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MÁRIO SILVA - Fotografia, Pintura & Escrita

*** *** A realidade é a "minha realidade" em imagens (fotografia, pintura) e escrita

08
Fev10

Águas Frias (Chaves) - A Chuva e a Neve


Mário Silva Mário Silva

 

Já passou mais de um mês desde a última vez que aqui coloquei algo sobre esta "pequena e bela Aldeia do concelho de Chaves, desejando um Bom Ano de 2010.

 

 

 

 

Mas, e há sempre um mas ... só agora tive algum tempo livre.

Nunca foi por esquecimento, já que a tenho visitado a miude, mas aqui não tenho disponibilidade de utilizar a Internet, e o restante tempo, tem-me levado a profissão, cada vez mais "exigente", quanto mais não seja à quantidade de papel escrito (e lá se vão umas quantas árvores abaixo).

 

 

 

Rigoroso também tem sido este Inverno, com temperaturas muito baixas, com fortes geadas, vento que "corta", muiiiiita chuva e neve.

 

 

 

Dizem os mais idosos que lhes faz lembrar os Invernos de outrora.

Este ano começa a fustigar fortemente as terras altas, pondo, mais uma vez, à prova a resistência das suas Gentes.

Mas adversividades, já estão os transmontanos habituados.

 

 

 

Mas mostram a sua raça....resistindo, lutando ou "encolhendo os ombros", dizendo, "o que se pode fazer?" .

Tem sido esta dicotomia o seu dia-a-dia.

 

Mas tal como a água que a fustiga, "tanto bate até que haverá um dia que furará".

 

 

 

Hoje vou deixar aqui algumas fotos que fui recolhendo durante as minhas incursões por terras aquafrigidenses, neste início de ano, e para as acompanhar, dois poemas: um que nos faz voltar umas décadas atrás, quando este fazia parte das leituras do livro único da instrução primária, "A Balada da Neve" de Augusto Gil; outro, bastante recente que é celebrizado num fado interpretado pela fadista Mariza, "Chuva", composto por Jorge Fernando e que me atrevi de fazer pequenas adaptações.

 

 

 

 
 
Balada de Neve
Augusto Gil
 
Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.
 

 

É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho…
 
Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.
 
Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria…
. Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!
 
Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho…
 
Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança…
 
E descalcinhos, doridos…
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!…
 
Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!…
Porque padecem assim?!…
 
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
e cai no meu coração.

 

 

 

Chuva
 
As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir
 
 
Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir
 
 
São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder
 
 
Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aqueles em que tenho de te deixar
não posso esquecer
 
 
 
A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a aldeia tinha
Já eu percorrera
 
 
Ai... meu pranto perdido
gritava à aldeia
que o fogo da alegria sob chuva
há instantes morrera
 
 
A chuva ouviu e calou
meu segredo à aldeia
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade

 

 

 

.

.

.

Com frio, vento, chuva ou neve ...

 

Até breve...........

.

.

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Mário Silva 📷

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