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MÁRIO SILVA - Fotografia, Pintura & Escrita

*** *** A realidade é a "minha realidade" em imagens (fotografia, pintura) e escrita

28
Fev09

Águas Frias (Chaves) - Memórias e Actualidade do Carnaval


Mário Silva Mário Silva

 
“Carne Vale”
Das minhas memórias, de há mais de 27/28 anos, dos festejos do Carnaval de Águas Frias, penso que, infelizmente, somente resiste a tradição da “Carne Vale”.
 
Memórias:
Vou reportar-me há 27/28 anos atrás. Tinha eu conhecido uma filha da Terra e decidi deixar a “cidade” e ver “in loco” as descrições pormenorizadas dos festejos carnavalescos nesta pequena e bela Aldeia transmontana.
 
O meu imaginário podia agora tornar as imagens "criadas" em imagens reais.
 
Reinava movimento de pessoas nas ruas e ouvia-se o som dos chocalhos, “pedidos emprestados” às ovelhas ou vacas e que agora, atados às cinturas dos “caretos”.
 
Estes “caretos” cobriam todas as partes do corpo (só deixando os olhos à vista) com todo o tipo de roupa velha, muitas vezes peças sobrepostas a outras, tornando quase impossível reconhecer quem estava dentro de tal indumentária.
 
Claro, que todos (menos eu) tentavam adivinhar, conjecturando, que era este ou era aquele, pela maneira de andar, correr, pelos movimentos dos braços, …
 
Conjecturava-se, mas certezas,… quase nenhumas.
 
Os caretos além de se fazer anunciar com os chocalhos, andavam em correria pelas ruas da Aldeia, munidos de vasto “material carnavalesco”: cintos/correias de couro ou peles secas de coelho que brindavam com eles, naqueles que os atiçavam, correndo à sua volta.
 
Era quase o jogo do gato e do rato.
Os caretos tentando atingir, em altas correrias, com as correias e peles de coelho secas os que “apanhavam” e outros “tentando-os” e fugindo (correndo pelas ruas, calhelhos, subindo escadas e escondendo-se nas varandas).
...................
 
Enquanto tudo isto acontecia, eis que o “citadino”, em passo lento, “bebendo” toda esta animação, se dirigia descontraído, atravessando o Conselho (núcleo de toda esta movimentação) dirigindo-se ao Café Pires para tomar o seu cafezito (ou “cimbalino” como ainda se dizia lá pelo Porto), e eis que enquanto observava um dos caretos, ao fundo da rua Central, é brindado com duas “cinturadas” com a pele de coelho.
 
Nem lhe valeu o casaco de couro que, na altura levava, para almofadar as “pancadas”.
 
Não foi com violência desmesurada, mas deu para sentir um formigar nas costas.
.......................
 
 Foi esse o momento em que o citadino “sentiu na pele” a tradição dos festejos do Carnaval em Águas Frias.
..............
 
Claro que não deu azo a nova descarga, pois, ... foi vê-lo correr, galgar as escadas e acomodar-se na varanda do “Parente”.
 
Mas os caretos vinham ainda munidos de mais material carnavalesco para brindar os participantes. Pois sempre que apanhavam “a jeito” atiravam com farinha, cinza que misturavam com formigas.
 
Mas não eram formigas quaisquer, pois já antecipadamente, andaram à procura das maiores, daquelas que em contacto com o corpo, não o deixavam sossegado.
 
Era deveras divertido: caretos e “atrevidos” em correria; os incautos "mascarados" de farinha e/ou cinza e ainda outros, contorcendo-se com as ferroadas das formigas e tentando, de todos os modos, eliminá-las.
 
Foi uma tarde, divertida e como diz o ditado “É Carnaval, ninguém leva a mal”.
 
 
Assim, recolho da minha memória recente, de como eram os festejos de Carnaval.
................. 
 
Actualidade:
Passados estes anos, lá voltou, o agora "tripeiro transmontano", a Águas Frias para passar uns dias e “ver” como seria este ano o Carnaval.
 
“Carne Vale”, foi o que valeu e ainda vale.
 
Os recos ainda se vão criando pela Aldeia, ainda se fazem as “matanças”, ainda se fazem os belos enchidos e se curam as carnes ao fumo ou em sal. Essas tradições ainda vão subsistindo (com tendência a escassear) e que dão origem à matéria-prima para os bons repastos no Domingo e Terça-feira de Carnaval.
 
Até o colesterol e as diabetes se disfarçam sob o efeito do tinto (diz-se, por estas bandas, que este dilui as gorduras).
 
Quem é que resiste, nestes dias?
 
Afinal, esta tradição ainda se mantém, para bem do paladar (isto sim, são “saberes e sabores”).
 
E os caretos?
 
Percorri toda a Aldeia, de ponta a ponta: o Conselho vazio e caretos… nem um.
 
O "Conselho" antigamente cheio de gente, agora ....
 
 A tradição dos festejos carnavalescos, em Águas Frias, finou-se?...
 
Largos e ruas, outrora cheias de movimento, som e cor; agora silenciosas e vazias ...
 
 
O Entrudo terminou, mas tal como no calendário cristão, segue-se um período de espera e reflexão até à Ressurreição.
Esperemos que este momento de interrupção da tradição, seja um período de "Quaresma" e que depois dela ressurja, no próximo(s) ano(s) com o esplendor de outrora.
 
O Largo da Junta de Freguesia, em Agosto estava repleto de gente nas Festas de S.Pedro; agora no Carnaval ...
 
 
Até lá ficamos com a “Carne Vale”.
 
 Nota: Não tenho qualquer registo dos Carnavais passados, pois não me fazia acompanhar de máquina fotográfica.
Agora que ando sempre com ela no bolso, só consegui que a objectiva me mostrasse ruas vazias.... ou quase!
 

 

Apenas a "Mecha" , no centro do Conselho, parece, no seu olhar atento, esperar que "algo" aconteça. e continuou à espera, deitada ....
Mário Silva 📷
20
Fev09

Águas Frias (Chaves) - Carnaval


Mário Silva Mário Silva

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"O Carnaval é um período de festas regidas pelo ano lunar no Cristianismo da Idade Média. O período do Carnaval era marcado pelo "adeus à carne" ou "carne vale" dando origem ao termo "Carnaval". Durante o período do Carnaval havia uma grande concentração de festejos populares. Cada localidade brincava a seu modo, de acordo com seus costumes."

In http://pt.wikipedia.org/wiki/Carnaval

 

******

 

Águas Frias e o Carnaval.

 

Não irei fazer a descrição do que como já foi ( e que tive o prazer de assistir desde um quarto de século atrás) ou de como é nos dias de hoje, mas mais um desabafo sobre esta época cuja tradição remonta desde há muitos séculos e que, ou que foi perdendo o seu significado primitivo  e/ou actualizando-se  e as suas manifestações foram ou mofificando ou desaparecendo.
Algumas manidestações carnavalescas de outrora e que deixaram de se realizar foram descaracterizando a própria época carnavalesca..

 

*******

 

Mas o calendário não para e, eis que é chegada a época da celebração do Carnaval.

Época propícia para:

- extravasar a alegria, muitas vezes contida;

- esquecer (por estes dias) a´"crise", as dificuldades económicas  e sociais;

- esquecer (por momentos) a desertificação das Aldeias e Cidades do Interior;

- esquecer (por três dias), o alheamento das entidades oficiais, que no seu centralismo, esquecem que Portugal não é só o litoral (e mesmo este, nem todo);

- esquecer as tristezas e infortunios da Vida.

 

******

 

Aproveitemos, ao menos estes três dias de Carnaval, para dar sentido à Vida com alegria, descontração, boa disposição, esquercer preconceitos... e tudo o que a actual sociedade nos traz um pouco (muito) apreensivos.

 

Mascaremos a realidade e disfarcemo-nos de que tudo está bem e que Portugal, todas as suas cidades, vilas e aldeias são um "oásis" no mundo e que são o exemplo do desenvolvimento para Todos os outros países.

 

 

 

Até as casas se vão mascarando ....

 

*******

 

Assim, aproveito este espaço para desejar a todos os habitantes de Águas Frias, aquafrigidenses (espalhados pelo país e pelo mundo) e a todos aqueles que por aqui vão passando:

 .

 .

 .

Um Carnaval

carregado de alegria e folia

 .

 .

 .

Afinal o Carnaval são somente três dias ...

 

Há que aproveitá-lo.

 .

 .

.

 

 .

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Mário Silva 📷
15
Fev09

Águas Frias (Chaves) - Festas de S Pedro – (4.º dia - noite)


Mário Silva Mário Silva

 

 
Águas Frias, dia 4 de Agosto de 2008 (noite)
 
Estava-se no 4º e último dia das festas em honra de S. Pedro - padroeiro de Águas Frias.
 
Até aqui, tudo o que foi cuidadosamente planeado pelos Mordomos da Festa, foi objectivo conseguido e superando até as expectativas.
 
Como disse no post anterior: “Três quartos da festa estavam a terminar, mas a Comissão de Festas, num total arrojo, não queria deixar que esta verdadeira alegria colectiva, que Águas Frias há tanto tempo esperava, não terminasse ainda, e preparou mais animação para a noite de segunda-feira.
Será que depois de um dia de trabalho (2ª feira) ou de férias a população acorreria novamente ao convite?”
 
Durante a tarde, mais uma vez foi montado um palco para o conjunto musical, o mesmo da tarde anterior, e que nessa altura, fez juntar e rodopiar tanta gente.
 
 
Depois dos trabalhos, que mesmo em dia de festa, não poderiam parar; depois de um dia de descanso e cavaqueira daqueles que gozavam umas merecidas férias junto dos seus conterrâneos e amigos (muitos vindos das mais variadas partes do País e de diferentes países da Europa e que planearam o seu tempo disponível para poderem participar nesta Festa da Aldeia. O sol ia descendo lentamente no belo horizonte que se desfruta de Águas Frias e aproxima-se o derradeiro momento das Festas.
 
Depois de um bom jantar, e a noite tomando conta da Aldeia, eis que algo se destacava: o largo da Junta de Freguesia, iluminado com lâmpadas coloridas e um palco que se brilhava com uma projecção de fachos coloridos que prenunciavam o que estava para acontecer.
 
 
O grupo musical “Brisas do Marão” começa a entoar os primeiros acordes de músicas ritmadas e populares que incentivavam, a mais um momento de animação.
Era, mais uma vez o “toque à reunião”.
 
Lentamente a população de Águas Frias não se fez rogada e foi chegando ao recinto.
 
Com o tempo a passar, não faltaram pares, desde as crianças que saltitavam ao som da música, até bebés de colo, que vi a bater “palminhas” e saltitando ao colo dos pais. Mas não eram só as crianças que apreciavam e desfrutavam, pois pares de jovem, adultos e até os mais idosos, não deixavam passar esta oportunidade de dar um pé de dança.
 
 
 
Tal era a animação e quando a música se proporcionava, formavam-se grupos em “rodas de dança” ora dando as mãos uns aos outros ora em movimentos de vai-vem da roda até ao centro e vice-versa” e até os famosos “comboinhos”, em que cada um ao mesmo ritmo e com as mãos sobre os ombros do seu precedente, percorriam o recinto em trajectos serpenteantes. Foi agradável de ver e de participar.
O espírito colectivo estava presente.
 
 

 

 

 
 
Este, como outros momentos das Festas, foi um prazer ver a não diferenciação de idades, de diferenças económicas, … a Festa era de TODOS.
 
 
 
 
 
O bailarico foi interrompido para a entrega dos prémios de participação (a todos os mais jovens) e os prémios aos 3 primeiros de cada “jogo tradicional” realizado no sábado anterior e que tanta participação e empenho tiveram.
 
 
Entrega de prémios aos participantes, mais novos, do jogo da cabra-cega
 
 
Premiadas do Jogo dos Cântaros
 
 
 
Entrega dos prémios aos vencedores da corrida de sacos
 
 
 
Entrega de prémios aos vencedores do Jogo do Fito

 

 

Entrega dos prémios àqueles que individualmente conseguiram subir mais alto ao Pau Ensebado.

 

 

Entrega do prémio colectivo para a equipa que em conjunto e em forma de pirâmide humana conseguiu atingir o objectivo no Jogo do Pau Ensebado

 

 
Foi um momento, informal, com boa disposição de quem recebia e de quem entregava os prémios e até houve momentos para “discursos”, dando cada um, o seu testemunho pessoal de como decorreram os Jogos Tradicionais e a Festa no seu conjunto.
Não foi elogio de circunstância mas palavras sentidas.
 
 
 
No final, era hora de dar a despedida à Comissão de Festas, …
Transparecia no rosto de cada mordomo, ar de missão cumprida e o grau de satisfação, pelo modo exemplar como correram as Festas.
 
Em meu nome pessoal tenho que dar os parabéns a todos os Mordomos de 2008, pois não terá sido tarefa nada fácil (até penosa), planear, contactar e contratar: charanga, conjuntos, iluminação, arcos decorativos, aparelhagem sonora, fogo de artifício, angariação de fundos e toda a logística.
Acho que valeu o esforço de vários meses.
Relembro os heróicos Mordomos das Festas de 2008, em Águas Frias:
 
Homens:                                             Mulheres:
 
Romeu Gomes                  Fernanda Silva
     Rui Paiva                        Maria do Rosário
António Oliveira             Cláudia Costa
 Felisberto Morais            Cristiana Silva

 

Claro que em fim de mandato da actual Comissão de Festas, era tempo de nomear os próximos mordomos para as Festas de 2009, para que se pudesse dar continuidade a estes momentos de alegria, de convívio e confraternização.
Assim, solenemente, através do som da aparelhagem sonora, para que todos tivessem conhecimento, foram nomeados os próximos mordomos para as Festas de 2009, em honra de S.Pedro.

 Homens:                                            Mulheres:

 

 

Joaquim Silva                     Odete Barbosa
     João Oliveira                       Catarina Barbosa
Albino Gomes                       Mabilda Paiva
  Luís Gomes                           Eduarda Chaves

 

Como em tudo na vida:
 - nasce (nomeação dos mordomos);
- cresce (do planeamento à concretização)
- reproduz-se (nomeação de novos mordomos);
- morre (fim do mandato dos mordomos);
… retomando outro ciclo ….
Se assim sempre acontecer, haverá sempre descendência e a “família” das Festas não se extinguirá.
Seguiu-se ainda uma descarga de fogo de artifício e mais uma vez, um mar de narizes no ar polvilhavam o recinto
 

 

 
Mas a Festa, ao som do grupo musical, continuou pela noite dentro …. com o compromisso que para o ano haverá mais.
Este Grupo Musical conseguiu animar com a sua música popular, a sua luz cuidadosamente  instalada e escolhida em função de cada ritmo, mas o que criou alguma perplexidade, foi a mais de uma dezena de vezes que as cantoras/bailarinas conseguiram trocar de imdumentária, em tempo "record", durante uma só noite.

 

 

 

 

 

 

A alegria expressa nos rostos é o retrato claro de como foram vividas estas Festas em honra de S. Pedro, em Águas Frias.

 

Depois dos parabéns a esta Comissão de Festas pelo seu sucesso, venho desejar também os mesmos sucessos ao novos mordomos.
Pelos nomes, penso que estará garantida uma festa de “estrondo”.  
Deixei esta imagem para o fim já que me parece uma alegoria ao resenrolar desta Festa. começou com uma linha de ideias que se foram concretizando em diferentes aspectos e que se voltam a unir resultando numa enorme explosão (a Festa concretizada).
 
Claro que os espera muito trabalho e preocupações, mas será uma tarefa em prol das Gentes de Águas Frias que saberão reconhecer e valorizar o seu trabalho em favor da sua Comunidade.
Já agora aproveito para divulgar que as Festas, em honra de S.Pedro de Águas Frias,  já foram programadas para os dias 1, 2 e 3 de Agosto de 2009.
Vão organizando a vossa agenda….
E ... quando houver mais novidades e a elas tenha acesso, darei notícias.
.

 

Mário Silva 📷
08
Fev09

Águas Frias (Chaves) - Festas de S Pedro – (3.º dia -tarde e noite)


Mário Silva Mário Silva

 

Águas Frias, dia 3 de Agosto de 2008 (tarde e noite)
 
 
Depois dos actos religiosos, da parte da manhã, neste 3.º dia de festa em honra do padroeiro de Águas Frias, ainda se esperava muita animação.
 
Depois do “estômago bem aconchegado, a boa disposição era raínha, … todos os ingredientes estavam prontos para uma tarde de alegria, confraternização, convívio e deixar extravasar as memórias, o bem-estar, o fulgor contido e esquecer todas as contrariedades da vida numa aldeia de interior ou o facto de parte do ano se estar longe desta Terra.”
 
Um palco foi rapidamente montado no largo da sede da Junta de Freguesia de Águas Frias, os cabos de luz e som foram esticados e ligados a um ritmo cadenciado e célere, demonstrando que este procedimento era feito quase instintivamente. Os instrumentos estavam ligados e as colunas dispostas a debitarem muitos decibéis. Mesmo sendo dia, os projectores davam um brilho complementar ao Sol que brilhava nesta tarde de Agosto.
 
 
 

 

 
 
 
Os primeiros acordes do grupo “Brisa do Marão”, começaram a soar, fazendo-se ouvir no recinto, em toda a Aldeia e provavelmente nas aldeias em redor.
 
Era o sinal de concentração. Tudo estava a postos para receber todos os aguafrigidenses e todos os forasteiros que quisessem participar. A Comissão de Festas, prevendo que a tarde deveria ser quente e o pó levantado pelos pés dos dançarinos poderia secar as gargantas, trouxe para o recinto uma mini roulotte com balcão a toda a volta, não faltando bebidas frescas para todos.  
 
 
 
 Que ninguém dissesse que estava sequioso.
 
 
 As pessoas isoladas ou em pequenos grupos, lá vinham rua abaixo ou rua acima, confluindo no largo da Junta.
 
 
 
Primeiro, como a medo, vieram aos poucos, mas com o som de músicas populares a entoar, começou lentamente a encher-se o recinto. Inicialmente, foram-se formando grupos que se foram encostando, aproveitando para pôr a “conversa em dia” e pouco avançavam para o centro do recinto, mas, como tudo, só foi preciso que os mais desinibidos começassem a dar os primeiros passos de dança e rodopiar ao ritmo do som do conjunto, que lentamente o recinto estava cheio de alegres dançarinos.
 
 
 

Também como em tudo, havia os que aproveitavam a sombra junto ao bar onde tinham a mercê de um braço esticado a bebida esperada. Havia também aqueles, nos quais me insiro, que gostam de conversar aqui e ali, mas que dançar?!! É que há, como eu mesmo digo, “têm duas pernas esquerdas” que se “embrulham” nelas mesmas ou fazendo sofrer os pés delicado do seu par.

 
 
 
Em resumo, toda a Aldeia se uniu tendo como pretexto o som da música.
 
Esta junção de todos os habitantes da Aldeia já não se via há longos anos (penso que dez). Conviveu-se, dançou-se, … "houve Alegria pelo ar". E para quem ainda subsistissem dúvidas, bastava estar atento aos rostos de todos: crianças (sim, viam-se crianças na Aldeia), jovens, adultos e mesmos idosos, que muitas vezes “faziam ver” aos mais novos, de como se dançava sem demonstrar cansaço.
 
 
 
 
 Como popularmente se diz: “foi uma tarde em cheio”.
 
Os mordomos da Festa também isso sentiam, pois mesmo em contínuo trabalho no bar e observar se tudo estava bem, estampavam-se-lhes no rosto o prazer de verem todos os seus conterrâneos e forasteiros, alegres.
 
Bom, mas o relógio biológico, que tudo comanda, dava badaladas nas paredes do estômago, anunciando que eram horinhas de ir novamente para o “altar da mesa” onde o jantar já esperava, que alguém o desfrutasse.
 
Cada família, novamente, se juntava à roda da mesa, deglutindo e saboreando cada iguaria característica dos dias de festa e ajudando a sua passagem pelo esófago com o “tal tinto” guardado para ocasiões especiais.
 
 
 
Enquanto isso, havia já azáfama no recinto da festa. O grupo “brisa do Marão”, tal como montou toda a sua aparelhagem e palco assim o desmontou, indo para outro arraial ainda nessa noite. Ao mesmo tempo fora montado um enorme, melhor, um enormíssimo palco num plano mais elevado nos terrenos cedidos por um dos mordomos, o Sr. António Oliveira. Além das dimensões do palco, com vários planos, tinha um cuidado fundo e um turbilhão de projectores coloridos. Esta estrutura metia respeito e admiração.
 
 
 
O sol foi desaparecendo, dando lugar à iluminação do recinto, sobressaindo o cuidado colorido do palco do conjunto “M3”.
Os primeiros compassos de música foram entoados, eram quase o “toque de reunião”, a que a população e forasteiros não se fizeram rogados tendo comparecido em massa, pejando o recinto de Gente.
 
 
 
Mais uma vez houve animação, confraternização, e união de toda uma população.
 
 
 
 

 

 

 
Eis que chega a meia-noite, e começam a estourar os primeiros foguetes.
 
 
 
 
Como uma mola, todos os pescoços flectiram para trás e os olhares percorriam o céu escuro à espera …. pum… pum …pum.. e eis que de repente, o céu se encheu de milhares de pequenos pontos luminosos que de forma variada e cadenciada, formavam efeitos pirotécnicos que deixavam estupefactos todos os que atentamente os observavam e, até se ouviam … Oh, … Ah, … que lindo!

 

 
 
Uma girândola dava o sinal que estava prestes a acabar, Puuuuum …puuuuuuum …. puuuum.
Oh, acabou!!!!
O conjunto ainda continuou a tocar, mas muitos aproveitaram para regressar ao aconchego do lar (até porque embora fosse Agosto, a noite ia ficando frescota). Mas muitos outros ainda continuaram pela noite dentro.
 
Três quartos da festa estavam a terminar, mas a Comissão de Festas, num total arrojo, não queria deixar que esta verdadeira alegria colectiva, que Águas Frias há tanto tempo esperava, não terminasse ainda, e preparou mais animação para a noite de segunda-feira.
 
 
Será que depois de um dia de trabalho (2ª feira) ou de férias a população acorreria novamente ao convite?
Quem lá esteve na altura, já sabe o que aconteceu. Os outros terão de esperar pelo próximo “post”.

 .

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Mário Silva 📷
01
Fev09

Águas Frias (Chaves) - Festa de S. Pedro (3.º dia - manhã)


Mário Silva Mário Silva

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 .

Águas Frias, 3 de Agosto de 2008
 .
 .
O segundo dia das festas em honra de S. Pedro em Águas Frias terminou de forma animada mas tal como disse anteriormente “A noite ia longa .... mas como os festejos eram em honra de S.Pedro ter-se-ia que manter a tradição - "Roubar" os vasos das varandas, das escadas, dos pátios, onde quer que os houvesse.
Houve quem os tivesse "guardado", mas nada que não pudesse ser contornado. Pela madrugada, lá se desviaram alguns (?), ... muitos e cuidadosamente colocados no adro da igreja.
 .
Mais uma vez se reviveu uma antiga tradição, mesmo com o S.Pedro em Agosto.
Como diz o velho ditado popular (adaptado):   "O S. Pedro é quando o Homem quiser".
*****
Claro que na manhã seguinte, na hora da missa solene, ....” todos os que vinham chegando ao adro, depararam-se com este, primorosamente enfeitado, com os vasos que durante a calada da noite foram sendo “retirados” dos seus originais lugares e agora davam um colorido especial, desde as escadas da entrada da igreja ...
 .
 
 
 .
... ou estrategicamente espalhados pelo adro ...
 .
 
 
 .
... e até a cruz do centro do adro teve direito a vasos no seu alto (tiveram trabalho quem os lá colocou).
 .
 .
 
 
Conforme as pessoas chegavam iam reconhecendo os seus vasos e questionavam-se como fora possível trazerem-nos, se estavam tão bem guardados.
Mais uma vez se concretizou uma tradição que já se perde no tempo ….
Mas ainda antes da celebração dominical, já Águas Frias sentia o calor das festividades, pois logo de manhãzinha um grupo de animados músicos, uma “charanga galega”  ...
 .
 
 
 .
... vinda de Carballino, já depois de Ourense e que com a sua própria alegria e com as suas músicas animadas, contagiaram e fizeram festa dentro da Festa.
 
 
 .
O meu agradecimento pessoal, já muito atrasado à Comissão de Festas por esta escolha, pois não poderia ser mais animado).
 .
 
Seguiu-se a missa solene na Igreja Matriz, muito participada, estando a igreja repleta e alguns até tiveram que assistir no exterior, pela instalação sonora.
 .
Seguia-se outro momento marcante das Festas de S.Pedro - a procissão.
Esta era composta por quatro andores esmeradamente enfeitados com lindas flores, não sendo nenhum igual a outro.
 .
 
 
 .
Estavam perfeitos. Nesse momento que os vi, vieram-me à memória as imagens da primeira procissão que assisti em Águas Frias, há longos anos e, de repente visualizei o quão diferentes eram os andores, as imagens eram as mesmas mas os andores eram armados numa alta estrutura de madeira e engalanados com fitas coloridas. O tempo passa e as coisas mudam.
 .
Deixando este devaneio voltemos à procissão, que saindo do adro da Igreja seguiu solenemente por algumas ruas da Aldeia. A procissão iniciava-se com a cruz ladeada por dois altos lampiões ...
 .
 
 

 

 .
... seguidos pelos estandartes de S.Pedro e do Sagrado Coração de Jesus.
 .
 
 
 .
Logo atrás segui o andor de Nossa Senhora de Fátima e do Deus Menino carregado aos ombros pelos homens da Aldeia.
 .
 
   
 
 .
 .
Após estes, foi um grupo de mulheres que carregaram o andor de Santa Bárbara.
 .
   
 .
No fim, porque era o padroeiro, ia o andor de S.Pedro, ...
 .
 .
 
... seguido pelo pároco e o sacerdote que o coadjuvou na celebração da missa solene , ladeados pelas acólitas.
 .
 .
Ainda atrás, não ia a habitual banda de música mas a charanga galega, que embora executasse o mesmo trecho musical, este era apropriado e com um compasso musical que dava solenidade ao acto e marcava a cadência do andamento da procissão até chegar novamente ao adro da igreja. A procissão eram seguida de todo um mar de gente que solenemente participava neste acto religioso.
 .
 .
 .
 .
   
 .
Eis que se chegou ao ponto de partida a Igreja Matriz de Águas Frias onde a procissão deu como é de tradição, uma volta , pelo adro, em redor da Igreja, sempre acompanhada pelas Gentes desta Aldeia.
 .
 .
 .
 .
O acto terminado, rapidamente as mulheres se foram dirigindo a casa pois a hora do almoço não tardava.
É que não era um almoço vulgar, já que era dia de festa. Claro que os preparativos já tinham sido adiantados, mas …..
Os homens ainda foram ficando, em animada cavaqueira ou indo aos cafés da aldeia tomar um “aperitivo” – era preciso preparar o estômago para o que se seguia….
A ementa não era igual em todas as casas, mas a variação fazia-se entre um cabritinho, um cordeirito ou um leitãozinho assados no forno, acompanhadas com uma batatinha assada (da Terra, daquela saborosa), um arrozito assado também no forno e claro, para ajudar a digestão, aquele tinto tirado directamente da pipa. Alguma gulodice para aumentar o colesterol e depois de algum tempo de conversa à mesa, uma caminhadita até ao Café do Pires ou do Quim Russo para um cafezito retemperador e reencontrar os amigos.
 .
O estômago bem aconchegado, a boa disposição era rainha,… todos os ingredientes estavam prontos para uma tarde de alegria, confraternização, convívio e deixar extravasar as memórias, o bem-estar, o fulgor contido e esquecer todas as contrariedades da vida numa aldeia de interior ou o facto de parte do ano estar longe desta Terra.
 .
Este foi, para mim, um recordar de momentos agradáveis de um passado recente, em pleno Verão, contrastando com este Inverno inclemente de muito frio, chuva e neve, mas como dizia uma canção popular (penso que de Vitor Espadinha) “recordar é viver”.
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Bom!... Como a descrição já vai longa, vou deixar a parte de tarde deste 3.º dia de Festa em honra do padroeiro de Águas Frias para o próximo “post”.
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Mário Silva 📷

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