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MÁRIO SILVA - Fotografia, Pintura & Escrita

*** *** A realidade é a "minha realidade" em imagens (fotografia, pintura) e escrita

23
Jun09

Cerejeira (Cerdeira) – Da Flor ao Fruto - (Águas Frias – Chaves)


Mário Silva Mário Silva

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Cerejeira (ou Cerdeira) é o nome dado a várias espécies de árvores, algumas frutíferas, outras produtoras de madeira nobre. Estas árvores classificam-se no sub-género Cerasus incluído no género Prunus (Rosaceae). Os frutos da cerejeira são conhecidos como cerejas, algumas delas comestíveis. A cerejeira foi introduzida na Europa, sendo que é uma planta originária da Ásia.

As cerejas são frutos pequenos e arredondados que podem apresentar várias cores, sendo o vermelho a mais comum entre as variedades comestíveis. A cereja-doce, de polpa macia e suculenta, é servida ao natural, como sobremesa. A cereja-ácida ou ginja, de polpa bem mais firme, é usada na fabricação de conservas, compotas e bebidas licorosas, como o Kirsch, o Cherry e o Marasquino. As cerejas contém proteínas, cálcio, ferro e vitaminasA, B, e C. Quando consumida ao natural, tem propriedades refrescantes, diuréticas e laxativas. Como a cereja é muito rica em tanino, consumida em excesso pode provocar problemas estomacais, não sendo aconselhável consumir mais de 200 ou 300 gramas da fruta por dia.
O cultivo da cerejeira é realizado em regiões frias. Necessitam de 800 a 1000 horas de frio para que possam produzir satisfatoriamente em áreas com Invernos frios e chuvas.
 
 
 
Mais que uma vez me vou referir a esta árvore de fruto que ora concentrada em grande cerejal até disseminada um pouco por toda a aldeia de Águas Frias.
É, para mim a árvore de fruto de eleição das muitas que se encontram pela aldeia.
Não é somente o sabor suculento do fruto por ela produzido, mas toda a beleza desde a floração, até ao desenvolvimento do fruto passando pelas variadas colorações por que vai passando.
Com o início da Primavera a cerdeira (cerejeira) vai desenvolvendo, lentamente, uma flor pequena, simples e alva.
 
 
 
Por si só, não passaria de uma flor comum a muitas outras, mas esta singeleza torna-se magnânima, quando todas as suas irmãs desabrocham tornando cada árvore uma fonte de admiração.
 
 
 
 
 
Agora imaginem um campo repleto delas … um espectáculo que a vista não se cansa de observar.
Um “mar” branco de flores.
 
 
 
Tenho comparado esta imagem às amendoeiras em flor, que tanta publicidade lhe é dada, mas esta (cerejeiras) é, senão mais bela, sê-lo-á, certamente de igual beleza.
 
 
 
Pena que não se promova este espectáculo, que embora efémero, poderia ser palco para que muita gente que nunca teve esse privilégio de o ver e ao mesmo tempo poder contactar com a Aldeia e a sua hospitaleira gente.
Mas a beleza desta árvore não fica por aqui.
 
 
O vento, as abelhas e outros insectos, trabalham afincadamente para que a polinização se faça e a fecundação se concretize.
Começam a aparecer por entre a folhagem “cachos” de pequenos frutos, ainda pequenos e verdes.
 
 
 
 
 
 
Com a ajuda do sol e de alguma água, esses frutos verdes vão faseadamente tomando diversos coloridos; verde claro, amarelado, mesclado de amarelo e rosado, até …
 
 
 
... finalmente, a partir de fins de Maio e Junho, tomarem a sua majestosa cor vermelha (mesmo assim em diversas tonalidades consoante a variedade da cerejeira, do rosado, ao vermelho vivo até ao granã quase negro).
 
 

 

 

 

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
A beleza desta árvore torna-se novamente surpreendente, pois a mistura da folhagem verde salpicada de frutos vermelhos, torna-a única.
 
 
 
 
Falar dela faz revisualizar esta paisagem, mas nada se compara com a visualização no local, enquadrada em toda a sua envolvente.
 
 
 
Se acham que exagero, na devida época venham vê-las. Penso que se forem rápidos ainda encontrarão muitas carregadas de fruto.
 
 
E por falar de fruto e como diz o ditado popular e com razão “é a cereja em cima do bolo” – não é por acaso que este ditado popular, percorrendo séculos, ainda é hoje amplamente aplicado para designar que “agora sim, tudo está perfeito”.
 
 
 
 

Poemas das Cerejeiras

 

 
 
 
Ninguém duvida, por certo,
que as flores das cerejeiras,
durante a curta florada
aos de longe a aos de perto,
inspiram sempre poesia
naquela que as aprecia.

Em tempo de violência,
vale a pena visitar,
o Campo das Cerejeiras,
e fitar a florescência
dessa Flor de Felicidade
que encanta qualquer idade.

As Cerejeiras incitam,
em volta dos seus troncos,
nos que com animação
com muita calma as visitam,
tais sentimentos de paz
como outro não é capaz.

Na festa que são as cerejeiras,
o visitante percebe
a grande metamorfose
dessas árvores que, inteiras,
se transformam para ser
o que buscam parecer.

ao apresentar esta bela árvore
nada mais fazemos que acentuar o sentimento
de quantos, em fins de Inverno
cansados de tudo mais
contemplam as Cerejeiras

como amáveis conselheiras.
 
 
Letterio Santoro
http://www.saladepoetas.eti.br/helena/cereja/cereja.htm
 
 
 
 
AGORA JÁ  NÃO PRECISA ABRIR A CEREJA PARA VERIFICAR SE TEM "BICHO"
Basta seguir os seguintes conselhos:
 
1.º - verificar cuidadosamente a cereja em toda a sua superfície
 
2.º Se na cereja  encontrar um pequeno orifício - PODE COMER À VONTADE, porque o "bicho" que estava no interior já saíu.
 
3.º Se a cereja não tiver qualquer qualquer oríficio, PODER COMER À VONTADE, pois é sinal que o "bicho"  não entrou.
 
 
BOM APETITE !!!!!!

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Mário Silva 📷
07
Jun09

Águas Frias (Chaves) – As suas Gentes e o trabalho no campo (IV) – Plantar - o adoptar de plantas recém-nascidas.


Mário Silva Mário Silva

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“Comece fazendo o que é necessário, então o que é possível, e de repente você está fazendo o impossível.”
- São. Francisco de Assis
 
 
Continuando a descrever a actividade predominante em Águas Frias, a agricultura, vou agora “tentar falar” de outra tarefa que é fundamental nesta actividade – o plantar.
 
 
Se o semear fui comparando com o dar condições de sobrevivência ao desenvolvimento de um novo ser vivo – do embrião (semente) até que chegasse à fase de maturação, esta nova tarefa de plantar faz-me lembrar um acto nobre no ser humano – a adopção de um ser, que embora não seja biologicamente concebido por nós, são-lhe dadas as mesmas condições para que se desenvolvam harmoniosamente.
 
Plantar - meter (uma planta) na terra
 
Antes de plantar o agricultor tem dois métodos de escolha para adopção do novo ser (planta):
- ou semeou em parcelas pequenas (alfobres - Viveiro, normalmente de plantas. É utilizado como local onde se colocam as sementes dos produtos que se pretendem cultivar, para, assim que ganham resistência, serem transplantados para um local definitivo de cultivo, de forma a se poder escolher a disposição na terra dos mesmos.) para que tenham condições excepcionais para o seu nascimento e os primeiros tempos de vida, tal como um bebé recém-nascido e com pouca resistência possam sobreviver com a ajuda de uma incubadora.
 
Quando têm um grau de desenvolvimento em que podem ser separadas desse alfobre, serem adoptadas individualmente pelo agricultor que as irá plantar no seu “berço” já previamente preparado, qual pai e mãe que preparou com todo o carinho do quarto do seu “rebento”;
- outra forma é a ida sótão, qual “centro de acolhimento” e escolher os tubérculos (batatas), que estiveram desde a última colheita, à espera de serem as escolhidas para adopção e até demonstram essa vontade mostrando (não um sorriso), mas fazendo-se “grelar”, como dizendo “já estamos prontas,… até mostramos as nossas raízes, … adoptem-nos e coloquem-nos na terra”;
- outra maneira de adopção e esta legal (na agricultura) que consiste na compra de plantas, a outros agricultores ou nas lojas da especialidade de jovens plantas.
 

 

Planta e ser humano têm muito em comum, e necessitam de cuidados especiais, embora, como é evidente, diferenciados.
 
A fase de adopção já está concluída, mas ainda falta a fase da plantação, propriamente dita.
 
Abrem-se de forma geométrica (conforme o terreno), em regos paralelos, geralmente rectilíneos ou em pequenas secções de circunferência ou até sinuosos para evitar árvores, …, ou evitar a erosão em terrenos inclinados.
 
 Em cada rego é colocada a planta cuidadosamente e distanciadas umas das outras. Pode-se pensar (como eu pensava) que era uma tarefa simples e sem qualquer técnica. Pois desenganem-se. A minha “experência” na plantação de cebolo, demonstrou-me que era necessária alguma mestria, desde a profundidade do sulco na terra, na distância entre os regos, na forma de colocação da planta na terra (forma de posicionamento das raízes, espaçamento entre plantas) até na forma de cobertura com a terra previamente colocada de lado. Simples …. Só para quem vê. É todo um cuidado para que esse ser vivo (planta) tenha o seu “berço” e “quarto” nas condições ideais.
Qual ser humano, também a planta necessita, desde logo da sua primeira “mamada” e o agricultor não se faz rogado e abre a água que devidamente encaminhada vai, serpenteando, regoa a rego de modo a alimentar as suas novas plantas.
Em Águas Frias as principais plantações são de produtos hortículas: cebola, os diversas variedades de couves, alface, alho, … e especialmente a  rainha das produções: a boa e saborosa batata.
 
Como já "falei demais" de coisas que nada sei e são somente fruto do conhecimento empírico e de breves observações, já que experiência, como já disse anteriormente sou um "analfagricultor", por isso deixo aqui um pequeno poema que dedico a todos aquafrigidenses que fazem da agricultura o seu modo de vida.
 
 
 

 

 

Agricultor

 

 

Homem trabalhador
Debaixo do Sol escaldante
Da chuva incessante
Ele está contente.

Prepara o solo,
Planta a semente,
Colhe o fruto,
Que alimenta a gente.

Homem valente
De inverno a verão
Cuida do chão
Cultiva a plantação.

Conserva o solo
Evita contaminação.
Faz nova plantação
No mesmo chão...
          
                                              de Luciane Silva
 
 
 

Reconhecendo que muitas tarefas agrícolas estáo condicionadas desde à séculos pelas fases da Lua, deixo aqui as mesmas relativas ao mês de Junho.

 

 

Dia Fase da Lua Hora
7 Lua Cheia 18h14m
15 Quarto Minguante 22h14m
22 Lua Nova 19h36m
29 Quarto Crescente 11h33m

 

 

 

Os ditados populares são ricos sobre este mês de Junho e não resisti em transcrevê-los, mesmo sabendo que é uma leitura exaustiva.

 

 

 

 Provérbios sobre o mês de Junho

 

 

 

Chovam trinta Maios e não chova em Junho.
Chuva de Junho, peçonha do mundo.
Feno alto ou baixo, em Junho é cegado.

Junho calmoso, ano formoso.
Junho floreiro, paraíso verdadeiro.
Junho, foice em punho.

Maio frio e Junho quente: bom pão, vinho valente.
Para Junho guarda um toco e uma pinha, e a velha que o dizia guardados os tinha.
Sol de Junho, madruga muito.
Em Junho, foicinha em punho.

Em Maio, as cerejas uma a uma leva-as o gaio; em Junho a cesto e a punho.
Feno alto ou baixo, em Junho é segado.
Junho chuvoso, ano perigoso.

Maio engrandecer, Junho ceifar, Julho debulhar.
Maio pardo, Junho claro.
Chovam trinta Maios, mas não chova em Junho.
 
A chuva de São João bebe o vinho e come o pão.
A falada água de São João, tira azeite e vinho e não dá pão.
Abril chuvoso, Maio ventoso e Junho amoroso, fazem um ano formoso.
 
 


Água d´Ascenção, tira o vinho e dá o pão.
Água de Santo António tira o pão à gente e dá vinho ao demónio.
Água de São João, que tolhe o vinho e não dá pão.

Até ao São Pedro, tem a vinha medo.
Até São Pedro, abre o rego e fecha o rego.
Chuva da Ascensão dá palhinhas e dá pão

Chuva de Junho, peçonha do mundo.
Chuva de São João, cada pinga vale um tostão.
Chuva em Junho, peçonha do mundo.

Chuva junal, fome geral.
Dia de Santo António vêm dormir as castanhas ao castanheiro.
Dia de São Barnabé seca-se a palha pelo pé.

Dia de São Pedro, tapa rego.
Dia de São Pedro, vê o teu olivedo e, se vires um bago espera por um cento.
Em Junho abafadiço fica a abelha no cortiço.

Em Junho ainda a velha esfrega o punho.
Em Junho ceifo-o e debulho-o e, quando o vento vier soprando, vai-o limpando.
Em Junho foice no punho.
 
 
 
 
Em Maio, as cerejas uma a uma leva o gaio; em Junho, a cesto e a punho.
Em Maio há muito ceifão, mas em Junho é que se vê quem eles são.
Entre António e João, semeia o teu feijão.

Feno alto ou baixo, em Junho é segado.
Junho calmoso, ano famoso.
Junho chuvoso, ano perigoso.

Junho floreiro, paraíso verdadeiro.
Junho, foice em punho.
Junho, Julho e Agosto, senhora não sou vosso.

Junho não dá nada, mata a fome com cevada.
Lavra pelo S. João, se queres ter pão.
Maio come o trigo, Junho bebe o vinho.

Maio, engrandecer; Junho, ceifar.
Maio frio e Junho quente, bom pão, vinho valente.
Maio frio e Junho quente, fazem o lavrador valente.
Maio frio, Junho quente, tornam o lavrador contente.

Maio louro, mas nem muito louro e S. João claro como olho de gato.
Maio pardo, Junho claro.
Maio pardo, Junho claro, fazem o lavrador honrado.
 
Maio pardo, Junho claro, fazem pão grado.
Março chuvoso, São João farinhoso.
Não há maior amigo que Junho com seu trigo.

Neve de São João, bebe o vinho e come o pão.
Nevoeiro de São João estraga o vinho e não dá pão.
Nevoeiro de São Pedro põe em Junho o vinho a medo.

No dia de São Barnabé, seca-se a palha pelo pé.
No mês de São João, para estar bem, há-de cobrir o milho o rabo ao chão.
No São João semeia de gabão.

O São Pedro fecha o rego.
O São Pedro tapa o rego.
Os pingos de São João valem um tostão.

Pelo São João apanham-se à mão.
Pelo São João deve o milho cobrir o pão.
Pelo São João deve o milho cobrir o rabo do cão.

Pelo São João, lavra e terás palha e pão..
Pelo São Pedro vai ver o teu olivedo; se vires uma, conta um cento.
Por São João, os trigos estão em pendão.

Chuva em Junho, peçonha no mundo
Quando chove pelo São João até as pedras dão.
Junho chuvoso, ano perigoso
 
 
 
Junho floreiro, paraíso verdadeiro
Junho quente, Junho ardente
Abril chuvoso, Maio ventoso e Junho amoroso, fazem um ano formoso
A água de Junho, bem chovidinha, na meda faz farinha
Dia de S. Barnabé (11) seca-se a palha pelo pé
Galinhas de S. João pelo Natal poedeiras são
Lavra pelo S. João se queres haver pão
Ouriços no S. João são do tamanho de um botão
Pelo S. João deve o milho cobrir o pão
Porco no S. João, meão; se meão se achar, podes continuar. Se mais de meão, acanha-lhe a ração
Sol de Junho madruga muito
Não há alperces como os de São João
Por São João, os trigos estão em pendão
Quem em Junho não descansa enche a bolsa e farta a pança.

 

 

 

A todos os habitantes de Águas Frias e seus amigos desejo

 ÓPTIMAS COLHEITAS,

sejam elas, agrícolas, pecuárias, profissionais ou pessoais.

 

 

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Mário Silva 📷

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