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MÁRIO SILVA - Fotografia, Pintura & Escrita

*** *** A realidade é a "minha realidade" em imagens (fotografia, pintura) e escrita

31
Mai09

Águas Frias (Chaves) – As suas Gentes e o trabalho no campo (III) – Sementeira


Mário Silva Mário Silva

 

Continuando a saga dos trabalhos agrícolas em Águas Frias, e depois de todas as tarefas relatadas no post anterior, que tinham como objectivo máximo, criar todas as condições, do ventre da terra, para a sementeira.
 
 
Terreno lavrado - foto tirada no inicio de Maio - as cerejas ainda estavam por amadurar ... mas agora ....
 
 
Semear – colocar as sementes na terra.
 
Esta tarefa para mim, um citadino não agricultor, tem um significado que vai além da simples tarefa de lançar a semente à terra – faz-me lembrar o momento depois da "concepção" (que se fez ao nível da flor, na agricultura, e no encontro do espermatozóide com o óvulo) e que deu origem a um embrião (a semente – na agricultura).
 
A partir deste momento esta, tem dentro de si, já todos os elementos para dar origem a um novo ser vivo (radícula, caulículo, folículos e até substâncias de reserva) – mas precisa de um ventre (solo) e condições para se desenvolver (os nutrientes – no estrume ou adubo, nos sais minerais da terra, … que serão absorvidas com a ajuda da água).
 
Até aqui se encontra analogia com o que se passa dentro do ventre materno em que o embrião humano está protegido pelo líquido amniótico e recebe todos os nutrientes para o seu desenvolvimento através do cordão umbilical que o liga à progenitora.
A mãe passa a ter alguns cuidados para que o seu futuro bebé disfrute das melhores condições para o seu desenvolvimento. Ainda não o vê mas, mas já cuida dele.
 
 
 
Também o agricultor dá algum conforto à sua semente, cobrindo-a com a terra fofa sem antes lhe preparar os nutrientes essenciais: estrume, adubo, material orgânico.
 
Também antes os pais sonharam, idealizaram e prepararam condições económicas, de organização para a recepção do novo ser.
Afinal foi o que cada agricultor (lavrador) fez, ao preparar o terreno, lavrando-o, frezando-o, tirando pedras e ervas daninhas, que pudessem ser obstáculo para que a semente, agora lançada, vingasse e desse um novo ser perfeito e viçoso.
 
"O QUE VOCÊ SEMEAR VOCÊ COLHERÁ” – ditado popular
 
Ainda antes foi preciso escolher cuidadosamente a semente que mostrasse melhores condições (grande parte delas já apartadas desde a última colheita).
 
 
 
Chegou o momento de tanta espera, destes novos seres vivos que serão as novas plantas: o milho, o centeio, o trigo, as favas, o tomate, pepino, feijão, …. – lança-se a semente à terra.
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 Tal como o embrião humano também as sementes nem sempre dependem das condições e cuidados que lhes depositamos. Podem ser doenças que não se podem prever e na agricultura além disso ainda dependem de factores climatéricos que não se podem controlar.

 
Basta uma chuva, granizo, geada, frio ou calor em demasia e fora de tempo, para que todo o trabalho anteriormente feito, vá “por água abaixo” e desfaça sonhos, previsões sentindo o vazio de todo esse trabalho, sentindo que foi em vão, e quase sempre sem qualquer retribuição económica que seria, a base de sobrevivência para uma boa parte do ano.
É o "aborto" expontâneo" que leva à desilusão, deixa cair todas as expectativas e leva por vezes à revolta interior.
 
É esta talvez uma das razões para se verem pela Aldeia cada vez mais terreno de poulo”.
 
 
Tanto “ventre” que depois de décadas e décadas de terem “partos” consecutivos e produtivos, que davam sustento a todas as famílias (e numerosas), são agora “úteros vazios”, dando lugar a locais carregados de “fungos”, “bactérias”, enfim ervas daninhas que em nada enobrecem esses ventres fecundos e sadios.
 
Mas mesmo contra todas essas adversidades as gentes residentes/resistentes de Águas Frias, não baixam os braços e lutam e persistem (e ainda bem) em semear as suas terras e hortas, esperando o nascimento dos novos seres vivos que serão, quais filhos, que os apoiarão ao longo do(s) o(s) ano(s).
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Continuam a cuidar das suas sementes, que no seio da terra se vão desenvolvendo, sachando a terra, eliminando as ervas daninhas que lhes roubam o sustento “às suas filhas”, e arejam o terreno e em tempo de canícula vão logo, antes do nascer do sol, regá-las, para que nada lhes falte.
 
Começam a emergir, da terra tenras plantas, indefesas e necessitadas de cuidados redobrados – é a fase do nascimento.
 
Mas tal como nos humanos, é altura de alegria, mas não o fim. Ainda falta muito para deixarem de ser cuidadas, pois até ao amadurecimento (até adultos) precisam dos seus progenitores.
 
Todos os cuidados são fundamentais e não há tempo para desleixos.
 
Tanto no desenvolvimento de um bebé como de uma planta, cada fase precisa de tarefas distintas e nem sempre fáceis, a maior parte das vezes são árduas e às vezes penosas.
Tal como se deseja a um bebé que ele seja perfeito e saudável, também depois da sementeira é preciso desejar um bom desenvolvimento das plantas para que a colheita seja proveitosa e proporcional ao esforço dispendido.
 
Por tudo isso, o meu desejo é que todas as colheitas realizadas sejam proporcionais ao esforço que, embora eu não o fizesse, observei e constatei a forma como cada agricultor dispendeu com muito esforço (as mão calejadas, as costas doridas, as dores nas pernas e braços, canseiras em arranjar quem ajude, que o tractor funcione, que …. até porque a população vai envelhecendo e as forças já não são as mesmas dos 20 anos.
 
Claro que há, felizmente, jovens (poucos) que ainda trabalham a terra, ajudando os pais e espantem-se: jovens casais, com a colaboração dos filhos, que sendo oriundos de Águas Frias compraram casa e terrenos e que vem das terras onde vivem (a centenas de quilómetros) e passam o seu fim-de-semana a trabalhar na Terra qu
e é a sua.
 
São poucos mas são de louvar, pois prescindem muitas vezes do seu tempo de lazer e férias para tratar as terras, hortas e vinhas que certamente, sem a sua intervenção iriam juntar-se às muitas que, ao abandono se encheram de silvas, gestas e todo o tipo de ervas que invadem os terrenos incultos.
 
A Tia Lila ensinando como se cava o rego para se colocarem as sementes ...
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os ensinamentos foram eficazes e ... mãos na enxada e o rego lá vai seguindo o seu caminho.    Citadinos com amor pela terra.
 
Com a supervisão da Tia Lila, todos trabalham; uns cavam , outros semeiam, uns com mais geito, outros sem geito nenhum,....
 
Todos dão seu contributo (segundo o seu geito) sob o olhar atento do cão.
 
Aqui se pode ver as diferenças de postura de quem já semeia há décadas e quem nunca o tinha feito. A tia Lila de costas direitas , descontraída, lançando de forma ritmada as sementes à terra, outro, de costas curvadas com medo que as sementes não caiam no sítio certo.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O amor à sua Terra e à terra, ainda existe por terras de Águas Frias.
 
 
 
 
Antes de terminar este tema e, se repararam não mencionei o “semear” da batata, pois penso que é pouco "correcto", pelo menos cientificamente, falar de semear quando afinal a batata é um tubérculo e não uma semente e por isso seria mais correcto, pelo menos no seu conceito, em falarmos em plantar batatas (mesmo quando dizemos “batata de semente”).
Mas, se houver oportunidade falaremos dos produtos que usualmente se plantam em Águas Frias num próximo “post”
 
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Queria deixar ainda um poema de Luiz Wilson, dedicando-o a todos os agricultores de Águas Frias, em especial áqueles que mesmo com o avançar da idade, ainda cultivam a terra com a mesma paixão dos seus vinte ou trinta anos:
 
 
“Canto meu verso para o velho agricultor
Reconhecendo seu valor por sua forma de plantar
Ele agora já tem seu rosto enrugado
Seu andar modificado mas não pára de lutar
 
A sua enxada é sua arma mais potente
Agricultor, homem valente, homem da mão calejada
O cansaço é invisível no seu rosto
Ele tá sempre disposto e não teme qualquer jornada
 
Sua experiência vale um bom troféu
Para o velho agricultor eu tiro o meu chapéu
 
É muito cedo na hora que o galo canta
Quando ele se levanta e bota lenha no fogão
Toma um café muitas vezes apressado
Pensando lá no roçado como se fosse o patrão
 
Não há relógio que controle o seu horário
O Sol é seu calendário, seja em que tempo for
Cada estação ele sonha com a colheita
Sua fé sempre respeita e trata a terra com amor
 
Sua experiência vale um bom troféu
Para o velho agricultor eu tiro o meu chapéu”
 
 
 
 
 
 
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E lembem-se sempre do velhos ditados populares sobre a sementeira:
 
 
 

 

 

Quem semeia ventos, colhe tempestades”

 

“Quando a Lua minguar, nada hás-de semear “
 
"Falar é semear; ouvir é colher”
 
 
 
E já agora que Maio está a terminar, alguns provérbios sobre este mês:
 
 
"O Maio me molha, o Maio me enxuga
 
Maio ventoso faz o ano formoso
 
Maio couveiro não é vinhateiro.
 
Maio frio e Junho quente: bom pão, vinho valente.
 
Maio hortelão, muita palha e pouco grão.

Maio pardo e ventoso faz o ano formoso.
As favas, Maio as dá, Maio as leva.
 
Quando Maio chegar, quem não arou tem de arar.
 
Uma água de Maio e três de Abril valem por mil."
 
 
 

Até lá, Boas Colheitas.
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Mário Silva 📷
18
Mai09

Águas Frias (Chaves) – As suas Gentes e o trabalho no campo (II) – Lavrar e Gradar


Mário Silva Mário Silva

 .

 

 Continuando a homenagear o nobre trabalho dos residentes/resistentes de Águas Frias, nomeadamente na actividade predominante – a agricultura.

 

 


Esperei pelo dia de hoje para começar a escrever mais alguma coisa sobre este tema, que tenho dificuldade em descrever já que sou (quase ou totalmente) um “agroanalfabeto” (palavra agora inventada para significar que nada sei sobre agricultura).


E esperei pelo dia de hoje porque foi emitido um programa sobre este tema no canal televisivo TVI, em horário nobre. Estava convencido que iria obter informações importantes sobre esta actividade económica. Qual engano … apresentou-se o óbvio.

 

Entre outras coisas, a feira de gado em Chaves nos Santos, com os pastores a declararem que não vendiam ou que o faziam por preços baixos.

Falou-se na óptima batata transmontana, e foi triste ver um casal já idoso, com toneladas de boa batata sem a poder escoar a preço digno.


Mas o Sr. Ministro da Agricultura foi dando “soluções” – os agricultores que se unam para poderem obter maiores produções, competitivas e poderem dispor de ajudas do Estado.
Será que se “esqueceu” que as povoações do interior se foram despovoando porque a agricultura não era nem é rentável e que o parcelamento dos terrenos cultiváveis são de pequena extensão e que o relevo não proporciona a intervenção de grande maquinaria agrícola?

 


Mas uma coisa constato: Boa e saborosa batata se “esconde” nos armazéns e anexos das casas transmontanas, enquanto uma funcionária de uma grande superfície comercial comentava que só tinha para comercializar batata espanhola e francesa.

 


Depois deste desabafo sobre um assunto de que nada sei, volto para a realidade de Águas Frias, onde se faz uma agricultura de subsistência, para o consumo da casa ou para os animais (também cada vez menos).

  

Isto ainda dá mais valor a quem contra todas a adversidades de uma economia global, vai cuidando das suas hortas (onde os legumes dão um colorido verdejante e donde se vai colher as “novidades” que dão “aquele sabor” à sopa e entram em outras iguarias gastronómicas) e dos seus campos de cultivo que teimosamente ainda vão resistindo à tentação de abandono.

 


É para Todos esses que ainda vão fazendo da agricultura a sua principal fonte de rendimento que me faz escrever algumas palavras sobre o que (um citadino) nada sabe, nem sente o calejar provocado pelo cabo da enxada.
Por isso, se algo disser de incorrecto ou inapropriado que, ao menos me desculpem “alguma coisinha”.

 

 

 
Tinha pensado, mostrar um pouco de duas actividades (de entre inúmeras) que são essenciais na actividade agrícola de Águas Frias e que penso serem próprias desta época: o lavrar e gradar a terra.

 

 

 

 

Lavrar - Abrir sulcos na terra com arado ou charrua; amanhar, cultivar. É o processo de revolver um terreno agrícola com um arado ou equipamento mecânico. A sua finalidade é descompactar a terra para um melhor desenvolvimento das raízes. Expõe o subsolo à acção do sol, ajudando a aumentar a temperatura.

 

 

 

 

 

Também enterra restos de culturas agrícolas anteriores ou ervas daninhas porventura existentes. Melhora ainda a infiltração de água no solo.

 

 

 

 

Foi uma das grandes invenções da humanidade, por permitir a produção de crescentes quantidades de alimentos e o estabelecimento de populações.

 

 

 


Arado é um instrumento que serve para lavrar (arar) os campos, revolvendo a terra com o objectivo de descompactá-la e, assim, viabilizar o desenvolvimento das raízes das plantas. É uma das etapas agrícolas que antecede a sementeira.
Além desse objectivo primacial, a aração (lavrar) permite um maior arejamento do solo, o que possibilita o desenvolvimento dos organismos úteis, como as minhocas, além de, alguns casos, permitir a mistura de nutrientes (adubos, químicos ou orgânicos; correctivos de acidez, etc.)
O arado pode ser:
• De tracção animal: para pequenas áreas; método mais primitivo e simples;
• Por tracção motorizada, como um tractor.

 

 

 

 

 
Os arados puxados por tractores podem ser simples, utilizados em pequenas explorações agrícolas, ou múltiplos, utilizados nas grandes explorações.

 


Curiosidade: Os nossos antepassados usavam galhos de árvores para afofar o solo e fazer sulcos onde eram colocadas as sementes, como enxadas primitivas. Um dos primeiros usos dos metais foi a confecção de instrumentos para trabalhar a terra. Os sumérios foram os primeiros a utilizarem arados puxados por animais.

 


Os arados inicialmente eram feitos de madeira, posteriormente de ferro e puxados por cavalos ou burros.

 

 

 

 
Ainda hoje se podem ver este tipo de arados em plena actividade e executando a sua função na perfeição.


Claro que, a maioria já utiliza o tractor, ao qual é acoplado um conjunto de dentes ou discos que revolvem mais rapidamente e mais profundamente a terra, ainda com a vantagem de haver menos esforço.

 

 


Técnica: Como o arado comum sempre tomba a terra para um mesmo lado, é impossível ter-se linhas consecutivas trabalhadas em sentidos inversos, que estragariam o terreno. Usam-se então esquemas para dividir a área em glebas, lavrando umas na ida e outras na volta. É preciso também lavrar transversalmente ao declive, para não facilitar a erosão. Modernamente usam-se arados reversíveis por accionamento mecânico ou hidraúlico, que facilita a prática agrícola.


Gradar:
1. Aplanar e esterroar com a grade (a superfície da terra lavrada).
2. Passar a grade sobre o solo para aplanar a superfície ou para afofar a terra; gradear.

 

 

 

 

 

 

Estas duas fases são preparatórias para a fase seguinte: a sementeira.

 

 

 

 

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Essa ficará para um próximo “post”.

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Mário Silva 📷
10
Mai09

Águas Frias (Chaves) – As suas Gentes e o trabalho no campo (I) - Poda/ Enxertia e Escarnar a vinha


Mário Silva Mário Silva

 

Tenho vindo, desde o início deste blog, tentando mostrar a aldeia de Águas Frias: as suas ruas, as suas casas mais características, a sua igreja, o Castelo, as suas paisagens envolventes, pormenores, …
Claro que é a minha “visão” pessoal desta Aldeia, e os “clicks” que vou disparando, reflectem o meu sentir desta belíssima terra e tento mostrar a todos aquilo que vejo, que quero ver e aquilo que me dar prazer mostrar.
Mas tenho consciência que tem havido uma grande lacuna nesta minha partilha, ao longo destes, mais de dois anos. Tenho referido, aqui e ali, breves referências às suas Gentes e ao seu árduo trabalho, tanto nas lides de casa como nas hortas, nos campos, nos currais, nas vinhas, nos pomares, ...
 
 
 
Não tem sido por esquecimento, até porque prezo e admiro o esforço, o lutar contra todas as adversidades, desde o incerto tempo (chuvas, geadas ou até calor em demasia e fora de tempo, o que põe muitas vezes, em causa todo o trabalho realizado numa época ou até num ano), as adversidades, de o fruto do ser trabalho ser tão pouco compensador economicamente.
Dou valor a quem, lutando contra tudo isto, ainda mantêm as suas hortas viçosas, os seus campos cultivados, as suas vinhas cuidadas.
Esta, é Gente lutadora, que enfrenta estes trabalhos agrícolas e agro-pecuários, sempre com uma “risa” no rosto, mesmo com o ardor nas costas ou os braços doridos.
Toda esta introdução, para louvar esta Gente laboriosa de Águas Frias, que não esqueço.
Claro que, como só posso ir a Águas Frias alguns fins-de-semana e férias, não me é fácil obter imagens das imensas tarefas que se vão realizando durante o ano.
Também me retraí, na obtenção de imagens que envolvessem pessoas, pois tinha e tenho “medo” de ferir a individualidade de cada um, que têm direito à sua imagem. Mesmo assim, vou arriscar, inserindo algumas fotos que terão imagens desta Gente Aquafrigidense, em situações de trabalho.
Se alguém sentir que foi invadido na sua individualidade, peço que de imediato entre em contacto com o autor deste blog, através de e-mail ou telemóvel, que estarão disponíveis no lado esquerdo em cima desta página, no local “ver perfil”, e desde logo serão retiradas todas as fotos indesejadas.
Vou iniciar, esta rubrica, com duas actividades que embora sejam muito diferentes, são essenciais a um bom resultado final nas suas produções: a poda/enxertia das árvores de fruto e o escarnar da vinha:
A Poda/Enxertia:
Poda
“Podar vem do latim putare, que significa limpar, derramar.
Já Cândido de Figueiredo esclarece que podar eqüivale a “limpar ou cortar a rama ou braços inúteis das videiras, árvores, etc.”.
 
 
 
 
Para Joaquim Rasteiro, “é o conjunto de cortes executados numa árvore, com o fim de lhe regularizar a produção, aumentar e melhorar os frutos, mantendo o completo equilíbrio entre a frutificação e a vegetação normal, e, também com o fim de ajudar a tomar e a conservar a forma própria da sua natureza, ou mesmo de a sujeitar a formas consentâneas ao propósitos econômicos de sua exploração”.
Para Acerete a definição acadêmica de podar é “cortar o quitar las ramas superfluas de los árboles, vides e otras plantas, para que fructifiquen con más vigor”.
Bailey, citado por Inglez de Souza, diz em sua enciclopédia de horticultura que “poda é a remoção metódica das partes de uma planta com o objetivo de melhorá-la em algum aspecto para os interesses do cultivador”.
A poda é a arte e a técnica de orientar e educar as plantas, de modo compatível com o fim que se tem em vista.
Embora seja praticada para dirigir a árvore segundo o capricho do homem, a utilização da poda, em fruticultura, tem por objetivo regularizar a produção e melhorar a qualidade dos frutos. …
 
 
 
 
É o conjunto de cortes executados numa árvore, com o objetivo de regularizar a produção, aumentar e melhorar os frutos, mantendo o completo equilíbrio entre a frutificação e a vegetação normal;
É a técnica e a arte de modificar o crescimento natural das plantas frutíferas, com o objetivo de estabelecer o equilíbrio entre a vegetação e a frutificação.
É a remoção metódica das partes de uma planta, com o objetivo de melhorá-la em algum aspecto de interesse do fruticultor.
A poda por si só, no entanto, não resolve outros problemas ligados à produtividade.
 
 
 
 
Ela é uma das operações, porém outras medidas são necessárias, tais como: fertilização adequada para corrigir possíveis deficiências nutricionais do solo, irrigação e drenagem para manter um nível adequado de umidade, controle fitossanitário para combate de doenças e pragas, afinidade entre enxerto e porta-enxerto, plantas auto-férteis ou compatíveis, polinização, condições climáticas e edáficas favoráveis.
A importância de se podar varia de espécie para espécie, assim poderá ser decisiva para uma, enquanto que para outra, ela é praticamente dispensável. Com relação à importância, as espécies podem ser agrupadas em:
·          ·          Decisiva: Videira, pessegueiro, figueira, nespereira.
·          ·          Relativa: Pereira, macieira, caquizeiro, oliveira.
·          ·          Pouca importância: Citros, abacateiro, mangueira, nogueira, pecã.
Como regra geral para se saber se a poda é uma operação importante ou não, pode-se estabelecer que ela é tanto mais necessária quanto mais intensiva for a exploração frutícola e, inversamente menor a sua importância quanto mais extensiva for a cultura (Inglez de Souza, 1986). Esta importância da poda está também diretamente relacionada com o objetivo da exploração, ou seja, que tipo de produto o mercado exige; pois com a poda pode-se melhorar o tamanho e a qualidade dos frutos.
O podador, deverá fazer uso de seus conhecimentos e habilidades, onde um gesto seguro reflete a convicção de quem acredita que a interferência humana é imprescindível para modelar um pomar. Na natureza, as plantas crescem sem qualquer modelamento, buscam sempre a tendência natural de crescerem em direção à luz, tomando a forma vertical, e com isso perdem a regularidade de produção.
Para que a poda produza os resultados esperados, é importante que seja executada levando-se em consideração a fisiologia e a biologia da planta e seja aplicada com moderação e oportunidade.
 
OBJECTIVOS DA PODA
Os sete objectivos principais da poda são:
1º- Modificar o vigor da planta;
2º- Produzir mais e melhor fruta;
3º- Manter a planta com um porte conveniente ao seu trato e manuseio;
4º- Modificar a tendência da planta em produzir mais ramos vegetativos que frutíferos ou vice-versa;
5º- Conduzir a planta a uma forma desejada;
6º- Suprimir ramos supérfluos, inconvenientes, doentes e mortos;
7º- Regular a alternância das safras, de modo a obter anualmente colheitas médias com regularidade.
 
 
 
 
Por que é necessário o recurso da poda? Não é verdade que, no seu estado selvagem, as plantas não são podadas e, apesar disso, se desenvolvem em perfeitas condições? Esta pergunta é formulada muitas vezes, mas, de fato, a natureza tem o seu próprio método de poda. Os ramos pequenos desprendem-se naturalmente e os galhos finos, as folhas e as flores morrem e caem. Vagarosa mas continuamente, todas as plantas sofrem um processo de renovação natural. Pela poda não fazemos mais do que acelerar, embora parcialmente esse processo normal (Brickell, 1979)."
Inhttp://www.fruticultura.iciag.ufu.br/poda.html onde poderá obter muitíssimas mais informações sobre esta delicada técnica, que com mestria muitos dos habitantes de Águas Frias realizam nas árvores de fruto e  na videira, sendo esta sabedoria passada de geração em geração, através da “escola prática da Vida”.
 
 
A Enxertia
A enxertia é a união dos tecidos de duas plantas, geralmente de diferentes espécies, passando a formar uma planta com duas partes: o enxerto (garfo) e o porta-enxerto (cavalo). O garfo, cavaleiro ou enxerto é a parte de cima, que vai produzir os frutos da variedade desejada e o cavalo ou porta-enxerto é o sistema radicular, o qual tem como funções básicas o suporte da planta, fornecimento de água e nutrientes e a adaptação da planta às condições do solo, clima e doenças. O seu desenvolvimento é rápido, o que facilita a reconstituição de um plantio perdido por pragas.
 
 
 
 
 
A enxertia pode ser feita por vários métodos, sendo os mais comuns a encostia, a borbulhia, a garfagem com suas variações, conforme a planta, pois cada espécie se adapta a um tipo. Tem inúmeras vantagens como, por exemplo, o consílio de características várias numa só planta.”
 
 
 
 
Escarnar a vinha
Tentei procurar um artigo sobre esta actividade mas não encontrei (pelo menos com esta nomenclatura), por isso vou-me limitar a descrever o que vi fazer, perdoando-me os mais esclarecidos sobre este assunto, se a descrição for pobre ou até imprecisa.
 
 
 
 
Escarnar (que na forma mais erudita quer dizer tirar a carne junto ao osso), aqui significa, a tarefa de retirar as ervas daninhas que crescem junto à cepa. É um trabalho árduo pois com a ajuda das ferramenta como sejam o sacho, sachola ou ganchas cava-se junto do pé da cepa retirando as ervas com as suas raízes para evitar que voltem a nascer. Parece uma tarefa fácil para quem vê mas … pura ilusão.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São inumeras vezes que se levanta o sacho, … se o atira enérgicamente contra o solo seco, se retira para o lado as ervas. Se isto não bastasse é necessário precisão pois é as ervas estão junto ao pé da videira e não se lhe pode tocar. Se pensa que é simples, …. não há nada melhor como experimentar.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Além da técnica de precisão, é todo um esforço braçal e da coluna que vezes sem conta se curva, e o empunhar do cabo de madeira do sacho, sachola ou ganchas, que deixa as mãos calejadas.
 
 
 
 
Esta tarefa é essencial ao bom desenvolvimento das vides, pois ao eliminar as ervas daninhas, evita-se que estas absorvam o alimento necessário à videira e o revolver da terra favorece a oxigenação da terra.
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esta é uma das muitas tarefas fundamentais (podar, espoldrar, enxofrar, sulfatar, vindimar, pisar, encubar, …) para que se atinja a boa qualidade do “néctar dos Deuses” que Águas Frias tão bem produz.
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este “post” já vai longo, mas queria ainda deixar um agradecimento a todos os que aqui se deixaram expor e estender a todos os outros habitantes que anonimamente as realizam com a mesma dedicação.
 
Outras tarefas serão aqui retratadas, em homenagem a esta GENTE de Águas Frias, dedicada, trabalhadora, endurecida pela Vida e muitas, muitas vezes esquecida.


 

 

 

 

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