial da Telheira de Chaves. Este ainda é o revestimento da grande maioria dos telhados da aldeia.
Ultimamente nas novas construções ou reconstruções têm vindo a ser substituídas por outro modelo de telha, a “lusa” ou “portuguesa”, que é quase uma mistura das duas anteriores, já que é formada por uma parte em meia cana e uma parte plana. Infelizmente e apesar da denominação, grande parte tem origem em Espanha.
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Já agora uma pequena curiosidade relacionada com a telha e o seu fabrico:
Desde a ocupação romana da Península Ibérica que por ensinamento deste povo se começou a fazer a telha romana ou de meia cana como também é conhecida.
Os romanos empregavam escravos que faziam estas telhas com barro usando como molde a própria coxa. O que sucedia era que conforme o tamanho da coxa de cada um, as telhas eram maiores ou mais pequenas.
Eram portanto úteis, sem dúvida, mas muito irregulares, pois cada pessoa tinha um "molde" diferente. Começou assim a frase que ainda hoje utilizamos para designar um trabalho que não prima pela regularidade:
"Foi feito em cima do joelho".
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Telhados de Águas Frias |
Na aldeia de Águas Frias, embora sejam frequentes os telhados de quatro águas, especialmente em casas isoladas ou de maior vulto, predominam os de duas águas, que são em geral compridas e pouco inclinadas. As casas contíguas mostram, muitas vezes, um telhado seguido – quase único -, que as recobre a todas ou parte delas.
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São modestos os telhados
Que nasceram p´ra chorar,
Ermitões ajoelhados
De mãos postas, a rezar.
Um telhado de Águas Frias,
Mancha rubra que ao sol brilha,
Telhas rudes ou macias
Cobrem a casa como mantilha.
Extracto (adaptado) de um Fado com letra de Mário Silva
Há um mês atrás, as cerejeiras (também conhecidas por “cerdeiras”) estavam a florir, manchando de branco o desabrochar da Natureza.
Mas, … como a flor da cerejeira tem uma duração muito curta, torna esta beleza fugaz.
Mas, … a Natureza brinda-nos com novos encantamentos. No lugar das pequenas e alvas flores, eis que se dá vida ao desenvolvimento do fruto – a cereja.
Começa, como que envergonhada a tomar a sua forma arredondada, em tons de verde, … passando do amarelado ao rosado e finalmente às várias tonalidades de vermelho, que envoltas no verde da folhagem são também elas um regalo para a vista.
Mas, … regalo, regalo, … é o seu sabor …
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Cerejas em Maio |
Tal como se pode ver, ainda, só começam a “pintar” (e em poucas “cerdeiras”), mas pouco faltará para se poder saborear este fruto que é rico em vitamina C e potássio, tendo reconhecidas propriedades laxativas, depurativas e antioxidantes, entre outras.
… Mas, cuidado … pois quando comidas em demasia podem provocar problemas estomacais.
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Diz o ditado popular que "em Maio come as cerejas ao borralho".
Uma parte do ditado já se está a cumprir, pois a temperatura tem descido bastante, só faltam as cerejas estarem maduras ......
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Pedra Fálica |
Muitas das antigas casas de Águas Frias construíram-se sobre as fragas já existentes no local e que serviram de alicerces ou contrafortes à edificação, com grandes pedras de granito, travadas por pedra mais miúda.
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A foto, além de pretender ilustrar esse tipo de construção, apresenta o aspecto curioso de uma dessas fragas – a sua forma fálica.
…
Diz a tradição oral, que muitas das pedras, já “trabalhadas”, foram trazidas, encosta abaixo, do Castelo de Monforte do Rio Livre, para fazerem as suas primeiras edificações na aldeia de Águas Frias.
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Escola de Águas Frias |
A Escola Primária de Águas Frias (agora designada por Escola do 1º Ciclo do Ensino Básico - EB1) é constituída por dois belos edifícios em granito e um pavilhão pré-fabricado.
Os dois edifícios são de traça característica dos Planos Centenários do Estado Novo.
Um era destinado à sala de aula e o outro à cantina escolar.
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Escola |
Escola (pormenor) |
A alvura das paredes contrasta com os elegantes arcos graníticos, formando um conjunto arquitectónico esteticamente agradável.
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Cantina Escolar |
Cantina Escolar (pormenor) |
Posteriormente foi construído um pavilhão pré-fabricado (que não tenho ilustração) que se destinou ao Ensino Mediatizado - Telescola - para o ensino do 5º e 6º anos.
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Há 20/30 anos atrás, a sala de aula enchia-se de crianças, sendo frequentada por mais de 40 alunos, da própria Aldeia. O espaço do recreio fervilhava com as brincadeiras das crianças ...
... mas, ao longo dos anos, devido à emigração e migração, a população de Águas Frias foi decrescendo consideravelmente, tendo consequentemente, a frequência escolar descido, de tal forma que há alguns anos atrás teve que encerrar por falta de alunos.
A persistência e interesse da Autarquia local, conseguiu que, este ano, a Escola de Águas Frias reabrisse, tornando-se um polo educativo, recebendo as poucas crianças da Aldeia e outras oriundas das aldeias vizinhas (mesmo fora da freguesia). Penso estarem a frequentar, 28 crianças do 1º ao 4º ano de escolaridade.
Foi uma agradável surpresa observar as obras de beneficiação que foram realizadas, durante o último Verão (nos edifícios e nos espaços do recreio), tornando digno este espaço educativo.
Bem haja quem conseguiu dar um pouco de Vida a Águas Frias.
Agora não são só os pássaros que chilreiam .....
.... que bom voltar a ouvir as agudas vozes de crianças, que nas suas brincadeiras, interrompem o silêncio da quietude da aldeia de Águas Frias.
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Águas Frias - Igreja e Castelo |
Estas duas edificações (igreja e castelo), que embora de épocas distintas e representando “poderes” diferentes (espiritual e temporal), é o seu Povo que os unifica e dignifica, fazendo deles os seus símbolos identificativos.
A Igreja de Águas Frias – bonito edifício em granito com traços renascentistas, podendo-se observar (na foto) a sua torre sineira encimada por uma esbelta cruz em ferro e um garboso galo que com as sucessivas intempéries invernosas, se inclinou do alto do seu “poleiro”.
O Castelo de Monforte do Rio Livre – o ex-libris e o “embrião” da freguesia. É uma fortificação com origens proto-históricas, possivelmente tendo origem num castro lusitano e fortificado pelos romanos. No entanto, a mais antiga referência a este castelo medieval, remonta ao séc. XII, tendo o julgado de Rio Livre sido instituído em 1267 e recebido foral de D. Afonso III (1248-1279) em 1273.
De facto, é motivo de orgulho para Águas Frias poder mostrar ao mundo estas suas pequenas maravilhas.
Muitas mais maravilhas se podem encontrar nesta bela Aldeia de Águas Frias...
sendo a mais importante ...
as suas Gentes.