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MÁRIO SILVA - Fotografia, Pintura & Escrita

*** *** A realidade é a "minha realidade" em imagens (fotografia, pintura) e escrita

17
Jul25

Borboleta-pequena-das-couves (Pieris rapae) e a estorinha


Mário Silva Mário Silva

Borboleta-pequena-das-couves (Pieris rapae)

e uma estorinha

17Jul DSC01553_ms

Esta fotografia de Mário Silva, intitulada "A borboleta-pequena-das-couves (Pieris rapae)", apresenta um plano aproximado de uma borboleta da espécie “Pieris rapae” repousando sobre uma folha verde.

A borboleta é capturada de perfil, revelando as suas asas de um tom amarelado pálido ou creme, com finas nervuras escuras que se destacam.

As asas mostram uma textura levemente aveludada e um brilho subtil.

O corpo da borboleta é coberto por uma penugem clara, e as suas antenas, finas e com as pontas engrossadas, estendem-se para a frente.

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A folha verde que serve de pouso à borboleta é o elemento dominante no fundo, preenchendo a maior parte da imagem.

A sua superfície é lisa e exibe um tom de verde intenso, com algumas áreas mais iluminadas e outras em sombra.

A luz incide de forma a criar uma sombra nítida da borboleta na folha, adicionando profundidade à composição.

A fotografia realça a delicadeza da borboleta e a simplicidade elegante do seu “habitat”, transmitindo uma sensação de quietude e observação da natureza em detalhe.

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A Estória: O Segredo da Pequena Peregrina

Naquele recanto do jardim, onde as folhas de couve se estendiam em vastos tapetes verdes, vivia uma pequena borboleta, uma “Pieris rapae” com asas de seda amarela pálida.

Não era a mais vistosa das borboletas, sem os desenhos vibrantes das suas primas tropicais, mas possuía uma beleza discreta e uma curiosidade insaciável.

Chamava-se Clara.

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Clara passava os seus dias a planar entre as folhas, saboreando o néctar das flores vizinhas, mas o seu coração ansiava por mais.

Ao contrário das suas irmãs, que se contentavam com o ciclo previsível do jardim, Clara sonhava com as histórias que o vento sussurrava sobre terras distantes, sobre montanhas azuis e rios prateados que serpenteavam por vales desconhecidos.

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Um dia, enquanto repousava sobre uma folha de couve, aquecida pelo sol da tarde, uma rajada de vento mais forte do que o habitual apanhou-a de surpresa.

Em vez de resistir, Clara abriu as suas asas, permitindo que a corrente a levasse.

Não sabia para onde ia, mas a emoção do desconhecido encheu-a de uma coragem inesperada.

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Voou por campos dourados de trigo, sobre ribeiros onde peixes prateados saltavam, e por florestas densas onde as árvores pareciam tocar o céu.

As suas asas, outrora tão comuns, agora pareciam um mapa, com as suas nervuras finas a desenhar as rotas que já tinha percorrido e as que ainda iria desbravar.

Cada pouso, mesmo que breve numa folha desconhecida, era uma nova revelação.

Descobriu o sabor de novas flores, ouviu o canto de pássaros que nunca vira e sentiu a frescura de orvalhos matinais em altitudes elevadas.

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Numa dessas paragens, numa folha de um verde intenso e desconhecido, Clara parou para descansar.

As suas antenas tremelicavam, absorvendo os aromas do novo ambiente.

Sentiu-se pequena, mas ao mesmo tempo imensa, parte de algo muito maior do que o seu jardim de origem.

A sombra das suas asas na folha era uma memória da sua jornada, da sua persistência.

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Clara nunca mais voltou ao jardim das couves.

Tornou-se uma verdadeira peregrina, a pequena borboleta das couves que voou para lá dos horizontes conhecidos.

As suas asas pálidas, outrora vistas como simples, tornaram-se o estandarte da sua liberdade, e cada nova folha em que pousava era um novo capítulo na sua extraordinária história de aventura.

E assim, a borboleta-pequena-das-couves provou que mesmo o mais humilde dos seres pode esconder um espírito grandioso e um desejo insaciável de descobrir o mundo.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
16
Jul25

"O tanque de água esverdeada e os jarros brancos" e uma estoriazinha


Mário Silva Mário Silva

"O tanque de água esverdeada e os jarros brancos"

e uma estoriazinha

16Jul DSC01441_ms

Esta fotografia de Mário Silva, intitulada "O tanque de água esverdeada e os jarros brancos", retrata um canto da natureza que combina elementos de beleza e um certo abandono.

Em primeiro plano, destacam-se vários jarros brancos (Zantedeschia aethiopica), com as suas elegantes espatas brancas e folhas verdes vibrantes, que crescem abundantemente à beira de um tanque.

A composição dos jarros, alguns em plena floração e outros mais jovens, confere um toque de frescura e vida à cena.

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O tanque ocupa grande parte do centro da imagem e apresenta uma superfície de água completamente coberta por algas esverdeadas, criando uma textura densa e um tom uniforme de verde-lima.

As paredes do tanque são visíveis, com musgo e sinais de humidade e tempo.

Ao fundo, para além do tanque, observa-se um terreno elevado, possivelmente um campo ou terreno agrícola, com vegetação de tons castanhos e verdes.

Uma pequena parte de uma árvore ou arbusto com folhagem verde escura é visível no canto superior direito, adicionando um elemento vertical.

A luz na fotografia sugere um dia claro, realçando as cores e as texturas.

A imagem convida à reflexão sobre a coexistência entre a beleza da flora e a natureza que lentamente reclama as estruturas criadas pelo homem.

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A Estória: O Segredo do Velho Tanque

Na velha propriedade dos avós, entrelaçada com as raízes de um passado esquecido, jazia um tanque de água esverdeada.

Não era um verde vibrante de floresta, mas um verde leitoso e denso, como um tapete de musgo sobre as águas paradas, um espelho de tempo e negligência.

As suas paredes de pedra, outrora fortes e limpas, agora estavam cobertas por um manto húmido de líquenes, e pequenas fissuras denunciavam os anos de inverno e verão.

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Para os netos que visitavam a casa nas férias grandes, o tanque era um mistério proibido.

"Não se aproximem!" - alertava a avó, com um brilho nos olhos que era metade preocupação, metade memória.

Diziam que as suas águas eram profundas e que o lodo no fundo escondia segredos.

Mas o que mais prendia o olhar eram os jarros brancos que, como pequenas e elegantes sentinelas, cresciam à beira do tanque.

As suas flores, de um branco imaculado, contrastavam dramaticamente com o verde estagnado, parecendo anjos caídos que velavam sobre algo.

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Entre os jarros, havia um particularmente belo, com a sua haste longa e a sua espata branca a desdobrar-se em perfeição.

Era o jarro favorito de Ana, a neta mais curiosa.

Ela passava horas sentada perto dele, imaginando o que o tanque esverdeado poderia esconder.

Seria um portal para um mundo subaquático?

Um tesouro de moedas antigas que o avô, outrora um homem de muitos contos, teria deixado cair por descuido?

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Uma tarde, enquanto a brisa soprava sussurrando segredos entre as folhas das árvores, Ana decidiu desafiar a proibição da avó.

Não para entrar no tanque, mas para se aproximar um pouco mais, para sentir o cheiro da água parada, para tocar a pétala suave do seu jarro favorito.

Ao esticar a mão, os seus dedos roçaram algo duro e frio, escondido entre as raízes dos jarros. Era uma pequena caixa de madeira, envelhecida pelo tempo, quase fundida com a terra.

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Com o coração a bater forte, Ana abriu a caixa.

Dentro, não havia ouro nem joias, mas um conjunto de cartas amareladas e um pequeno medalhão de prata com uma gravação desvanecida: "Para a minha amada L. no nosso lugar secreto."

As cartas eram do seu avô para a avó, escritas nos tempos de juventude, falando de um amor proibido e encontros furtivos junto a este mesmo tanque, que então seria cristalino e convidativo.

O tanque, afinal, não guardava tesouros de piratas, mas o tesouro mais valioso de todos: a história de um amor puro e secreto que floresceu, tal como os jarros brancos, à margem da vida e do tempo.

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Ana fechou a caixa com um sorriso nos lábios.

O tanque esverdeado já não era um mistério assustador, mas um santuário de memórias, um testemunho silencioso de um amor que resistiu ao tempo, assim como os jarros brancos resistiam à água turva, florindo em beleza e esperança.

Ela percebeu que, às vezes, os maiores segredos não são os que se escondem em profundidades escuras, mas aqueles que se revelam na simplicidade e na beleza de um canto esquecido do mundo.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
15
Jul25

"A Fraga Bolideira" (Chaves - Portugal)


Mário Silva Mário Silva

"A Fraga Bolideira" e suas lendas

(Chaves - Portugal)

15Jul DSC07002_ms

Esta fotografia de Mário Silva, intitulada "A Fraga Bolideira", apresenta um impressionante conjunto de grandes formações rochosas num ambiente natural.

No centro da imagem, destacam-se duas enormes rochas arredondadas, que parecem estar uma sobre a outra ou muito próximas, dando a ideia de um equilíbrio precário, o que justifica o nome "Bolideira".

Ambas as rochas mostram sinais de musgo ou líquenes, indicando a sua antiguidade e exposição aos elementos.

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As rochas estão assentes num terreno irregular coberto por erva seca e alguma vegetação rasteira, sugerindo um clima de transição.

Ao fundo, vê-se alguma folhagem de árvores, incluindo um carvalho com folhas recortadas no lado direito superior, e outras árvores mais distantes que adicionam profundidade à paisagem.

O céu é azul com algumas nuvens brancas esparsas, contribuindo para uma atmosfera de dia claro e ensolarado.

A fotografia capta a majestade e a quietude destas formações geológicas, convidando à contemplação da natureza e da sua história.

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A Fraga Bolideira, localizada perto de Chaves, em Portugal, é um local envolto em mistério e lendas que se perderam um pouco no tempo, mas que ainda ecoam na memória popular.

Embora não exista uma lenda única e amplamente divulgada como as de outras pedras famosas em Portugal, a característica mais marcante da Fraga Bolideira – a sua aparente instabilidade e o facto de "baloiçar" (ou poder ter baloiçado em tempos) – deu origem a algumas crenças e histórias.

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Uma das versões mais comuns da lenda está ligada à força e ao desafio.

Conta-se que a Fraga Bolideira só poderia ser movida por pessoas de grande pureza de espírito, ou por aqueles que possuíssem uma força sobrenatural ou mágica.

Havia quem acreditasse que apenas os justos, os inocentes ou as pessoas de coração puro conseguiriam fazer a rocha baloiçar, enquanto os pecadores ou aqueles com más intenções jamais conseguiriam fazê-lo.

Este teste de "pureza" ou "virtude" atribuía à pedra uma qualidade quase mística, funcionando como um oráculo silencioso.

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Outra vertente da lenda, talvez mais ligada ao folclore local, sugere que a Fraga Bolideira foi colocada ali por gigantes ou por seres mitológicos num tempo primordial.

Estes seres teriam moldado a paisagem, e a forma como a rocha superior se equilibra sobre a inferior seria uma prova da sua colossal força e da sua capacidade de desafiar as leis da física.

Em algumas variações, estes gigantes seriam responsáveis por outras formações rochosas peculiares na região.

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Havia também quem associasse a Fraga Bolideira a tesouros escondidos ou passagens secretas.

A ideia de uma pedra que "baloiça" ou que pode ser movida levava à crença de que debaixo dela poderia estar escondido um valioso tesouro, talvez de mouros ou de antigas civilizações, ou até mesmo a entrada para um reino subterrâneo.

No entanto, o tesouro só seria revelado àqueles que conseguissem mover a pedra, o que, como na primeira lenda, adicionava um elemento de desafio e de virtude.

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Embora estas lendas não sejam tão famosas como as de outras pedras sagradas ou encantadas em Portugal, elas refletem a forma como as comunidades locais tentavam dar sentido e atribuir significado a fenómenos naturais impressionantes.

A Fraga Bolideira, com a sua imponência e o seu nome sugestivo, continua a ser um testemunho da capacidade humana de criar histórias e mistérios em torno da natureza.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
14
Jul25

"Os morangos"


Mário Silva Mário Silva

"Os morangos"

05Jul DSC03287_ms

A fotografia apresenta um “close-up” vibrante de vários morangos maduros, ainda presos às suas plantas, sob uma iluminação que realça as suas cores e texturas.

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A composição é dominada pelos morangos em diferentes planos, criando uma sensação de profundidade e abundância.

Há um foco nítido nos frutos, com as folhas e o fundo ligeiramente desfocados para dirigir a atenção para os morangos.

Os morangos estão dispostos de forma orgânica, com alguns pendurados e outros mais visíveis em primeiro plano.

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A paleta de cores é rica e saturada.

Os morangos exibem um vermelho intenso e brilhante, que é o ponto focal da imagem.

As sépalas (folhas verdes na coroa do morango) e os caules são de um verde fresco e vibrante, contrastando lindamente com o vermelho dos frutos.

O fundo é escuro, quase preto em algumas áreas, com tons de castanho e verde escuro, o que faz com que os morangos "saltem" visualmente para fora da imagem.

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A iluminação é dramática e direcionada.

Parece vir de uma fonte de luz pontual, possivelmente artificial (“flash”), que incide diretamente sobre os morangos, criando brilhos nas suas superfícies e realçando a sua textura.

As sombras profundas no fundo e nas áreas não iluminadas contribuem para o contraste e a sensação de profundidade.

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Os morangos são o elemento principal.

Estão em diferentes estágios de maturação aparente, com uma textura visível na sua superfície, incluindo os pequenos "aquénios" (as sementes) que pontilham a casca vermelha.

Alguns morangos mostram vestígios de pequenas imperfeições ou gotas, o que lhes confere um aspeto natural e apetitoso.

O brilho da luz sobre a pele dos morangos é muito evidente.

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As folhas da planta de morango, em tons de verde, são visíveis em segundo plano e ao redor dos frutos, adicionando contexto.

Os caules finos e verdes ligam os morangos à planta-mãe.

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O fundo escuro e desfocado sugere um ambiente de cultivo, mas sem detalhes que distraiam a atenção dos morangos.

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A assinatura "Mário Silva" está visível no canto inferior esquerdo.

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A fotografia "Os morangos" de Mário Silva é uma imagem visualmente impactante e apetitosa, que celebra a beleza e a vivacidade deste fruto.

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O “close-up” é muito eficaz, preenchendo a moldura com os sujeitos principais e criando uma sensação de imersão.

A escolha de um enquadramento escuro e um foco seletivo realça os morangos de forma espetacular.

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A saturação das cores é um dos pontos mais fortes da imagem.

O vermelho intenso dos morangos é quase hiper-realista, tornando-os extremamente atraentes e convidativos.

Este tratamento de cor é uma escolha artística que visa maximizar o impacto visual do fruto.

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A iluminação é magistralmente utilizada para acentuar a forma e a textura dos morangos.

Os brilhos refletidos nas superfícies dos frutos dão-lhes um aspeto suculento e fresco.

As sombras, por sua vez, conferem volume e drama à cena.

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A fotografia é altamente sensorial.

Quase se consegue sentir o sabor adocicado e a frescura dos morangos.

É uma imagem que evoca prazer, vitalidade e a simplicidade da natureza.

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A obra pode ser interpretada como uma celebração da abundância, da natureza e da colheita.

Sugere a perfeição natural e a beleza dos alimentos frescos.

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A nitidez nos morangos e o desfoque suave no fundo demonstram um bom controlo da profundidade de campo.

A qualidade da luz e a riqueza das cores indicam uma boa técnica fotográfica e, possivelmente, um pós-processamento cuidadoso para realçar os atributos visuais.

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Em resumo, a fotografia "Os morangos" de Mário Silva é uma imagem que capta de forma excecional a beleza e o apelo visual dos morangos.

É uma fotografia que não só "regala o olhar" como também "abre o apetite", demonstrando a capacidade do fotógrafo em transformar um objeto simples num ícone vibrante de frescura e vitalidade.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
13
Jul25

Igreja de São Gonçalo – Segirei – Chaves – Portugal


Mário Silva Mário Silva

Igreja de São Gonçalo

Segirei – Chaves – Portugal

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A fotografia "Igreja de São Gonçalo" de Mário Silva, capturada em Segirei, Chaves, Portugal, apresenta uma visão pormenorizada e evocativa de uma pequena igreja rural.

A imagem foca-se na estrutura superior do edifício, destacando o campanário e parte do telhado, enquadrada por vegetação densa que adiciona um contraste natural ao cenário.

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O campanário, feito de pedra desgastada pelo tempo, exibe uma cruz no topo, um símbolo religioso central, e abriga um sino visível através do arco aberto.

A pedra mostra sinais de envelhecimento, com musgo e erosão, sugerindo uma construção antiga e bem integrada no ambiente natural.

O telhado de telhas vermelhas complementa a estética tradicional portuguesa, enquanto os ornamentos nas extremidades adicionam um toque decorativo.

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À frente da igreja, há uma mistura de arbustos verdes e plantas com folhas avermelhadas, possivelmente indicativas de uma estação de transição, como o outono.

Esta vegetação cobre parcialmente a base da estrutura, criando um efeito de fusão entre a construção e a natureza, o que reforça a sensação de isolamento rural.

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A luz natural, provavelmente captada durante o dia com céu claro, ilumina suavemente a cena, destacando os tons terrosos da pedra e o verde e vermelho da folhagem.

A paleta de cores é quente e harmoniosa, transmitindo uma sensação de tranquilidade.

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A fotografia é tirada de um ângulo baixo, enfatizando a verticalidade do campanário e dando uma sensação de imponência à estrutura, apesar do seu tamanho modesto.

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A composição é equilibrada, com a vegetação a servir como um quadro natural que guia o olhar para o campanário.

A escolha do ângulo baixo é eficaz para destacar a arquitetura e o simbolismo religioso.

A textura da pedra e a paleta de cores criam uma narrativa visual de história e serenidade, típica de aldeias portuguesas.

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A fotografia parece celebrar a simplicidade e a resiliência das construções tradicionais portuguesas, refletindo uma ligação profunda entre a comunidade local e seu património.

O contraste entre a natureza viva e a arquitetura estática sugere um ciclo de renovação e permanência.

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Em suma, a imagem de Mário Silva é uma captura sensível e bem executada, que combina elementos naturais e arquitetónicos de forma harmoniosa.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
12
Jul25

"Espreitando o castelo de Monforte de Rio Livre" em Águas Frias, Chaves, Portugal


Mário Silva Mário Silva

"Espreitando o castelo de Monforte de Rio Livre"

Águas Frias - Chaves - Portugal

12Jul DSC03387_ms

Naquele fim de tarde de julho, a luz dourada do sol de Trás-os-Montes banhava as colinas e os vales, desenhando sombras longas e misteriosas.

O ar, pesado com o aroma dos pinheiros e do rosmaninho, trazia consigo o eco de séculos de história.

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Num ponto elevado, quase escondido entre a densa vegetação que teimava em reclamar o seu espaço, erguia-se, imponente e silencioso, o Castelo de Monforte de Rio Livre.

Daquela perspetiva, captada pela lente atenta de Mário Silva, ele não se revelava por completo, mas sim espreitava, como um segredo bem guardado.

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À frente, em primeiro plano, uma sebe de giestas cobria o campo, as suas flores amarelas, vibrantes e alegres, contrastavam com o verde mais escuro dos arbustos.

Os seus ramos finos e emaranhados formavam uma cortina natural, por entre a qual se vislumbrava a fortaleza.

Havia um quê de mistério nesta visão parcial, como se a natureza estivesse a proteger os segredos daquele monumento ancestral.

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Por trás da cortina verde e amarela, a torre de menagem do castelo surgia, majestosa e robusta.

Construída em pedra granítica, as suas paredes grossas e irregulares falavam de batalhas travadas, de cercos superados e de sentinelas que outrora vigiavam as fronteiras.

O telhado, de um tom avermelhado, adicionava um toque de cor ao cinzento severo da pedra, como uma coroa de dignidade.

Uma pequena e escura abertura na torre, talvez uma seteira ou uma janela, parecia um olho a observar a paisagem, testemunha silenciosa de tudo o que se passava lá em baixo.

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Ao lado da torre, parte da muralha do castelo estendia-se, firme e sólida, protegida por uma vegetação mais rasteira.

A paisagem em redor, uma mistura de carvalhos e arbustos selvagens, envolvia a fortificação, tornando-a parte integrante do ambiente, quase como se tivesse nascido da própria terra.

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O Castelo de Monforte de Rio Livre não era apenas um aglomerado de pedras antigas.

Era um bastião da identidade transmontana, uma lembrança viva da linha da frente, da defesa do reino, das gentes que ali viveram e lutaram.

Cada pedra, cada torre, ecoava os passos de cavaleiros, os gritos de batalha, as vozes de camponeses que procuravam refúgio dentro dos seus muros.

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Espreitar o castelo por entre as giestas era como vislumbrar um pedaço de história através de um véu.

Sugeria que, apesar da passagem do tempo e do avanço da natureza, a essência daquele lugar permanecia intocada.

O silêncio que o envolvia era preenchido por histórias não contadas, por lendas que se perdiam na memória coletiva.

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Para Mário Silva, esta fotografia era mais do que um mero registo de um monumento.

Era a captura de um momento em que a natureza e a história se encontravam, em que o passado se revelava de forma subtil, convidando à imaginação.

Era um convite a olhar para além do óbvio, a desvendar os segredos que as paisagens portuguesas guardam, e a sentir a profunda ligação entre a terra, a história e as gentes de Monforte de Rio Livre, ali, nas terras de Chaves.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
11
Jul25

"Pela rua Cimo de Vila" - Águas Frias - Chaves - Portugal


Mário Silva Mário Silva

"Pela rua Cimo de Vila"

Águas Frias - Chaves - Portugal

11Jul DSC08527_ms

A Rua Cimo de Vila, em Águas Frias, Chaves, era mais do que uma simples artéria de passagem; era um livro aberto sobre a alma da aldeia, um testemunho vivo de tempos passados e da resiliência das suas gentes.

Ao amanhecer, a luz do sol de julho esgueirava-se sobre os telhados, espreitando por entre as copas das árvores no topo da colina, e beijava as pedras que formavam a rua e as paredes.

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Era uma calçada de paralelepípedos, ou "cubos" como lhe chamam por estas bandas, que subia em suave inclinação, cada pedra polida pelo passar dos anos, dos carros de bois, dos passos apressados e dos passeios lentos.

As suas juntas, por vezes preenchidas por musgo teimoso ou por pequenas ervas, contavam a história de uma manutenção constante, mas também de uma vida que persistia.

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À esquerda, um muro imponente de pedras de granito, robustas e irregulares, erguia-se, formando a lateral de uma antiga habitação.

As pedras, umas mais claras, outras mais escuras, encaixavam-se com uma precisão que só as mãos de mestres canteiros sabiam dar, sem argamassa aparente em muitos pontos, mas firmes como a própria montanha.

Era uma parede que respirava história, que tinha testemunhado invernos rigorosos e verões abrasadores, que tinha acolhido famílias e guardado segredos.

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Junto a este muro, numa faixa estreita de terra que parecia desafiar a robustez da pedra, a vida brotava em abundância.

Malvas-rosas (Alcea rosea), algumas de um rosa delicado, outras em tons mais vibrantes de fúcsia, estendiam-se para o céu, os seus botões e flores abertas a trazer cor a um cenário dominado pelo granito e pelo verde escuro.

Ao lado delas, repolhos e couves, de folhas largas e um verde intenso, cresciam vigorosos, plantados ali com a praticidade de quem aproveita cada palmo de terra.

Era um pequeno jardim à beira da rua, um reflexo da simbiose entre a vida rural e a habitação.

Uma janela de madeira simples, com as suas portadas fechadas, interrompia a parede, sugerindo uma vida interior, talvez uma cozinha acolhedora ou um quarto com vista para o vale.

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À direita, a rua continuava, com um muro semelhante, embora menos visível, a delimitar outros terrenos e casas mais à frente.

A perspetiva da rua, que se perdia na distância, subia suavemente, ladeada por mais vegetação, e ao longe, vislumbrava-se o topo de uma casa mais moderna e os verdes densos da floresta que coroava a encosta.

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A Rua Cimo de Vila não era uma atração turística grandiosa, mas sim um pedaço autêntico de Portugal profundo.

As pedras, as plantas, os muros – tudo falava de uma vida simples, enraizada na terra e nas tradições.

O cheiro a terra húmida misturava-se com o aroma das flores e o sussurro do vento entre as folhas, criando uma sinfonia natural que convidava à contemplação.

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Para Mário Silva, este local era mais do que uma fotografia.

Era a captura de um instante de eternidade, a beleza da arquitetura popular e da natureza que insiste em florescer onde menos se espera.

Era um convite a desacelerar, a sentir a textura das pedras sob os pés, a respirar o ar puro e a deixar-se envolver pela tranquilidade e pela história que cada recanto da Rua Cimo de Vila, em Águas Frias, tinha para oferecer.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
10
Jul25

"O caminho rural asfaltado" - Águas Frias - Chaves - Portugal


Mário Silva Mário Silva

"O caminho rural asfaltado"

Águas Frias - Chaves - Portugal

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Era um daqueles inícios de manhã em Águas Frias, Chaves, onde o sol de julho começava a banhar a paisagem com uma luz morna e dourada.

O ar, ainda fresco da noite, transportava os aromas da terra molhada e das flores silvestres.

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O caminho, um modesto trilho de asfalto, serpenteava suavemente pela encosta, desaparecendo na distância entre o verde exuberante.

Não era uma estrada principal, mas um caminho rural asfaltado, um veia que ligava pequenos campos de cultivo e vinhas, um fio de progresso lançado sobre a antiga face da terra.

As suas curvas suaves convidavam a caminhadas tranquilas, a passeios de bicicleta sem pressas, longe da agitação do mundo.

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À esquerda do caminho, como uma sentinela colorida e altiva, erguia-se uma malva-rosa, um “Alcea rosea”.

As suas hastes robustas, carregadas de flores em tons vibrantes de rosa e fúcsia, destacavam-se contra o verde mais escuro da vegetação.

Algumas das flores já se abriam em plenitude, outras, mais acima, eram ainda botões prometendo mais beleza nos dias seguintes.

Tinha nascido, provavelmente, de uma semente que o vento trouxe, ou talvez plantada por alguma mão carinhosa, e agora prosperava, adicionando um toque de cor e alegria à paisagem.

Apoiava-se num pequeno muro de pedra coberto de cal e pintura branca, que delimitava o terreno, marcando a transição entre o que era cultivado e o que era selvagem.

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À direita, o caminho era ladeado por um muro baixo, uma cerca rústica de rede metálica, já com a sua patina de ferrugem, que parecia proteger um terreno mais aberto, coberto de ervas secas pelo calor de verão.

Mais além, árvores de grande porte, com as suas copas densas e escuras, ofereciam sombra generosa, e o canto dos pássaros ecoava entre os ramos.

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Ao fundo, a paisagem elevava-se em suaves colinas, cobertas por uma manta de vegetação mediterrânea, banhada pela luz que prometia um dia quente.

A imensidão do céu, de um azul límpido e quase sem nuvens, estendia-se sobre tudo, convidando à contemplação.

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Aquele caminho não era apenas um percurso físico; era um portal para a alma rural de Trás-os-Montes.

Era um lugar onde o tempo parecia abrandar, onde o ritmo da vida era ditado pelo sol e pelas estações.

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Para Mário Silva, que capturou este momento com a sua câmara, não era apenas um registo fotográfico.

Era a essência da tranquilidade, da beleza simples e autêntica de Águas Frias.

A malva-rosa, exuberante e solitária, era um símbolo da vida que floresce, mesmo nos lugares mais inesperados, um lembrete de que a beleza está em todo o lado, à espera de ser observada e apreciada.

E o caminho, convidativo e sereno, parecia sussurrar histórias de vidas passadas e promessas de novos começos, convidando quem o olhava a seguir em frente e a descobrir os tesouros escondidos naquelas terras transmontanas.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
09
Jul25

"O casinhoto na fraga"


Mário Silva Mário Silva

"O casinhoto na fraga"

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No coração do Alto Tâmega, onde a história se entrelaça com a paisagem granítica, em Águas Frias, nas terras de Chaves, existia um lugar que parecia ter parado no tempo.

Não era uma casa imponente, nem uma ruína grandiosa, mas sim um modesto casinhoto na fraga, um abrigo nascido da própria pedra, da resiliência de um povo e da sabedoria de gerações.

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As fragas, enormes blocos de granito arredondados pela ação do tempo e dos elementos, dominavam a paisagem.

Algumas pareciam gigantes adormecidos, outras guardiões silenciosos.

E foi entre duas dessas fragas monumentais que o casinhoto encontrou o seu refúgio.

Não foi construído, mas sim encaixado, aproveitando a cavidade natural que o granito oferecia.

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As paredes laterais eram as próprias rochas nuas, frias no inverno e frescas no verão.

A entrada, baixa e retangular, era delimitada por pedras mais pequenas, empilhadas com mestria, sem argamassa aparente, como se tivessem sido colocadas ali por mãos que conheciam os segredos da pedra.

Sobre a abertura, um lintel robusto de granito apoiava a estrutura do telhado.

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E o telhado!

Era a parte mais humana do casinhoto, uma calha de telhas de barro, velhas e escuras, cobertas por uma patina de musgo e líquen que lhes dava uma cor terrosa, quase igual à da própria rocha.

Dispostas em filas ordenadas, as telhas curvadas pareciam as escamas de um animal antigo, protegendo o interior das intempéries.

Havia um toque de improviso, de engenho, na forma como se apoiavam sobre algumas travessas de madeira, já escurecidas pelo sol e pela chuva.

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À volta do casinhoto, a natureza reivindicava o seu espaço.

Ervas altas e secas, com as suas sementes prontas para a próxima estação, balançavam suavemente com a brisa, desenhando sombras alongadas na entrada escura.

Alguns arbustos e árvores pequenas, adaptados à aridez e à presença da rocha, espreitavam por trás das fragas, os seus verdes um contraste vivo com o cinzento do granito.

No topo da fraga maior, quase a coroá-la, um carvalho teimava em crescer, as suas folhas a murmurar segredos ao vento.

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Quem o teria construído? E para quê?

Seria um abrigo para pastores, que por ali levavam os seus rebanhos em tempos passados?

Um esconderijo para caçadores, que aguardavam a sua presa na solidão do monte?

Ou talvez, um lugar de repouso para os agricultores que trabalhavam a terra árida e pedregosa de Águas Frias, procurando refúgio do sol a pino ou da chuva inesperada?

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A entrada escura do casinhoto convidava à imaginação.

O que haveria lá dentro?

Ferramentas antigas?

Um leito de palha?

Ou estaria vazio, à espera de um novo visitante, de uma nova história para contar?

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Para Mário Silva, o fotógrafo, este casinhoto não era apenas um aglomerado de pedras e telhas.

Era um testemunho silencioso da vida rural portuguesa,foto da capacidade do homem de se adaptar e de coexistir com a natureza mais selvagem.

Era um portal para um passado não tão distante, um sussurro de memórias de trabalho árduo, de simplicidade e de uma profunda ligação à terra.

E ali, na imensidão das fragas de Águas Frias, o pequeno casinhoto continuava a resistir, guardando os seus segredos, um pedaço intemporal da alma transmontana.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
08
Jul25

Trepadeira-comum (Certhia brachydactyla)


Mário Silva Mário Silva

Trepadeira-comum

(Certhia brachydactyla)

08Jul DSC06670_ms

Naquele recanto tranquilo da floresta, onde o sol se filtrava em feixes dourados através da densa folhagem, erguia-se uma árvore antiga, com o seu tronco rugoso coberto por um manto aveludado de líquenes e musgo.

As suas raízes, profundas e entrelaçadas, contavam histórias de séculos.

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De repente, um movimento ágil quebrou a quietude.

Não era uma folha a cair, nem um esquilo a saltitar.

Era ela, a Trepadeira-comum, uma “Certhia brachydactyla”, como os ornitólogos a chamavam, mas para quem a observava, era simplesmente a "trepadeira".

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Com a sua plumagem mimética, em tons de castanho e branco que se confundiam perfeitamente com a casca da árvore, era fácil perdê-la de vista.

No entanto, o seu pequeno corpo, compacto e elegante, movia-se com uma destreza impressionante.

Não era um pássaro que saltitava entre os ramos, mas sim um escalador nato.

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A trepadeira-comum subia o tronco em espiral, os seus pés minúsculos, mas fortes, agarrando-se a cada fissura, a cada irregularidade da casca.

A sua cauda, robusta e rígida, servia-lhe de apoio, como um terceiro ponto de equilíbrio, permitindo-lhe um movimento quase vertical.

Parecia um relógio, o seu pequeno bico, fino e ligeiramente curvado, a investigar cada fenda, cada reentrância, em busca de insetos minúsculos e aranhas escondidas.

Era uma caçadora meticulosa, sem pressas, mas implacável.

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Naquele dia, enquanto subia, a sua cabeça pequena e atenta inclinou-se ligeiramente para cima.

Os seus olhos negros e brilhantes, mais do que simples esferas, eram janelas para um mundo de detalhes que a maioria de nós nem sequer percebia.

Talvez estivesse a procurar um novo percurso, a detetar o cheiro de uma larva escondida, ou simplesmente a apreciar a luz que se abria no topo do dossel, uma promessa de um novo horizonte.

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O fotógrafo, Mário Silva, com a sua objetiva paciente, conseguiu captar aquele momento efémero.

Não apenas a imagem de um pássaro, mas a essência da sua vida: a sua resiliência, a sua adaptação perfeita ao seu “habitat” e a sua busca incessante pelo sustento.

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A Trepadeira-comum não cantava canções elaboradas, nem exibia cores vistosas.

A sua beleza residia na sua discrição, na sua funcionalidade e na sua capacidade de habitar um nicho tão específico e fascinante.

Ela era a guardiã silenciosa da árvore, uma sentinela que passava os seus dias a explorar os segredos da casca, um exemplo vivo da complexidade e da maravilha da vida selvagem, ali, mesmo ao nosso lado, na floresta que muitas vezes nos passam despercebidos.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
07
Jul25

"A borboleta (Pieris rapae) e as flores de cardo (Cirsium arvense)"


Mário Silva Mário Silva

"A borboleta (Pieris rapae)

e as

flores de cardo (Cirsium arvense)"

07Jul DSC01263_ms

Naquele dia ensolarado de julho, o campo irradiava uma paleta de verdes vibrantes, salpicados aqui e ali por explosões de cor.

Mas eram os tons de roxo intenso que mais chamavam a atenção, emanando das cabeças espinhosas dos cardos, que se erguiam orgulhosos, apesar da sua natureza um tanto indomável.

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Uma pequena borboleta, uma “Pieris rapae”, ou a "borboleta-da-couve" como era carinhosamente conhecida, dançava no ar.

As suas asas, de um creme suave e quase translúcido, eram pontuadas por discretas pintas pretas, quase como a assinatura de um artista no seu trabalho.

Ela não era das mais exóticas, nem das mais chamativas, mas a sua elegância residia na sua simplicidade e na sua persistência.

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A borboleta-da-couve, com os seus sentidos aguçados, sentiu o néctar doce que emanava das flores de cardo.

As “Cirsium arvense”, conhecidas popularmente como cardo-rasteiro, podiam ser consideradas uma praga por alguns, com as suas raízes profundas e a sua capacidade de se espalhar.

Mas para a borboleta, eram um oásis.

As suas flores, um turbilhão de filamentos roxos, ofereciam um banquete de energia essencial para os seus voos incansáveis.

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Com um movimento grácil, a borboleta pousou delicadamente numa das flores.

As suas patinhas finas agarraram-se às pequenas estruturas espinhosas, não com medo, mas com a familiaridade de quem encontra um velho amigo.

A sua probóscide desenrolou-se, mergulhando no coração púrpura da flor, sorvendo o néctar com satisfação.

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Ao lado, outra flor de cardo esperava, igualmente vibrante, a prometer mais néctar.

A borboleta sabia que tinha tempo, que o sol de julho ainda aquecia o ar e que a vida no campo se desenrolava no seu próprio ritmo.

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Naquele instante, a cena era um microcosmo perfeito do equilíbrio da natureza.

A borboleta, frágil, mas determinada, encontrava sustento na planta que muitos consideravam robusta e indesejável.

Era uma dança antiga, um pacto silencioso de coexistência.

A “Pieris rapae” levaria pólen de uma flor para outra, perpetuando o ciclo de vida do cardo, que por sua vez, lhe oferecia a sua doce recompensa.

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E enquanto a borboleta se demorava, o tempo parecia parar.

Não era apenas uma borboleta e uma flor; era a poesia do dia a dia, uma chamada de atenção de que a beleza e a interconexão podem ser encontradas mesmo nos cantos mais humildes do nosso mundo.

A fotografia de Mário Silva capturou não apenas uma imagem, mas um fragmento de uma história eterna, que continua a desdobrar-se em cada campo e em cada dia de verão.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
06
Jul25

Capela de Nossa Senhora da Natividade (Tinhela – Valpaços – Portugal)


Mário Silva Mário Silva

Capela de Nossa Senhora da Natividade

Tinhela – Valpaços – Portugal

06Jul DSC01593_ms

A fotografia retrata uma pequena capela rural, com uma arquitetura simples, mas charmosa, enquadrada num ambiente natural de colinas.

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A capela ocupa o centro da imagem, enquadrada por uma parede de pedra e um portão de ferro forjado em primeiro plano.

O edifício está ligeiramente inclinado para a direita, dando um dinamismo subtil à composição.

O fundo é dominado por colinas verdes e arbustos, sugerindo a localização rural e a integração da capela na paisagem.

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A paleta de cores é dominada pelos tons terrosos e naturais.

O telhado de telha de barro exibe um vermelho-alaranjado quente e vibrante, que se destaca.

A pedra da capela e das paredes é em tons de cinzento claro e bege, com alguma pátina do tempo.

As portas duplas da capela são de um azul turquesa vibrante, que cria um contraste marcante e um ponto de interesse visual forte.

O verde da vegetação no fundo é suave, com tons de verde-azeitona e castanho.

O céu, embora não muito visível na parte superior, parece ser de um cinzento claro ou esbranquiçado, sugerindo um dia nublado ou de luz difusa.

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A luz parece ser suave e difusa, provavelmente de um dia nublado ou de um sol não muito forte.

Isso resulta numa iluminação uniforme, sem sombras duras, que realça as texturas da pedra e das telhas.

Os detalhes arquitetónicos são bem visíveis.

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A estrutura principal é uma capela retangular, construída em pedra rústica.

Possui um telhado de quatro águas coberto com telhas de barro, com um beiral proeminente suportado por colunas de pedra de estilo dórico.

Uma arcada com três arcos e duas colunas na frente define a entrada, onde se encontram duas grandes portas de madeira pintadas de azul vivo.

Na parte inferior de uma das portas, há uma pequena janela gradeada.

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Em primeiro plano, uma parede de pedra rústica, coberta por algumas plantas rasteiras, estende-se pela base da imagem.

Integrado nesta parede, um portão de ferro forjado, de cor cinzenta clara, com desenhos curvilíneos e ornamentados, convida à entrada para o recinto.

Grandes pedras irregulares estão dispostas ao redor da base da parede e do portão.

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Atrás da capela, a paisagem é composta por colinas suaves, cobertas por vegetação densa, incluindo árvores e arbustos.

Sugere um ambiente rural e natural, típico do interior de Portugal.

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A fotografia capta muito bem as diversas texturas: a rugosidade da pedra, a aspereza das telhas, a suavidade da madeira das portas e os detalhes do ferro forjado.

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A fotografia "Capela de Nossa Senhora da Natividade" de Mário Silva é uma imagem que transmite serenidade, autenticidade e uma forte ligação à identidade rural portuguesa.

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A escolha da perspetiva e do enquadramento é eficaz, centrando-se na capela mas incluindo elementos circundantes que lhe dão contexto.

O primeiro plano com a parede e o portão adiciona profundidade e um elemento de "entrada" para a cena.

A capela ligeiramente angulada evita uma frontalidade estática, tornando a imagem mais dinâmica.

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O contraste vibrante do azul das portas com os tons neutros da pedra e os quentes do telhado é um dos pontos mais fortes da imagem.

Este azul não é apenas uma cor, mas um elemento que "salta" e chama a atenção, conferindo um caráter distintivo à capela e, por extensão, à fotografia.

O telhado, com os seus tons terrosos, reforça a sensação de antiguidade e de elementos naturais.

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A iluminação difusa é ideal para capturar os detalhes arquitetónicos e as texturas sem criar sombras excessivamente duras que pudessem obscurecer a forma.

A atmosfera é de paz e intemporalidade, sugerindo um local de culto e de contemplação numa paisagem inalterada.

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A fotografia demonstra uma excelente nitidez e detalhe, permitindo observar as texturas individuais da pedra, a pátina das telhas e os pormenores do portão de ferro.

Isso reflete uma boa técnica fotográfica e um controlo da profundidade de campo.

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A capela, com a sua arquitetura rústica e o seu enquadramento rural, é um símbolo da religiosidade popular e da identidade cultural do interior de Portugal.

A fotografia de Mário Silva capta com sucesso este aspeto, apresentando não apenas um edifício, mas um pedaço da história e da vida de uma comunidade.

A sensação de abandono ou desuso não é evidente; pelo contrário, a capela parece bem cuidada, apesar da sua idade.

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A imagem pode evocar sentimentos de nostalgia, espiritualidade, calma e uma ligação às tradições.

Para quem conhece o interior de Portugal, a cena será imediatamente familiar e evocativa.

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Em conclusão, "Capela de Nossa Senhora da Natividade" é uma fotografia bem concebida e executada por Mário Silva.

Captura com sensibilidade a essência de um local de culto rural, utilizando a cor e a textura para criar uma imagem que é ao mesmo tempo documental e artisticamente apelativa, expressando a beleza simples e a autenticidade da paisagem e do património de Valpaços.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
04
Jul25

"Na rua principal" - Águas Frias - Chaves - Portugal


Mário Silva Mário Silva

"Na rua principal"

Águas Frias - Chaves - Portugal

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A fotografia de Mário Silva, intitulada "Na rua principal" - Águas Frias - Chaves - Portugal, oferece um vislumbre autêntico e pitoresco de uma rua típica de aldeia transmontana, caracterizada pela sua arquitetura tradicional e ambiente rural.

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A imagem captura uma rua estreita, ladeada por edifícios robustos de pedra e reboco, sob um céu parcialmente nublado, mas com boa luminosidade.

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Ao centro e ligeiramente à direita, domina a cena uma casa de dois pisos, que parece ser o ponto focal.

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As paredes do rés-do-chão são de pedra aparente, bem trabalhada e de tons acinzentados, conferindo solidez e enraizamento na tradição construtiva local.

O piso superior é rebocado, com uma cor clara, possivelmente bege ou cinza claro, mostrando a evolução ou adaptação das construções.

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Uma varanda saliente no piso superior, com uma guarda de ferro simples e possivelmente elementos em madeira ou metal, serve de estendal.

Duas peças de roupa branca, uma delas com um padrão rendilhado ou texturizado, pendem a secar, adicionando um toque de vida quotidiana e doméstico à cena.

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No rés-do-chão, uma grande porta de madeira dupla, de cor castanha avermelhada, domina a fachada.

Dada a sua dimensão e robustez, sugere ser a entrada para um armazém agrícola, celeiro, ou garagem, um elemento comum em casas rurais onde o rés-do-chão era frequentemente destinado a usos não habitacionais.

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O telhado é de telha cerâmica, de cor avermelhada/alaranjada, com a inclinação característica da arquitetura rural portuguesa, projetado para o escoamento eficaz da água da chuva.

À esquerda, uma parte de outro edifício é visível.

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No rés-do-chão, uma porta de garagem em madeira clara, de ripas horizontais, contrasta com a porta da casa central.

Acima da garagem, uma varanda com balaustrada de ferro forjado e pilares de pedra sugere uma área habitacional no piso superior, com vasos de plantas que adicionam um toque de verde.

Um pilar robusto de pedra, provavelmente granito, suporta a estrutura superior, reforçando a ideia de construção tradicional e sólida.

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À direita, vê-se apenas um fragmento de outra parede de pedra, indicando a continuidade das construções ao longo da rua.

Esta parede é de alvenaria de pedra, com juntas visíveis e musgo ou líquenes, denotando a idade da construção.

Um toque de cor vibrante é adicionado por arbustos ou flores com floração avermelhada/rosada que se espalham junto à parede e escadas, provavelmente trepadeiras.

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O chão da rua é de asfalto, com algumas manchas e irregularidades, sugerindo uma rua de aldeia com pouco tráfego, onde a vida se desenrola a um ritmo mais lento.

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A fotografia de Mário Silva em "Na rua principal" de Águas Frias é mais do que um simples registo; é uma narrativa visual da vida numa aldeia transmontana.

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A imagem é um excelente exemplo da arquitetura vernácula da região de Trás-os-Montes.

O uso predominante da pedra, a robustez das construções, os telhados de telha e as varandas são elementos típicos que refletem a adaptação às condições climáticas (invernos rigorosos) e a disponibilidade de materiais locais.

A mistura de pedra com paredes rebocadas mostra a evolução das construções ou a combinação de diferentes épocas e técnicas.

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A presença da roupa estendida na varanda é um detalhe poderoso que humaniza a cena.

Não é apenas uma imagem de edifícios, mas de vida que acontece ali.

Sugere a presença de habitantes e as suas rotinas diárias, evocando um ambiente doméstico e acolhedor.

As grandes portas de madeira no rés-do-chão remetem para uma economia agrária, onde as casas não eram apenas habitações, mas também espaços de trabalho e armazenamento.

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A rua estreita, os edifícios lado a lado, e a ausência de elementos modernos intrusivos (à exceção da rua asfaltada) reforçam a sensação de estar numa aldeia tradicional.

A vegetação que brota aqui e ali (plantas na varanda, flores junto à parede) contribui para a atmosfera orgânica e vivida do local.

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A iluminação natural, com a luz solar a criar áreas de contraste entre luz e sombra, realça as texturas da pedra e da madeira e confere profundidade à cena.

A composição, com as paredes dos edifícios a "enquadrar" a casa central, guia o olhar do observador para o coração da imagem, reforçando a sensação de uma rua "encaixada" entre as casas.

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A fotografia evoca um sentimento de nostalgia e autenticidade.

Representa um património construído que é parte da identidade cultural e histórica de Portugal rural, especialmente do interior.

As casas, embora modestas, transmitem uma sensação de resistência ao tempo e às mudanças.

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Em suma, "Na rua principal" é uma fotografia que vai além da simples descrição arquitetónica, capturando a essência da vida numa aldeia de Trás-os-Montes, com a sua arquitetura vernacular, as rotinas diárias e o seu caráter intemporal.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
03
Jul25

“Fonte de mergulho” - S. Vicente (Chaves – Portugal)


Mário Silva Mário Silva

“Fonte de mergulho”

S. Vicente (Chaves – Portugal)

03Jul DSC01220_ms

A fotografia de Mário Silva, "“Fonte de mergulho” - S. Vicente (Chaves – Portugal), exibe uma estrutura de pedra característica e de grande significado histórico e cultural para as comunidades rurais.

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A imagem foca-se numa fonte de mergulho, uma construção antiga feita predominantemente de pedra lavrada e aparelhada, de tonalidade clara, provavelmente granito, que é comum na região de Chaves.

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A estrutura central é composta por um arco de volta perfeita, que dá acesso ao interior da fonte, onde se recolhia a água.

Este arco está integrado numa fachada sólida de pedra, que serve de suporte e proteção ao tanque de recolha.

Acima do arco, a estrutura horizontal forma uma espécie de pequeno banco ou platibanda, onde assenta uma cruz de pedra, símbolo cristão que frequentemente acompanha estas fontes, abençoando e protegendo a água e os que dela bebem.

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À direita da fonte, é visível uma placa de aviso amarela, com texto a preto, parcialmente visível, que parece indicar "PERIGO" e informação de segurança e restrição, pois atualmente a água é imprópria para consumo.

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No lado esquerdo da estrutura principal, um pequeno tanque retangular de pedra, de menor profundidade, parece ser um bebedouro ou um lavadouro mais pequeno, adjacente à fonte principal.

Toda a estrutura assenta sobre um pavimento de lajes de pedra, que se prolonga para a frente da fonte.

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Em primeiro plano, na parte inferior da fotografia, vê-se um muro de blocos de cimento de cor cinzenta escura, indicando que a fonte está ligeiramente acima do nível da rua.

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O fundo da imagem mostra vegetação densa e verde, com arbustos e árvores, sugerindo um ambiente rural ou semi-rural.

A luz do sol incide diretamente na fonte, criando contrastes acentuados de luz e sombra que realçam a textura da pedra e a profundidade do arco.

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Uma fonte de mergulho, também conhecida como fonte de mina ou fonte de nascente, é um tipo de construção tradicional que tem como função captar e disponibilizar a água de uma nascente natural para usufruto da população.

O termo "de mergulho" refere-se à necessidade de "mergulhar" ou baixar-se para aceder ao interior da estrutura e recolher a água diretamente da nascente ou de um pequeno tanque onde a água brota.

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Geralmente são construídas no local onde a água brota do solo, protegendo a nascente da contaminação externa (folhas, detritos, animais).

Apresentam uma estrutura fechada ou semi-fechada, muitas vezes com um arco ou galeria, que permite o acesso ao ponto de recolha da água.

A água é fresca e pura, mantida à temperatura constante do subsolo.

Muitas destas fontes incluem tanques adjacentes, chamados "lavadouros", onde as pessoas lavavam a roupa, e "bebedouros" para animais.

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Até à generalização das redes de abastecimento de água domiciliária, as fontes de mergulho desempenhavam um papel fundamental e insubstituível na vida das comunidades rurais.

A sua importância pode ser compreendida sob vários aspetos:

- Eram a principal, e muitas vezes a única, fonte de água potável para consumo humano e animal.

A qualidade da água era crucial para a saúde pública.

- As fontes eram locais de intensa atividade social.

As mulheres, em particular, deslocavam-se diariamente à fonte para buscar água, transformando estes momentos em oportunidades de convívio, partilha de informações e fortalecimento dos laços comunitários.

Era um espaço de comunicação e socialização.

- Os lavadouros anexos permitiam a lavagem da roupa, uma tarefa árdua que também se tornava um momento de convívio entre as lavadeiras.

- A água das fontes era vital para a agricultura de subsistência e para a criação de gado, que dependiam diretamente da disponibilidade hídrica.

- As fontes de mergulho são testemunhos vivos de um passado recente, de um modo de vida mais simples e dependente dos recursos naturais.

Representam um património arquitetónico e etnográfico que define a identidade das aldeias.

Muitas estão ligadas a lendas locais ou têm nomes próprios que as distinguem.

A cruz, como a que se vê na fotografia, sublinha o caráter sagrado ou de bênção atribuído à água e ao local.

- Representam um modelo de gestão da água baseado na captação de recursos naturais de forma sustentável, sem a necessidade de infraestruturas complexas ou de grande consumo energético.

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Embora muitas fontes de mergulho tenham perdido a sua função primária com a modernização, muitas são hoje preservadas como marcos históricos, culturais e turísticos, recordando a centralidade que a água e estes locais tiveram na vida das gerações passadas.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
02
Jul25

Acontecimentos político e sociais que ocorreram durante o mês de junho de 2025, em Portugal


Mário Silva Mário Silva

Acontecimentos político e sociais que ocorreram

durante o mês de junho de 2025,

em Portugal

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Acontecimentos Políticos

- Inauguração do XXV Governo Constitucional (5 de junho)

O XXV Governo Constitucional, liderado pelo Primeiro-Ministro Luís Montenegro, foi empossado, marcando o início de um novo ciclo político após as eleições legislativas de 18 de maio de 2025.

A Aliança Democrática (AD) manteve a pluralidade na Assembleia da República, garantindo a formação do governo.

Este evento é um marco político, definindo a liderança e as prioridades do país para os próximos anos, com foco em estabilidade económica, políticas, sociais e compromissos europeus.

A posse foi amplamente acompanhada, refletindo o interesse nacional na nova governação.

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- Reações às Eleições Legislativas (pós-18 de maio, início de junho)

Embora as eleições tenham ocorrido em maio, o início de junho foi marcado por debates e análises sobre os resultados, com destaque para a vitória da Aliança Democrática e a fragmentação do espetro político.

Discussões públicas e na imprensa focaram-se na capacidade do novo governo de responder a desafios como inflação, habitação e saúde.

Estas discussões moldaram o clima político de junho, com partidos da oposição, como o Partido Socialista e a Iniciativa Liberal, a posicionarem-se para fiscalizar o novo governo.

 

Acontecimentos Sociais

- Santos Populares (todo o mês de junho, com destaque para 13, 24 e 29 de junho)

As festas dos Santos Populares (Santo António, São João e São Pedro) mobilizaram comunidades em todo o país, com arraiais, marchas populares, procissões e celebrações gastronómicas.

Em Lisboa, as Marchas Populares (13 de junho) e os casamentos de Santo António atraíram milhares de pessoas, com sardinhas assadas, manjericos e música tradicional.

No Porto, as festas de São João (24 de junho) incluíram fogueiras, fogo de artifício no rio Douro e tradições como os martelinhos de plástico.

Em Vila do Conde e Águas Frias, celebraram com entusiasmo, alegria e fé, o primeiro “Papa” Católico, o S. Pedro.

 

Estas celebrações reforçam a identidade cultural e a coesão social, unindo comunidades locais e atraindo turistas.

Os feriados municipais associados (Lisboa a 13, Porto a 24, Sintra e Évora a 29) proporcionaram momentos de convívio e dinamismo económico local.

 

- Festival de Sintra (12 a 22 de junho)

A 59.ª edição do Festival de Sintra promoveu eventos culturais em locais históricos, como o Palácio Nacional de Queluz e o Centro Cultural Olga Cadaval, com concertos de música clássica, ballet e recitais.

Artistas como Maria João Pires e William Christie participaram, celebrando a ligação entre cultura, património e natureza.

Este evento reforçou o papel de Sintra como centro cultural, promovendo a inclusão social através da arte e atraindo públicos nacionais e internacionais, com impacto positivo na economia local.

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- Festival do Atlântico (6 a 29 de junho, Madeira)

Na Madeira, o Festival do Atlântico marcou o início do verão com espetáculos piromusicais, a Semana Regional das Artes, atuações circenses e eventos gastronómicos.

O Concurso Internacional de Fogo de Artifício foi um ponto alto, com prémios decididos por júri e votação pública.

Este evento fortaleceu o sentido de comunidade na Madeira, promovendo a cultura local e atraindo turismo, com impacto social e económico significativo.

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Junho de 2025 foi marcado por um clima de otimismo com as festas populares e o início do novo governo, mas também por expectativas quanto às políticas do executivo para questões como habitação, custo de vida e saúde, que continuaram a ser temas de debate público.

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Texto & Video: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
02
Jul25

Cartaxo-comum (Saxicola rubicola)


Mário Silva Mário Silva

Cartaxo-comum

(Saxicola rubicola)

02Jul DSC01144_ms

A fotografia de Mário Silva, "Cartaxo-comum (Saxicola rubicola)", retrata com clareza esta pequena ave passeriforme.

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O Cartaxo-comum é uma ave pequena e compacta, com cerca de 12-14 cm de comprimento.

O dimorfismo sexual é evidente, especialmente na plumagem nupcial:

Macho: Caracteriza-se pela cabeça e garganta pretas, gola branca distintiva no pescoço, e uma mancha branca nas asas (coberturas alares).

O peito e flancos são de um tom alaranjado-avermelhado vibrante que se estende até ao abdómen, tornando-se mais pálido.

O dorso é castanho-escuro com estrias mais claras.

Fêmea: Apresenta cores mais baças.

A cabeça e a garganta são castanhas-escuras ou acinzentadas, com estrias mais claras.

A gola branca é menos proeminente ou ausente.

O peito é mais pálido, um laranja-acastanhado desbotado, e as manchas brancas nas asas são menores ou ausentes.

Juvenil: Assemelha-se à fêmea, mas com um padrão mais mosqueado e manchado na plumagem.

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Na fotografia, é possível identificar um macho de Cartaxo-comum devido à sua cabeça escura contrastante com a gola branca (embora menos nítida devido à posição e luminosidade) e o peito alaranjado.

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O Cartaxo-comum é uma espécie comum e generalizada, habitando uma vasta gama de habitats abertos ou semi-abertos.

Prefere áreas com vegetação rasteira e arbustos dispersos, como charnecas, dunas costeiras, pastagens, campos agrícolas, bordas de floresta e terrenos baldios.

Em Portugal, é frequentemente avistado em culturas de sequeiro e montados.

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É uma ave territorial, especialmente durante a época de reprodução.

O seu comportamento mais característico é empoleirar-se em pontos elevados (fios, arbustos, postes) a partir dos quais vigia o seu território e procura alimento.

Ao avistar uma presa, desce rapidamente ao solo para a capturar, regressando frequentemente ao mesmo poleiro.

A sua dieta consiste principalmente em insetos (gafanhotos, grilos, besouros, formigas, borboletas e as suas larvas) e aranhas, complementada ocasionalmente com bagas no outono e inverno.

O seu canto é um assobio metálico e repetitivo, e o seu chamamento é um "tschack-tschack" característico, que deu origem ao seu nome comum em algumas línguas.

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A época de reprodução do Cartaxo-comum ocorre entre abril e julho, podendo realizar duas ou três posturas por ano.

O ninho é construído pela fêmea, geralmente no solo, bem escondido entre a vegetação densa, ou em pequenas depressões protegidas por ervas ou tufos.

É uma taça bem construída de musgo, ervas e raízes, forrada com pêlos e penas.

A fêmea põe 4 a 6 ovos azuis-esverdeados pálidos, com pequenas manchas avermelhadas.

A incubação dura cerca de 13-14 dias e é realizada principalmente pela fêmea.

Ambos os pais alimentam os juvenis, que abandonam o ninho ao fim de 12-15 dias, mas continuam a ser alimentados pelos pais por mais algum tempo.

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O Cartaxo-comum é uma espécie classificada como Pouco Preocupante (Least Concern) a nível global e europeu pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

A sua população é considerada estável ou em ligeiro declínio em algumas regiões, mas sem ameaças significativas à sua sobrevivência a longo prazo.

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Em Portugal, é uma espécie comum e residente, presente em quase todo o território continental, embora a sua abundância possa variar localmente.

Beneficia da heterogeneidade das paisagens agrícolas tradicionais e da presença de habitats abertos.

No entanto, a intensificação agrícola, a perda de sebes e a alteração dos habitats podem representar desafios a nível local.

A sua adaptabilidade a diferentes tipos de ambientes, desde que com vegetação adequada para poleiros e alimentação, contribui para a sua ampla distribuição e abundância.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
01
Jul25

"Casas em Segirei" - (Chaves - Portugal)


Mário Silva Mário Silva

"Casas em Segirei"

(Chaves - Portugal)

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A fotografia de Mário Silva, "Casas em Segirei" (Chaves - Portugal), retrata uma construção rural típica da região de Trás-os-Montes, particularmente das aldeias da raia, ou seja, aquelas localizadas na fronteira com Espanha.

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Este tipo de construção, visível na imagem, caracteriza-se pelo uso predominante de pedra, um material abundante na região.

As paredes são robustas, geralmente de xisto ou granito, dependendo da geologia local, e construídas com técnica de alvenaria de pedra seca ou com argamassa simples.

A tonalidade da pedra confere uma camuflagem natural ao ambiente, integrando as casas na paisagem.

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Os telhados são, na maioria dos casos, de telha cerâmica, de tipo luso-árabe, com inclinações adequadas para escoamento da água da chuva e resistência às intempéries, incluindo as nevadas de inverno.

No caso da fotografia, a telha é de um tom alaranjado, que contrasta com a cor da pedra.

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As janelas e portas eram tradicionalmente pequenas, para melhor isolamento térmico e segurança, embora não sejam muito visíveis nesta imagem.

A funcionalidade e a adaptação ao clima e aos recursos locais eram os princípios basilares destas construções.

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No que toca ao contexto das aldeias transmontanas da raia, estas construções refletem um modo de vida rural e agropastoril.

As casas eram frequentemente de dois pisos: o rés-do-chão servia para abrigar animais ou armazenar produtos agrícolas, enquanto o piso superior era a habitação.

Esta tipologia era prática e permitia aproveitar o calor gerado pelos animais no piso inferior para aquecer a casa no inverno.

A simplicidade e a durabilidade eram características essenciais, dada a escassez de recursos e a necessidade de autossuficiência.

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É comum ver nestas aldeias a presença de anexos, muros e currais, também construídos em pedra, que complementam o conjunto arquitetónico e funcional da propriedade.

A degradação parcial da casa na fotografia, com parte da parede em ruínas, é um reflexo do despovoamento e abandono que muitas destas aldeias têm vindo a sofrer nas últimas décadas.

No entanto, a solidez da sua construção original ainda se mantém visível.

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Em suma, a fotografia de Mário Silva é um excelente exemplo da arquitetura vernácula das aldeias da raia transmontana, caracterizada pela robustez da pedra, a simplicidade funcional e a profunda ligação ao território e aos seus recursos.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
30
Jun25

CONVÍVIO NO DIA DE S. PEDRO ÁGUAS FRIAS - CHAVES - PORTUGAL


Mário Silva Mário Silva

🕺💃👩‍❤️‍👨🤸‍♂️🤸‍♂️🎹🎉🎉🎉🎉❤️❤️🔈🔈🔈🔉🔊
 
CONVÍVIO NO DIA DE S. PEDRO
ÁGUAS FRIAS - CHAVES - PORTUGAL
 
Onde a Alegria, Convívio, Amizade e Confraternização imperaram ...São assim as Gentes desta pequena mas bela Aldeia transmontana ...
Obrigado a Todos(as) que insistiram na ideia, a planearam ao pormenor e a concretizaram ...
O meu louvor a Todos(as) ...
É por estas e outras que Águas Frias (embora não me corra nas veias) me envolve o coração....
PS: por favor ligue o som 🔈
 

 

Mário Silva 📷
30
Jun25

"O aloquete no gradeamento da ponte" - Ponte Romana sobre o rio Tâmega, em Chaves, Portugal


Mário Silva Mário Silva

"O aloquete no gradeamento da ponte"

Ponte Romana sobre o rio Tâmega, em Chaves, Portugal

30Jun DSC00031_ms

A fotografia de Mário Silva, intitulada "O aloquete no gradeamento da ponte", oferece uma vista encantadora da Ponte Romana sobre o rio Tâmega, em Chaves, Portugal.

No primeiro plano, destaca-se um cadeado (aloquete) preso ao gradeamento, um elemento que se tornou um símbolo de afeto e compromisso em muitas pontes em todo o mundo.

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A prática de prender cadeados em pontes, portões ou outras estruturas públicas, conhecida como "love locks" (cadeados do amor), é um fenómeno relativamente recente, mas que se espalhou globalmente com rapidez, tornando-se uma tradição popular entre casais.

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A origem exata desta tradição é incerta e disputada, com várias teorias e lendas:

- Sérvia - Ponte Most Ljubavi: Uma das histórias mais aceites remonta à Primeira Guerra Mundial, na Sérvia, na cidade de Vrnjačka Banja.

A lenda conta a história de amor trágico entre uma professora local, Nada, e um oficial, Relja.

 Relja foi para a guerra, apaixonou-se por outra mulher e nunca mais regressou.

Nada morreu de desgosto.

As jovens de Vrnjačka Banja, para protegerem os seus amores de um destino semelhante, começaram a escrever os seus nomes e os dos seus amados em cadeados, prendendo-os à Ponte Most Ljubavi (Ponte do Amor), onde Nada e Relja se encontravam.

Esta é frequentemente citada como a origem mais antiga documentada do conceito de "cadeados do amor".

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- Itália - Pontes de Florença e Roma: No entanto, a popularização moderna da prática é frequentemente atribuída a Itália.

Acredita-se que tenha ganho força após a publicação do romance "Ho voglia di te" (Tenho vontade de ti), de Federico Moccia, em 2006.

No livro, os protagonistas prendem um cadeado na Ponte Milvio, em Roma, atiram a chave ao rio e fazem um desejo para que o seu amor dure para sempre.

O sucesso do livro e do filme subsequente inspirou milhares de casais a replicar o gesto, e a moda espalhou-se rapidamente por outras cidades italianas e, depois, pelo resto do mundo.

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- Outras Influências: Há também quem aponte para práticas semelhantes em algumas culturas asiáticas, onde os cadeados eram usados em templos ou em montanhas como símbolos de votos e promessas.

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O ato de colocar um cadeado numa ponte e atirar a chave para a água está carregado de simbolismo, principalmente para casais:

- O significado mais proeminente é o da promessa de amor eterno e indissolúvel.

O cadeado fechado simboliza a união inquebrável do casal, e atirar a chave representa o compromisso de que esse amor nunca será desfeito.

É um voto visível e físico de lealdade e dedicação.

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- Além do amor romântico, os cadeados podem representar um compromisso de fidelidade ou a celebração de um momento importante na relação do casal.

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- Cada cadeado é também uma esperança de um futuro partilhado e um desejo de felicidade duradoura.

O ato de o prender é um ritual de esperança para o porvir da relação.

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- Para além do simbolismo do amor, a prática permite que os casais deixem a sua "marca" num local especial, imortalizando a sua visita e a sua ligação àquele espaço.

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- A prática tornou-se também um fenómeno social e turístico.

Pontes famosas, como a Pont des Arts em Paris (embora os cadeados tenham sido removidos por questões estruturais), a Ponte Milvio em Roma e outras, atraem casais de todo o mundo que desejam participar nesta tradição.

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A Ponte Romana de Chaves, retratada na fotografia, sendo um local de grande beleza e história, torna-se um cenário ideal para este tipo de manifestação de afeto.

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Embora a prática seja vista por muitos como um gesto romântico e inofensivo, tem gerado debates em algumas cidades devido ao peso excessivo dos cadeados e aos danos que podem causar às estruturas das pontes, levando à remoção em alguns locais.

No entanto, o seu significado emocional e cultural persiste, tornando o cadeado no gradeamento da Ponte Romana de Chaves um pequeno, mas significativo, testemunho de amor e esperança.

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Texto & Fotografia: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷
29
Jun25

"S. Pedro" - Mário Silva (IA)


Mário Silva Mário Silva

"S. Pedro"

Mário Silva (IA)

29Jun DMTD57Mt13cHRMTQm3hI--0--rmqg6_ms

A pintura digital de Mário Silva retrata São Pedro, uma figura central do cristianismo, com traços expressivos e texturas ricas.

A obra mostra um homem idoso de barba e cabelos brancos, envolto numa túnica amarela e azul, segurando duas chaves grandes, símbolos tradicionais da sua autoridade como guardião das portas do céu, conforme a tradição cristã.

O estilo da pintura, com pinceladas largas e uma paleta de tons terrosos, evoca uma sensação de solidez e espiritualidade, capturando a essência de São Pedro como um líder firme e devoto.

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São Pedro, originalmente chamado Simão, era um pescador da Galileia quando foi chamado por Jesus para ser um de seus primeiros discípulos.

Conhecido pela sua impulsividade e fervor, Pedro tornou-se uma rocha (daí o nome "Pedro", que significa "pedra" em grego) sobre a qual Jesus disse que construiria a sua Igreja (Mateus 16:18).

Ele é frequentemente retratado com chaves, como nesta pintura, simbolizando a autoridade que lhe foi dada para "ligar e desligar" no Reino dos Céus.

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Ao longo da sua vida, São Pedro desempenhou um papel crucial na disseminação do cristianismo.

Ele foi testemunha de muitos milagres de Jesus, como a Transfiguração e a pesca milagrosa, e também enfrentou momentos de fraqueza, como quando negou Jesus três vezes antes da crucificação.

Após a ressurreição, Pedro foi restaurado por Jesus e assumiu a liderança dos apóstolos, pregando em Pentecostes e convertendo milhares.

A sua ação missionária levou-o a Roma, onde, segundo a tradição, foi martirizado por crucificação de cabeça para baixo, sentindo-se indigno de morrer como o seu Mestre.

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A pintura de Mário Silva captura essa dualidade de São Pedro: a sua força e humildade, a sua autoridade e humanidade.

As chaves nas suas mãos são mais do que um símbolo; elas representam a sua missão de abrir as portas da fé para a humanidade, uma responsabilidade que ele carregou com coragem até o fim.

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Texto & Pintura: ©MárioSilva

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Mário Silva 📷

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